Modelo de Agravo de Instrumento com Pedido de Efeito Suspensivo contra Exigência Excessiva de Documentação para Justiça Gratuita e Comprovação de Residência em Situação de Calamidade Pública

Publicado em: 28/10/2024 Processo Civil
Modelo de petição de Agravo de Instrumento com pedido de efeito suspensivo, interposto por vítimas de evento climático extremo (enchente) contra decisão interlocutória que exigiu apresentação de comprovantes de residência contemporâneos e extensa documentação financeira para concessão de justiça gratuita, sob pena de extinção do feito. O recurso fundamenta-se na impossibilidade de apresentação integral dos documentos devido à perda material decorrente da calamidade e defende a aplicação dos princípios do acesso à justiça, razoabilidade, dignidade da pessoa humana e presunção de hipossuficiência prevista no CPC/2015. Indicado para processos que envolvem partes em situação de vulnerabilidade decorrente de desastres naturais e que enfrentam exigências desproporcionais na fase inicial do juizado especial federal.
1. ENDEREÇAMENTO

À Colenda Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais do Estado do Rio Grande do Sul
(ou órgão competente, conforme distribuição)

2. PREÂMBULO

A. J. dos S., M. F. de S. L., C. E. da S. e outros (qualificação completa abaixo), já devidamente qualificados nos autos do processo nº XXXXXXXXXX, que tramitam perante o Juizado Especial Federal Previdenciário de Porto Alegre/RS, por seu advogado infra-assinado (procuração anexa), vêm, respeitosamente, à presença de Vossas Excelências, interpor o presente AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO contra decisão interlocutória proferida nos autos, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

QUALIFICAÇÃO DAS PARTES:
Agravantes:
Nome: A. J. dos S.
Estado civil: solteiro
Profissão: auxiliar de serviços gerais
CPF: XXX.XXX.XXX-XX
Endereço eletrônico: [email protected]
Endereço: Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, Porto Alegre/RS

(Repetir para os demais autores, conforme exigência do CPC/2015, art. 319, II)
Agravado: União Federal
Representante legal: Procuradoria da União no Estado do Rio Grande do Sul
Endereço eletrônico: [email protected]
Endereço: Av. Praia de Belas, nº 2000, Porto Alegre/RS

3. SÍNTESE FÁTICA

Trata-se de ação ajuizada pelos agravantes, vítimas de evento climático extremo ocorrido em maio de 2024, pleiteando indenização por danos morais e materiais, bem como o deferimento da justiça gratuita, em razão de sua notória hipossuficiência econômica. O MM. Juízo a quo, contudo, proferiu despacho determinando a juntada de documentos específicos para comprovação de residência contemporânea ao evento e para análise do pedido de gratuidade, sob pena de extinção do feito ou indeferimento da justiça gratuita. Os agravantes, diante da gravidade da situação e da dificuldade em apresentar toda a documentação exigida, especialmente em razão de perdas materiais decorrentes da catástrofe, insurgem-se contra a decisão, requerendo sua reforma, com a concessão de efeito suspensivo ao presente recurso.

4. DOS FATOS

Os agravantes residem em área atingida por enchente de grandes proporções, ocorrida em maio de 2024, que resultou em perdas materiais, inclusive de documentos pessoais e comprovantes de residência. Em virtude disso, ajuizaram demanda perante o Juizado Especial Federal, pleiteando indenização por danos morais e materiais, bem como o deferimento da justiça gratuita, por não possuírem condições de arcar com as custas processuais sem prejuízo do próprio sustento e de suas famílias.

O MM. Juízo a quo, ao analisar a inicial, determinou a apresentação, por todos os autores, de comprovante de residência contemporâneo ao evento climático, em nome próprio ou de terceiro, com firma reconhecida, ou outros documentos equivalentes, sob pena de extinção do feito. Ademais, exigiu, para análise do pedido de justiça gratuita, a juntada de extensa documentação financeira, como extratos bancários, comprovantes de renda e declaração de imposto de renda, sob pena de indeferimento do benefício.

Os agravantes lograram apresentar parte da documentação exigida, contudo, em razão das circunstâncias excepcionais, não foi possível atender integralmente à determinação, especialmente quanto à contemporaneidade dos comprovantes e à obtenção de documentos perdidos na enchente. Ademais, a exigência de apresentação de documentos financeiros detalhados, em contexto de calamidade, revela-se excessiva e desproporcional, afrontando o princípio do acesso à justiça e o direito fundamental à assistência judiciária gratuita.

Diante da iminência de extinção do feito e do indeferimento da justiça gratuita, os agravantes interpõem o presente agravo, requerendo a concessão de efeito suspensivo para evitar prejuízo irreparável.

5. DO DIREITO

5.1. Da Admissibilidade do Agravo de Instrumento
O presente recurso é cabível, nos termos do CPC/2015, art. 1.015, incisos V e X, diante da decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória e sobre o indeferimento da justiça gratuita. A jurisprudência do STJ, em sede de recursos repetitivos (REsp. 1696396/MT/STJ), admite a mitigação do rol taxativo do art. 1.015 do CPC/2015 em situações excepcionais, especialmente quando presente risco de dano grave ou de difícil reparação.

5.2. Da Justiça Gratuita e Presunção de Hipossuficiência
O CPC/2015, art. 98, assegura à pessoa natural ou jurídica, com insuficiência de recursos, o direito à gratuidade da justiça. O art. 99, §3º, por sua vez, estabelece presunção relativa de veracidade da alegação de insuficiência deduzida por pessoa natural. A exigência de documentação exaustiva, especialmente em contexto de calamidade, viola o princípio do acesso à justiça (CF/88, art. 5º, XXXV) e a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

A contratação de advogado particular não afasta, por si só, a presunção de hipossuficiência (CPC/2015, art. 99, §4º), tampouco a ausência de alguns documentos, desde que justificada por motivos alheios à vontade da parte, como é o caso dos agravantes, que perderam documentos em razão da enchente.

5.3. Da Comprovação de Residência e do Dano M"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Trata-se de agravo de instrumento interposto por A. J. dos S., M. F. de S. L., C. E. da S. e outros, em face da União Federal, contra decisão proferida pelo Juízo do Juizado Especial Federal Previdenciário de Porto Alegre/RS, que determinou a apresentação de documentos específicos para comprovação de residência contemporânea ao evento climático extremo ocorrido em maio de 2024 e para análise do pedido de justiça gratuita, sob pena de extinção do feito ou indeferimento do benefício.

Síntese Fática

Os agravantes residem em área flagelada por enchente de grandes proporções, ocorrida em maio de 2024, a qual lhes causou perdas materiais, inclusive de documentos pessoais e comprovantes de residência. Pleiteiam indenização por danos morais e materiais, bem como o deferimento da justiça gratuita, em virtude de sua hipossuficiência econômica. Não obstante, o Juízo a quo exigiu documentação contemporânea e detalhada, cuja apresentação se mostra dificultada, senão impossível, diante do contexto excepcional de calamidade pública.

Da Admissibilidade

Conheço do recurso, pois presentes os pressupostos de admissibilidade. O agravo de instrumento é cabível nos termos do CPC/2015, art. 1.015, V e X, ante decisão interlocutória que versa sobre tutela provisória e sobre a concessão da justiça gratuita. A jurisprudência do STJ (REsp. Acórdão/STJ) admite a mitigação do rol taxativo do art. 1.015 para situações excepcionais, como a dos autos.

Do Mérito

1. Da Justiça Gratuita e Hipossuficiência

O CPC/2015, art. 98, assegura o direito à gratuidade da justiça à parte que comprovar insuficiência de recursos. Nos termos do art. 99, §3º, a alegação de hipossuficiência firmada por pessoa natural goza de presunção relativa, que somente pode ser afastada mediante prova cabal em sentido contrário. A exigência de documentação exaustiva, especialmente em contexto de calamidade, viola o princípio do acesso à justiça (CF/88, art. 5º, XXXV) e a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

Ressalto que a contratação de advogado particular não afasta, por si só, a presunção de hipossuficiência (CPC/2015, art. 99, §4º), tampouco a ausência de alguns documentos, desde que motivada por circunstâncias alheias à vontade da parte, como ocorre no presente caso.

2. Da Comprovação de Residência

A exigência de comprovante de residência contemporâneo em nome próprio revela-se desarrazoada diante da realidade social dos agravantes e do contexto de calamidade, no qual houve perda de documentos e destruição de bens. A apresentação de declaração de residência, acompanhada de documentos disponíveis, deve ser aceita, em respeito à razoabilidade e ao princípio da proteção integral à pessoa humana.

3. Do Perigo de Dano e Urgência

O indeferimento da justiça gratuita e a extinção do feito sem resolução de mérito causam prejuízo irreparável aos agravantes, inviabilizando o acesso à jurisdição. Estão presentes os requisitos do CPC/2015, art. 300, justificando a concessão do efeito suspensivo ao agravo.

4. Dos Princípios Constitucionais e Legais

A decisão agravada afronta diretamente o princípio do acesso à justiça (CF/88, art. 5º, XXXV), a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), o devido processo legal (art. 5º, LIV) e o direito à assistência judiciária gratuita. Ademais, a fundamentação do presente voto observa o dever constitucional de motivação das decisões judiciais (CF/88, art. 93, IX), que exige a devida ponderação entre fatos e direito.

Da Jurisprudência

A jurisprudência é pacífica no sentido de que a presunção de insuficiência econômica prevista no CPC/2015, art. 99, §3º prevalece quando os documentos apresentados corroboram a alegação de hipossuficiência, especialmente quando a ausência de documentação é justificada por fatos extraordinários (cf. Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP, TJSP; Agravo de Instrumento Acórdão/TJSP, TJSP).

Dispositivo

Ante o exposto, dou provimento ao agravo de instrumento para:

  1. Conceder o efeito suspensivo pleiteado, determinando a suspensão dos efeitos da decisão agravada;
  2. Reformar a decisão de origem, para deferir o benefício da justiça gratuita aos agravantes, reconhecendo sua hipossuficiência econômica, com base nos documentos já apresentados e na presunção relativa do CPC/2015, art. 99, §3º;
  3. Determinar ao juízo de origem que admita a documentação possível e razoável para fins de comprovação de residência, considerando a situação excepcional de calamidade pública e a perda de documentos;
  4. Garantir o prosseguimento regular do feito, afastando-se penalidades de extinção ou indeferimento do pedido em razão da ausência de documentos cuja apresentação se mostrou impossível ou excessivamente onerosa.

Intime-se o agravado para apresentar contrarrazões, caso queira, no prazo legal.

Publique-se. Registre-se. Cumpra-se.

Conclusão

É como voto.


Porto Alegre/RS, 10 de junho de 2024.

Magistrado Relator


Fundamentação baseada na Constituição Federal de 1988, art. 93, IX, e legislação processual civil vigente.

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