Modelo de Recurso Inominado Contra Decisão de Impenhorabilidade de Imóvel por Suposto Bem de Família – Alegação de Fraude à Execução e Ausência de Prova Inequívoca de Residência

Publicado em: 21/11/2024 Processo Civil
Modelo de Recurso Inominado interposto por exequente em processo de execução de título extrajudicial, visando à reforma da decisão que reconheceu a impenhorabilidade de imóvel penhorado como bem de família. O recurso fundamenta-se na alegação de que a executada alienou o imóvel a terceiros após a constrição judicial, caracterizando fraude à execução, bem como na ausência de comprovação inequívoca de que o imóvel serve como residência permanente da executada. O documento aborda a utilização mista do bem (residencial e comercial), os limites da proteção legal prevista na Lei 8.009/1990, o ônus da prova da impenhorabilidade e apresenta jurisprudência relevante. Inclui pedidos de reconhecimento da validade da penhora, afastamento da proteção de bem de família, condenação em custas e honorários, e produção de provas.

RECURSO INOMINADO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimos Senhores Doutores Juízes de Direito da Colenda Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado de Goiás

2. PRELIMINARMENTE

DA TEMPESTIVIDADE E CABIMENTO
O presente Recurso Inominado é tempestivo, interposto dentro do prazo legal previsto no art. 42 da Lei 9.099/95, sendo cabível contra sentença proferida nos autos de execução de título extrajudicial, conforme entendimento consolidado da jurisprudência pátria.
DA REGULARIDADE DA REPRESENTAÇÃO
O recorrente, J. F. B. C., está devidamente representado por seu advogado, conforme instrumento de mandato anexo, em observância ao CPC/2015, art. 103.

3. DOS FATOS

Trata-se de execução de título extrajudicial promovida por J. F. B. C. em face de L. K. S. M.. Em razão da revelia da executada quanto à indicação de bens à penhora, foi determinada a constrição judicial sobre o imóvel de sua propriedade.
Posteriormente, a executada opôs embargos à execução, alegando que o imóvel penhorado seria bem de família, requerendo, assim, a declaração de sua impenhorabilidade com fundamento na Lei 8.009/1990.
Contudo, restou comprovado nos autos que, após a constrição judicial, a executada alienou o referido imóvel a terceiros, por meio de procuração pública irrevogável e irretratável, com poderes para transferir o bem a si ou a quem indicasse. Ressalta-se, ainda, que o imóvel, além de servir de moradia à família, abrigava também estabelecimento comercial (empresa de fotografia) de titularidade da executada, sendo administrado presumidamente por seu cônjuge.
Ocorre que, mesmo diante da alegação de impenhorabilidade, a conduta da executada demonstra clara intenção de frustrar a execução, alienando o bem objeto da constrição judicial. Ademais, a utilização mista (residencial e comercial) do imóvel e a transferência do bem a terceiros afastam a proteção legal conferida ao bem de família, nos termos da legislação vigente e da jurisprudência consolidada.

4. DO DIREITO

DA IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA – REQUISITOS E LIMITES
A Lei 8.009/1990, art. 1º, dispõe que "o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei".
O instituto do bem de família visa proteger o patrimônio mínimo necessário à dignidade da pessoa humana e à moradia da entidade familiar, princípio este consagrado na CF/88, art. 1º, III, e art. 6º.
Entretanto, para que seja reconhecida a impenhorabilidade, é imprescindível a demonstração inequívoca de que o imóvel penhorado é utilizado como residência permanente da família, conforme entendimento pacificado na jurisprudência (Lei 8.009/1990, art. 5º; CPC/2015, art. 373, I).
DA UTILIZAÇÃO MISTA DO IMÓVEL
O imóvel objeto da penhora, além de servir de moradia, abriga estabelecimento comercial de titularidade da executada. A jurisprudência é firme no sentido de que a utilização mista do imóvel não afasta, por si só, a proteção legal, desde que comprovada a destinação principal à moradia da família.
DA ALIENAÇÃO DO IMÓVEL APÓS A PENHORA
Restou incontroverso nos autos que a executada, após a constrição judicial, alienou o imóvel a terceiros por meio de procuração pública irrevogável e irretratável, com poderes para transferir o bem a quem indicasse. Tal conduta caracteriza evidente fraude à execução, nos termos do CPC/2015, art. 792, IV, e afronta o princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422).
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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de Recurso Inominado interposto por J. F. B. C. em face de decisão que reconheceu a impenhorabilidade de imóvel penhorado em execução de título extrajudicial promovida contra L. K. S. M.. A recorrida alegou que o imóvel seria bem de família, protegido pela Lei 8.009/1990. Entretanto, restou comprovada a alienação do imóvel a terceiros após constrição judicial, por meio de procuração pública irrevogável e irretratável, bem como a utilização mista do bem (residencial e comercial).

II. Fundamentação

II.1. Do Conhecimento do Recurso

Presentes os requisitos de admissibilidade, notadamente a tempestividade (art. 42 da Lei 9.099/95) e regularidade de representação (art. 103 do CPC/2015), conheço do recurso.

II.2. Da Impenhorabilidade do Bem de Família

A Lei 8.009/1990, art. 1º, prevê que o imóvel residencial próprio do casal ou entidade familiar é impenhorável, salvo exceções ali previstas. A proteção visa garantir o direito à moradia e a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III e art. 6º). Contudo, para o reconhecimento da impenhorabilidade, exige-se comprovação inequívoca de que o imóvel é utilizado como residência permanente, ônus que incumbe à parte que alega tal condição (CPC/2015, art. 373, I).

Citação Constitucional:

II.3. Da Utilização Mista do Imóvel

A jurisprudência pátria reconhece que a utilização mista (residencial e comercial) do imóvel não afasta, por si só, a proteção legal do bem de família, desde que a destinação principal seja à moradia.

"A impenhorabilidade prevista na Lei 8.009/1990 exige comprovação de que o imóvel é utilizado como moradia permanente da entidade familiar, ônus que incumbe à parte que alega tal benefício."
(TJSP, AI Acórdão/TJSP)

II.4. Da Alienação do Imóvel e da Fraude à Execução

No caso concreto, restou comprovado que, após a constrição judicial, a executada alienou o imóvel a terceiros, mediante procuração pública irrevogável e irretratável, o que configura fraude à execução (CPC/2015, art. 792, IV), afastando a proteção da Lei 8.009/1990. Tal conduta viola o princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) e tem o objetivo de frustrar a satisfação do crédito exequendo.

"O ônus da prova da impenhorabilidade do bem de família recai sobre o executado, que deve demonstrar, de forma inequívoca, que o imóvel penhorado constitui sua residência permanente. A ausência de comprovação suficiente da condição de bem de família do imóvel penhorado impede o reconhecimento da impenhorabilidade, sendo legítima a manutenção da penhora."
(TJSP, AI Acórdão/TJSP)

II.5. Do Ônus da Prova

Incumbia à executada comprovar que o imóvel constituía sua residência permanente. No entanto, limitou-se a alegações genéricas e documentos parciais, insuficientes para afastar a presunção de fraude à execução.

III. Dispositivo

Pelo exposto, conheço do recurso e dou-lhe provimento para reformar a decisão recorrida, afastando a impenhorabilidade do imóvel penhorado, reconhecendo a validade da penhora, diante da alienação fraudulenta e da ausência de comprovação inequívoca de residência permanente.

Condeno a recorrida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95.

IV. Fundamentação Constitucional e Legal

V. Conclusão

É como voto.

Juiz Relator: __________________________
Data: ____/____/2024


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