Modelo de Agravo em Recurso Especial visando o Reconhecimento da Impenhorabilidade de Imóvel Rural Utilizado como Residência Familiar e o Levantamento de Penhora com Fundamento na Lei 8.009/90 e Princípios Constitucionais

Publicado em: 07/11/2024 AgrarioCivelProcesso Civil
Modelo de petição de Agravo em Recurso Especial interposto contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que negou seguimento a Recurso Especial, sob alegação de incidência da Súmula 7 do STJ, em processo de execução que determinou a penhora de imóvel rural utilizado como residência permanente da entidade familiar. A peça fundamenta-se na Lei 8.009/90, art. 1º, CPC/2015 e princípios constitucionais como dignidade da pessoa humana e direito à moradia, pleiteando o reconhecimento da impenhorabilidade do bem de família rural, a remessa dos autos ao STJ e o levantamento da penhora, destacando a possibilidade de valoração jurídica da prova documental já constante dos autos. Inclui jurisprudência relevante, detalhamento dos fatos, fundamentos jurídicos e pedidos processuais adequados.

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

2. PREÂMBULO (QUALIFICAÇÃO DAS PARTES, IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO)

A. J. dos S., brasileiro, casado, agricultor, portador do CPF nº 123.456.789-00, RG nº 12.345.678-9, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado na Estrada Municipal, s/n, Zona Rural, Município de São José dos Campos/SP, CEP 12345-000, por seu advogado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, nos autos do processo nº 1234567-89.2023.8.26.0000, em que é parte recorrente, interpor o presente AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL com fundamento no CPC/2015, art. 1.042, em face da decisão que negou seguimento ao Recurso Especial interposto contra acórdão da 34ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, nos termos a seguir expostos.

3. SÍNTESE DA DECISÃO AGRAVADA

O Recurso Especial interposto pelo agravante foi inadmitido pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, sob o fundamento de que a pretensão recursal demandaria reexame do conjunto fático-probatório dos autos, incidindo, assim, o óbice da Súmula 7 do STJ. A decisão agravada também consignou que não restou demonstrado o dissenso jurisprudencial exigido pela alínea "c" do CF/88, art. 105, III, e que não houve violação aos dispositivos legais apontados, pois as questões de fato e de direito foram devidamente enfrentadas pelo acórdão recorrido.

4. TEMPESTIVIDADE E PREPARO

O presente agravo é tempestivo, tendo em vista que a decisão agravada foi publicada em 10/06/2024, iniciando-se o prazo recursal no primeiro dia útil subsequente, nos termos do CPC/2015, art. 219. O prazo de 15 (quinze) dias úteis, previsto no CPC/2015, art. 1.003, §5º e art. 1.042, foi rigorosamente observado. O preparo recursal foi devidamente recolhido, conforme guia de recolhimento anexa.

5. DOS FATOS

O agravante é proprietário de imóvel rural utilizado como residência permanente de sua família, situado na zona rural do Município de São José dos Campos/SP. Em ação de execução de título extrajudicial, foi determinada a penhora do referido imóvel. O agravante opôs exceção de pré-executividade, alegando a impenhorabilidade do bem, nos termos da Lei 8.009/90, art. 1º, por se tratar de bem de família.

O juízo de primeiro grau rejeitou a exceção, sob o fundamento de ausência de comprovação inequívoca da condição de moradia permanente. Interposto agravo de instrumento, o Tribunal manteve a decisão, entendendo que os documentos apresentados não seriam suficientes para demonstrar a utilização do imóvel como residência da entidade familiar.

O agravante interpôs Recurso Especial, sustentando violação à Lei 8.009/90, art. 1º, bem como à CPC/2015, art. 917, §1º, e à CF/88, art. 5º, XXII, ao argumento de que a impenhorabilidade do imóvel rural destinado à moradia da família é matéria de ordem pública e que a prova da residência foi devidamente produzida nos autos. O Tribunal de origem, contudo, negou seguimento ao recurso, sob o argumento de que a análise da matéria demandaria reexame de provas, incidindo a Súmula 7 do STJ.

6. DO DIREITO

6.1. DA CABIMENTO DO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL

O presente agravo encontra respaldo no CPC/2015, art. 1.042, sendo cabível diante da negativa de seguimento ao Recurso Especial pelo Tribunal de origem, especialmente quando a decisão recorrida impede o acesso à instância superior por suposta necessidade de reexame de provas.

6.2. DA IMPENHORABILIDADE DO IMÓVEL RURAL DESTINADO À MORADIA DA FAMÍLIA

A Lei 8.009/90, art. 1º, estabelece que "o imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta Lei".

O conceito de bem de família abrange tanto imóveis urbanos quanto rurais, desde que utilizados como moradia permanente da entidade familiar. O CF/88, art. 6º assegura o direito à moradia como direito fundamental, reforçando a proteção legal conferida ao bem de família.

A impenhorabilidade do imóvel residencial é matéria de ordem pública, podendo ser alegada a qualquer tempo e grau de jurisdição (CPC/2015, art. 917, §1º). O ônus da prova da condição de bem de família recai sobre o executado, que deve demonstrar, de forma inequívoca, que o imóvel penhorado constitui sua residência permanente.

6.3. DA NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ

A decisão agravada negou seguimento ao Recurso Especial sob o fundamento de que a análise da impenhorabilidade do imóvel demandaria reexame de provas, incidindo a Súmula 7 do STJ. Todavia, tal entendimento não se sustenta no caso concreto.

O acórdão recorrido não enfrentou adequadamente a documentação apresentada pelo agravante, que comprova a utilização do imóvel como residência permanente da família, limitando-se a afirmar genericamente a insuficiência das provas. O reconhecimento da impenhorabilidade do bem de família, diante da prova documental idônea, é matéria de direito, não de fato, e pode ser analisada em sede de Recurso Especial, conforme precedentes do STJ.

Ademais, a análise da suficiência da prova documental, quando esta é incontroversa e constante dos autos, não configura reexame de matéria fát"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

I – RELATÓRIO

Trata-se de Agravo em Recurso Especial interposto por A. J. dos S. contra decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, que negou seguimento ao Recurso Especial manejado pelo agravante. A decisão agravada fundamentou-se na necessidade de reexame do conjunto fático-probatório, atraindo a incidência da Súmula 7 do STJ, bem como na ausência de demonstração do dissenso jurisprudencial e de violação aos dispositivos legais indicados.

II – ADMISSIBILIDADE

Preenchidos os requisitos legais de admissibilidade, notadamente a tempestividade do recurso (CPC/2015, art. 219 e art. 1.042), o devido preparo e a legitimidade das partes, conheço do Agravo em Recurso Especial.

III – DOS FATOS E DO DIREITO

O agravante, proprietário de imóvel rural utilizado como residência permanente de sua família, pugna pelo reconhecimento da impenhorabilidade do bem, à luz da Lei 8.009/90, art. 1º. A exceção de pré-executividade foi rejeitada em primeiro grau sob o argumento de insuficiência da prova da moradia, e o Tribunal manteve a decisão, entendendo não comprovada a condição de bem de família.

Em Recurso Especial, sustentou-se violação à Lei 8.009/90, art. 1º, CPC/2015, art. 917, §1º e CF/88, art. 5º, XXII, alegando que a prova documental constante dos autos seria suficiente para a configuração do imóvel como bem de família.

IV – DA IMPENHORABILIDADE DO BEM DE FAMÍLIA

A Lei 8.009/90, art. 1º, assegura a impenhorabilidade do imóvel residencial próprio da entidade familiar, urbano ou rural, desde que comprovada a destinação à moradia. O direito à moradia é corolário dos princípios da dignidade da pessoa humana e da proteção à família (CF/88, arts. 1º, III; 6º).

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica no sentido de que a impenhorabilidade do bem de família é matéria de ordem pública, podendo ser arguida em qualquer grau de jurisdição, inclusive por meio de exceção de pré-executividade (STJ, AgInt no REsp Acórdão/STJ).

O ônus da prova sobre a condição de bem de família recai sobre o executado, bastando a comprovação inequívoca de que o imóvel serve de moradia à entidade familiar. Nos autos, constam documentos aptos a demonstrar a utilização do imóvel rural como residência permanente do agravante e de sua família.

V – DA NÃO INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7 DO STJ

No caso concreto, a verificação da suficiência da prova documental apresentada não exige reexame do conjunto fático-probatório, mas sim valoração jurídica das provas constantes dos autos, o que é permitido em sede de Recurso Especial (CPC/2015, art. 1.029; STJ, AgInt no REsp Acórdão/TJSP).

A decisão recorrida limitou-se a afirmar, genericamente, a insuficiência da prova sem a devida análise do conteúdo dos documentos. Assim, afastada a incidência da Súmula 7 do STJ, é possível o exame do mérito recursal.

VI – DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS INCIDENTES

O direito à moradia e a proteção da entidade familiar são garantidos constitucionalmente (CF/88, art. 6º), sendo vedada a penhora do imóvel destinado à residência da família, sob pena de violação à dignidade da pessoa humana e aos princípios do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV).

VII – DA JURISPRUDÊNCIA

Cito precedentes do STJ e deste Egrégio Tribunal que reconhecem o direito à impenhorabilidade em situações análogas, desde que comprovada a destinação residencial do bem penhorado (STJ, AgInt no REsp Acórdão/STJ; TJSP, AI Acórdão/TJSP; TJSP, AI Acórdão/TJSP).

VIII – CONCLUSÃO E DISPOSITIVO

Diante do exposto, julgo procedente o pedido, para:

  • Reconhecer a impenhorabilidade do imóvel rural de propriedade do agravante, utilizado como residência permanente da família, nos termos da Lei 8.009/90, art. 1º;
  • Determinar o levantamento da penhora sobre o referido bem;
  • Condenar a parte agravada ao pagamento das custas e honorários advocatícios, nos termos do CPC/2015, art. 85;
  • Determinar a remessa dos autos ao Superior Tribunal de Justiça, para os fins do CPC/2015, art. 1.042, §3º.

Publique-se. Intimem-se.

IX – FUNDAMENTAÇÃO CONSTITUCIONAL

Este voto está fundamentado no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige a fundamentação das decisões judiciais, com indicação dos fatos e do direito, permitindo o controle jurisdicional e o exercício do contraditório e da ampla defesa.

São José dos Campos/SP, 20 de junho de 2024.

_______________________________________
Desembargador Relator


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Modelo de Impugnação ao Cumprimento de Sentença com Pedido de Reconhecimento de Impenhorabilidade de Bem de Família nos Termos da Lei 8.009/90

Modelo de Impugnação ao Cumprimento de Sentença com Pedido de Reconhecimento de Impenhorabilidade de Bem de Família nos Termos da Lei 8.009/90

Publicado em: 04/11/2024 AgrarioCivelProcesso Civil

Modelo de impugnação ao cumprimento de sentença apresentado por executado que teve seu único imóvel residencial penhorado, requerendo o reconhecimento da impenhorabilidade do bem de família, com fundamento na Lei 8.009/90 e na proteção constitucional à moradia. O documento detalha os fatos, identifica as partes, traz fundamentação jurídica clara, jurisprudência atualizada e elenca os pedidos principais, incluindo a desconstituição da penhora e a condenação do exequente em custas e honorários, caso haja resistência injustificada. Indicado para situações em que o imóvel constrito é o único bem utilizado como residência permanente da família do executado.

Acessar

Modelo de Contestação à Alegação de Impenhorabilidade de Imóvel com Base na Lei 8.009/90

Modelo de Contestação à Alegação de Impenhorabilidade de Imóvel com Base na Lei 8.009/90

Publicado em: 21/03/2025 AgrarioCivelProcesso Civil

Contestação apresentada pelo Exequente em processo de execução, refutando a alegação de impenhorabilidade do imóvel indicado à penhora pelo Executado. O documento argumenta que o bem não preenche os requisitos legais para ser considerado bem de família, conforme a Lei 8.009/1990, destacando a ausência de comprovação de que o imóvel é utilizado como residência permanente. Inclui análise dos fatos, fundamentos jurídicos com base no CPC/2015 e jurisprudência pertinente, e requer o indeferimento da alegação, além da continuidade da execução.

Acessar

Modelo de Ação de Aposentadoria por Idade Rural em Regime de Economia Familiar

Modelo de Ação de Aposentadoria por Idade Rural em Regime de Economia Familiar

Publicado em: 19/11/2024 AgrarioCivelProcesso Civil

Modelo de petição para concessão de aposentadoria por idade rural, direcionado ao trabalhador rural que exerce atividades em regime de economia familiar. A peça apresenta fundamentação baseada na legislação previdenciária e nos princípios constitucionais que asseguram o direito à aposentadoria e à dignidade da pessoa humana, com vistas a obter o reconhecimento da atividade rural e a concessão do benefício previdenciário.

Acessar

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.