Modelo de Recurso Administrativo ao Conselho Federal de Contabilidade por Nulidade de Processo Disciplinar: Violação ao Contraditório, Ampla Defesa e Desproporcionalidade de Sanção

Publicado em: 30/10/2024 Administrativo
Modelo de recurso administrativo interposto por contador perante o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), visando à anulação de decisão do Conselho Regional de Contabilidade (CRC) que aplicou as penalidades de cassação do registro profissional e censura pública. O recurso fundamenta-se na nulidade do processo por ausência de notificação adequada, cerceamento de defesa, violação ao contraditório e ampla defesa, além da desproporcionalidade da sanção imposta. Contém fundamentação jurídica com base na Constituição Federal, CPC e Lei 9.784/99, referências jurisprudenciais e pedidos de anulação ou mitigação das penalidades, com possibilidade de produção de provas e audiência de conciliação.

RECURSO ADMINISTRATIVO AO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE

1. ENDEREÇAMENTO

Ao Excelentíssimo Senhor Presidente do Conselho Federal de Contabilidade
(CFC)
Brasília – DF

2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES

Recorrente: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, contador, inscrito no CPF sob o nº 000.000.000-00, portador do registro profissional nº 12345 no CRC/XX, residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].
Recorrido: Conselho Regional de Contabilidade do Estado de XX (CRC/XX), inscrito no CNPJ sob o nº 00.000.000/0001-00, com sede na Avenida Principal, nº 2000, Bairro Centro, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].
Valor da causa: R$ 10.000,00 (dez mil reais).

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Recorrente, A. J. dos S., contador regularmente inscrito no CRC/XX, foi surpreendido com a decisão proferida no processo administrativo nº 2024/0001, instaurado perante o Conselho Regional de Contabilidade do Estado de XX, que culminou na aplicação das penalidades de cassação do registro profissional e censura pública.

Segundo consta dos autos, a decisão fundamentou-se em suposta infração ética e disciplinar, sem, contudo, oportunizar ao Recorrente o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, em flagrante violação aos princípios constitucionais e legais que regem o devido processo legal administrativo.

Ressalte-se, ainda, que a notificação do Recorrente acerca da instauração do processo administrativo foi deficiente, não lhe sendo assegurada ciência inequívoca dos fatos imputados, tampouco a possibilidade de produção de provas e apresentação de defesa técnica adequada.

Diante da gravidade das sanções impostas, especialmente a cassação do registro profissional, que impede o exercício da profissão e compromete a subsistência do Recorrente, faz-se imprescindível a interposição do presente Recurso Administrativo ao Conselho Federal de Contabilidade, visando a reforma da decisão recorrida.

Resumo lógico: Os fatos narrados demonstram a ausência de notificação adequada e de oportunidade de defesa, resultando em sanção desproporcional e ilegal, o que fundamenta o presente recurso.

4. DOS FUNDAMENTOS DO RECURSO

4.1. DA NULIDADE POR AUSÊNCIA DE NOTIFICAÇÃO E VIOLAÇÃO AO CONTRADITÓRIO

O processo administrativo disciplinar que resultou na cassação do registro e censura pública do Recorrente padece de nulidade absoluta, uma vez que não foi observada a notificação pessoal e formal do acusado, requisito indispensável para o regular exercício do direito de defesa, conforme preconiza a CF/88, art. 5º, LV.

A ausência de notificação adequada impede o conhecimento dos fatos imputados e a apresentação de defesa, conforme reconhecido pela jurisprudência:
“Para que o Demandante pudesse ter sua esfera individual afetada pelo processo administrativo em questão, ele deveria ter sido adequadamente cientificado da existência do processo administrativo e ter nele oportunizado o exercício dos direitos constitucionais de ampla defesa e contraditório, o que não ocorreu. A violação do direito de exercício do contraditório e da ampla defesa do Autor no bojo do processo administrativo tem como consequência a anulação do ato administrativo sancionatório a ele aplicado...” (TJRJ, Apelação 0000222-16.2021.8.19.0005).

4.2. DA DESPROPORCIONALIDADE DA SANÇÃO

Ainda que se admitisse, para fins argumentativos, a existência de infração, a penalidade aplicada revela-se desproporcional e desarrazoada, em afronta ao princípio da proporcionalidade, previsto implicitamente na CF/88, art. 5º, LIV, e expressamente reconhecido pela jurisprudência:
“As peculiaridades que gravitam em torno dos fatos indicam a desproporcionalidade da penalidade de cassação do direito à aposentadoria. Não é adequado nem razoável aplicar a literalidade da lei sem que a conduta grave imputada tenha sido comprovada.” (TJSP, Apelação Cível 1008717-82.2024.8.26.0053).

4.3. DA NECESSIDADE DE PRODUÇÃO DE PROVAS

O Recorrente não teve a oportunidade de produzir provas em sua defesa, especialmente testemunhal e documental, o que configura cerceamento de defesa, em afronta ao CPC/2015, art. 369 e art. 370, aplicáveis subsidiariamente ao processo administrativo, e ao princípio da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV).

Resumo lógico: Os fundamentos acima evidenciam a nulidade do processo por ausência de notificação, violação ao contraditório e ampla defesa, desproporcionalidade da sanção e cerceamento de defesa, tornando imperiosa a reforma da decisão.

5. DO DIREITO

O direito do Recorrente encontra amparo nos seguintes dispositivos legais e princípios:

  • CF/88, art. 5º"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Recurso Administrativo interposto por A. J. dos S., contador regularmente inscrito no CRC/XX, em face de decisão do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de XX (CRC/XX), que resultou na aplicação das penalidades de cassação do registro profissional e censura pública, no âmbito do processo administrativo nº 2024/0001.

O Recorrente alega, em síntese, que não lhe foi oportunizado o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, em razão de notificação deficiente quanto à instauração do processo administrativo e dos fatos imputados, bem como ausência de oportunidade para produção de provas. Sustenta, ainda, a desproporcionalidade da sanção aplicada e requer a anulação do processo administrativo, ou, subsidiariamente, a aplicação de penalidade proporcional.

Voto

Preliminar – Conhecimento do Recurso

O recurso preenche os requisitos de admissibilidade, estando tempestivo e subscrito por parte legitimada, razão pela qual dele conheço.

Mérito

O cerne da controvérsia reside na análise da regularidade do procedimento administrativo disciplinar, mormente quanto à observância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa, previstos no art. 5º, LV, da Constituição Federal de 1988, bem como da proporcionalidade da sanção aplicada.

Dos autos, verifica-se que a notificação do Recorrente acerca da instauração do processo administrativo foi deficiente, não lhe sendo assegurada ciência inequívoca dos fatos imputados, tampouco a possibilidade de apresentar defesa técnica adequada e produzir provas, em flagrante violação aos princípios do contraditório e da ampla defesa.

Cumpre ressaltar que o devido processo legal, em sua feição substancial, exige que o administrado seja, de forma clara e efetiva, cientificado dos atos processuais, possibilitando o exercício pleno de defesa, nos termos do art. 5º, LV, da CF/88, e que lhe seja facultada a produção de provas (CPC/2015, arts. 369 e 370).

A jurisprudência pátria corrobora tal entendimento, reconhecendo que a ausência de notificação adequada e de oportunidade de defesa enseja a nulidade do processo administrativo disciplinar e de seus atos consequentes:

“A violação do direito de exercício do contraditório e da ampla defesa do Autor no bojo do processo administrativo tem como consequência a anulação do ato administrativo sancionatório a ele aplicado...” (TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ).

Ademais, ainda que se admitisse, para fins argumentativos, a existência de infração, a penalidade de cassação do registro profissional, sem a devida comprovação da gravidade da conduta e sem observância da gradação das sanções possíveis, revela-se desproporcional e desarrazoada, em afronta ao princípio da proporcionalidade (CF/88, art. 5º, LIV; Lei 9.784/99, art. 2º).

Por tais fundamentos, entendo que o processo administrativo em análise resta maculado por nulidade absoluta, devendo ser anulado, com o retorno dos autos à origem para que seja oportunizada ao Recorrente a devida notificação, defesa e produção de provas, caso assim deseje, em observância ao devido processo legal.

Conclusão

Diante do exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige a devida fundamentação das decisões administrativas e judiciais, VOTO pelo CONHECIMENTO e PROVIMENTO do recurso administrativo para declarar a nulidade do processo administrativo nº 2024/0001, anulando-se as penalidades de cassação do registro profissional e censura pública aplicadas ao Recorrente, determinando-se o retorno dos autos à autoridade de origem para que seja reaberto o procedimento, assegurando-se ao Recorrente ampla defesa, contraditório e possibilidade de produção de todas as provas admitidas em direito.

Dispositivo

Ante o exposto, voto por:

  1. Conhecer e dar provimento ao recurso administrativo;
  2. Declarar a nulidade do processo administrativo nº 2024/0001, com a anulação das penalidades impostas ao Recorrente;
  3. Determinar o retorno dos autos à autoridade de origem para novo processamento, assegurando-se ao Recorrente o contraditório, ampla defesa e produção de provas;
  4. Prejudicados os demais pedidos.

Fundamentação Constitucional

  • CF/88, art. 5º, LV: direito ao contraditório e ampla defesa em processo administrativo;
  • CF/88, art. 93, IX: fundamentação obrigatória das decisões;
  • CPC/2015, arts. 369 e 370: direito à produção de provas;
  • Lei 9.784/99, art. 2º: princípios da legalidade, proporcionalidade, razoabilidade e devido processo legal no processo administrativo.

É como voto.

Brasília/DF, 10 de junho de 2024.

Magistrado(a) Relator(a)


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