Modelo de Embargos de terceiro para desconstituir penhora de imóvel comum em execução contra cônjuge, resguardando meação da embargante e alegando ausência de citação e ilegalidade da constrição

Publicado em: 05/05/2025 CivelProcesso Civil
Modelo de petição inicial de embargos de terceiro apresentados pela cônjuge em regime de comunhão parcial de bens, visando proteger sua meação e desconstituir penhora de imóvel comum realizada em execução contra o outro cônjuge, fundamentado no CPC/2015, art. 674 e CCB/2002, art. 843 e princípios constitucionais, com pedido de tutela provisória e produção de provas.

EMBARGOS DE TERCEIRO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Cível da Comarca de [cidade/UF]
Distribuição por dependência à ação de execução nº [número do processo]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

M. F. de S. L., brasileira, casada, professora, portadora do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], RG nº [xx.xxx.xxx-x], endereço eletrônico [[email protected]], residente e domiciliada à Rua [endereço completo], nesta cidade, vem, por seu advogado (instrumento de mandato anexo), com escritório profissional à Rua [endereço profissional], endereço eletrônico [[email protected]], propor a presente AÇÃO DE EMBARGOS DE TERCEIRO em face de B. A. dos S., brasileiro, casado, comerciante, portador do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], residente e domiciliado à Rua [endereço completo], endereço eletrônico [[email protected]], executado na ação principal, e C. R. S. Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº [xx.xxx.xxx/0001-xx], com sede à Rua [endereço completo], endereço eletrônico [[email protected]], exequente na ação principal, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

A embargante, M. F. de S. L., é casada sob o regime de comunhão parcial de bens com o executado B. A. dos S.. No curso da execução movida por C. R. S. Ltda. contra o executado, foi determinada a penhora de imóvel situado à Rua [endereço do imóvel], matrícula nº [número], registrado em nome da embargante.

Ocorre que a dívida executada é de valor inferior ao valor do bem penhorado e foi contraída exclusivamente pelo executado, sem participação ou anuência da embargante, que não foi citada nem integrou a lide em nenhum momento.

Ressalte-se que o imóvel objeto da constrição pertence à embargante, sendo bem adquirido na constância do casamento, compondo o patrimônio comum do casal, mas não podendo ser atingido em sua integralidade por dívida exclusiva do cônjuge, especialmente quando não há prova de que a obrigação reverteu em benefício da família.

A constrição judicial, portanto, atinge bem de titularidade da embargante, que não é parte na execução, razão pela qual se socorre dos presentes embargos de terceiro para ver resguardada sua meação e, se for o caso, levantada a penhora sobre sua fração ideal.

Por fim, destaca-se que a ausência de citação da embargante e a disproporcionalidade entre o valor da dívida e do bem penhorado agravam a ilegalidade da constrição, violando princípios constitucionais e processuais fundamentais.

4. DO DIREITO

4.1. CABIMENTO DOS EMBARGOS DE TERCEIRO

Os embargos de terceiro são a via adequada para a proteção de bens de quem, não sendo parte no processo, sofre constrição judicial sobre patrimônio de sua titularidade ou posse, conforme CPC/2015, art. 674:
“CPC/2015, art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o ato constritivo, poderá requerer, por meio de embargos, a liberação do bem ou a declaração de sua não sujeição à constrição judicial.”

No caso, a embargante, cônjuge do executado, teve seu imóvel atingido por penhora, sem ter participado do processo executivo, preenchendo, assim, os requisitos de legitimidade e interesse para a propositura da presente ação (CPC/2015, art. 674, § 2º, I).

4.2. REGIME DE COMUNHÃO PARCIAL DE BENS E RESGUARDO DA MEAÇÃO

O regime de comunhão parcial de bens estabelece que os bens adquiridos na constância do casamento pertencem a ambos os cônjuges, salvo exceções previstas em lei (CCB/2002, art. 1.658). Contudo, a responsabilidade patrimonial por dívidas contraídas por apenas um dos cônjuges não pode atingir a totalidade do patrimônio comum, devendo ser resguardada a meação do cônjuge alheio à obrigação (CPC/2015, art. 843).

O CPC/2015, art. 843, dispõe:
“CPC/2015, art. 843. Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à cota-parte do coproprietário alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem.”

Assim, a penhora sobre bem indivisível pertencente ao casal só pode atingir a fração ideal do executado, devendo ser preservada a meação da embargante, sob pena de violação ao direito de propriedade e ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, XXII e LIV).

4.3. NECESSIDADE DE CITAÇÃO DO CÔNJUGE E PROTEÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL

A ausência de citação da embargante, titular do bem penhorado, configura nulidade processual, pois impede o exercício do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV). O devido processo legal exige que todos os titulares de direit"'>...

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RELATÓRIO

Trata-se de Embargos de Terceiro opostos por M. F. de S. L. em face de B. A. dos S. e C. R. S. Ltda., nos autos da execução nº [número do processo], em trâmite nesta Vara Cível da Comarca de [cidade/UF].

A embargante, casada sob o regime de comunhão parcial de bens com o executado, alega que foi determinada a penhora de imóvel registrado em seu nome, adquirido na constância do casamento, como garantia de dívida contraída exclusivamente pelo ejecutado, sem sua participação ou anuência. Sustenta, ainda, que não foi citada nem integrou a lide executiva, e que a dívida é inferior ao valor do bem penhorado.

Postula o levantamento da penhora sobre sua fração ideal (meação), em razão do bem ser de copropriedade, e da ausência de benefício à família, invocando fundamentos constitucionais e infraconstitucionais.

FUNDAMENTAÇÃO

1. Conhecimento dos Embargos

Preenchidos os requisitos objetivos e subjetivos, conheço dos presentes embargos de terceiro, nos termos do CPC/2015, art. 674, haja vista que a embargante, não sendo parte na execução, sofreu constrição judicial sobre bem de sua titularidade.

2. Regime de Bens e Limites da Execução

No regime de comunhão parcial de bens (CCB/2002, art. 1.658), o patrimônio adquirido na constância do casamento pertence a ambos os cônjuges. Contudo, a responsabilidade patrimonial de dívidas pessoais do cônjuge executado não se estende, via de regra, à totalidade do bem comum, devendo-se resguardar a meação do cônjuge alheio à obrigação (CPC/2015, art. 843).

\"Tratando-se de penhora de bem indivisível, o equivalente à cota-parte do coproprietário alheio à execução recairá sobre o produto da alienação do bem.\"
(CPC/2015, art. 843)

3. Ausência de Citação e Devido Processo Legal

A embargante não foi citada nem integrou o polo passivo da execução, o que configura violação dos princípios do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV). A constrição do seu patrimônio sem sua ciência caracteriza nulidade processual, sendo imprescindível sua participação para resguardar o devido processo legal.

4. Proporcionalidade e Menor Onerosidade

Observa-se desproporcionalidade entre o valor da dívida e o valor do bem penhorado, afrontando o princípio da menor onerosidade (CPC/2015, art. 805), devendo-se privilegiar meios executivos menos gravosos e suficientes à satisfação do crédito.

5. Ônus da Prova

Não restou comprovado pelo exequente que a obrigação executada beneficiou a família (CPC/2015, art. 373, II), sendo incabível atingir a meação da embargante.

6. Princípios Constitucionais Aplicáveis

A solução que resguarda a fração ideal da embargante está em conformidade com os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), direito de propriedade (CF/88, art. 5º, XXII), ampla defesa e devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV).

7. Jurisprudência

A jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça e dos Tribunais Estaduais orienta no sentido de que deve ser preservada a meação do cônjuge não devedor quando a dívida não reverteu em benefício da família:

“A meação do cônjuge deve ser preservada em caso de penhora de bem indivisível.” (AgInt nos EDcl no AREsp. Acórdão/STJ, Rel. Min. Raul Araújo, 4ª Turma, j. 04/09/2023)
“Impossível que se presuma o aproveitamento familiar de certa obrigação tão somente porque contraída no curso do matrimônio. [...] Levantamento da penhora que recaiu sobre a fração de propriedade atribuível à embargante.” (TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP)

8. Fundamentação Constitucional – CF/88, art. 93, IX

O presente voto encontra-se devidamente fundamentado, em estrito cumprimento a CF/88, art. 93, IX, que exige a motivação das decisões judiciais.

DISPOSITIVO

Ante o exposto, julgo PROCEDENTES os presentes Embargos de Terceiro, para:

  • Desconstituir a penhora incidente sobre a fração ideal pertencente à embargante M. F. de S. L., resguardando sua meação;
  • Determinar que eventual constrição recaia exclusivamente sobre a parte ideal do executado B. A. dos S., nos termos do CPC/2015, art. 843;
  • Condenar o exequente ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes arbitrados em 10% sobre o valor atualizado da causa;
  • Determinar a intimação das partes para ciência e cumprimento desta decisão.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Conclusão

É como voto.


[Cidade], [data].

____________________________________
[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito


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