Modelo de Contestação à ação de despejo com pedido de suspensão do processo e alegação de usucapião como matéria de defesa, fundamentada no CPC/2015 e no Código Civil, envolvendo réu possuidor e autor locador

Publicado em: 25/04/2025 Processo Civil Direito Imobiliário
Modelo de contestação à ação de despejo em que o réu, exercendo posse mansa e pacífica há mais de 15 anos, requer a suspensão do processo até o julgamento da ação de usucapião em curso, alegando a usucapião como fato extintivo do direito do autor à retomada do imóvel. A peça destaca fundamentos legais do CPC/2015 e do Código Civil, princípios constitucionais da segurança jurídica e da boa-fé objetiva, e inclui pedidos de produção de provas, gratuidade da justiça e condenação do autor em custas e honorários.

CONTESTAÇÃO À AÇÃO DE DESPEJO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ___ do Estado de ___

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Réu: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, comerciante, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000-0, residente e domiciliado na Rua X, nº Y, Bairro Z, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].

Autor: M. F. de S. L., brasileira, casada, empresária, portadora do CPF nº 111.111.111-11, RG nº 1.111.111-1, residente e domiciliada na Rua Y, nº X, Bairro W, Cidade/UF, CEP 11111-111, endereço eletrônico: [email protected].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O autor ajuizou a presente ação de despejo em face do réu, alegando a existência de contrato escrito de locação e requerendo a retomada da posse do imóvel situado na Rua X, nº Y, Bairro Z, nesta cidade. Ocorre que o réu, ora contestante, exerce a posse mansa, pacífica e ininterrupta sobre o referido imóvel há mais de 15 anos, com animus domini, realizando benfeitorias e arcando com todos os encargos inerentes à propriedade.

Ressalte-se que, anteriormente ao ajuizamento da presente demanda, o réu já havia proposto ação de usucapião sobre o mesmo imóvel, na qual figura como ré a mesma parte autora desta ação de despejo. A ação de usucapião encontra-se em trâmite regular, sendo fato notório e de conhecimento do autor.

O pedido de despejo foi ajuizado após a consolidação do prazo aquisitivo da usucapião, sendo, portanto, a posse do réu fundada em direito material, o que impede a pretensão de retomada do imóvel pelo autor até o deslinde definitivo da ação de usucapião.

4. PRELIMINARES

4.1. DA SUSPENSÃO DA PRESENTE AÇÃO EM RAZÃO DA LITISPENDÊNCIA E PREJUDICIALIDADE EXTERNA

O réu destaca que há identidade de partes, objeto e causa de pedir entre a presente ação de despejo e a ação de usucapião em trâmite, ambas envolvendo o mesmo imóvel e as mesmas partes. Nos termos do CPC/2015, art. 313, V, "a", deve ser reconhecida a prejudicialidade externa, com a consequente suspensão do presente feito até o julgamento definitivo da ação de usucapião, que poderá extinguir o direito do autor à retomada do imóvel.

Ademais, a discussão acerca da posse e propriedade do imóvel é matéria prejudicial à análise do pedido de despejo, pois, caso reconhecido o usucapião, restará extinto o direito do autor de reaver o bem.

5. DO DIREITO

5.1. DA USUCAPIÃO COMO MATÉRIA DE DEFESA

O CPC/2015, art. 350 autoriza expressamente que o réu, em contestação, alegue fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. No presente caso, a usucapião é fato extintivo do direito do autor de reaver o imóvel, pois, uma vez reconhecida, transfere a propriedade ao possuidor, tornando insubsistente qualquer pretensão possessória ou obrigacional fundada em contrato anterior.

O CCB/2002, art. 1.238 prevê que aquele que, por 15 anos, sem interrupção, nem oposição, possuir como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-fé. O réu preenche todos os requisitos legais, conforme demonstrado na ação de usucapião em curso, sendo, portanto, possuidor com animus domini e titular do direito à aquisição da propriedade.

A jurisprudência do STJ e dos Tribunais Estaduais é pacífica no sentido de que a usucapião pode ser arguida como matéria de defesa em ação de despejo, suspendendo-se o feito até o julgamento da ação de usucapião, pois, caso reconhecida, extingue o direito do autor de reaver o imóvel.

5.2. DA IMPOSSIBILIDADE DE DESPEJO ANTE O EXERCÍCIO DA POSSE AD USUCAPIONEM

O pedido de despejo, fundado em contrato escrito, não pode prosperar quando o réu exerce posse com animus domini e já implementou o prazo aquisitivo da usucapião. A posse ad usucapionem é incompatível com a natureza precária da locação, pois, superado o prazo legal, a posse se transmuda em posse de proprietário, tornando-se insuscetível de retomada pelo antigo titular.

O CCB/2002, art. 1.210 dispõe que o possuidor tem direito à proteção possessória, e, uma vez implementada a prescrição aquisit"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Cuida-se de ação de despejo proposta por M. F. de S. L. em face de A. J. dos S., na qual a autora pleiteia a retomada da posse do imóvel situado na Rua X, nº Y, Bairro Z, alegando a existência de contrato escrito de locação. Em contestação, o réu sustenta exercer a posse mansa, pacífica e ininterrupta sobre o imóvel há mais de 15 anos, com animus domini, tendo já ajuizado ação de usucapião em face da autora, a qual tramita regularmente.

O réu requer a suspensão do feito em razão da prejudicialidade externa e, no mérito, a improcedência do pedido, alegando que a posse ad usucapionem obsta o despejo. Requer, ainda, gratuidade de justiça e produção de provas.

II. Fundamentação

1. Da Fundamentação Constitucional e Legal

Nos termos da CF/88, art. 93, IX, \\\"todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade\\\". Assim, passo à devida fundamentação.

2. Da Prejudicialidade Externa e Suspensão do Processo

O réu trouxe aos autos a existência de demanda de usucapião em trâmite, envolvendo as mesmas partes e o mesmo imóvel objeto da presente ação de despejo. Conforme o CPC/2015, art. 313, V, \\\"a\\\", o processo deve ser suspenso quando a sentença de mérito depender do julgamento de outra causa ou da declaração da existência ou inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo.

A análise do pedido de despejo está diretamente condicionada ao reconhecimento, ou não, do direito de propriedade do réu por usucapião. Em caso de procedência da usucapião, restaria extinto o direito da autora à retomada do imóvel, tornando prejudicada a pretensão possessória. Nesse sentido, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é pacífica ao admitir a usucapião como matéria de defesa em ação de despejo, devendo-se suspender o feito até decisão definitiva na demanda de usucapião (REsp Acórdão/STJ).

3. Da Usucapião como Matéria de Defesa

O CPC/2015, art. 350 autoriza o réu a alegar fatos impeditivos, modificativos ou extintivos do direito do autor. No caso, a alegação de usucapião pelo réu se insere como fato extintivo do direito da autora, pois, uma vez reconhecida a aquisição originária da propriedade, inexiste fundamento para o pedido de despejo.

Nos termos do CCB/2002, art. 1.238, aquele que possuir imóvel como seu, de forma contínua, pacífica e com animus domini, por mais de 15 anos, adquire-lhe a propriedade pela usucapião. O réu afirma preencher tais requisitos e já propôs ação própria visando ao reconhecimento do domínio.

4. Da Incompatibilidade entre Posse ad Usucapionem e Pedido de Despejo

A posse ad usucapionem, reconhecida como legítima e com animus domini, é incompatível com a posse precária decorrente de contrato de locação. Uma vez implementado o prazo aquisitivo, a posse transmuda-se em posse de proprietário, não podendo o antigo titular exigir a retomada do bem, sob pena de violação ao princípio da segurança jurídica (CF/88, art. 5º, XXXVI) e à boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422).

5. Da Impossibilidade de Despejo e da Suspensão

Diante do exposto, impõe-se a suspensão da presente ação de despejo até o julgamento definitivo da ação de usucapião, pois a solução desta poderá extinguir o direito da autora à retomada do imóvel. Caso contrário, haveria risco de decisões conflitantes e prejuízo à estabilidade das relações jurídicas.

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no CPC/2015, art. 313, V, \\\"a\\\", suspendo o processo até o trânsito em julgado da ação de usucapião em trâmite entre as partes, por se tratar de questão prejudicial externa.

Após o julgamento da ação de usucapião, voltem os autos conclusos para análise do mérito, se ainda for o caso.

Defiro o pedido de gratuidade de justiça ao réu, diante da declaração de hipossuficiência e documentos anexos.

Publique-se. Intimem-se as partes.

IV. Observância a CF/88, art. 93, IX

Esta decisão é devidamente fundamentada, observando o disposto na CF/88, art. 93, IX, de modo a garantir transparência e motivação do julgado.

V. Conclusão

Assim voto.

 

Cidade/UF, ___ de ____________ de 2024.
Magistrado(a)


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