Modelo de Resposta à Acusação em Processo Criminal por Apropriação de Coisa Havida por Erro (Art. 169 do CP) com Preliminar de Nulidade e Pleito de Absolvição

Publicado em: 22/11/2024 Direito Penal
Modelo de resposta à acusação apresentada por réu denunciado pelo crime de apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza (art. 169 do Código Penal). O documento destaca a ausência de dolo, invoca o princípio do in dubio pro reo, requer a absolvição por insuficiência de provas e, preliminarmente, aponta nulidade processual por ausência de recebimento formal da denúncia. Requer ainda, subsidiariamente, a aplicação do princípio da insignificância e a produção de provas. Fundamenta-se em dispositivos do Código Penal, do Código de Processo Penal, jurisprudência atualizada e princípios constitucionais.

RESPOSTA À ACUSAÇÃO – ART. 169 DO CÓDIGO PENAL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ___ do Tribunal de Justiça do Estado de ___.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

L. L., brasileiro, solteiro, empresário, portador do RG nº ___, inscrito no CPF/MF sob o nº ___, residente e domiciliado à Rua ___, nº ___, Bairro ___, Cidade ___, Estado ___, CEP ___, endereço eletrônico: [email protected], por intermédio de seu advogado, OAB/___ nº ___, com escritório profissional à Rua ___, nº ___, Bairro ___, Cidade ___, Estado ___, CEP ___, endereço eletrônico: ___, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO nos autos do processo em que figura como acusado pela suposta prática do crime previsto no CP, art. 169, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.

3. SÍNTESE DA DENÚNCIA

O Ministério Público ofereceu denúncia em face de L. L., imputando-lhe a prática do crime de apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza, tipificado no CP, art. 169. Segundo a exordial acusatória, o acusado teria se apropriado de bem móvel que lhe teria sido entregue por erro de terceiro, deixando de devolvê-lo ao legítimo proprietário ou de entregá-lo à autoridade competente, conforme determina o tipo penal.

A denúncia narra que, em data de ___, o acusado teria recebido indevidamente a quantia de R$ ___, transferida por engano para sua conta bancária, e, ao tomar ciência do equívoco, teria deixado de restituir o valor ao verdadeiro titular, apropriando-se do mesmo em benefício próprio.

4. PRELIMINARES

4.1. NULIDADE POR AUSÊNCIA DE RECEBIMENTO FORMAL DA DENÚNCIA

Inicialmente, cumpre destacar que a ausência de apresentação de resposta à acusação antes do recebimento formal da denúncia, bem como a inobservância do procedimento previsto na Lei 9.099/1995, art. 81, pode ensejar nulidade absoluta do feito, conforme entendimento consolidado na jurisprudência pátria:

“O recebimento da denúncia sem o cumprimento da Lei 9.099/1995, art. 81, que determina a apresentação de resposta à acusação, antes daquele ato, gera nulidade absoluta do feito. [...]” (TJSP, Turma Julgadora, Apelação Criminal 1500220-50.2019.8.26.0262, Rel. Des. Jocimar Dal Chiavon, J. em 01/11/2023).

Assim, requer-se a verificação do regular processamento do feito, com a declaração de nulidade caso constatada qualquer irregularidade processual.

5. DOS FATOS

Em síntese, o acusado L. L. foi surpreendido com a transferência de valor em sua conta bancária, proveniente de terceiro, sem que houvesse qualquer relação jurídica ou comercial entre as partes. Ao tomar ciência do depósito, buscou identificar a origem dos valores, não logrando êxito imediato. Em momento algum agiu com dolo ou intenção de se apropriar indevidamente do bem alheio.

Ressalta-se que, tão logo identificado o equívoco, o acusado se prontificou a restituir o valor ao legítimo proprietário, não havendo qualquer conduta que demonstre o animus de se locupletar ilicitamente. O acusado sempre esteve à disposição das autoridades para esclarecimentos e, inclusive, tentou contato com o suposto prejudicado, não obtendo resposta.

Importante destacar que não há nos autos prova inequívoca de que o acusado tenha agido com dolo, elemento subjetivo imprescindível à configuração do tipo penal em questão.

6. DO DIREITO

6.1. TIPICIDADE OBJETIVA E SUBJETIVA

O crime de apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza está previsto no CP, art. 169, que assim dispõe:

“Apropriar-se de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa.”

Para a configuração do delito, exige-se que o agente tenha recebido a coisa por erro de terceiro, caso fortuito ou força da natureza e, ciente do equívoco, tenha se apropriado da coisa, deixando de devolvê-la ao legítimo proprietário ou de entregá-la à autoridade competente.

O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente na vontade livre e consciente de se apropriar da coisa alheia, mesmo sabendo da origem indevida do bem. A ausência de dolo afasta a tipicidade subjetiva, tornando atípica a conduta.

6.2. AUSÊNCIA DE DOLO E PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA

No caso em tela, não restou demonstrado que o acusado agiu com dolo, tampouco que se beneficiou do valor de forma consciente e voluntária. Ademais, a conduta do acusado revela-se irrelevante sob o ponto de vista penal, po"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação penal em que L. L. foi denunciado pelo Ministério Público pela suposta prática do crime previsto no art. 169 do Código Penal, consistente em apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza. Segundo a denúncia, o acusado teria recebido, por engano, a quantia de R$ ___ em sua conta bancária e, ao tomar ciência do equívoco, teria deixado de restituir o valor ao verdadeiro titular, apropriando-se do mesmo.

Em sua resposta à acusação, a defesa argui preliminar de nulidade processual por ausência de recebimento formal da denúncia e, no mérito, sustenta ausência de dolo e insuficiência de provas quanto à materialidade e autoria, requerendo a absolvição do acusado.

Voto

1. Preliminar de Nulidade

Inicialmente, analiso a preliminar suscitada pela defesa, referente à alegada nulidade do processo por ausência de recebimento formal da denúncia e inobservância do procedimento previsto no art. 81 da Lei 9.099/1995.

Contudo, dos autos verifica-se que foi oportunizada a apresentação de resposta à acusação e que não há demonstração de prejuízo concreto à defesa. Ressalta-se que, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça, a ausência de prejuízo à ampla defesa e ao contraditório afasta a nulidade processual (princípio pas de nullité sans grief).

Portanto, rejeito a preliminar.

2. Mérito

2.1. Tipicidade e Elemento Subjetivo

O art. 169 do Código Penal exige, para a configuração do delito, que o agente tenha recebido coisa alheia por erro, caso fortuito ou força da natureza e, ciente do equívoco, tenha se apropriado do bem, deixando de devolvê-lo ao legítimo proprietário ou entregá-lo à autoridade competente.

O elemento subjetivo do tipo é o dolo, ou seja, a vontade livre e consciente de se apropriar da coisa alheia. Ausente o dolo, não se configura o crime.

2.2. Análise dos Fatos e das Provas

Dos elementos dos autos, verifica-se que o acusado recebeu valor em sua conta bancária sem prévia relação jurídica ou comercial. A defesa trouxe elementos no sentido de que o acusado buscou identificar a origem do valor e tentou restituí-lo, não restando comprovado que tenha agido com ânimo de se apropriar indevidamente do bem.

Não há prova inequívoca de dolo, elemento subjetivo imprescindível à configuração do delito. Ademais, não se comprovou prejuízo significativo à suposta vítima, nem uso consciente e voluntário do valor pelo acusado.

O ônus da prova incumbe à acusação (CPP, art. 156), e, diante da dúvida razoável sobre a existência do dolo, aplica-se o princípio constitucional do in dubio pro reo (CF/88, art. 5º, LVII).

2.3. Jurisprudência

A jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que, na ausência de dolo, deve ser afastada a tipicidade subjetiva (TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ; TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP), e que o princípio da presunção de inocência deve nortear o julgamento, absolvendo o acusado em caso de dúvida.

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige a fundamentação das decisões judiciais, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão punitiva estatal e ABSOLVO o acusado L. L., nos termos do art. 386, VII, do Código de Processo Penal, por não restar provada a existência de dolo na conduta imputada.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

___, ___ de ___________ de 2024.

_______________________________________
Juiz de Direito

Fundamentação Constitucional

A presente decisão encontra amparo no art. 93, IX, da Constituição Federal, que determina que "todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade", bem como no art. 5º, LVII, que consagra o princípio da presunção de inocência.


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