Modelo de Apelação Cível em Ação de Reconhecimento e Dissolução de União Estável com Pedido de Anulação de Sentença por Cerceamento de Defesa e Partilha de Bens
Publicado em: 17/11/2024 Civel FamiliaAPELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro
Seção de Direito Privado
Distribuição por dependência
Processo nº: 0000000-00.2023.8.19.0001
Apelante: M. F. de S. L.
Apelado: J. A. dos S.
2. PRELIMINARES
2.1. DA NULIDADE DA SENTENÇA POR CERCEAMENTO DE DEFESA
A sentença recorrida foi proferida sem a devida valoração do conjunto probatório, notadamente desconsiderando a ausência do réu à audiência de conciliação, a existência de dois filhos em comum e a aquisição de imóvel durante a convivência. O indeferimento tácito da produção de outras provas, em especial testemunhal, caracteriza cerceamento de defesa, violando o CPC/2015, art. 355, I, e o CF/88, art. 5º, LV, que garantem o contraditório e a ampla defesa.
2.2. DA NULIDADE POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO
A sentença carece de fundamentação adequada quanto à desconsideração dos elementos objetivos do caso, em afronta ao CPC/2015, art. 489, §1º, e ao CF/88, art. 93, IX, pois não enfrentou de modo suficiente os fatos relevantes para o deslinde da controvérsia, especialmente a existência de prole comum e aquisição de bem imóvel.
Resumo: As preliminares acima apontam vícios processuais que, se acolhidos, ensejam a anulação da sentença, com retorno dos autos à origem para regular instrução.
3. DOS FATOS
M. F. de S. L. e J. A. dos S., ambos solteiros, mantiveram relacionamento afetivo duradouro, público e contínuo, com o claro intuito de constituir família, do qual nasceram dois filhos. Durante a convivência, o casal adquiriu um imóvel, cuja escritura foi lavrada em nome de ambos, evidenciando o esforço comum e a comunhão de vidas.
O réu, após anos de convivência, abandonou o lar e passou a residir em outra localidade, sem qualquer justificativa plausível. Regularmente citado, não compareceu à audiência de conciliação, revelando desinteresse em contestar os fatos narrados.
Apesar da existência de filhos e da aquisição de patrimônio, o juízo a quo entendeu pela ausência de provas suficientes para o reconhecimento da união estável, julgando improcedente o pedido inicial.
Resumo: O conjunto fático demonstra a convivência pública, contínua e duradoura, com filhos e patrimônio comum, elementos que, à luz da legislação vigente, caracterizam união estável.
4. DO DIREITO
4.1. DO RECONHECIMENTO DA UNIÃO ESTÁVEL
O CF/88, art. 226, §3º, reconhece a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. O CCB/2002, art. 1.723, define a união estável como a convivência pública, contínua e duradoura, estabelecida com o objetivo de constituição de família.
A existência de filhos comuns é forte indício da affectio maritalis, ou seja, da intenção de constituir família, sendo desnecessária a coabitação ininterrupta ou a formalização do vínculo. A aquisição de imóvel durante a convivência, com escritura em nome de ambos, reforça o esforço comum e a comunhão de vidas.
4.2. DA PROVA DA UNIÃO ESTÁVEL
A prova da união estável pode ser feita por qualquer meio, inclusive testemunhal, documental e presunções legais (CPC/2015, art. 369). A ausência do réu à audiência de conciliação, a existência de filhos e a aquisição de imóvel são elementos que, em conjunto, demonstram a convivência pública e duradoura, com o intuito de constituir família.
4.3. DA PARTILHA DE BENS
O regime de bens na união estável, salvo contrato escrito em contrário, é o da comunhão parcial (CCB/2002, art. 1.725), de modo que os bens adquiridos onerosamente na constância da união devem ser partilhados igualitariamente.
4.4. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS
O princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da proteção à família (CF/88, art. 226) e da vedação ao enriquecimento sem causa (CCB/2002, art. 884) impõem o reconhecimento da união estável quando presentes seus requisitos, resguardando os direitos da companheira e da prole.
Resumo: O direito à constituição de família, a existência de filhos e patrimônio comum, aliados"'>...
Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.