Modelo de Ação de Cobrança contra Banco X S.A. para restituição integral de aplicação financeira em LCA, com pedido de indenização por danos morais fundamentado na responsabilidade objetiva do fornecedor e CDC

Publicado em: 30/04/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Petição inicial de ação de cobrança cumulada com indenização por danos morais ajuizada por consumidor contra Banco X S.A., visando a restituição integral de valores retidos indevidamente em aplicação financeira (LCA), acrescidos de rendimentos, correção monetária e juros, com base na responsabilidade objetiva do fornecedor prevista no Código de Defesa do Consumidor e no Código Civil, além da reparação por danos morais decorrentes da falha na prestação do serviço bancário e violação dos princípios da boa-fé objetiva e confiança legítima. Inclui fundamentação jurídica, jurisprudência aplicável, pedidos de citação, produção de provas e inversão do ônus da prova.
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PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE COBRANÇA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF],

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, engenheiro civil, portador do CPF nº 000.111.222-33, RG nº 1.234.567 SSP/UF, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado à Rua das Palmeiras, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade/UF], por seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE COBRANÇA C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em face de BANCO X S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 12.345.678/0001-99, endereço eletrônico [email protected], com sede na Avenida das Nações, nº 500, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade/UF], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Autor realizou, em [data da aplicação], junto ao Réu, uma aplicação financeira na modalidade Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), no valor de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), pelo prazo mínimo de 9 (nove) meses, conforme comprovante anexo.

Findo o prazo de carência, em [data do resgate], o Autor procedeu ao resgate do valor aplicado, na expectativa legítima de receber a integralidade do capital investido, acrescido dos rendimentos pactuados, conforme previsão contratual e legislação vigente.

Ocorre que, para surpresa do Autor, ao efetuar o saque, o Réu reteve indevidamente parte do capital aplicado, deixando de pagar não apenas os rendimentos devidos, mas também parte do valor principal, sem qualquer justificativa plausível ou comunicação prévia.

Tal conduta do Réu configura flagrante descumprimento contratual e afronta aos princípios da boa-fé objetiva e da confiança legítima, causando ao Autor não apenas prejuízo material, mas também abalo moral, diante da frustração de legítima expectativa, transtornos e insegurança financeira.

O Autor tentou, por diversas vezes, resolver a situação de forma administrativa, sem êxito, sendo compelido a buscar a tutela jurisdicional para ver ressarcido o valor indevidamente retido e compensado pelos danos morais sofridos.

Assim, diante da falha na prestação do serviço bancário, não restou alternativa ao Autor senão ajuizar a presente demanda.

4. DO DIREITO

I. DA RELAÇÃO DE CONSUMO E RESPONSABILIDADE OBJETIVA

A relação estabelecida entre as partes é nitidamente de consumo, na forma do CDC, art. 2º e CDC, art. 3º, sendo o Autor consumidor e o Réu fornecedor de serviços financeiros. Assim, aplica-se a responsabilidade objetiva do fornecedor, nos termos do CDC, art. 14, respondendo o Réu independentemente de culpa pelos danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação do serviço.

A falha na prestação do serviço bancário, consubstanciada na retenção indevida de valores de aplicação financeira, configura ato ilícito, nos termos do CCB/2002, art. 186, ensejando o dever de indenizar.

II. DO DIREITO À RESTITUIÇÃO DOS VALORES RETIDOS

O Autor faz jus à restituição integral do valor aplicado, acrescido dos rendimentos contratuais, conforme pactuado e previsto na legislação que regula as aplicações financeiras. A retenção injustificada de valores caracteriza enriquecimento ilícito do Réu, vedado pelo CCB/2002, art. 884.

Ademais, a devolução deve ser acrescida de correção monetária desde a data do saque frustrado e juros de mora a partir da citação, conforme entendimento consolidado e previsão do CCB/2002, art. 398, e CPC/2015, art. 405.

III. DOS DANOS MORAIS

A conduta do Réu ultrapassa o mero aborrecimento cotidiano, pois expôs o Autor a situação de insegurança financeira, frustração de legítima expectativa e transtornos que extrapolam o razoável, configurando dano moral indenizável.

O dano moral, nesses casos, é presumido ("in re ipsa"), dispensando prova do prejuízo, bastando a demonstração do ilícito e do nexo causal, conforme entendimento consolidado do STJ e da jurisprudência pátria.

Ressalta-se que a indenização por dano moral tem caráter compensatório e pedagógico, devendo ser fixada em valor suficiente para reparar o Autor e desestimular a repetição da conduta ilícita pelo Réu.

IV. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O caso em tela demanda a aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da confiança legítima e da vedação ao enriquecimento sem causa (CCB/2002, art. 884), todos violados pela conduta do Réu.

O princípio da vulnerabilidade do consumidor (CDC, art. 4º, I) também impõe ao fornecedor o dever de transparência e lealdade, especialmente em operações financeiras, onde o consumidor é parte hipossuficiente técnica e informacionalmente.

Por fim, o direito fundamental à propriedade (CF/88, art. 5º, XXII) e à segurança nas relações contratuais reforça a necessidade de proteção do patrimônio do consumidor contra práticas abusivas e ilícitas.

Em resumo, a conduta do Réu afronta dispositivos legais e princípios fundamentais, impondo o dever de ressarcimento e indenização.

5. JURISPRUDÊNCIAS

1. TJSP (2ª Turma Recursal Cível) - Recurso Inominado Cível / DIREITO CIVIL 1001649-81.2022.8.26.0011 - São Paulo - Rel.: Des(ª). Julio Cesar Silva de Mendonça Franco - J. em 03/03/2023 - DJ 03/03/2023
"CONSUMIDOR - RESPONSABILIDADE CIVIL - PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - RESGATE DE INVESTIMENTO EM CDB - RETENÇÃO INDEVIDA DE VALORES - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - RESSARCIMENTO IMPOSTO - Incorre na prática de ato ilícito o fornecedor de produtos bancários que retém indevidamente valores atinentes a aplicação de cliente em CDB - Conjunto probatório que evidencia o fato de que a Acionante veio a investir em renda fixa, consistente em Certificado de Depósito Bancário (CDB), sendo que ao solicitar o resgate correspondente houve indevida reten"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Trata-se de ação de cobrança cumulada com pedido de indenização por danos morais proposta por A. J. dos S. em face de BANCO X S.A., alegando, em síntese, que realizou aplicação financeira na modalidade LCA junto ao réu, e, ao final do prazo, teve parte dos valores, inclusive do capital principal, retidos injustificadamente pela instituição financeira, o que lhe causou prejuízo material e abalo moral.

Recebida a inicial, o réu foi devidamente citado e apresentou defesa (hipótese), sustentando a regularidade de suas condutas e a inexistência de dano material ou moral.

1. Dos Fatos e da Relação Jurídica

Os fatos narrados na inicial encontram respaldo nos documentos acostados, notadamente comprovante da aplicação financeira, extratos bancários e tentativas de solução administrativa frustradas. O réu, por sua vez, não apresentou justificativa plausível para a retenção dos valores.

Verifica-se, pois, a existência de relação de consumo entre as partes, nos termos do CDC, art. 2º e CDC, art. 3º, sendo o autor consumidor e o réu fornecedor de serviços financeiros.

2. Do Direito

2.1. Responsabilidade Objetiva do Fornecedor

O CDC, art. 14 prevê a responsabilidade objetiva do fornecedor de serviços pelos danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação do serviço, independentemente de culpa. Na hipótese, a retenção injustificada de valores caracteriza falha na prestação do serviço bancário, ensejando o dever de indenizar.

O CCB/2002, art. 186, também tipifica como ato ilícito aquele que causa dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.

2.2. Restituição dos Valores Retidos

O autor faz jus à restituição integral do valor aplicado, acrescido dos rendimentos pactuados, corrigidos monetariamente desde a data do saque frustrado e com juros de mora a partir da citação (CCB/2002, art. 398; CPC/2015, art. 405). A conduta do réu viola, ainda, a vedação ao enriquecimento ilícito (CCB/2002, art. 884).

2.3. Dano Moral

A jurisprudência consolidada do STJ e dos tribunais estaduais reconhece que a retenção indevida de valores pelo banco extrapola o mero aborrecimento e configura dano moral “in re ipsa”, prescindindo de prova do efetivo prejuízo, bastando a demonstração do ilícito e do nexo causal. Ressalto as ementas colacionadas nos autos, especialmente:

  • “CONSUMIDOR - RESPONSABILIDADE CIVIL - PRESTAÇÃO DE SERVIÇO - RESGATE DE INVESTIMENTO EM CDB - RETENÇÃO INDEVIDA DE VALORES - DANOS MORAIS CONFIGURADOS - RESSARCIMENTO IMPOSTO [...]” (TJSP, 2ª Turma Recursal Cível, Recurso Inominado Acórdão/TJSP, j. 03/03/2023)
  • “Falha na prestação de serviços do banco evidenciada. Indenização devida. Dano in re ipsa.” (TJSP, 38ª Câmara de Direito Privado, Apelação Cível Acórdão/TJSP, j. 22/08/2024)

O valor da indenização deve ser fixado de modo a reparar o dano e a desestimular condutas semelhantes, observando-se os princípios da razoabilidade e proporcionalidade. Considerando os parâmetros jurisprudenciais, entendo adequado fixar a indenização por dano moral no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

2.4. Princípios Constitucionais e Legais

A conduta do réu afronta o princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), o direito fundamental à propriedade (CF/88, art. 5º, XXII), os princípios da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da confiança legítima e da vedação ao enriquecimento sem causa (CCB/2002, art. 884), bem como a vulnerabilidade do consumidor (CDC, art. 4º, I).

Cumpre salientar que a CF/88, art. 93, IX, exige que as decisões judiciais sejam fundamentadas, o que ora se observa.

3. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO, nos termos do CPC/2015, art. 487, I, para:

  1. Condenar o réu a restituir ao autor o valor integral da aplicação financeira em LCA, acrescido dos rendimentos contratuais, corrigidos monetariamente desde a data do saque frustrado e com juros de mora a partir da citação;
  2. Condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais ao autor, que fixo em R$ 10.000,00 (dez mil reais);
  3. Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor da condenação (CPC/2015, art. 85, § 2º).

Fica deferida a inversão do ônus da prova, nos termos do CDC, art. 6º, VIII, diante da hipossuficiência do autor.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Conclusão

É como voto.



[Cidade], [data].

_________________________________________
Juiz de Direito


Fundamento legal: CF/88, art. 93, IX; CDC, art. 2º, CDC, art. 3º, CDC, art. 6º, CDC, art. 14; CCB/2002, art. 186, CCB/2002, art. 398, CCB/2002, art. 422, CCB/2002, art. 884; CPC/2015, art. 85, CPC/2015, art. 405, CPC/2015, art. 487, I.


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