Modelo de Réplica à contestação em ação de cobrança de empréstimo envolvendo autores idosos hipervulneráveis contra ré que alega doação, com pedido de restituição de R$50.000,00, indenização por danos morais e tute...

Publicado em: 10/07/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Réplica à contestação apresentada em ação de cobrança de empréstimo ajuizada por autores idosos hipervulneráveis contra ré que nega obrigação, alegando doação. O documento reforça a existência do empréstimo, a hipervulnerabilidade dos autores, a violação da boa-fé objetiva e requer restituição integral do valor, indenização por danos morais, inversão do ônus da prova, tutela de urgência para bloqueio de bens e condenação em custas e honorários, fundamentando-se no Código Civil, Código de Processo Civil, Estatuto do Idoso e Código de Defesa do Consumidor.
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RÉPLICA À CONTESTAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara da Comarca de Itaperuna/RJ

2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DOS AUTOS

Processo nº: [indicar o número dos autos]
A. J. dos S., brasileiro, casado, aposentado, portador do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], endereço eletrônico: [email], residente e domiciliado na Rua [endereço completo], Itaperuna/RJ, e M. F. de S. L., brasileira, casada, aposentada, portadora do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], endereço eletrônico: [email], residentes e domiciliados no mesmo endereço, autores; em face de M. F. F. de D. M., brasileira, advogada, portadora do CPF nº [xxx.xxx.xxx-xx], endereço eletrônico: [email], residente e domiciliada na Rua [endereço completo], Itaperuna/RJ, ré.

3. SÍNTESE DA CONTESTAÇÃO APRESENTADA

A contestação apresentada por M. F. F. de D. M. sustenta, em suma, que a transferência bancária realizada pelos autores, no valor de R$10.000,00, teria ocorrido de forma voluntária, a título de agradecimento por suposta ajuda e dedicação prestadas por ela aos autores em questões pessoais e burocráticas. A ré nega qualquer relação de empréstimo ou promessa de entrega de documento comprobatório da dívida, alegando que não houve pedido de devolução do valor e que a controvérsia teria surgido apenas após intervenção do filho adotivo dos autores. Requereu gratuidade de justiça, habilitação nos autos, extinção do processo sem resolução do mérito ou, subsidiariamente, a improcedência dos pedidos autorais, além de manifestar interesse em produzir provas.

4. PRELIMINARES (SE HOUVER)

Inexistem preliminares processuais capazes de obstar o regular prosseguimento do feito. A contestação apresentada não trouxe elementos que configurem ausência de pressupostos processuais, condições da ação ou qualquer vício formal relevante. A alegação de ausência de interesse processual não se sustenta, pois os autores buscam a tutela jurisdicional para ver reconhecida relação obrigacional decorrente de empréstimo, cuja existência e inadimplemento restam suficientemente delineados na inicial, nos termos do CPC/2015, art. 17 e CPC/2015, art. 485, VI.

5. DOS FATOS

Os autores, A. J. dos S. e M. F. de S. L., idosos de 82 e 87 anos, respectivamente, sobreviveram durante toda a vida com recursos modestos, pouco superiores a um salário mínimo. Em razão de decisão judicial favorável, receberam quantia que lhes permitiu, excepcionalmente, movimentar valor mais expressivo em sua conta bancária. Aproveitando-se desse contexto, a ré, conhecedora da situação financeira dos autores e de sua vulnerabilidade, solicitou-lhes empréstimo de R$50.000,00, comprometendo-se a entregar documento comprobatório da dívida, o que jamais ocorreu.

Em flagrante desrespeito à boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), a ré agora tenta, sem qualquer respaldo fático ou documental, transformar o empréstimo em "presente", alegando que a transferência teria sido motivada por gratidão. Tal narrativa é absolutamente inverossímil, considerando-se, além da idade avançada e da hipossuficiência dos autores, o valor vultoso envolvido, incompatível com a realidade financeira do casal. Ressalte-se que a quantia transferida é fruto de ação judicial, destinada à subsistência dos autores, e jamais poderia ser objeto de liberalidade dessa magnitude.

A ausência de documento comprobatório da dívida decorre exclusivamente da conduta da ré, que, após receber o valor, não cumpriu a promessa de formalização, frustrando a legítima expectativa dos autores e agravando sua situação de vulnerabilidade.

6. DO DIREITO

I - Da Hipervulnerabilidade dos Autores
Os autores, pessoas idosas, enquadram-se na condição de hipervulnerabilidade, nos termos do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003, art. 2º) e do CDC, art. 4º, I e CDC, art. 6º, VIII, que autorizam a inversão do ônus da prova e impõem ao fornecedor de serviços o dever de cautela redobrada. A jurisprudência reconhece que a idade avançada e a limitação de recursos agravam a vulnerabilidade do consumidor, exigindo do Judiciário especial atenção à proteção de seus direitos fundamentais (CF/88, art. 230).

II - Da Configuração do Empréstimo e da Obrigação de Restituição
O empréstimo, como contrato típico (CCB/2002, art. 586), caracteriza-se pela entrega de coisa fungível, com obrigação de restituição pelo mutuário. No caso, restou incontroverso que houve transferência bancária dos autores à ré, que prometeu formalizar a dívida, mas não o fez. A alegação de "presente" não se sustenta diante da ausência de animus donandi, do valor elevado e da situação financeira dos autores. A liberalidade, para ser válida, exige capacidade, intenção inequívoca e ausência de vício de consentimento, o que não se verifica no caso concreto (CCB/2002, art. 538).

III - Da Boa-fé Objetiva e do Dever de Restituição
O princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) impõe às partes o dever de lealdade e confiança mútua. A conduta da ré, ao receber valor significativo de pessoas idosas e vulneráveis, prometendo documento comprobatório e, posteriormente, negando a obrigação, viola frontalmente esse princípio, caracterizando enriquecimento ilícito (CCB/2002, art. 884).

IV - Da Distribuição do Ônus da Prova
Incumbe à ré, nos termos do CPC/2015, art. 373, II, comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito dos autores. Não basta a mera alegação de que se tratou de presente; é imprescindível a demonstração do animus donandi, especialmente diante da vulnerabilidade dos autores e da ausência de documento que comprove a suposta liberalidade.

V - Da Impossibilidade de Doação Irregular
Ainda que se admitisse, por absurdo, a tese de doação, esta seria nula por ausência de instrumento público, nos termos do CCB/2002, art. 541, dada a quantia envolvida, e por evidente afronta à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), pois comprometeria a subsistência dos autores.

VI - Da Responsabilidade Civil
A conduta da ré enseja responsabilidade civil, pois frustrou legítima expectativa dos autores, privando-os de recursos e"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Trata-se de ação proposta por A. J. dos S. e M. F. de S. L. em face de M. F. F. de D. M., na qual se discute a natureza jurídica da transferência bancária de R$50.000,00 realizada pelos autores à demandada, bem como a obrigação de restituição e eventual indenização por danos morais.

I. Relatório

Os autores alegam que, em virtude de decisão judicial favorável, receberam determinada quantia e, diante de sua vulnerabilidade e idade avançada, confiaram à ré o referido valor a título de empréstimo, mediante promessa de formalização documental jamais cumprida. A ré, por sua vez, sustenta que a quantia teria sido recebida a título de liberalidade ("presente"), afastando qualquer obrigação de restituir.

II. Conhecimento do Mérito

Superadas as questões processuais, não vislumbro preliminares capazes de obstar o regular prosseguimento do feito, conforme já fundamentado nos autos. As condições da ação e pressupostos processuais estão presentes, inexistindo nulidades a serem apreciadas, nos termos do CPC/2015, art. 485, VI.

III. Fundamentação

1. Da Hipervulnerabilidade dos Autores

É incontroverso que os autores são pessoas idosas, de reduzida capacidade financeira e com parcos recursos, enquadrando-se como hipervulneráveis à luz do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003, art. 2º) e do Código de Defesa do Consumidor (CDC, art. 4º, I e CDC, art. 6º, VIII). O princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e a proteção especial ao idoso (CF/88, art. 230) impõem ao julgador redobrada cautela na apreciação da demanda.

2. Da Configuração do Empréstimo e Obrigação de Restituição

Restou comprovado nos autos que houve transferência bancária da quantia de R$50.000,00 dos autores à ré, circunstância admitida por ambas as partes. A ré, porém, limita-se a alegar que tais valores constituiriam liberalidade, sem apresentar elementos probatórios mínimos a evidenciar o animus donandi, especialmente considerando o vulto do valor e a situação financeira dos autores (CCB/2002, art. 538).

O empréstimo é contrato típico, pelo qual uma das partes entrega à outra coisa fungível, obrigando-se esta a restituí-la (CCB/2002, art. 586). A ausência de instrumento formal não elide a obrigação de restituir, notadamente quando a própria ré prometeu formalizar a dívida e não o fez, frustrando a expectativa legítima dos autores.

Ademais, hipotética doação de valor superior a trinta salários mínimos exige instrumento público, sob pena de nulidade (CCB/2002, art. 541), o que não se verifica nos autos.

3. Da Boa-fé Objetiva e Enriquecimento Ilícito

A conduta da ré ofende o princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), pois recebeu vultoso valor de parte hipervulnerável, prometeu formalizar a dívida e, posteriormente, buscou afastar a obrigação de restituir. Tal comportamento caracteriza enriquecimento ilícito, vedado pelo ordenamento jurídico (CCB/2002, art. 884).

4. Da Distribuição do Ônus da Prova

Compete à ré comprovar fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito dos autores (CPC/2015, art. 373, II). A mera alegação de presente não se sustenta sem prova cabal do animus donandi, especialmente diante da hipervulnerabilidade dos autores e das circunstâncias do caso concreto.

5. Da Responsabilidade Civil e Danos Morais

A ré, ao frustrar a legítima expectativa dos autores, privando-os de recursos essenciais à subsistência e submetendo-os a situação de angústia e desamparo, incorre em responsabilidade civil, sendo devida a indenização por danos morais, a ser arbitrada em valor compatível com a gravidade do caso e os princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

6. Da Tutela de Urgência

Presentes os requisitos do perigo de dano e da probabilidade do direito (CPC/2015, art. 300), defiro a concessão de tutela de urgência para determinar o bloqueio de bens da ré até o limite do valor devido, visando garantir a efetividade do provimento jurisdicional.

7. Da Fundamentação Constitucional e Legal do Julgamento

Cumpre ressaltar que a motivação deste voto observa integralmente o princípio do livre convencimento motivado, com fundamentação clara, suficiente e em atenção ao dever constitucional de motivação das decisões judiciais (CF/88, art. 93, IX).

IV. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  1. Reconhecer a existência de empréstimo e condenar a ré à restituição integral do valor de R$50.000,00 (cinquenta mil reais), devidamente corrigido e acrescido de juros legais desde a transferência (CCB/2002, art. 389 e CCB/2002, art. 395);
  2. Condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais, a ser arbitrada em liquidação, considerando a hipervulnerabilidade dos autores;
  3. Conceder tutela de urgência para bloqueio de bens da ré até o limite do valor devido (CPC/2015, art. 300);
  4. Determinar a inversão do ônus da prova em favor dos autores (CDC, art. 6º, VIII);
  5. Condenar a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios (CPC/2015, art. 85).

Protesta-se pela produção de todas as provas em direito admitidas, especialmente prova testemunhal, pericial e documental, caso necessário (CPC/2015, art. 319).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

V. Conclusão

Este é o voto.

Itaperuna/RJ, [data do julgamento].

[Nome do Magistrado]
Juiz de Direito


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