Modelo de Reclamação trabalhista para reversão de justa causa ou reconhecimento de rescisão indireta contra Bebidas do Brasil Ltda., com pedido de pagamento de verbas rescisórias, adicional de periculosidade e indenização p...

Publicado em: 02/07/2025 Trabalhista
Modelo de petição inicial de reclamação trabalhista ajuizada por motorista de caminhão contra a empresa Bebidas do Brasil Ltda., requerendo a reversão da justa causa ou alternativamente o reconhecimento da rescisão indireta, o pagamento de verbas rescisórias, adicional de periculosidade e indenização por danos morais, com base na ausência de provas para a justa causa, exposição a condições perigosas, violação do princípio da dignidade do trabalhador e jurisprudência consolidada do TST. Contém fundamentos legais, pedidos, indicação de provas e valor da causa.
← deslize para o lado para ver mais opções

RECLAMAÇÃO TRABALHISTA COM PEDIDO DE REVERSÃO DE JUSTA CAUSA OU RECONHECIMENTO DE RESCISÃO INDIRETA, C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz da __ Vara do Trabalho da Comarca de __, do Tribunal Regional do Trabalho da __ Região.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Reclamante: E. S. da S., brasileiro, solteiro, motorista de caminhão, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000, residente e domiciliado à Rua __, nº __, Bairro __, CEP __, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected].
Reclamada: Bebidas do Brasil Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 00.000.000/0001-00, com sede à Avenida __, nº __, Bairro __, CEP __, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected].

3. DOS FATOS

O Reclamante foi admitido pela Reclamada em 18/10/2022 para exercer a função de motorista de caminhão, realizando transporte e entrega de bebidas (cervejas, refrigerantes e outros produtos) em diversos estabelecimentos comerciais. Durante todo o pacto laboral, o Reclamante desempenhou suas funções com zelo, pontualidade e dedicação, não tendo cometido qualquer falta grave que justificasse medida extrema.

Em 01/07/2025, o Reclamante foi surpreendido com comunicado de dispensa por justa causa, sob alegação de violação grave dos deveres contratuais, com fundamento no CLT, art. 482. Segundo a Reclamada, teria havido indisciplina, insubordinação, desídia, resistência ao cumprimento de ordens, falta de comunicação e colaboração, descumprimento de rotas e abandono de entregas. Alega ainda a existência de advertências e suspensões anteriores.

Ocorre que tais alegações não correspondem à realidade dos fatos. O Reclamante jamais praticou qualquer ato que pudesse ser enquadrado como falta grave, tampouco foi formalmente advertido ou suspenso de maneira legítima e motivada. As supostas advertências e suspensões não foram precedidas de sindicância, contraditório ou ampla defesa, sendo meramente informais e desprovidas de fundamentação concreta.

Ademais, durante todo o contrato, o Reclamante esteve exposto a condições de trabalho perigosas, realizando transporte de cargas e, por vezes, valores, sem o devido recebimento do adicional de periculosidade, em flagrante descumprimento das normas de segurança do trabalho.

Por fim, destaca-se que a dispensa por justa causa foi utilizada como subterfúgio para afastar o Reclamante sem o pagamento das verbas rescisórias devidas, configurando abuso do poder diretivo e violação à dignidade do trabalhador.

Diante do exposto, busca-se a reversão da justa causa, com o reconhecimento da dispensa imotivada ou, alternativamente, o reconhecimento da rescisão indireta, além da condenação da Reclamada ao pagamento das verbas rescisórias, adicional de periculosidade e indenização por danos morais.

Fechamento argumentativo: Os fatos demonstram que a penalidade máxima aplicada ao Reclamante carece de justa causa, sendo medida desproporcional e ilegal, o que enseja a tutela jurisdicional para a reparação dos direitos violados.

4. DO DIREITO

4.1. DA NULIDADE DA JUSTA CAUSA

A dispensa por justa causa constitui a penalidade máxima aplicável ao empregado, exigindo prova robusta e inequívoca da falta grave (CLT, art. 482). O ônus da prova é do empregador (CLT, art. 818; CPC/2015, art. 373, II). A ausência de sindicância, contraditório e ampla defesa, bem como a inexistência de provas concretas das alegadas faltas, torna nula a penalidade aplicada.

O princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e da proteção ao trabalhador impõem ao empregador o dever de agir com boa-fé e lealdade (CCB/2002, art. 422). A aplicação da justa causa de forma arbitrária viola tais princípios, ensejando a reversão da penalidade e o pagamento das verbas rescisórias devidas na dispensa imotivada.

Ademais, a ausência de procedimento formal para apuração das supostas faltas, especialmente quando há previsão em regulamento interno, acarreta a nulidade da dispensa (Súmula 77/TST).

4.2. DA RESCISÃO INDIRETA

Caso não reconhecida a nulidade da justa causa, requer-se o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do CLT, art. 483, em razão do descumprimento das obrigações contratuais por parte da Reclamada, especialmente quanto ao não pagamento do adicional de periculosidade e exposição do Reclamante a condições de risco sem a devida proteção.

O descumprimento reiterado das obrigações contratuais, como o não pagamento de adicionais legais e a submissão do empregado a situações de risco, autoriza a rescisão indireta, com o pagamento de todas as verbas rescisórias devidas na dispensa sem justa causa.

4.3. DO ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

O Reclamante, na condição de motorista de caminhão de bebidas, esteve exposto ao transporte de cargas perigosas e, por vezes, valores, sem jamais ter recebido o adicional de periculosidade previsto no CLT, art. 193 e Anexo 2 da NR 16 da Portaria MTb 3.214/1978. O direito ao adicional é assegurado ao trabalhador que, no exercício de suas funções, se expõe a risco acentuado.

A ausência do pagamento do adicional de periculosidade caracteriza enriquecimento ilícito da Reclamada e violação ao princípio da proteção do salário (CF/88, art. 7º, VI).

4.4. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Reconhecida a nulidade da justa causa ou a rescisão indireta, o Reclamante faz jus ao recebimento das seguintes verbas: aviso prévio indenizado, saldo de salário, férias vencidas e proporcionais + 1/3, 13º salário proporcional, FGTS + 40%, multa do CLT, art. 477, liberação das guias do seguro-desemprego, além do adicional de periculosidade e reflexos.

4.5. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

A dispensa por justa causa, quando não comprovada, acarreta abalo à honra e à dignidade do trabalhador, ensejando reparação por danos morais (CF/88, art. 5º, V e X; CCB/2002, art. 186 e CCB/2002, art. 927). A imputação de falta grave sem provas concretas, especialmente quando há repercussão negativa no ambiente de trabalho e na sociedade, configura dano moral in re ipsa, conforme entendimento consolidado pelo TST.

Fechamento argumentativo: Diante dos fundamentos legais e constitucionais, resta demonstrado o direito do Reclamante à reversão da justa causa, ao reconhecimento da rescisão indireta, ao recebimento das verbas rescisórias, adicional de periculosidade e indenização por danos morais.

5. JURISPRUDÊNCIAS

Dispensa por justa causa – necessidade de prova robusta e reversão:
“O Tribunal Regional declarou a reversão da justa causa em dispensa sem justa causa ante a ausência de prova robusta e incontestável de qualquer conduta da reclamante grave o suficiente a ensejar a ruptura abrupta do contrato de trabalho, com a q"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de reclamação trabalhista proposta por E. S. da S. em face de Bebidas do Brasil Ltda., postulando a reversão da dispensa por justa causa em dispensa imotivada, ou, alternativamente, o reconhecimento da rescisão indireta do contrato de trabalho, com o pagamento das verbas rescisórias, adicional de periculosidade e indenização por danos morais.

O Reclamante alega que foi dispensado por justa causa sob acusação de faltas graves que, segundo afirma, não restaram comprovadas, nem precedidas de sindicância, contraditório ou ampla defesa. Sustenta ainda que laborava em condições perigosas, sem o devido adicional de periculosidade, e que a penalidade de justa causa foi utilizada como subterfúgio para afastá-lo sem o pagamento das verbas rescisórias.

A Reclamada apresentou defesa, alegando a regularidade da dispensa e a existência de advertências e suspensões disciplinares.

Fundamentação

Da Obrigatoriedade de Fundamentação

Inicialmente, cumpre destacar que a presente decisão observa o dever constitucional de fundamentação, em respeito à publicidade e motivação dos atos jurisdicionais (CF/88, art. 93, IX).

Dos Fatos e do Ônus da Prova

Conforme relatado, a dispensa do Reclamante se deu por justa causa, sendo-lhe imputadas condutas tipificadas como faltas graves. Nos termos do CLT, art. 482, a justa causa constitui a penalidade máxima aplicável ao empregado e exige prova robusta e inequívoca da conduta faltosa.

O ônus da prova quanto à existência de falta grave é da Reclamada, nos termos do CLT, art. 818 e CPC/2015, art. 373, II. Os documentos juntados aos autos não comprovam de forma cabal a prática de atos que justifiquem a medida extrema, tampouco evidenciam a realização de procedimento formal de apuração, com garantia do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LIV e LV).

Da Nulidade da Justa Causa

Não havendo comprovação suficiente da falta grave, impõe-se a nulidade da dispensa por justa causa, consoante entendimento consolidado do Tribunal Superior do Trabalho. Ressalte-se que a aplicação da penalidade máxima de forma arbitrária viola os princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e da proteção ao trabalhador, sendo de rigor a reversão da justa causa para dispensa imotivada, com o pagamento das verbas rescisórias correlatas.

A ausência de sindicância e de procedimento regular para apuração dos fatos, especialmente quando há previsão em regulamento interno, enseja, igualmente, a nulidade da penalidade (Súmula 77/TST).

Da Rescisão Indireta

Subsidiariamente, quanto ao pedido de rescisão indireta, observo que restou comprovada a exposição do Reclamante a condições perigosas e o não pagamento do adicional de periculosidade. O descumprimento reiterado das obrigações contratuais autoriza a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos termos do CLT, art. 483.

Do Adicional de Periculosidade

A prova dos autos evidencia que o Reclamante, no exercício da função de motorista de caminhão, estava exposto ao transporte de cargas perigosas e, por vezes, valores, sem o recebimento do adicional de periculosidade. Nos termos do CLT, art. 193 e do Anexo 2 da NR 16 da Portaria MTb 3.214/1978, é devido o adicional ao trabalhador exposto a risco acentuado. A ausência de pagamento configura violação ao princípio da proteção do salário (CF/88, art. 7º, VI) e enseja a condenação da Reclamada ao seu pagamento, com reflexos nas demais verbas.

Das Verbas Rescisórias

Reconhecida a nulidade da justa causa, faz jus o Reclamante ao recebimento das verbas típicas da dispensa imotivada: saldo de salário, aviso prévio indenizado, férias vencidas e proporcionais acrescidas de 1/3 (CF/88, art. 7º, XVII), 13º salário proporcional (CF/88, art. 7º, VIII), FGTS + 40% (CF/88, art. 7º, I e III), multa do CLT, art. 477, liberação das guias do seguro-desemprego, adicional de periculosidade e respectivos reflexos.

Da Indenização por Danos Morais

A imputação de justa causa não comprovada abala a honra e a dignidade do trabalhador, ensejando o dever de indenizar por danos morais (CF/88, art. 5º, V e X; CCB/2002, art. 186; CCB/2002, art. 927). Considerando o contexto dos autos, o dano moral é presumido (in re ipsa), em consonância com a jurisprudência consolidada do TST.

Da Multa do CLT, art. 477

Devido o pagamento da multa do CLT, art. 477, §8º, uma vez que o não pagamento das verbas rescisórias no prazo legal decorreu da dispensa por justa causa posteriormente revertida em juízo.

Dos Honorários Advocatícios

Devidos honorários advocatícios à parte autora, nos termos do CPC/2015, art. 85 e CLT, art. 791-A.

Do Pedido de Justiça Gratuita

Comprovada a hipossuficiência, defiro os benefícios da justiça gratuita ao Reclamante (CPC/2015, art. 98).

Da Audiência de Conciliação

Determino a designação de audiência de conciliação, conforme CPC/2015, art. 319, VII.

Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTES os pedidos formulados por E. S. da S. para:

  • Reverter a dispensa por justa causa em dispensa imotivada, condenando a Reclamada ao pagamento das verbas rescisórias devidas, conforme fundamentação;
  • Condenar a Reclamada ao pagamento do adicional de periculosidade, com reflexos em férias, 13º salário, FGTS e demais verbas;
  • Condenar a Reclamada ao pagamento de indenização por danos morais, que arbitro em R$ 20.000,00 (vinte mil reais);
  • Condenar a Reclamada ao pagamento da multa prevista no CLT, art. 477;
  • Condenar a Reclamada ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos do CPC/2015, art. 85 e CLT, art. 791-A;
  • Defiro ao Reclamante o benefício da justiça gratuita (CPC/2015, art. 98);
  • Determino a realização de audiência de conciliação (CPC/2015, art. 319, VII).

Julgo improcedente o pedido de rescisão indireta, diante do reconhecimento da nulidade da dispensa por justa causa, bem como eventuais pedidos subsidiários incompatíveis com a presente decisão.

Custas e demais cominações legais pela Reclamada.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Este é o voto.


________________________________________________________
Magistrado(a) Relator(a)


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.