Modelo de Impugnação à contestação em ação revisional de contrato de crédito pessoal contra Banco Bradesco S/A, fundamentada na hipervulnerabilidade do autor idoso, abusividade das cláusulas e falha na análise de risco b...

Publicado em: 07/05/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Modelo de impugnação à contestação na ação revisional de contrato de crédito pessoal contra Banco Bradesco S/A, destacando a hipervulnerabilidade do autor idoso, a abusividade das cláusulas contratuais, a ausência de análise adequada de risco pela instituição financeira, e a fundamentação legal baseada no Código Civil, CDC e Estatuto do Idoso. Inclui pedidos de nulidade das cláusulas abusivas, revisão dos juros, perícia contábil, restituição de valores e indenização por danos morais.
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IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO (RÉPLICA)

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara do Juizado Especial da Comarca de Andradas/MG

2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DO PROCESSO

Processo nº 5000543-26.2025.8.13.0026

Autor: G. R., viúvo, aposentado, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado na Rua X, nº Y, Bairro Z, Andradas/MG, CEP XXXXX-XXX, endereço eletrônico: [email protected].

Réu: Banco Bradesco S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com sede na Cidade de Deus, s/nº, Osasco/SP, CEP XXXXX-XXX, endereço eletrônico: [email protected].

3. SÍNTESE DOS FATOS E DA CONTESTAÇÃO

O Autor ajuizou a presente Ação Revisional de Contrato c/c Pedido de Tutela Provisória de Urgência em face do Banco Bradesco S/A, visando a revisão de contrato de crédito pessoal direto ao consumidor nº 867012960, firmado no valor de R$ 90.981,70, parcelado em 50 prestações de R$ 3.859,91. O Autor alega a incidência de juros abusivos, encargos excessivos e capitalização indevida de juros, resultando em onerosidade excessiva e comprometimento de cerca de 80% de sua renda mensal, proveniente exclusivamente de aposentadoria e pensão por morte, o que afeta sua subsistência e dignidade.

Em sua contestação, o Banco Bradesco S/A sustenta que o contrato foi firmado de forma livre e consciente pelo Autor, que teve acesso a todas as informações e concordou expressamente com as condições pactuadas, não havendo qualquer ilegalidade ou imposição unilateral. O Banco alega, ainda, que o Autor é pessoa esclarecida e não pode alegar desconhecimento ou abusividade das cláusulas, defendendo a validade do contrato e requerendo a improcedência dos pedidos.

Entretanto, a argumentação defensiva da Ré não se sustenta diante dos fatos concretos e da legislação aplicável, conforme será demonstrado a seguir.

4. PRELIMINARES (SE HOUVER)

Não há preliminares processuais a serem suscitadas nesta oportunidade. Ressalta-se que a petição inicial preenche todos os requisitos do CPC/2015, art. 319, sendo clara, precisa e apta a permitir o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, conforme reconhecido em diversas decisões judiciais (vide jurisprudência abaixo).

5. DA SITUAÇÃO FINANCEIRA E HIPERVULNERABILIDADE DO AUTOR

O Autor é idoso, viúvo e aposentado, percebendo R$ 3.358,72 a título de aposentadoria e R$ 808,85 de pensão por morte, já com descontos de outros 9 empréstimos bancários ativos. Em 2023, sofreu acidente doméstico que exigiu gastos com tratamento de saúde, agravando sua situação financeira. Suas despesas mensais básicas (luz, água, alimentação, gás, remédios, roupas e parcelas de empréstimos) totalizam R$ 9.122,00, valor significativamente superior à sua renda mensal.

Tal quadro evidencia a hipervulnerabilidade do Autor, conceito que ultrapassa a mera hipossuficiência econômica, abrangendo também aspectos sociais, etários e de saúde, conforme reconhecido pelo CDC, art. 4º, I e III, e pela Lei 10.741/2003, art. 71. A proteção da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) impõe ao Judiciário o dever de resguardar o mínimo existencial do consumidor idoso, especialmente em contratos que comprometem sua subsistência.

Resumo: A situação financeira do Autor, agravada por sua condição de idoso e doente, caracteriza hipervulnerabilidade e exige a intervenção judicial para evitar a perpetuação de abusos contratuais e a violação de sua dignidade.

6. DA FALHA NA ANÁLISE DE RISCO PELA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA

O Banco Bradesco S/A concedeu ao Autor empréstimos pessoais de valores absolutamente incompatíveis com sua capacidade financeira, sem qualquer garantia real e sem realizar análise de risco minimamente adequada. O contrato CSC/8548246, no valor de R$ 90.981,70, em 50 parcelas de R$ 3.859,91, compromete mais de 80% da renda mensal do Autor, o que evidencia negligência da instituição financeira.

O dever de cuidado e de análise criteriosa da capacidade de pagamento do consumidor decorre dos princípios da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) e da função social do contrato (CCB/2002, art. 421), bem como do dever de proteção previsto no CDC, art. 6º, IV e VIII. A concessão irresponsável de crédito, sem avaliação adequada da situação do consumidor, caracteriza defeito na prestação do serviço e enseja a revisão contratual.

Resumo: A ausência de análise de risco demonstra falha grave do banco, que deve responder pelos prejuízos causados ao consumidor hipervulnerável.

7. DO DIREITO

O CCB/2002, art. 317, CCB/2002, art. 478 e CCB/2002, art. 479, autoriza a revisão de cláusulas contratuais quando ocorrer onerosidade excessiva ou fatos supervenientes que tornem a prestação excessivamente onerosa para uma das partes. O CDC, art. 6º, V, e CDC, art. 51, reforça o direito do consumidor à revisão de cláusulas abusivas e à preservação do equilíbrio contratual.

A capitalização mensal de juros somente é admitida se expressamente pactuada, nos termos da Súmula 541/STJ, o que não restou demonstrado nos autos. Ademais, a proteção da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e do idoso (Lei 10.741/2003, art. "'>...

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1. Relatório

Trata-se de Ação Revisional de Contrato cumulada com Pedido de Tutela Provisória de Urgência ajuizada por G. R. em face do Banco Bradesco S/A, visando a revisão do contrato de crédito pessoal direto ao consumidor nº 867012960, firmado no valor de R$ 90.981,70, parcelado em 50 prestações de R$ 3.859,91. O Autor alega a incidência de juros abusivos, encargos excessivos e capitalização indevida de juros, resultando em onerosidade excessiva, comprometendo cerca de 80% de sua renda, proveniente de aposentadoria e pensão por morte.

O Réu, em contestação, sustenta a regularidade do contrato, afirmando que o Autor firmou o ajuste de forma livre e consciente, não havendo ilegalidade ou imposição unilateral nas cláusulas.

Não há preliminares processuais a serem apreciadas nesta oportunidade.

2. Fundamentação

2.1. Dos Fatos e da Situação do Autor

O Autor, idoso, viúvo e aposentado, aufere renda mensal de R$ 3.358,72 (aposentadoria) e R$ 808,85 (pensão por morte), já onerada por descontos de outros 9 empréstimos. Em 2023, enfrentou agravamento de sua saúde, aumentando as despesas básicas, que superam consideravelmente sua renda. Conforme destacado, resta configurada sua hipervulnerabilidade, não apenas econômica, mas também social e etária (CDC, art. 4º, I e III; Estatuto do Idoso, art. 71; CF/88, art. 1º, III).

2.2. Da Análise de Risco e Responsabilidade da Instituição Financeira

Conforme documentação acostada, a concessão do crédito pessoal superou, em muito, a capacidade financeira do Autor, que já possuía múltiplos empréstimos ativos. O banco não demonstrou ter realizado análise de risco compatível com o perfil do consumidor, violando seu dever de cuidado (CCB/2002, art. 421 e CCB/2002, art. 422; CDC, art. 6º, IV e VIII).

A concessão irresponsável de crédito, sem observar o mínimo necessário para garantir a subsistência do consumidor idoso, configura falha grave na prestação do serviço, sujeitando o contrato à revisão judicial.

2.3. Da Revisão Contratual e Abusividade

O CCB/2002, art. 317, CCB/2002, art. 478 e CCB/2002, art. 479 e o CDC, art. 6º, V, e CDC, art. 51, autorizam a revisão de cláusulas contratuais que imponham onerosidade excessiva, especialmente quando há falha na prestação do serviço e desequilíbrio entre as partes. A ausência de pactuação expressa da capitalização mensal de juros (Súmula 541/STJ) e a inexistência de informações claras e adequadas ao consumidor reforçam a necessidade de revisão.

A proteção da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da pessoa idosa (Lei 10.741/2003, art. 71) e os princípios da função social do contrato e da boa-fé objetiva impõem ao Poder Judiciário o dever de resguardar o mínimo existencial do consumidor hipervulnerável.

2.4. Jurisprudência

A jurisprudência pátria é firme em reconhecer a possibilidade de revisão de contratos bancários nos casos de onerosidade excessiva, abusividade de cláusulas e descumprimento do dever de informação, especialmente quando envolvido consumidor idoso e hipervulnerável (ex.: TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP; Apelação Cível Acórdão/TJSP).

2.5. Da Obrigação de Fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

Em observância a CF/88, art. 93, IX, a presente decisão encontra-se devidamente fundamentada, especificando os fatos e os fundamentos jurídicos que conduzem à conclusão do julgamento.

3. Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO inicial para:

  • Declarar a nulidade das cláusulas contratuais abusivas constantes do contrato nº 867012960;
  • Determinar a revisão do contrato, fixando a taxa de juros ao percentual médio de mercado, conforme dados do Banco Central do Brasil;
  • Reconhecer a hipervulnerabilidade do Autor e a falha na análise de risco pela instituição financeira;
  • Determinar a realização de perícia contábil judicial para apuração de eventual incidência de juros abusivos e outros encargos ilegais;
  • Condenar o Réu à devolução dos valores pagos indevidamente pelo Autor, com incidência de correção monetária e juros legais, a apurar em liquidação de sentença;
  • Condenar o Réu ao pagamento de indenização por danos morais, caso reste comprovada a ofensa à dignidade do Autor, o que deverá ser apurado em fase de liquidação;
  • Manter o deferimento da gratuidade da justiça ao Autor, ante a comprovada hipossuficiência financeira.

Fica autorizada a produção de prova pericial, documental e testemunhal, se necessário, e determino a designação de audiência de conciliação/mediação, nos termos do CPC/2015, art. 319, VII.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Conclusão

Assim decido, em respeito ao devido processo legal, à ampla defesa, ao contraditório (CF/88, art. 5º, LIV e LV) e à fundamentação obrigatória das decisões judiciais (CF/88, art. 93, IX).

Andradas/MG, ___ de ____________ de 2024.

Juiz(a) de Direito


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