Modelo de Ação de repetição de indébito e indenização por danos morais e materiais contra hospital e operadora de plano de saúde por cobrança indevida e abusiva após cirurgia coberta pelo plano

Publicado em: 19/05/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Petição inicial proposta por consumidora contra Hospital São Luz Ltda. e Plano de Saúde Vida Mais S/A, requerendo declaração de inexigibilidade de débito, repetição de indébito em dobro, indenização por danos morais e materiais decorrentes de cobrança indevida e intempestiva relacionada a cirurgia realizada em 2019, com fundamento no Código de Defesa do Consumidor, Código Civil e jurisprudência consolidada. Inclui pedido de tutela de urgência para suspensão de cobranças e negativação, além da condenação solidária dos réus.
← deslize para o lado para ver mais opções

PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. F. de S. L., brasileira, solteira, enfermeira, inscrita no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, portadora do RG nº XX.XXX.XXX-X, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada na Rua das Flores, nº 100, Bairro Jardim, CEP 00000-000, Cidade/UF,
por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), com escritório profissional na Rua dos Advogados, nº 200, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected],
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de:

HOSPITAL SÃO LUZ LTDA., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com sede na Avenida Saúde, nº 500, Bairro Hospitalar, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected];
PLANO DE SAÚDE VIDA MAIS S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-YY, com sede na Avenida Seguros, nº 300, Bairro Saúde, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected],

pelas razões de fato e de direito a seguir expostas.

3. DOS FATOS

A autora, A. F. de S. L., foi beneficiária do plano de saúde administrado pela ré Plano de Saúde Vida Mais S/A durante vários anos, sendo usuária regular dos serviços oferecidos pela rede credenciada, inclusive do Hospital São Luz Ltda..

Em meados de 2019, a autora foi submetida a procedimento cirúrgico de alta complexidade, devidamente autorizado e realizado nas dependências do hospital réu, com todos os custos cobertos pelo plano de saúde, conforme previsão contratual e legislação vigente. À época, não houve qualquer questionamento, cobrança adicional ou exigência de assinatura de documentos que imputassem à autora qualquer responsabilidade financeira pelo procedimento.

Ocorre que, surpreendentemente, em 2024, ou seja, cinco anos após a realização da cirurgia e um ano após o cancelamento do contrato de plano de saúde pela autora, esta foi surpreendida com o recebimento de boleto de cobrança no valor de R$ 40.000,00 (quarenta mil reais), referente à referida cirurgia, emitido solidariamente pelo hospital e pela operadora do plano de saúde.

Ressalta-se que a autora jamais foi informada de qualquer pendência financeira, tampouco assinou termo de responsabilidade ou consentimento para pagamento posterior. A cobrança, além de intempestiva e abusiva, gerou à autora enorme angústia, insegurança e abalo emocional, pois jamais poderia imaginar que, anos após o procedimento, seria responsabilizada por valor vultoso, de procedimento realizado sob cobertura contratual.

Tal conduta caracteriza evidente falha na prestação dos serviços, afrontando direitos básicos do consumidor e gerando danos materiais e morais, que ora se buscam reparar.

Em síntese, a autora foi vítima de cobrança indevida, sem respaldo contratual ou legal, com manifesta abusividade e violação de sua dignidade e tranquilidade.

4. DO DIREITO

4.1. DA RELAÇÃO DE CONSUMO E DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

A relação jurídica entre a autora e os réus é regida pelo Código de Defesa do Consumidor, nos termos do CDC, art. 2º e CDC, art. 3º, pois envolve prestação de serviços de saúde mediante remuneração. O hospital e a operadora do plano de saúde são fornecedores, e a autora, consumidora.

Nos termos do CDC, art. 14, a responsabilidade dos fornecedores de serviços é objetiva, bastando a demonstração do dano e do nexo causal, independentemente de culpa. Ademais, o CDC, art. 6º, III, assegura ao consumidor o direito à informação clara e adequada sobre os serviços contratados.

4.2. DA COBRANÇA INDEVIDA E DA REPETIÇÃO DE INDÉBITO

A cobrança realizada pelos réus é manifestamente indevida, pois o procedimento cirúrgico foi realizado sob cobertura do plano de saúde, com autorização prévia e sem qualquer ressalva. Não há respaldo contratual ou legal para exigir da autora, anos após o evento, valores que deveriam ser suportados pelo plano de saúde, conforme a Lei 9.656/1998, art. 12, I, c e Lei 9.656/1998, art. 35-C.

O CDC, art. 42, parágrafo único, dispõe que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável.

Ainda que não tenha havido pagamento, a autora faz jus à declaração de inexigibilidade do débito e à condenação dos réus à abstenção de qualquer cobrança, sob pena de multa.

4.3. DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS

A cobrança indevida, realizada de forma intempestiva e abusiva, configura ato ilícito e enseja reparação por danos morais, nos termos do CCB/2002, art. 186 e CCB/2002, art. 927. O dano moral, in re ipsa, decorre do abalo psicológico, da angústia e da insegurança gerados à autora, que foi surpreendida com cobrança vultosa e infundada, anos após o procedimento cirúrgico.

O Superior Tribunal de Justiça e os Tribunais de Justiça têm reconhecido que a cobrança indevida por plano de saúde e hospital, especialmente quando realizada após longo lapso temporal e sem respaldo contratual, configura dano moral indenizável.

Caso a autora venha a sofrer qualquer prejuízo financeiro decorrente da cobrança (ex: inscrição em cadastro de inadimplentes, pagamento do boleto, contratação de empréstimos para quitação, etc.), faz jus também à reparação por danos materiais, nos termos do CCB/2002, art. 402.

4.4. DA RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS RÉUS

Hospital e plano de saúde respondem solidariamente pelos danos causados ao consumidor, conforme CDC, art. 7º, parágrafo único, e CDC, art. 25, § 1º, pois ambos integram a cadeia de fornecimento do serviço. A jurisprudência é pacífica quanto à solidariedade entre operadora e hospital credenciado em casos de cobrança indevida.

4.5. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O caso concreto exige a aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da função social do contrato (CCB/2002, art. 421), da vulnerabilidade do consumidor e da interpretação mais favorável ao consumidor (CDC, art. 47).

O desrespeito a tais princípios, especialmente pela cobrança abusiva e intempestiva, reforça a necessidade de condenação dos réus.

4.6. DA PRESCRIÇÃO

Não há que se falar em prescri"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I. RELATÓRIO

Cuida-se de ação de repetição de indébito cumulada com indenização por danos morais e materiais proposta por A. F. de S. L. em face de Hospital São Luz Ltda. e Plano de Saúde Vida Mais S/A, ambos fornecedores na relação jurídica de prestação de serviços de saúde.

Narra a autora que, após ter sido submetida a procedimento cirúrgico autorizado e regularmente custeado pelo plano de saúde em 2019, foi surpreendida, cinco anos após o evento e um ano após o cancelamento de seu contrato, com a cobrança de R$ 40.000,00 referentes ao procedimento. Alega que não houve qualquer comunicação prévia de débito, tampouco assinatura de termo de responsabilidade financeira, sustentando ser a cobrança abusiva e ilícita, gerando-lhe danos morais e materiais.

Requer a declaração de inexigibilidade do débito, abstenção de cobranças, repetição do indébito (caso haja pagamento) e indenização por danos morais e materiais.

II. FUNDAMENTAÇÃO

II.1. Da Admissibilidade

Presentes os pressupostos processuais e constitucionais do devido processo legal, o feito encontra-se apto ao julgamento. Ressalto, nos termos da CF/88, art. 93, IX, o dever de fundamentação das decisões judiciais, que ora passo a cumprir.

CF/88, art. 93, IX: \"todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões...\"

II.2. Da Relação de Consumo e Responsabilidade Objetiva

A relação entre as partes é inequivocamente de consumo (CDC, art. 2º e CDC, 3º), atraindo a incidência do Código de Defesa do Consumidor e, portanto, a responsabilidade objetiva dos fornecedores (CDC, art. 14). A autora, como consumidora, faz jus à informação adequada sobre os serviços e não pode ser surpreendida com cobranças intempestivas e sem respaldo contratual.

II.3. Da Cobrança Indevida e da Repetição de Indébito

Restou incontroverso nos autos que a cirurgia foi autorizada e coberta pelo plano de saúde à época, não havendo notícia de inadimplência ou ressalva quanto ao custeio. A cobrança, realizada cinco anos após o procedimento, após o término do vínculo contratual, carece de fundamento legal ou contratual, configurando-se indevida.

Nos termos do CDC, art. 42, parágrafo único, o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito, em dobro, salvo engano justificável, o que não se verifica no presente caso.

II.4. Dos Danos Morais e Materiais

A cobrança abusiva, intempestiva e sem respaldo contratual, por si só, configura ofensa à dignidade do consumidor, ensejando dano moral in re ipsa, conforme sedimentado na jurisprudência pátria (vide TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP, entre outros). A autora foi exposta a situação de considerável angústia e insegurança. Havendo comprovação de dano material, este também merece ser ressarcido, nos termos do CCB/20002, art. 402.

II.5. Da Responsabilidade Solidária

Hospital e plano de saúde respondem solidariamente perante a consumidora, nos termos do CDC, art. 7º, parágrafo único, e CDC, art. 25, § 1º, sendo ambos integrantes da cadeia de fornecimento.

II.6. Dos Princípios Constitucionais e Legais Aplicáveis

O caso exige a aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da função social do contrato (CCB/2002, art. 421) e da vulnerabilidade do consumidor, devendo a interpretação ser a mais favorável à parte hipossuficiente (CDC, art. 47).

II.7. Da Prescrição

Não há prescrição a ser reconhecida, pois a cobrança é recente e o direito de ação surge com a ciência do ato ilícito (CCB/2002, art. 189).

III. DISPOSITIVO

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido, nos termos do CPC/2015, art. 487, I, para:

  • Declarar a inexigibilidade do débito de R$ 40.000,00 referente ao procedimento cirúrgico realizado em 2019;
  • Condenar solidariamente os réus à abstenção de qualquer cobrança, protesto, negativação ou restrição de crédito em nome da autora, sob pena de multa diária de R$ 500,00 em caso de descumprimento;
  • Condenar os réus, caso já tenha havido pagamento, à repetição do indébito, em dobro, nos termos do CDC, art. 42;
  • Condenar solidariamente os réus ao pagamento de indenização por danos morais, que fixo, à luz dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade e da jurisprudência dos tribunais, em R$ 15.000,00 (quinze mil reais);
  • Condenar os réus, caso comprovados prejuízos materiais decorrentes da cobrança, ao pagamento de indenização correspondente;
  • Condenar os réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor da condenação (CPC/2015, art. 85, § 2º).

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV. CONCLUSÃO

Assim voto, em respeito ao disposto na CF/88, art. 93, IX, fundando-me na análise dos fatos e do direito, à luz dos princípios constitucionais, das normas consumeristas e civis, bem como da jurisprudência dominante.

São Paulo, ___ de ____________ de 2024.

_______________________________________
Magistrado(a)


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.