Modelo de Alegações finais em ação de anulação de contrato de compra e venda por simulação e vício de consentimento envolvendo idoso analfabeto, com pedido de devolução do imóvel, perdas e danos e justiça gratuita

Publicado em: 05/05/2025 CivelProcesso Civil
Documento de alegações finais apresentado pelo autor idoso e analfabeto em ação de anulação de contrato de compra e venda, fundamentado na simulação e erro substancial, requerendo nulidade do negócio jurídico, devolução do imóvel urbano, indenização por perdas e danos, concessão de justiça gratuita e condenação da requerida ao pagamento das custas processuais e honorários. O texto aborda elementos probatórios, fundamentos legais do Código Civil e do CPC/2015, além de jurisprudência consolidada sobre nulidade absoluta, vício de consentimento e inaplicabilidade da decadência.
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ALEGAÇÕES FINAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 4ª Vara Cível da Comarca de Cascavel – Estado do Paraná.

2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DO PROCESSO

Processo nº: [INSERIR NÚMERO]
Autor: N. da S., brasileiro, viúvo, aposentado, analfabeto, portador do CPF nº [INSERIR], residente na Rua [INSERIR], Bairro [INSERIR], Cascavel/PR, endereço eletrônico: [INSERIR].
Ré: R. M. S., brasileira, solteira, empresária, portadora do CPF nº [INSERIR], residente na Rua [INSERIR], Bairro [INSERIR], Cascavel/PR, endereço eletrônico: [INSERIR].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O autor, N. da S., idoso, analfabeto e aposentado, propôs a presente ação de anulação de contrato de compra e venda com devolução de bem e perdas e danos em face de R. M. S.. Segundo narra, em 2015, foi induzido a permutar sua casa urbana por uma área rural pertencente à requerida, sem consultar familiares ou verificar a documentação do imóvel rural. Em 2019, foi surpreendido por ordem de reintegração de posse da área rural, constatando que o imóvel não possuía documentação regular. Ademais, a escritura lavrada registrava apenas a venda do imóvel urbano à requerida, constando pagamento de R$ 160.000,00, valor que jamais recebeu. O autor alega ter sido enganado, pois recebeu como pagamento uma área rural que acabou sendo perdida, restando-lhe prejuízo material e moral. Requereu, assim, a anulação do contrato por erro substancial, com fundamento no Código Civil, além da concessão da justiça gratuita por não possuir condições financeiras de arcar com os custos processuais.

A requerida, R. M. S., apresentou contestação, alegando que o autor agiu de forma espontânea, tinha ciência da situação litigiosa do imóvel rural e que não houve vício de consentimento, pois a escritura teria sido lida em voz alta pelo tabelião, não havendo nulidade no negócio. Em preliminar, impugnou o pedido de justiça gratuita e alegou decadência do direito do autor, com base no prazo de 4 anos previsto no CCB/2002, art. 178, II.

O autor, em réplica, impugnou todos os argumentos da contestação, reiterando a ausência de recursos financeiros, a inexistência de decadência por tratar-se de simulação de negócio jurídico (nulidade absoluta), e reforçando a ocorrência de vício de consentimento, dada sua condição de idoso e analfabeto, além da ausência de recebimento do valor declarado na escritura.

4. DA TRAMITAÇÃO PROCESSUAL

Após a propositura da ação, a requerida apresentou contestação, arguindo preliminares de ausência de hipossuficiência e decadência, além de impugnar o mérito. O autor apresentou réplica, rebatendo as preliminares e reafirmando os vícios do negócio jurídico. Foram produzidas provas documentais e orais, tendo sido oportunizado às partes o contraditório e a ampla defesa, nos termos do CPC/2015, art. 9º e CPC/2015, art. 10. Não houve requerimento de outras provas, e a instrução foi encerrada, sendo as partes intimadas para apresentação das presentes alegações finais.

Ressalta-se que a instrução processual demonstrou a condição de vulnerabilidade do autor, sua idade avançada, analfabetismo e ausência de assistência familiar ou jurídica adequada à época dos fatos, bem como a inexistência de comprovação do pagamento do valor declarado na escritura.

5. DO DIREITO

5.1 DA NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO POR SIMULAÇÃO E ERRO SUBSTANCIAL

O CCB/2002, art. 166, II e VII, que é nulo o negócio jurídico simulado e aquele celebrado com objetivo ilícito. No caso em tela, restou demonstrado que o autor, idoso e analfabeto, foi induzido a assinar escritura que não correspondeu à real intenção das partes, tampouco recebeu o valor declarado de R$ 160.000,00. O autor foi surpreendido, anos após a permuta, com a perda da posse do imóvel rural, sem jamais ter recebido contraprestação financeira. Tal situação caracteriza simulação e erro substancial, vícios que ensejam a nulidade absoluta do negócio jurídico (CCB/2002, art. 167, § 1º, I e II).

O erro substancial, nos termos do CCB/2002, art. 138, ocorre quando a manifestação de vontade é viciada por falsa percepção da realidade, como no caso do autor, que, sem a devida assistência, foi levado a celebrar negócio que lhe causou prejuízo irreparável. O vício de consentimento é agravado pela condição de vulnerabilidade do autor, que, além de idoso, é analfabeto, não tendo plena compreensão do alcance do ato praticado.

5.2 DA INAPLICABILIDADE DA DECADÊNCIA

A requerida susten"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Relatório

Trata-se de ação de anulação de contrato de compra e venda, cumulada com pedido de devolução de bem e perdas e danos, ajuizada por N. da S. em face de R. M. S.. Em síntese, o autor alega ter sido induzido a permutar seu imóvel urbano por uma área rural sem documentação regular, não tendo recebido o valor declarado em escritura e vindo, posteriormente, a perder a posse do imóvel rural. Requereu a nulidade do negócio por simulação e vício de consentimento, bem como a concessão de justiça gratuita. A requerida, por sua vez, sustentou a validade do negócio, ausência de vício e a ocorrência de decadência. Encerrada a instrução, vieram os autos para julgamento.

Fundamentação

Conforme dispõe a CF/88, art. 93, IX, todas as decisões judiciais devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Passo à análise das questões controvertidas, com observância desse preceito constitucional.

1. Da nulidade do negócio jurídico por simulação e erro substancial

O CCB/2002, art. 166, II e VII, estabelece a nulidade do negócio jurídico simulado. No caso, restou comprovado que o autor, idoso e analfabeto, não recebeu o valor de R$ 160.000,00 declarado em escritura, tampouco obteve a posse definitiva do imóvel rural objeto da permuta. A prova coligida evidencia a existência de vício de consentimento, agravado pela condição de vulnerabilidade do autor, que não dispunha de assistência familiar ou jurídica à época dos fatos.

A simulação e o erro substancial são vícios que ensejam a nulidade absoluta do negócio jurídico, nos termos do CCB/2002, art. 167, § 1º, I e II, e CCB/2002, art. 138. A boa-fé objetiva foi violada, haja vista a conduta da requerida em se beneficiar da situação de fragilidade do autor, em afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

2. Da inaplicabilidade da decadência

A requerida alegou decadência com base no CCB/2002, art. 178, II. Todavia, tratando-se de vício que acarreta nulidade absoluta (simulação), não há que se falar em decadência, pois, segundo o CCB/2002, art. 169, o negócio jurídico nulo não convalesce pelo decurso do tempo, podendo ser reconhecido a qualquer tempo e por qualquer interessado.

3. Da Justiça Gratuita

O autor demonstrou sua condição de hipossuficiência, sendo idoso, aposentado e sem outros rendimentos, fazendo jus ao benefício da justiça gratuita, conforme o CPC/2015, art. 98.

4. Da devolução do bem e perdas e danos

Reconhecida a nulidade do negócio, impõe-se a restituição das partes ao status quo ante, com a devolução do imóvel urbano ao autor e a condenação ao pagamento de perdas e danos, nos termos do CCB/2002, art. 182 e CCB/2002, art. 927.

5. Da jurisprudência

A jurisprudência dos tribunais pátrios corrobora o entendimento de que negócios simulados e com vício de consentimento, especialmente envolvendo pessoas vulneráveis, devem ser declarados nulos, com a restituição das partes ao estado anterior e condenação à reparação integral dos danos.

Dispositivo

Diante do exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, CCB/2002, art. 166, II e VII, CCB/2002, art. 167, § 1º, I e II, CCB/2002, art. 169, CCB/2002, art. 182 e CCB/2002, art. 927, bem como o CPC/2015, art. 98, julgo procedente o pedido para:

  • Declarar a nulidade absoluta do negócio jurídico celebrado entre as partes;
  • Condenar a requerida à devolução do imóvel urbano ao autor, restituindo as partes ao status quo ante;
  • Condenar a requerida ao pagamento de perdas e danos ao autor, a serem apurados em liquidação de sentença;
  • Conceder ao autor o benefício da justiça gratuita;
  • Condenar a requerida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do CPC/2015, art. 85, § 2º.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Cascavel/PR, [data do julgamento].
Juiz de Direito

Recurso

Havendo interposição de recurso, remetam-se os autos ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná para apreciação.


Este voto é uma simulação acadêmica, fundamentada na Constituição Federal, legislação infraconstitucional e jurisprudência, com finalidade didática.


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