Modelo de Ação Revisional de Contrato de Financiamento de Veículo contra Banco X S.A. com pedido de revisão de juros, tarifas, seguro prestamista e inversão do ônus da prova, fundamentada no CDC e jurisprudência consolidada

Publicado em: 03/06/2025 Processo CivilConsumidor
Petição inicial para ação revisional de contrato de financiamento de veículo promovida pelo consumidor contra instituição financeira, requerendo revisão de cláusulas abusivas, limitação de juros, restituição de tarifas e seguro prestamista, com base no Código de Defesa do Consumidor, princípios contratuais e jurisprudência. Inclui pedido de justiça gratuita, inversão do ônus da prova e produção de provas documentais, periciais e testemunhais.
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PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, motorista, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000 SSP/XX, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF,
por seu advogado que esta subscreve (instrumento de mandato anexo), com escritório profissional na Rua dos Advogados, nº 200, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico [email protected],
vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO DE VEÍCULO

em face de BANCO X S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 00.000.000/0001-00, com sede na Avenida das Empresas, nº 500, Bairro Industrial, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico [email protected], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Autor celebrou com o Réu, em [data], contrato de financiamento de veículo automotor, modelo [modelo], placa [placa], no valor de R$ [valor], com prazo de [número] meses para pagamento, mediante alienação fiduciária do bem.

O contrato foi firmado por meio eletrônico, não tendo o Autor recebido cópia física ou digital do instrumento, apesar de reiteradas solicitações ao Réu, o que motivou o pedido de inversão do ônus da prova para apresentação do documento, conforme previsão do CDC, art. 6º, VIII.

Ao longo da execução contratual, o Autor percebeu a existência de cobranças que reputa abusivas, tais como: (i) aplicação de juros remuneratórios em patamar superior à média de mercado; (ii) capitalização de juros sem pactuação expressa; (iii) cobrança de tarifas administrativas e de avaliação de bem sem comprovação da efetiva prestação do serviço; (iv) imposição de seguro prestamista sem opção de escolha da seguradora, caracterizando venda casada.

O Autor buscou administrativamente a revisão das cláusulas, sem êxito, restando-lhe o ajuizamento da presente demanda para a adequada tutela de seus direitos.

Resumo: O Autor firmou contrato de financiamento de veículo com o Réu, identificando cláusulas e cobranças abusivas, sem acesso ao contrato, e busca a revisão judicial dos encargos, com base em princípios de boa-fé, transparência e equilíbrio contratual.

4. DO DIREITO

4.1. DA APLICABILIDADE DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O contrato em questão caracteriza relação de consumo, nos termos do CDC, art. 3º, sendo o Autor consumidor e o Réu fornecedor de serviços financeiros. A jurisprudência consolidada do STJ (Súmula 297/STJ) reconhece a incidência do CDC às instituições financeiras.

4.2. DA REVISÃO DAS CLÁUSULAS CONTRATUAIS

O CDC, art. 6º, V, assegura ao consumidor a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sejam abusivas. O CDC, art. 51, IV, considera nulas as cláusulas que estabeleçam obrigações iníquas, abusivas ou que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada.

4.3. DOS JUROS REMUNERATÓRIOS

Não há limitação legal para a taxa de juros em contratos bancários (Súmula 596/STF), mas a cobrança deve observar a média de mercado, sob pena de abusividade (STJ, REsp. 1.061.530/RS/STJ). A taxa aplicada pelo Réu ultrapassa o patamar médio divulgado pelo Banco Central, justificando a revisão.

4.4. DA CAPITALIZAÇÃO DE JUROS

A capitalização de juros é admitida em contratos bancários firmados após a Medida Provisória 2.170-36/2001, desde que expressamente pactuada (STJ, REsp. 973.827/RS/STJ; Súmula 541/STJ). Ausente a pactuação clara, a cobrança é indevida.

4.5. DAS TARIFAS BANCÁRIAS

A cobrança de tarifas de cadastro, avaliação de bem e registro de contrato só é válida se comprovada a efetiva prestação do serviço e desde que não haja onerosidade excessiva (STJ, REsp. 1.578.553/SP/STJ; Resolução CMN 3.919/2010). A ausência de comprovação enseja devolução dos valores.

4.6. DO SEGURO PRESTAMISTA E VENDA CASADA

A imposição de contratação de seguro com a instituição financeira ou seguradora por ela indicada caracteriza venda casada, vedada pelo CDC, art. 39, I, e consolidada pelo STJ em sede de recurso repetitivo (REsp. 1.639.320/SP/STJ). O consumidor deve ter liberdade de escolha.

4.7. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Diante da hipossuficiência do Autor e da verossimilhança das alegações, requer-se a inversão do ônus da prova, nos termos do CDC, art. 6º, VIII, para que o Réu apresente o contrato e documentos pertinentes.

4.8. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

São aplicáveis os princípios da boa-fé objetiva, transparência, equilíbrio contratual (CCB/2002, art. 421 e art. 422), primazia da solução de mérito (CPC/2015, art. 4º), instrumentalidade das formas e economia processual (CPC/2015, art. 188).

Fechamento: O direito do Autor à revisão contratual decorre de normas constitucionais (CF/88, art. 5º, XXXII), legais e principiológicas, visando coibir abusos e restabelecer o equilíbrio na relação contratual.

5. JURISPRUDÊNCIAS

1. TJRJ, Apelação 0842163-21.2023.8.19.0205: "A apresentação do contrato de financiamento firmado com o banco Réu mostra-se crucial, pois se destina a comprovar a validade do pacto ou evidenciar atos ou fatos jurídicos, que integram a causa de pedir da demanda. Extinção do"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de ação revisional de contrato de financiamento de veículo ajuizada por A. J. dos S. em face de BANCO X S.A., na qual o Autor alega ter firmado contrato de financiamento de veículo automotor, identificando a existência de cláusulas e cobranças abusivas, tais como cobrança de juros remuneratórios superiores à média de mercado, capitalização de juros sem expressa pactuação, cobrança de tarifas administrativas e de avaliação de bem sem comprovação da efetiva prestação do serviço e imposição de seguro prestamista sem possibilidade de escolha da seguradora (venda casada).

O Autor afirma ainda não ter recebido cópia física ou digital do contrato e requer, dentre outros pedidos, a inversão do ônus da prova, a revisão das cláusulas, a restituição dos valores pagos a maior e a declaração de nulidade de cláusulas abusivas.

O Réu apresentou contestação, sustentando a regularidade das cobranças e a legalidade das cláusulas contratuais.

II. Fundamentação

1. Da Fundamentação Constitucional e Legal (CF/88, art. 93, IX)

Nos termos do art. 93, IX da Constituição Federal de 1988, os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Assim, passo à análise hermenêutica dos fatos e do direito.

2. Da Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor

O contrato de financiamento em questão configura relação de consumo, nos termos do art. 3º do CDC, sendo o Autor consumidor e o Réu fornecedor de serviços financeiros. O Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento no sentido de que as instituições financeiras estão submetidas às normas do CDC (Súmula 297/STJ).

3. Da Inversão do Ônus da Prova

Considerando a hipossuficiência do Autor e a verossimilhança das alegações, é cabível a inversão do ônus da prova, com fundamento no art. 6º, VIII do CDC, determinando-se ao Réu a apresentação do contrato e documentos pertinentes.

4. Da Revisão das Cláusulas Contratuais e Abusividade das Cobranças

O CDC assegura ao consumidor a modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou abusivas (art. 6º, V e art. 51, IV do CDC). Analisando os elementos dos autos, verifica-se que:

  • Juros remuneratórios: Apesar da ausência de limitação legal, a cobrança deve observar a média de mercado (STJ, REsp Acórdão/STJ). Restando comprovado que a taxa aplicada supera a média divulgada pelo Banco Central, procede-se a limitação.
  • Capitalização de juros: Só é admitida se expressamente pactuada (Súmula 541/STJ). Ausente a pactuação clara, a cobrança é indevida.
  • Tarifas bancárias: A cobrança de tarifas de cadastro, avaliação de bem e registro do contrato depende da efetiva prestação do serviço, sob pena de abusividade e restituição em dobro (STJ, REsp Acórdão/STJ; CDC, art. 42, parágrafo único).
  • Seguro prestamista/venda casada: É vedada a imposição de contratação de seguro com seguradora indicada pelo banco, caracterizando venda casada (CDC, art. 39, I; STJ, REsp Acórdão/STJ).

O conjunto probatório indica que as tarifas foram cobradas sem comprovação da efetiva prestação do serviço e que não houve liberdade de escolha quanto ao seguro prestamista, configurando abusividade.

5. Jurisprudência Aplicável

A jurisprudência dos Tribunais locais e do STJ é pacífica no sentido de que a ausência de comprovação da prestação dos serviços bancários e a imposição de seguro caracterizam práticas abusivas (vide Apelações: TJRJ Acórdão/TJRJ; TJSP Acórdão/TJSP, entre outras).

6. Dos Princípios Aplicáveis

São aplicáveis os princípios da boa-fé objetiva, transparência e equilíbrio contratual (CCB, arts. 421 e 422), bem como a primazia da solução de mérito (CPC, art. 4º) e a instrumentalidade das formas e economia processual (CPC, art. 188).

III. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial para:

  1. Determinar a inversão do ônus da prova, nos termos do art. 6º, VIII do CDC, para que o Réu junte aos autos o contrato de financiamento e documentos correlatos;
  2. Limitar os juros remuneratórios à taxa média de mercado vigente à época da contratação, conforme divulgado pelo Banco Central, adequando o contrato se constatada divergência superior à média;
  3. Afastar a capitalização de juros caso não haja expressa e clara pactuação no contrato;
  4. Declarar a abusividade e determinar a restituição, em dobro, das tarifas de avaliação de bem, registro de contrato e demais tarifas bancárias que não tenham sido objeto de efetiva prestação de serviço pelo Réu;
  5. Reconhecer a abusividade da cobrança do seguro prestamista e determinar a restituição em dobro dos valores pagos, caso não comprovada a liberdade de escolha do consumidor;
  6. Declarar nulas eventuais demais cláusulas abusivas identificadas nos autos;
  7. Condenar o Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% sobre o valor da condenação;
  8. Homologo a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao Autor, nos termos do CPC, art. 98.

Fica ainda deferida a produção de todas as provas em direito admitidas, notadamente documental, pericial contábil e testemunhal.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV. Conclusão

Este voto, fundamentado nos fatos, nas normas legais e constitucionais aplicáveis, bem como na jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores, encontra-se em consonância com o art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, preservando o devido processo legal, a ampla defesa e o contraditório.

É como voto.

[Cidade/UF], [data].
________________________________________
Juiz de Direito


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