Jurisprudência em Destaque
Análise detalhada do acórdão do STJ sobre injúria racial e embriaguez voluntária: reafirmação do dolo específico e impacto na responsabilização penal
Doc. LEGJUR 250.6020.1424.4907
I - Caso em exame ... ()

Comentário/Nota
COMENTÁRIO JURÍDICO SOBRE O ACÓRDÃO DO STJ: INJÚRIA RACIAL E EMBRIAGUEZ VOLUNTÁRIA
INTRODUÇÃO
A decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ao analisar agravo interposto pelo Ministério Público de Minas Gerais, versa sobre a configuração do dolo específico no crime de injúria racial, mesmo diante de quadro de embriaguez voluntária e alteração emocional do réu S. A. M. F. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais havia absolvido o acusado pela injúria racial, mantendo condenações por furto e extorsão, sob o entendimento de que os estados alterados do réu afastariam o elemento subjetivo do tipo penal. O STJ, contudo, reformou tal entendimento, restabelecendo a condenação pelo referido delito.
FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA DECISÃO
O STJ fundamentou sua decisão, primordialmente, na inaplicabilidade da excludente de culpabilidade prevista para a embriaguez voluntária. Nos termos do CP, art. 28, II, a embriaguez voluntária ou culposa não exclui a imputabilidade penal. Assim, a ingestão voluntária de substâncias entorpecentes ou alcoólicas não impede o reconhecimento do dolo, inclusive o dolo específico exigido para o crime de injúria racial.
Além disso, a Corte destacou que o dolo específico, no contexto da injúria racial, consiste na vontade consciente de ofender a honra da vítima em razão de sua cor, etnia, raça, religião ou origem (CP, art. 140, §3º). Restou comprovado nos autos que S. A. M. F. teve a intenção deliberada de ofender a vítima por motivo relacionado à cor da pele, sendo irrelevante o estado de ânimos exaltados ou o uso de entorpecentes, desde que não se trate de embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, hipótese não caracterizada nos autos.
ANÁLISE CRÍTICA E CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS
- Rigor na Repressão da Injúria Racial:
A decisão reforça a necessidade de repressão efetiva aos crimes de injúria racial, sintonizando-se com a proteção constitucional à dignidade da pessoa humana e à igualdade (CF/88, art. 5º, XLII). O entendimento do STJ afasta qualquer possibilidade de impunidade fundada em estados emocionais ou embriaguez voluntária, garantindo a efetividade dos direitos fundamentais das vítimas de discriminação.
- Segurança Jurídica e Previsibilidade:
O julgado oferece maior segurança jurídica ao consolidar orientação de que a embriaguez voluntária não serve de escusa para afastar o dolo nos crimes que exigem elemento subjetivo específico, contribuindo para a uniformização da jurisprudência e previsibilidade das decisões judiciais.
- Aspecto Processual:
Do ponto de vista processual, a atuação do Ministério Público de Minas Gerais revela zelo no combate a práticas racistas e na proteção dos interesses difusos e coletivos, conforme previsto no CF/88, art. 129, III.
- Potenciais Críticas:
Embora a solução seja louvável do ponto de vista da proteção das vítimas, pode-se questionar a ausência de análise aprofundada acerca do grau de alteração psíquica do agente e da eventual influência sobre sua capacidade de discernimento, sobretudo à luz do CP, art. 26. Contudo, a opção do STJ revela alinhamento com a tendência de tratar a embriaguez voluntária como agravante e não como atenuante.
REPERCUSSÕES NO ORDENAMENTO JURÍDICO
A decisão do STJ possui relevante repercussão, pois contribui para o fortalecimento do combate à discriminação racial e para a correta aplicação dos dispositivos legais relacionados à responsabilidade penal. O entendimento ora fixado tende a ser seguido por instâncias inferiores, servindo como importante precedente para casos análogos. Além disso, reafirma o papel do Poder Judiciário como vetor de proteção aos direitos fundamentais e de intolerância a condutas discriminatórias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decisão analisada representa significativo avanço na tutela da dignidade da pessoa humana e na efetividade do combate à injúria racial. Ao afastar a tese de afastamento do dolo específico em virtude de embriaguez voluntária ou ânimos exaltados, o STJ promove maior proteção à vítima e coíbe práticas discriminatórias, em consonância com o ordenamento constitucional e infraconstitucional brasileiro. Tal entendimento tende a influenciar positivamente a jurisprudência, fortalecendo a responsabilização penal em crimes de ódio e promovendo uma sociedade mais igualitária e justa.
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