Modelo de Memoriais em ação revisional contra Banco do Brasil por venda casada, juros abusivos, retenção indevida e pedido de danos morais, fundamentados no CDC e hipervulnerabilidade do autor com câncer

Publicado em: 12/06/2025 Processo CivilConsumidor
Memoriais apresentados em ação revisional de contrato bancário cumulada com indenização por danos morais e repetição de indébito contra Banco do Brasil S.A., em que o autor, diagnosticado com câncer, pleiteia revisão contratual por juros abusivos, nulidade de venda casada, devolução em dobro de valores retidos indevidamente, suspensão de descontos em folha e indenização por danos morais, com base no Código de Defesa do Consumidor e princípios constitucionais da dignidade e vulnerabilidade do consumidor. Inclui fundamentação jurídica, jurisprudência e pedidos detalhados.
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MEMORIAIS – AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO BANCÁRIO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E REPETIÇÃO DE INDÉBITO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF],

Processo nº: [inserir número do processo]

2. DOS FATOS

J. C. da C., já devidamente qualificado nos autos, ajuizou a presente demanda em face do Banco do Brasil S.A., igualmente qualificado, em razão de práticas abusivas perpetradas pela instituição financeira durante a renegociação de dívidas, situação agravada pelo diagnóstico de câncer de bexiga do autor, que resultou em aumento substancial de suas despesas e consequente superendividamento.

O autor buscou junto ao réu a quitação de empréstimos anteriores, sendo induzido a assinar novo contrato com parcelas mensais elevadas (R$ 4.791,18), acrescidas, sem sua solicitação ou consentimento, de um consórcio (R$ 253,49 mensais), caracterizando evidente venda casada. Ademais, o banco reteve a quantia de R$ 13.921,34, valor que somente seria devolvido ao final do contrato, mas que foi incluído no cálculo da dívida, elevando o saldo devedor a R$ 344.964,96, em razão da cobrança de juros abusivos.

O autor pleiteou, em síntese: (i) a suspensão dos descontos em folha; (ii) o reconhecimento da quitação ou revisão do contrato; (iii) a devolução em dobro dos valores retidos indevidamente; e (iv) a condenação do banco ao pagamento de indenização por danos morais e materiais.

O processo contou com perícia contábil, manifestações das partes e, em decisão interlocutória, reconheceu-se a incidência do Código de Defesa do Consumidor, destacando-se os abusos praticados pelo banco, como descontos excessivos, cobrança de consórcio não contratado e retenção indevida de valores, restando a controvérsia submetida ao crivo meritório deste juízo.

Resumo dos fatos: O autor, em situação de hipervulnerabilidade decorrente de grave enfermidade, foi vítima de práticas bancárias abusivas, que agravaram sua condição financeira e violaram direitos fundamentais do consumidor.

3. DO DIREITO

3.1. DA APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E DA HIPERVULNERABILIDADE

O presente caso é regido pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), conforme reconhecido por este juízo e reiteradamente pela jurisprudência pátria. O autor, pessoa física, figura como destinatário final dos serviços bancários, enquadrando-se como consumidor (CDC, art. 2º). O banco réu, por sua vez, é fornecedor de serviços (CDC, art. 3º).

A hipervulnerabilidade do autor é manifesta, não apenas por sua condição de consumidor, mas também em razão do diagnóstico de câncer de bexiga, que o coloca em situação de extrema fragilidade econômica e emocional. Tal circunstância impõe ao fornecedor o dever de observância redobrada dos princípios da boa-fé objetiva, transparência e proteção à dignidade do consumidor (CF/88, art. 1º, III; CDC, art. 4º, I e III).

3.2. DA VENDA CASADA E DA COBRANÇA DE CONSÓRCIO NÃO CONTRATADO

Restou comprovado nos autos que, ao renegociar sua dívida, o autor foi compelido a aderir a consórcio não solicitado, prática vedada pelo CDC, art. 39, I, que proíbe a venda casada. A imposição de produtos ou serviços não desejados configura abuso e nulidade da respectiva contratação, nos termos do CDC, art. 51, IV.

Tal conduta, além de ilícita, agrava a situação financeira do consumidor, especialmente quando este se encontra em estado de vulnerabilidade acentuada, como no caso em tela.

3.3. DOS JUROS ABUSIVOS E DA REVISÃO CONTRATUAL

O contrato celebrado impôs ao autor encargos excessivos, com juros que elevaram o saldo devedor a patamares incompatíveis com a realidade do mercado e a capacidade financeira do consumidor, em flagrante afronta ao CDC, art. 6º, V, que assegura a revisão de cláusulas contratuais em razão de sua onerosidade excessiva.

A jurisprudência é pacífica no sentido de que a abusividade dos juros e encargos autoriza a revisão judicial do contrato, especialmente quando demonstrada a desproporcionalidade e a ausência de transparência na contratação (CCB/2002, art. 421-A; CDC, art. 51, IV e §1º, III).

3.4. DA RETENÇÃO INDEVIDA DE VALORES E DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO

O banco reteve, de forma injustificada, a quantia de R$ 13.921,34, valor que, além de não ser imediatamente restituído ao autor, foi incluído no cálculo da dívida, majorando o saldo devedor. Tal prática viola o CDC, art. 42, parágrafo único, que determina a devolução em dobro dos valores cobrados indevidamente, salvo engano justificável, o que não restou comprovado nos autos.

A repetição do indébito, em dobro, é medida que se impõe diante da má-fé e da ausência de boa-fé objetiva por parte do banco réu.

3.5. DOS DANOS MORAIS E MATERIAIS

A conduta do banco, ao impor descontos excessivos, cobrar consórcio não contratado, reter valores indevidamente e praticar juros abusivos, extrapola o mero aborrecimento cotidiano, atingindo a dignidade, a saúde e a estabilidade financeira do autor, já fragilizado por grave enfermidade. O dano moral, portanto, é presumido (in re ipsa), sendo devida a indenização, nos termos do CDC, art. 6º, VI, e da jurisprudência consolidada (STJ, Súmula 479).

Os danos materiais decorrem da efetiva perda patrimonial sofrida pelo autor, que teve valores descontados e retidos indevidamente, devendo ser ressarcido integralmente.

3.6. DOS PRINCÍPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS

O caso em tela demanda a aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da vulnerabilidade do consumidor (CDC, art. 4º, I), da transparência e do equilíbrio contratual (CDC, art. 6º, III e V)"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Cuida-se de Ação Revisional de Contrato Bancário cumulada com pedido de Indenização por Danos Morais e Repetição de Indébito ajuizada por J. C. da C. em face do Banco do Brasil S.A.. O autor, em situação de hipervulnerabilidade decorrente de grave enfermidade (câncer de bexiga), alega ter sido vítima de práticas bancárias abusivas durante renegociação de dívida, especialmente pela imposição de consórcio não solicitado (venda casada), cobrança de juros abusivos e retenção indevida de valores.

A pretensão deduzida consiste, em síntese, na revisão das cláusulas contratuais, devolução em dobro dos valores retidos, suspensão dos descontos em folha, bem como o pagamento de indenização por danos morais e materiais.

As partes apresentaram manifestações e documentos, tendo sido realizada perícia contábil. Em decisão interlocutória, reconheceu-se a aplicação do Código de Defesa do Consumidor, notadamente diante da hipervulnerabilidade do autor.

II. Fundamentação

1. Preliminar – Conhecimento da Demanda

Verifico que estão presentes os pressupostos processuais e condições da ação. Não há questões prejudiciais que obstem o exame do mérito. Conheço, pois, do pedido inicial.

2. Da Aplicação do Código de Defesa do Consumidor e da Hipervulnerabilidade

O autor, pessoa física, atua como destinatário final dos serviços bancários, enquadrando-se como consumidor (CDC, art. 2º), enquanto o réu é fornecedor (CDC, art. 3º). A hipervulnerabilidade, evidenciada pelo contexto de enfermidade grave e comprometimento econômico, impõe ao banco o dever de observância aos princípios da boa-fé, transparência e proteção à dignidade do consumidor (CF/88, art. 1º, III; CDC, art. 4º, I e III).

3. Da Venda Casada e Consórcio Não Contratado

Restou comprovado que o autor foi compelido a aderir a consórcio não solicitado, prática vedada pelo CDC, art. 39, I, caracterizando venda casada. A imposição de produtos ou serviços não desejados implica nulidade da respectiva contratação (CDC, art. 51, IV).

4. Da Abusividade dos Juros e Revisão Contratual

A perícia apontou a incidência de encargos excessivos e juros que elevaram o saldo devedor de modo desproporcional, em ofensa ao CDC, art. 6º, V, que permite a revisão das cláusulas onerosas. A jurisprudência é pacífica ao admitir a revisão judicial de contratos bancários diante de abusividade (CCB/2002, art. 421-A; CDC, art. 51, IV e §1º, III).

5. Da Retenção Indevida e Repetição do Indébito

A retenção injustificada da quantia de R$ 13.921,34, sem justificativa plausível, impõe a devolução em dobro (CDC, art. 42, parágrafo único), diante da má-fé e ausência de boa-fé objetiva do banco réu.

6. Dos Danos Morais e Materiais

As condutas do banco extrapolam o mero dissabor cotidiano, atingindo a dignidade e estabilidade financeira do autor já fragilizado, razão pela qual resta configurado o dano moral in re ipsa (CDC, art. 6º, VI; STJ, Súmula 479). Os danos materiais decorreram das perdas patrimoniais efetivas, a serem ressarcidas.

7. Dos Princípios Constitucionais e Fundamentação Legal

A matéria deve ser examinada à luz dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), proteção ao consumidor (CF/88, art. 5º, XXXII), boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), vulnerabilidade do consumidor (CDC, art. 4º, I) e equilíbrio contratual (CDC, art. 6º, III e V). O magistrado, nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal, deve fundamentar suas decisões, o que ora se faz.

As provas produzidas, incluindo a perícia contábil, corroboram o alegado pelo autor quanto às práticas abusivas do banco, sendo a tese da defesa incapaz de afastar as irregularidades contratuais e os danos experimentados.

III. Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  1. Reconhecer a abusividade das cláusulas contratuais referentes aos juros aplicados e à imposição de consórcio não solicitado (venda casada), determinando a revisão do contrato, nos termos do CDC, art. 6º, V;
  2. Declarar a nulidade da cobrança e retenção do valor de R$ 13.921,34, condenando o réu à devolução em dobro do montante, conforme CDC, art. 42, parágrafo único;
  3. Condenar o réu ao pagamento de indenização por danos morais, fixando o valor em R$ [a ser arbitrado pelo juízo], considerados a gravidade dos fatos e a hipervulnerabilidade do autor;
  4. Condenar o réu ao ressarcimento dos danos materiais, consistentes nos valores efetivamente descontados e retidos indevidamente, com atualização monetária e juros legais;
  5. Determinar a suspensão dos descontos em folha até a efetiva revisão contratual e apuração do saldo devedor real;
  6. Condenar o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes arbitrados em 10% sobre o valor da condenação (CPC, art. 85, §2º).

Nos termos do art. 93, IX, da Constituição Federal, a presente decisão encontra-se devidamente fundamentada, com apreciação dos fatos, provas e normas aplicáveis.

IV. Recurso

Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Transitada em julgado, cumpra-se.

V. Conclusão

Sentença proferida em [Cidade], [Data].

___________________________________________
[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito


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