Modelo de Contestação com pedido contraposto por incompetência territorial e ausência de ato ilícito em ação de danos morais contra advogado, fundamentada no exercício regular de direito e litigância temerária no Juizado...

Publicado em: 08/07/2025 AdvogadoCivelProcesso Civil
Modelo de contestação com pedido contraposto apresentada por advogado réu em ação de danos morais, arguindo preliminar de incompetência territorial, inexistência de ato ilícito e ausência de dano moral. Fundamentação baseada no exercício regular de direito, ausência de nexo causal e litigância temerária do autor, com pedidos de improcedência, condenação do autor e remessa dos autos ao foro competente. Inclui jurisprudência e solicita produção de provas.
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CONTESTAÇÃO COM PEDIDO CONTRAPOSTO (NATUREZA DÚPLICE) NO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Cível da Comarca de Santa Teresa/ES.

2. PRELIMINARES

2.1. INCOMPETÊNCIA TERRITORIAL
O réu, O. L. F., residente e domiciliado em Santa Maria de Jetibá/ES, vem, por intermédio de seu advogado (instrumento de mandato anexo), arguir, como preliminar, a incompetência territorial deste Juízo, nos termos do CPC/2015, art. 64 e da Lei 9.099/95, art. 4º.
Os fatos narrados e a residência do réu localizam-se em Santa Maria de Jetibá/ES, sendo este o foro competente para a tramitação da presente demanda, conforme o princípio do juízo do domicílio do réu (CPC/2015, art. 46).
Requer-se, pois, a remessa dos autos ao Juizado Especial Cível de Santa Maria de Jetibá/ES.

3. DOS FATOS

O réu, O. L. F., é advogado e proprietário de um veículo Toyota Corolla 2021, residente em Santa Maria de Jetibá/ES. Em abril de 2021, anunciou a venda do referido veículo em plataformas digitais (OLX e Facebook), pelo valor de R$ 105.000,00.
Um indivíduo identificado como "José Luiz" (posteriormente identificado como golpista) manifestou interesse na compra, alegando que o faria para um suposto ex-empregado residente em Colatina/ES, como forma de quitação de dívida trabalhista. O golpista, entretanto, articulou um golpe envolvendo tanto o réu quanto terceiros de Colatina, apresentando versões distintas para cada parte.
No dia 07/05/2021, foi combinado um encontro no posto Manancial, próximo à residência do réu, para a suposta venda do veículo. O réu, por cautela, deslocou-se de bicicleta e deixou o veículo em casa. Os terceiros de Colatina, ao avistarem o réu, equivocadamente o confundiram com o golpista e acionaram a Polícia Militar, fornecendo suas características.
O réu foi abordado por policiais militares, que, ignorando suas explicações e possibilidades de identificação imediata, conduziram-no ao DPM local, expondo-o a constrangimento público e danos à sua imagem, especialmente por se tratar de advogado conhecido na cidade.
Posteriormente, foi instaurada sindicância correcional, na qual o réu não foi sequer intimado a prestar esclarecimentos, demonstrando o caráter meramente protocolar do procedimento. Ressalta-se que o autor da presente ação, J. M. S., figura como policial militar envolvido na ocorrência e, equivocadamente, busca responsabilizar o réu por supostos danos morais decorrentes de denúncia legítima e exercício regular de direito.

4. DA CONTESTAÇÃO

4.1. INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO OU ABUSO DE DIREITO
O réu, ao relatar os fatos às autoridades competentes, agiu no exercício regular de direito, comunicando situação que, à época, aparentava configurar abuso de autoridade e constrangimento ilegal (CCB/2002, art. 188, I). Não houve dolo, má-fé ou intenção de caluniar o autor, mas sim a busca legítima por apuração dos fatos e proteção de seus direitos fundamentais.
4.2. AUSÊNCIA DE DANO MORAL
Não restou comprovado qualquer dano moral sofrido pelo autor em decorrência da notícia de fato apresentada pelo réu. A instauração de sindicância correcional é procedimento regular e previsto em lei, não havendo demonstração de abalo à honra, imagem ou dignidade do autor, tampouco repercussão negativa concreta em sua esfera pessoal ou profissional (CCB/2002, art. 927).
4.3. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
O registro de ocorrência ou denúncia de suposto abuso por agentes públicos configura exercício regular de direito, não ensejando, por si só, responsabilidade civil, salvo comprovada má-fé ou dolo, o que não se verifica no caso concreto (CCB/2002, art. 188, I).
4.4. AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL
Não há nexo causal entre a conduta do réu e o suposto dano alegado pelo autor. A sindicância instaurada decorreu de procedimento administrativo regular, não sendo possível atribuir ao réu responsabilidade por eventuais sentimentos subjetivos do autor.

5. DO PEDIDO CONTRAPOSTO

Diante da evidente litigância temerária e da tentativa do autor de inverter a condição de vítima e imputar ao réu responsabilidade inexistente, requer o réu a condenação do autor ao pagamento de indenização por danos morais, em valor a ser arbitrado por Vossa Excelência, não inferior a R$ 10.000,00, em razão do constrangimento, exposição pública e prejuízo à imagem do réu, advogado conhecido na cidade, injustamente acusado de prática ilícita.
O autor, ao propor ação infundada e sem respaldo probatório, busca, de forma temerária, responsabilizar a verdadeira vítima da situação, causando-lhe abalo moral e prejuízo à sua reputação profissional.

6. DO DIREITO

6.1. COMPETÊNCIA TERRITORIAL
Nos termos do CPC/2015, art. 46, e da Lei 9.099/95, art. 4º, a competência para julgamento da demanda é do foro do domicílio do réu, qual seja, Santa Maria de Jetibá/ES, devendo ser acolhida a preliminar de incompetência territorial.

6.2. RESPONSABILIDADE CIVIL E EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
A responsabilidade civil exige a presença de três elementos: ato ilícito, dano e nexo causal (CCB/2002, art. 186 e art. 927). O exercício regular de direito, previsto no CCB/2002, art. 188, I, exclui a ilicitude da conduta. O réu, ao comunicar os fatos às autoridades, agiu dentro dos limites legais, não havendo abuso, excesso ou má-fé.
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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação de indenização por danos morais ajuizada por J. M. S. em face de O. L. F., na qual o autor, policial militar, alega ter sofrido abalo à sua honra e imagem em razão de notícia de fato apresentada pelo réu, supostamente sem respaldo fático, dando ensejo à instauração de sindicância administrativa. O réu apresentou contestação, arguindo preliminar de incompetência territorial, bem como defesa de mérito baseada na inexistência de ato ilícito, dano moral e nexo de causalidade, além de deduzir pedido contraposto de indenização por danos morais, alegando litigância temerária e tentativa de inversão da condição de vítima.

Voto

I – Fundamentação da Preliminar

Inicialmente, analiso a preliminar de incompetência territorial suscitada pelo réu, que encontra respaldo no CPC/2015, art. 46, segundo o qual a ação deve ser proposta no foro do domicílio do réu, regra igualmente prevista na Lei 9.099/95, art. 4º. Verifica-se dos autos que o réu reside em Santa Maria de Jetibá/ES, local diverso daquele em que tramita a presente demanda.

Assim, acolho a preliminar e determino a remessa dos autos ao Juizado Especial Cível de Santa Maria de Jetibá/ES, observando-se o princípio do juiz natural e a garantia do contraditório e ampla defesa (CF/88, art. 5º, LIV e LV).

Todavia, tendo em vista a possibilidade de apreciação de mérito (para fins de eventual análise recursal ou simulação), adentro ao exame do mérito.

II – Mérito

a) Dos Fatos e Provas

Restou incontroverso que o réu, advogado e proprietário de veículo automotor, comunicou à autoridade policial fatos que lhe pareceram suspeitos, envolvendo possível golpe na venda de automóvel, culminando na abordagem policial e subsequente sindicância administrativa contra o autor, policial militar.

Não há nos autos qualquer elemento que demonstre dolo, má-fé ou falsidade na conduta do réu ao noticiar os fatos. O procedimento administrativo instaurado seguiu o trâmite regular, não tendo sido comprovado abalo concreto à honra, imagem ou dignidade do autor.

b) Da Responsabilidade Civil

A responsabilidade civil, para ser reconhecida, exige a presença dos seguintes elementos: ato ilícito, dano e nexo de causalidade, conforme CCB/2002, art. 186 e CCB/2002, art. 927.

O exercício regular de direito, expressamente previsto no CCB/2002, art. 188, I, exclui a ilicitude da conduta. No caso, o réu limitou-se a comunicar fato de seu conhecimento às autoridades competentes, não havendo nos autos qualquer indício de que tenha agido com abuso, excesso ou com desvio de finalidade.

Ressalta-se, ademais, que o mero registro de ocorrência ou denúncia, desacompanhado de elementos que evidenciem dolo ou falsidade, não configura ato ilícito indenizável, como reiteradamente reconhecido pela jurisprudência:

“Denunciação caluniosa. Inocorrência. Registro de ocorrência policial contra policiais militares. Exercício regular de direito. Ausência de prova de dolo ou má-fé no registro de ocorrência por parte da demandada. Comunicação de fato delituoso, por si só, não conduz à indenização. Precedente do STJ. Dano moral não demonstrado, no caso concreto. Sentença de improcedência mantida. Recurso desprovido.” (TJRS, Recurso Inominado Acórdão/TJRS)

O dano moral, por sua vez, não se presume em hipóteses como a dos autos. É imprescindível a demonstração de prejuízo concreto à esfera extrapatrimonial do autor. No caso, inexiste prova do alegado abalo, de modo que não há como se reconhecer o direito à indenização pretendida (TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP).

Destaco, ainda, que o acesso ao Poder Judiciário deve ser pautado pela boa-fé (CCB/2002, art. 422) e pela observância dos princípios da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade (CF/88, art. 5º, II), coibindo-se o uso temerário de demandas que visem inverter a condição de vítima e ofensor.

c) Do Pedido Contraposto

O réu deduziu pedido contraposto, pleiteando indenização por danos morais em razão da propositura de ação que reputa infundada e temerária. Ocorre que, embora a improcedência dos pedidos do autor deva ser reconhecida, não vislumbro, neste momento, elementos suficientes para caracterizar litigância temerária capaz de autorizar a condenação em danos morais.

Não se pode presumir má-fé do autor apenas pelo ajuizamento da demanda, sendo necessária a demonstração de dolo manifesto, intuito de prejudicar ou alterar a verdade dos fatos (CPC/2015, art. 80). Assim, julgo improcedente o pedido contraposto.

d) Da Fundamentação Constitucional

A presente decisão é proferida em observância ao dever de fundamentação imposto aos órgãos jurisdicionais (CF/88, art. 93, IX), com apreciação dos fatos e provas constantes dos autos e adequada interpretação dos dispositivos legais incidentes.

III – Dispositivo

Ante o exposto, acolho a preliminar de incompetência territorial e determino a remessa dos autos ao Juizado Especial Cível de Santa Maria de Jetibá/ES.

Para fins de simulação de mérito, julgo improcedentes os pedidos do autor, bem como julgo improcedente o pedido contraposto formulado pelo réu, nos termos da fundamentação.

Sem custas e honorários, na forma da Lei 9.099/95, art. 55.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Conclusão

É como voto.


Santa Teresa/ES, data da sessão.

Juiz de Direito


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