Modelo de Contestação à ação possessória por herdeiros que comprovam posse legítima sobre imóvel rural, alegando ilegitimidade ativa do autor e ausência de justo título, com pedido de improcedência e produção de prova...
Publicado em: 14/07/2025 AgrarioCivelProcesso CivilCONTESTAÇÃO À AÇÃO POSSESSÓRIA
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de ___, Estado de ___.
2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
A. J. dos S., brasileiro, solteiro, agricultor, portador do CPF nº 000.000.000-00, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Fazenda Boa Esperança, Zona Rural, Município de ___, Estado de ___, e M. F. de S. L., brasileira, casada, professora, portadora do CPF nº 111.111.111-11, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada na Fazenda Santa Clara, Zona Rural, Município de ___, Estado de ___, por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO à Ação Possessória movida por C. E. da S., brasileiro, casado, comerciante, portador do CPF nº 222.222.222-22, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Fazenda Nova Vida, Zona Rural, Município de ___, Estado de ___, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos.
3. SÍNTESE DOS FATOS
Os contestantes são herdeiros legítimos de seus tios, antigos proprietários de diversas propriedades rurais situadas neste Estado. Após o falecimento dos tios, os herdeiros tomaram conhecimento de que uma das fazendas integrantes do espólio estava sendo indevidamente ocupada por terceiros, os quais, de forma irregular, promoveram a deslocação da matrícula de imóvel e a sobreposição de área, alterando o registro para nome diverso do legítimo proprietário.
Ao constatarem o abandono da propriedade e visando resguardar o patrimônio familiar, os herdeiros, ora contestantes, ingressaram na posse do imóvel, promovendo a devida medição e obtenção de memorial descritivo elaborado por agrimensor habilitado, comprovando a exata delimitação e titularidade da área.
Contudo, o autor da presente demanda obteve liminar para a desocupação da área, alegando suposta posse legítima, sem, entretanto, apresentar documentação idônea que comprove a origem e a legitimidade de sua ocupação.
Diante desse cenário, os contestantes vêm, por meio desta, demonstrar a legitimidade de sua posse e a ilegitimidade da ocupação pelo autor, requerendo a improcedência da ação.
4. PRELIMINARES
4.1. DA ILEGITIMIDADE ATIVA
Nos termos do CPC/2015, art. 561, para a propositura de ação possessória, é imprescindível a comprovação da posse anterior, do esbulho e da data da perda da posse. O autor não logrou êxito em demonstrar a posse legítima sobre o imóvel, tampouco apresentou documentação hábil a comprovar a cadeia dominial ou justo título. Assim, carece de legitimidade ativa para a presente demanda.
4.2. DA INÉPCIA DA INICIAL POR AUSÊNCIA DE DOCUMENTAÇÃO ESSENCIAL
A inicial carece de documentos indispensáveis à propositura da ação, como certidão de matrícula atualizada e memorial descritivo da área supostamente esbulhada, em afronta ao CPC/2015, art. 320. Tal omissão impede a correta identificação do imóvel e a delimitação da área objeto da lide, tornando a inicial inepta.
5. DO DIREITO
5.1. DA LEGITIMIDADE DOS HERDEIROS E DO PRINCÍPIO DA SAISINE
Nos termos do CCB/2002, art. 1.784, "aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários". O princípio da saisine assegura aos herdeiros a posse e administração dos bens do espólio imediatamente após o falecimento do autor da herança, independentemente de formalidades.
A jurisprudência é pacífica no sentido de que o herdeiro, mesmo sem exercer a posse direta, é titular da posse indireta e tem legitimidade para defender o bem contra terceiros, inclusive por meio de ação possessória (TJMG, Apelação Cível 1.0000.25.106061-2/001).
5.2. DA NECESSIDADE DE PROVA DA POSSE LEGÍTIMA E DO ESBULHO
O CPC/2015, art. 561 exige, para a proteção possessória, a demonstração da posse anterior, do esbulho praticado pelo réu, da data do esbulho e da perda da posse. Os contestantes, na qualidade de herdeiros, ingressaram na posse do imóvel após o abandono e a constatação da ocupação irregular, promovendo a medição e a elaboração de memorial descritivo, o que comprova a posse legítima.
Por outro lado, o autor não apresentou prova idônea de posse anterior, tampouco demonstrou justo título ou anuência dos herdeiros para a ocupação do imóvel, caracterizando-se, assim, a posse injusta e o esbulho por parte do autor.
5.3. DA INEXISTÊNCIA DE JUSTO TÍTULO POR PARTE DO AUTOR
A suposta transferência da matrícula e a sobreposição de área não conferem ao autor direito possessório, pois não houve anuência dos legítimos herdeiros, tampouco observância das formalidades legais para a aquisição da propriedade rural (CCB/2002, art. 541). Eventual doação ou cessão verbal é juridicamente ineficaz para imóveis "'>...
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