Modelo de Resposta à acusação por descumprimento de medidas protetivas de urgência (Lei 11.340/2006, art. 24-A), com preliminares de ausência de justa causa, inépcia da denúncia e pedido de absolvição sumária

Publicado em: 04/08/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de resposta à acusação criminal em processo que envolve o suposto descumprimento de medidas protetivas de urgência previstas na Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006, art. 24-A), destacando a defesa com preliminares de ausência de justa causa e inépcia da denúncia, argumentos sobre a inexistência de dolo, ausência de violência ou ameaça, além do pedido subsidiário de aplicação de medida cautelar diversa da prisão, com fundamentação jurídica e indicação de provas a serem produzidas.
← deslize para o lado para ver mais opções

RESPOSTA À ACUSAÇÃO
DESCUMPRIMENTO DE MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
LEI 11.340/2006, ART. 24-A

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ___, do Tribunal de Justiça do Estado de ___.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Acusado: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, autônomo, portador do CPF nº 123.456.789-00, RG nº 12.345.678 SSP/XX, residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].
Vítima: C. C. C. de O., brasileira, profissão ignorada, portadora do CPF nº 987.654.321-00, residente e domiciliada na Rua Nissaburo Kato, nº 206, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].
Advogado: OAB/UF nº 00.000, endereço profissional: Rua dos Advogados, nº 200, Bairro Centro, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].

3. SÍNTESE DA DENÚNCIA

Consta do Inquérito Policial nº 0900090-37.2025.8.12.0053 que, em 19 de julho de 2025, por volta das 19h40min, na residência situada na Rua X, nº Y, o acusado, A. J. dos S., teria descumprido decisão judicial que deferiu medidas protetivas de urgência em favor de sua ex-companheira, C. C. C. de O., previstas na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).
Segundo a denúncia, mesmo ciente da proibição de contato, o acusado teria adentrado a residência da vítima e proferido ofensas, sendo certo que havia sido pessoalmente intimado das medidas protetivas em 08/07/2025. A materialidade estaria comprovada pelo auto de prisão em flagrante, boletim de ocorrência, e cópia da decisão judicial.

4. PRELIMINARES

4.1. Ausência de Justa Causa para Ação Penal
Não obstante a gravidade dos fatos narrados, a defesa ressalta que não há nos autos prova inequívoca de que o acusado tenha efetivamente descumprido as medidas protetivas, pois a mera presença no local, desacompanhada de elementos robustos de dolo específico, não é suficiente para a configuração do delito previsto na Lei 11.340/2006, art. 24-A.
4.2. Inépcia da Denúncia
A peça acusatória carece de descrição detalhada da conduta do acusado, limitando-se a narrar genericamente o ingresso na residência e ofensas verbais, sem indicar de forma precisa o modo, tempo e circunstâncias do suposto descumprimento, o que afronta o CPP, art. 41 e o direito de ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV).
4.3. Ausência de Justificativa para Prisão Preventiva
A defesa ressalta que não há nos autos elementos concretos que justifiquem eventual manutenção de prisão preventiva, sendo o acusado primário, com bons antecedentes e residência fixa, conforme entendimento do TJPR (0016855-62.2025.8.16.0000).

5. DOS FATOS

O acusado, A. J. dos S., manteve relacionamento amoroso com a vítima, C. C. C. de O., por aproximadamente 9 anos, estando separados à época dos fatos. Em 19/07/2025, por volta das 19h40min, teria comparecido à residência da ex-companheira, local onde, segundo a denúncia, teria proferido ofensas.
Ressalte-se que, conforme consta dos autos, o acusado foi devidamente intimado das medidas protetivas em 08/07/2025, as quais determinavam a proibição de contato e aproximação da vítima. Contudo, a defesa destaca que não houve qualquer conduta violenta ou ameaça, tampouco intenção deliberada de descumprir ordem judicial, sendo a presença do acusado no local motivada por tentativa de diálogo para tratar de questões patrimoniais pendentes.
Ademais, não há nos autos elementos que demonstrem que a suposta ofensa verbal tenha extrapolado o mero dissabor decorrente da separação, inexistindo prova de ameaça, violência física ou psicológica, tampouco de reiteração de conduta.

6. DO DIREITO

6.1. Tipicidade da Conduta – Lei 11.340/2006, art. 24-A
O crime de descumprimento de medida protetiva de urgência, previsto na Lei 11.340/2006, art. 24-A, exige, para sua configuração, a demonstração inequívoca de que o agente, ciente da ordem judicial, voluntariamente a descumpriu. Trata-se de delito formal, de mera conduta, bastando a violação da ordem judicial, conforme entendimento consolidado no TJRS (Apelação Criminal 5005172-60.2022.8.21.0047).
No entanto, a defesa ressalta que a configuração do delito exige a presença de dolo, ou seja, a vontade consciente de descumprir a ordem judicial, o que não restou comprovado nos autos. A simples presença do acusado no local, desacompanhada de provas robustas de que tenha agido com intenção de afrontar a decisão judicial, não é suficiente para a condenação.
6.2. Relevância da Palavra da Vítima e Prova Testemunhal
Em crimes de violência doméstica, a palavra da vítima possui especial relevância, sobretudo quando corroborada por outros elementos de prova (TJMG, Apelação Criminal 1.0000.25.103544-0/001). Contudo, tal valor probatório não é absoluto, devendo ser analisado em conjunto com o contexto fático e demais provas, sob pena de violação ao princípio do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV).
6.3. Princípios Constitucionais
O devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV), a presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) e a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV) são princípios basilares do processo penal, devendo ser rigorosamente observados, especialmente em situações em que a prova é frágil ou controvertida.
6.4. Inexistência de Violência ou Ameaça
Não"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

1. Relatório

Trata-se de ação penal em que se imputa ao acusado, A. J. dos S., o crime previsto na Lei 11.340/2006, art. 24-A, consistente no descumprimento de medidas protetivas de urgência deferidas em favor de sua ex-companheira, C. C. C. de O., por suposto ingresso em sua residência e prolação de ofensas verbais, em 19/07/2025, após regular intimação da decisão judicial.

A defesa, em resposta à acusação, argui preliminares de ausência de justa causa, inépcia da denúncia e ausência de requisitos para a prisão preventiva, além de, no mérito, sustentar a inexistência de dolo específico, violência, ameaça ou reiteração do descumprimento, requerendo a rejeição da denúncia ou absolvição sumária.

2. Fundamentação

2.1 Preliminares

Inicialmente, afasto a alegação de inépcia da denúncia, pois o Ministério Público apresentou exposição suficiente do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, conforme exigido pelo CPP, art. 41, possibilitando o exercício do contraditório e da ampla defesa, em consonância com a CF/88, art. 5º, LV.

Do mesmo modo, não vislumbro ausência de justa causa. Há elementos mínimos de materialidade e indícios de autoria, a partir do auto de prisão em flagrante, boletim de ocorrência, decisão judicial e depoimentos colhidos, autorizando a persecução penal. Assim, rejeito as preliminares suscitadas pela defesa.

2.2 Mérito

O delito de descumprimento de medida protetiva de urgência, tipificado na Lei 11.340/2006, art. 24-A, exige, para sua configuração, que o agente, ciente da decisão judicial, voluntariamente a descumpra. Trata-se de crime formal de mera conduta, bastando a violação da ordem judicial, conforme entendimento dos tribunais pátrios.

Entretanto, a análise hermenêutica impõe a verificação da presença de dolo, ou seja, da vontade consciente de desobedecer à ordem judicial. A palavra da vítima possui relevância especial em crimes de violência doméstica, sobretudo quando corroborada por outros elementos de prova (TJMG, Apelação Criminal 1.0000.25.103544-0/001), mas tal valor não é absoluto e deve ser analisado em conjunto com o contexto fático, sob pena de violação ao contraditório e à ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV).

Dos autos, verifica-se que o acusado foi devidamente intimado da existência das medidas protetivas em 08/07/2025 e, mesmo assim, compareceu à residência da vítima em 19/07/2025, ocasião em que, segundo a denúncia, proferiu ofensas verbais. Contudo, a defesa alega que a presença do acusado no local se deu para tratar de questões patrimoniais pendentes, inexistindo ameaça, violência ou intenção deliberada de descumprir a ordem judicial.

A materialidade encontra-se demonstrada pelo auto de prisão em flagrante e documentos juntados. Contudo, a autoria e o elemento subjetivo do tipo — o dolo específico de descumprir a ordem judicial — demandam exame mais acurado.

Não há nos autos prova inequívoca de que o acusado tenha agido com vontade livre e consciente de violar a decisão judicial. A mera presença no local, desacompanhada de elementos robustos que evidenciem a intenção de afrontar a ordem judicial, é insuficiente para a configuração do delito, sobretudo diante da ausência de violência, ameaça ou reiteração de conduta.

Ressalte-se que o devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV), a presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) e a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV) são princípios que devem nortear a atividade jurisdicional, exigindo prova segura e inequívoca para a condenação.

Por fim, a eventual anuência da vítima, ainda que não afaste a tipicidade formal do delito (TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP), pode evidenciar a ausência de dolo específico, o que, no caso concreto, aliado à fragilidade probatória, impõe o reconhecimento da dúvida razoável em favor do réu.

2.3 Prisão Preventiva

Quanto à prisão preventiva, não se vislumbra, no caso, a presença dos requisitos do CPP, art. 312, especialmente diante da primariedade, bons antecedentes e residência fixa do acusado, conforme jurisprudência do TJPR ( Acórdão/TJPR). Assim, caso ainda persistente, deve ser substituída por medida cautelar diversa, nos termos do CPP, art. 319.

2.4 Fundamentação Constitucional

O dever de fundamentar as decisões judiciais é imperativo imposto ao magistrado pela CF/88, art. 93, IX, o que se observa neste voto, que analisa de forma motivada os fatos, fundamentos legais e constitucionais aplicáveis ao caso concreto.

3. Dispositivo

Diante do exposto, julgo improcedente a denúncia, para absolver o acusado A. J. dos S., com fundamento no CPP, art. 386, VII, em razão da inexistência de provas suficientes para a condenação.

Determino, ainda, a revogação de eventual prisão preventiva decretada, caso existente, devendo ser expedido o alvará de soltura, se por outro motivo não estiver preso, facultando-se a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão (CPP, art. 319), caso se mostre necessário.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se as partes, inclusive o Ministério Público.

Cumpre ressaltar que a presente decisão observa o contraditório, a ampla defesa e o devido processo legal (CF/88, art. 5º, LV, LIV), bem como o dever de fundamentação (CF/88, art. 93, IX).

4. Conclusão

É como voto.

 

Cidade/UF, ___ de ____________ de 2025.

_______________________________________
Magistrado(a)


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.