Modelo de Recurso de Apelação Criminal contra condenação por tráfico de drogas e posse ilegal de arma em Rio Verde/GO, com pedido de nulidade da busca domiciliar, absolvição, desclassificação e redução da pena fundament...

Publicado em: 15/05/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de recurso de apelação criminal interposto pelo réu W. F. P. contra sentença condenatória por tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo. A peça jurídica argumenta a nulidade da busca domiciliar por ausência de fundada suspeita, insuficiência das provas para o tráfico, solicita desclassificação para porte de droga para uso próprio, aplicação do tráfico privilegiado, revisão da dosimetria da pena e pedido de regime prisional mais brando. Fundamenta-se na CF/88, art. 5º, XI, no CPP e na Lei 11.343/2006 e Lei 10.826/2003, além de jurisprudência consolidada dos Tribunais Superiores. A defesa requer, ainda, a intimação do Ministério Público para contrarrazões e o regular processamento do recurso ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.
← deslize para o lado para ver mais opções

RECURSO DE APELAÇÃO CRIMINAL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara Criminal da Comarca de Rio Verde – Estado de Goiás

Processo nº: [inserir número do processo]
Apelante: W. F. P.
Apelado: Ministério Público do Estado de Goiás

2. PRELIMINARES

2.1. NULIDADE DA BUSCA DOMICILIAR – AUSÊNCIA DE FUNDADA SUSPEITA

A defesa suscita, como preliminar, a nulidade da busca domiciliar realizada na residência do Apelante, uma vez que não restou comprovada a existência de fundada suspeita que justificasse o ingresso dos policiais no domicílio, em afronta ao princípio da inviolabilidade do domicílio (CF/88, art. 5º, XI). Conforme entendimento consolidado dos Tribunais Superiores, a denúncia anônima desacompanhada de outros elementos objetivos não legitima a entrada forçada em residência, sendo imprescindível a demonstração de justa causa para a medida, sob pena de ilicitude da prova obtida (CPP, art. 157).

Fechamento argumentativo: Assim, requer-se o reconhecimento da nulidade da busca domiciliar e, por conseguinte, a exclusão das provas dela decorrentes, com a absolvição do Apelante, em respeito ao devido processo legal e às garantias constitucionais.

3. DOS FATOS

O Ministério Público do Estado de Goiás denunciou W. F. P. pelos crimes de tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33) e posse ilegal de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 12), em concurso material (CP, art. 69). Segundo a denúncia, em 09 de janeiro de 2024, em Rio Verde/GO, o Apelante foi abordado por policiais militares e flagrado portando duas porções de maconha, totalizando cerca de 87g. Posteriormente, em diligência realizada em sua residência, foi encontrado um revólver calibre .32, com cinco munições, sem autorização legal.

O Apelante foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva. Após a apresentação da defesa prévia e o recebimento da denúncia, foi realizada audiência de instrução e julgamento, com oitiva de testemunhas e interrogatório do acusado. Ao final, sobreveio sentença condenatória, fixando pena privativa de liberdade em regime fechado.

A defesa, inconformada com a r. sentença, interpõe o presente recurso de apelação, buscando a reforma do julgado, seja para o reconhecimento da nulidade da prova, absolvição por insuficiência probatória, desclassificação para uso próprio, aplicação do redutor do tráfico privilegiado, ou, subsidiariamente, revisão da dosimetria da pena e abrandamento do regime prisional.

Fechamento argumentativo: Os fatos, assim delineados, revelam a necessidade de análise criteriosa da legalidade das provas, da suficiência do conjunto probatório e da correta aplicação dos institutos legais e constitucionais pertinentes.

4. DO DIREITO

4.1. DA NULIDADE DA PROVA – VIOLAÇÃO À INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

O ingresso dos policiais na residência do Apelante não foi precedido de fundada suspeita ou de mandado judicial, em afronta a CF/88, art. 5º, XI, que garante a inviolabilidade do domicílio, salvo flagrante delito ou ordem judicial. A mera denúncia anônima, desacompanhada de investigação prévia ou de elementos objetivos, não autoriza a medida, conforme reiterada jurisprudência do STF e STJ. Assim, as provas obtidas na residência do Apelante são ilícitas, devendo ser desentranhadas dos autos (CPP, art. 157).

4.2. DA INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA PARA O TRÁFICO DE DROGAS

A condenação pelo crime de tráfico de drogas exige prova robusta da materialidade e da autoria (Lei 11.343/2006, art. 33). No caso, a quantidade de droga apreendida (87g de maconha) não é, por si só, indicativa de destinação mercantil, especialmente diante da ausência de outros elementos típicos do tráfico, como balança de precisão, anotações, grande quantia em dinheiro ou movimentação de usuários. Ademais, os depoimentos policiais não foram corroborados por testemunhas independentes, e o Apelante não foi surpreendido em ato de comercialização.

O princípio do in dubio pro reo (CPP, art. 386, VII) impõe a absolvição quando subsistem dúvidas razoáveis quanto à destinação da droga, sendo possível a desclassificação para o delito de porte para uso próprio (Lei 11.343/2006, art. 28).

4.3. DA DESCLASSIFICAÇÃO PARA O DELITO DE USO PRÓPRIO

Não havendo elementos concretos que demonstrem a mercancia, a conduta do Apelante deve ser enquadrada como porte de droga para consumo pessoal, nos termos da Lei 11.343/2006, art. 28. A quantidade apreendida, o local e as circunstâncias do flagrante não afastam, por si sós, a possibilidade de uso próprio, devendo prevalecer a interpretação mais favorável ao réu.

4.4. DA POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO

Caso não seja reconhecida a nulidade da prova, a conduta do Apelante deve ser analisada sob a ótica da Lei 10.826/2003, art. 12, considerando-se a primariedade e as circunstâncias pessoais para eventual fixação de regime mais brando e aplicação de pena no mínimo legal.

4.5. DA DOSIMETRIA DA PENA E REGIME PRISIONAL

A dosimetria da pena deve observar os critérios do CP, art. 59, e da Lei 11.343/2006, art. 42, considerando a quantidade, natureza da droga e as circunstâncias judiciais. Não havendo agravantes ou reincidência, a pena-base deve ser fixada no mínimo legal. O regime inicial de cumprimento da pena deve ser o menos gravoso possível (CP, art. 33, § 2º, «b»), especialmente diante da primariedade e das circunstâncias favoráveis ao Apelante.

4.6. DA APLICAÇÃO DO TRÁFICO PRIVILEGIADO

O Apelante faz jus à aplicação do redutor previsto na Lei 11.343/2006, art. 33, § 4º, pois é primário, possui bons antecedentes, não se dedica a atividades criminosas e não integra organização criminosa, requisitos cumulativos exigidos pela lei e pela jurisprudência consolidada do STJ.

F"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de recurso de apelação interposto por W. F. P. contra sentença proferida pelo Juízo da Vara Criminal da Comarca de Rio Verde/GO, que o condenou pelos crimes de tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33) e posse ilegal de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 12), aplicando-lhe pena privativa de liberdade em regime fechado.

A defesa alega, preliminarmente, a nulidade da busca domiciliar por ausência de fundada suspeita, suscitando afronta ao princípio constitucional da inviolabilidade do domicílio (CF/88, art. 5º, XI) e a ilicitude das provas obtidas (CPP, art. 157). No mérito, defende a absolvição por insuficiência probatória, desclassificação para uso próprio, aplicação da causa de diminuição prevista no tráfico privilegiado, revisão da dosimetria da pena e adoção de regime menos gravoso.

O Ministério Público apresentou contrarrazões pelo desprovimento do recurso.

II. Fundamentação

1. Da Preliminar de Nulidade da Busca Domiciliar

A CF/88, art. 5º, XI, consagra a inviolabilidade do domicílio, autorizando o ingresso sem mandado judicial apenas em casos de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro. No caso, a entrada dos policiais na residência do Apelante foi motivada por denúncia anônima, sem que se demonstre a existência de fundada suspeita ou outros elementos objetivos que legitimassem a medida excepcional.

A jurisprudência do STF e STJ é pacífica ao exigir a presença de justa causa concreta, sendo ilícita a prova obtida mediante violação ao domicílio fundada exclusivamente em denúncia anônima, conforme exemplificado na Apelação Criminal Acórdão/TJSP (TJSP, 9ª Câmara de Direito Criminal).

Diante disso, reconheço a nulidade da busca domiciliar realizada e, por consequência, a ilicitude das provas dela derivadas, nos termos do CPP, art. 157.

2. Da Absolvição por Insuficiência de Provas

Considerando a exclusão das provas obtidas na residência do Apelante, restam apenas os elementos produzidos durante a abordagem policial, em que foi apreendida quantidade de 87g de maconha.

A condenação por tráfico de drogas exige, além da materialidade, demonstração inequívoca da destinação mercantil da substância, a partir de provas robustas e convergentes (Lei 11.343/2006, art. 33). No caso, a quantidade apreendida, desprovida de outros elementos clássicos do tráfico, como balança de precisão, dinheiro fracionado ou movimentação de usuários, não permite concluir pela finalidade mercantil.

Ademais, os depoimentos policiais, embora revestidos de presunção de legitimidade, não foram corroborados por testemunhas independentes ou outros elementos objetivos, prevalecendo a dúvida razoável quanto à caracterização do tipo penal da Lei 11.343/2006, art. 33.

Aplica-se, portanto, o princípio do in dubio pro reo (CPP, art. 386, VII), impondo-se a absolvição do Apelante quanto ao crime de tráfico de drogas.

3. Da Desclassificação para Porte de Drogas para Uso Próprio

Não havendo provas suficientes para caracterizar o tráfico, a conduta do Apelante deve ser enquadrada como porte de drogas para consumo pessoal (Lei 11.343/2006, art. 28), tendo em vista a quantidade apreendida, o contexto e a ausência de outros indícios de mercancia.

4. Da Posse Ilegal de Arma de Fogo

Reconhecida a ilicitude da prova decorrente da busca domiciliar, resta prejudicada a condenação do Apelante pelo crime de posse ilegal de arma de fogo, pois a arma foi encontrada exclusivamente em razão da diligência considerada nula. Por consequência, as provas relativas a esse delito devem ser desentranhadas, impondo-se a absolvição.

5. Da Dosimetria da Pena e Regime Prisional

Em relação ao porte de drogas para uso próprio (Lei 11.343/2006, art. 28), trata-se de infração de natureza leve, que não autoriza a imposição de regime fechado ou privação da liberdade, devendo-se aplicar as medidas alternativas previstas em lei.

Não havendo elementos que desabonem a conduta social do Apelante, aplica-se a medida educativa mais adequada, observando-se os princípios da proporcionalidade e individualização da pena (CF/88, art. 5º, XLVI).

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, que exige motivação expressa e transparente das decisões judiciais, CONHEÇO do recurso de apelação e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para:

  • a) Reconhecer a nulidade da busca domiciliar e das provas dela provenientes, absolvendo o Apelante das imputações de tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33) e posse ilegal de arma de fogo (Lei 10.826/2003, art. 12), com fulcro no CPP, art. 386, VII.
  • b) Desclassificar a conduta para o delito de porte de drogas para consumo pessoal (Lei 11.343/2006, art. 28), aplicando-se as medidas educativas cabíveis, a serem fixadas pelo juízo das execuções.
  • c) Determinar a expedição de alvará de soltura, se por outro motivo não estiver preso, e a baixa de eventuais registros criminais decorrentes da presente ação.

É como voto.

Rio Verde/GO, [data do julgamento].

[Nome do Magistrado]
Juiz de Direito


Nota de Fundamentação

O presente voto foi proferido em estrita observância a CF/88, art. 93, IX, que exige a devida fundamentação das decisões judiciais, e atento aos princípios constitucionais do devido processo legal, contraditório e ampla defesa.


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.