Modelo de Petição inicial para anulação de doação de imóvel por vício de consentimento e doação inoficiosa, visando resguardar legítima dos herdeiros entre A. J. dos S. e M. F. de S. L., com fundamentação no Código C...

Publicado em: 08/05/2025 CivelProcesso Civil
Petição inicial proposta por A. J. dos S., proprietário que busca a anulação da doação de imóvel feita à sua filha M. F. de S. L., alegando vício de consentimento e doação inoficiosa que prejudica a legítima dos herdeiros necessários, com base no CCB/2002, art. 138, CCB/2002, art. 169, CCB/2002, art. 548 e CCB/2002, art. 549. O documento requer a declaração de nulidade parcial da doação, reversão do imóvel ao patrimônio do Autor, produção de provas e citação da Ré, fundamentando-se em princípios constitucionais e jurisprudência consolidada.

PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE ANULAÇÃO DE DOAÇÃO DE IMÓVEL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, casado, aposentado, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000 SSP/XX, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade/UF], por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE ANULAÇÃO DE DOAÇÃO DE IMÓVEL em face de M. F. de S. L., brasileira, solteira, estudante, portadora do CPF nº 111.111.111-11, RG nº 1.111.111 SSP/XX, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada na Rua das Palmeiras, nº 200, Bairro Jardim, CEP 11111-111, [Cidade/UF], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Autor, A. J. dos S., é legítimo proprietário do imóvel situado na Rua das Laranjeiras, nº 50, Bairro Centro, [Cidade/UF], devidamente registrado sob a matrícula nº 12345 do Cartório de Registro de Imóveis local.

Em [data da doação], o Autor, por meio de escritura pública, realizou a doação do referido imóvel à Ré, M. F. de S. L., sua filha. Contudo, tal ato foi praticado em circunstâncias que maculam a validade do negócio jurídico, seja por vício de consentimento, seja por exceder a parte disponível do patrimônio do doador, em afronta à legítima dos herdeiros necessários.

Ressalte-se que, à época da doação, o Autor encontrava-se em estado de saúde fragilizado e sob influência direta da Ré, que se aproveitou da situação para obter a transferência integral do único bem imóvel do patrimônio do Autor, privando os demais herdeiros necessários de sua legítima.

Ademais, a doação foi realizada sem observância das formalidades legais e sem a devida assistência jurídica ao Autor, que não compreendia integralmente as consequências do ato. Tal situação caracteriza vício de consentimento, nos termos do CCB/2002, art. 138 e seguintes.

Após a lavratura da escritura, o Autor tomou ciência de que a doação, além de prejudicar os demais herdeiros necessários, excedeu a parte disponível de seu patrimônio, configurando doação inoficiosa, nos termos do CCB/2002, art. 549.

Diante disso, busca-se a anulação da doação, para que o imóvel retorne ao patrimônio do Autor e, por consequência, seja resguardada a legítima dos herdeiros necessários.

Os fatos narrados encontram respaldo em documentos anexos, especialmente a escritura pública de doação, certidão de matrícula do imóvel e provas testemunhais que demonstram a incapacidade do Autor à época do ato.

Assim, resta configurada a necessidade de tutela jurisdicional para a anulação da doação do imóvel em questão.

4. DO DIREITO

4.1. DA NULIDADE DA DOAÇÃO INOFICIOSA

O Código Civil Brasileiro estabelece limites à liberalidade do doador, vedando a doação de bens que ultrapassem a parte disponível, em prejuízo da legítima dos herdeiros necessários. Nos termos do CCB/2002, art. 548, "É nula a doação de todos os bens sem reserva de parte, ou renda suficiente para a subsistência do doador". Ademais, o CCB/2002, art. 549 dispõe: "Nula é também a doação quanto à parte que exceder a de que o doador, no momento da liberalidade, poderia dispor em testamento".

No caso em tela, a doação abrangeu a totalidade do patrimônio do Autor, privando os demais herdeiros necessários de sua legítima, o que enseja a nulidade parcial do ato, quanto à parcela excedente à parte disponível.

4.2. DO VÍCIO DE CONSENTIMENTO

O negócio jurídico deve ser celebrado com manifestação de vontade livre e consciente. O CCB/2002, art. 138 prevê a possibilidade de anulação do negócio jurídico quando houver erro, dolo, coação, estado de perigo ou lesão. No presente caso, o Autor, à época da doação, encontrava-se em estado de vulnerabilidade, sem plena compreensão das consequências do ato, o que caracteriza vício de consentimento.

4.3. DA LEGITIMIDADE E PRAZO PARA AJUIZAMENTO

Os herdeiros necessários são legítimos para pleitear a anulação de doação inoficiosa (CCB/2002, art. 1844). O prazo para anulação de negócio jurídico por vício de consentimento é de quatro anos (CCB/2002, art. 178, II), contado da data da celebração do ato ou do conhecimento do vício. No caso de nulidade absoluta, como na hipótese de doação inoficiosa, a ação pode ser proposta a qualquer tempo (CCB/2002, art. 169).

4.4. DOS PR"'>...


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Informações complementares

Simulação de Voto

I - Relatório

Trata-se de Ação de Anulação de Doação de Imóvel proposta por A. J. dos S. em face de M. F. de S. L., sua filha, na qual o Autor alega que, em razão de estado de saúde fragilizado e sob influência direta da Ré, realizou doação de seu único imóvel, excedendo a parte disponível do patrimônio e prejudicando os demais herdeiros necessários. Aduz ainda a existência de vício de consentimento e ausência de observância das formalidades legais, requerendo a anulação da doação e a reversão do bem ao seu patrimônio.

Citada, a Ré apresentou defesa, impugnando os pedidos e sustentando a regularidade do ato jurídico e a inexistência de vício de consentimento.

As partes produziram prova documental, testemunhal e pericial, conforme requerido.

II - Fundamentação

1. Da Preliminar

Não há preliminares ou questões processuais impeditivas ao conhecimento do mérito. Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do pedido principal.

2. Do Mérito

O cerne da controvérsia reside na análise da validade da doação do imóvel realizada pelo Autor à Ré, à luz dos fundamentos constitucionais e legais apresentados.

a) Da Doação Inoficiosa

O CCB/2002, art. 548 e CCB/2002, art. 549 estabelece que é nula a doação de todos os bens sem reserva de parte ou renda suficiente para a subsistência do doador, bem como quanto à parte que exceder a porção disponível em testamento, resguardando a legítima dos herdeiros necessários.

Os documentos acostados aos autos demonstram que a doação abrangeu a totalidade do patrimônio do Autor, privando os demais herdeiros da legítima. A jurisprudência dos tribunais estaduais é pacífica em reconhecer a nulidade da doação na parte que exceder a porção disponível do patrimônio do doador, conforme se depreende dos precedentes citados, notadamente do TJSP (Apelações Cíveis Acórdão/TJSP, Acórdão/TJSP, entre outros).

b) Do Vício de Consentimento

O CCB/2002, art. 138 e seguintes, prevê a anulação do negócio jurídico quando ausente a livre manifestação de vontade. A prova pericial e testemunhal demonstrou que, na data da doação, o Autor apresentava limitações cognitivas e estava sob influência direta da Ré, não compreendendo integralmente as consequências do ato. Restou caracterizado, portanto, o vício de consentimento.

c) Dos Princípios Constitucionais

A CF/88, art. 5º, II, consagra o princípio da legalidade, impondo a observância dos limites legais à disposição do patrimônio. A CF/88, art. 1º, III, e o CF/88, art. 226 reforçam a dignidade da pessoa humana e a proteção à família, princípios que devem orientar a interpretação das normas infraconstitucionais. Ademais, a CF/88, art. 93, IX  impõe ao magistrado o dever de fundamentação, o que ora se cumpre.

Assim, diante das provas produzidas e do conjunto normativo aplicável, verifica-se que a doação realizada é nula na parte em que excedeu a legítima dos herdeiros necessários e anulável por vício de consentimento.

3. Da Jurisprudência

A jurisprudência do Tribunal de Justiça de São Paulo, amplamente citada nos autos, corrobora o entendimento de que a doação em prejuízo da legítima deve ser anulada na parte excedente e, havendo vício de consentimento, o ato deve ser integralmente desfeito.

4. Dos Pedidos e Provas

O Autor instruiu a inicial com documentação apta a demonstrar a titularidade do imóvel, a realização da doação e o quadro de saúde à época do ato. A prova testemunhal e pericial reforçou a tese de vulnerabilidade e ausência de compreensão das consequências jurídicas do ato praticado.

III - Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, no CCB/2002, art. 548, CCB/2002, art. 549, CCB/2002, art. 138 e seguintes, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  • Declarar a nulidade da doação do imóvel situado na Rua das Laranjeiras, nº 50, Bairro Centro, [Cidade/UF], matrícula nº 12345, realizada em favor da Ré, M. F. de S. L., por vício de consentimento e por exceder a parte disponível do patrimônio do Autor;
  • Determinar a reversão do imóvel ao patrimônio do Autor, resguardando-se a legítima dos demais herdeiros necessários;
  • Condenar a Ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do CPC/2015, art. 85, § 2º;
  • Deferir os benefícios da justiça gratuita ao Autor, caso preenchidos os requisitos legais;
  • Homologo a produção de todas as provas já produzidas, restando prejudicadas as demais.

 

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV - Conclusão

Assim decido, fundamentando-me na legislação vigente, nos princípios constitucionais da legalidade, dignidade da pessoa humana e proteção à família, e na jurisprudência consolidada, em estrito cumprimento ao dever de fundamentação previsto na CF/88, art. 93, IX.

[Cidade], [data].

_______________________________________
Juiz(a) de Direito


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