Modelo de Embargos à execução fiscal contra Município de São Paulo por nulidade da CDA, ausência de processo administrativo, excesso de encargos moratórios e suspensão da exigibilidade do crédito tributário com base na L...

Publicado em: 30/06/2025 Processo Civil
Modelo de petição de embargos à execução fiscal ajuizados por contribuinte contra o Município de São Paulo, fundamentados na nulidade da Certidão de Dívida Ativa por vícios formais, ausência de regular processo administrativo e notificação, excesso na cobrança de encargos moratórios em desacordo com a EC 113/2021, e na suspensão da exigibilidade do crédito tributário devido ao depósito judicial integral, com pedidos de extinção da execução, adequação dos valores cobrados, produção de provas e audiência de conciliação.
← deslize para o lado para ver mais opções

EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara da Fazenda Pública da Comarca de São Paulo – Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, empresário, inscrito no CPF sob o nº 000.000.000-00, portador do RG nº 0.000.000-0, com endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 123, Bairro Centro, CEP 01000-000, São Paulo/SP, por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, nos autos da EXECUÇÃO FISCAL promovida pelo Município de São Paulo, pessoa jurídica de direito público interno, inscrito no CNPJ sob o nº 00.000.000/0001-00, com endereço eletrônico [email protected], com sede na Praça do Patriarca, nº 100, Centro, CEP 01002-000, São Paulo/SP, apresentar seus EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL com fulcro na Lei 6.830/1980, art. 16, e no CPC/2015, art. 914 e seguintes, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de execução fiscal ajuizada pelo Município de São Paulo em face de A. J. dos S., visando à cobrança de suposto crédito tributário referente ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), conforme Certidão de Dívida Ativa (CDA) anexa, relativa ao exercício de 2019, no valor originário de R$ 10.000,00 (dez mil reais), acrescido de multa, juros e correção monetária.

O embargante foi citado para pagamento do débito ou apresentação de garantia, tendo optado pelo depósito judicial do valor integral, com o objetivo de suspender a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do CTN, art. 151, II, e viabilizar a oposição dos presentes embargos.

Ocorre que a CDA que fundamenta a execução apresenta vícios formais e materiais, além de o lançamento do ISS ter ocorrido sem a devida instauração de processo administrativo regular, com ausência de notificação para defesa, afrontando o contraditório e a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV). Ademais, há excesso de execução quanto aos encargos moratórios, pois a atualização monetária e os juros foram aplicados em desacordo com a Emenda Constitucional 113/2021, art. 3º, que determina a utilização da Taxa SELIC.

Diante disso, o embargante apresenta os presentes embargos, visando a extinção da execução, a nulidade da CDA e a adequação dos consectários legais.

4. PRELIMINARES

4.1. NULIDADE DA CERTIDÃO DE DÍVIDA ATIVA (CDA)

A CDA que embasa a presente execução fiscal não atende aos requisitos do CTN, art. 202, e da Lei 6.830/1980, art. 2º, §5º, pois não discrimina de forma individualizada os valores, não indica o fundamento legal do crédito, tampouco o termo inicial dos encargos moratórios, nem o número do processo administrativo ou auto de infração. Tais omissões impedem o exercício do contraditório e da ampla defesa, tornando o título executivo nulo e ensejando a extinção do feito, nos termos do CPC/2015, art. 485, IV.

4.2. AUSÊNCIA DE REGULAR PROCESSO ADMINISTRATIVO E NOTIFICAÇÃO

O embargante não foi regularmente notificado acerca do lançamento do ISS, tampouco lhe foi oportunizada defesa administrativa, violando o princípio do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV). A ausência de notificação e de processo administrativo configura vício insanável, que macula a constituição do crédito tributário e acarreta a nulidade da execução.

4.3. EXCESSO DE EXECUÇÃO – APLICAÇÃO INDEVIDA DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA

A Municipalidade aplicou índices de correção monetária e juros superiores à Taxa SELIC, em afronta à EC 113/2021, art. 3º, que determina a utilização exclusiva da SELIC para atualização dos débitos fazendários a partir de 09/12/2021. Tal excesso deve ser reconhecido e corrigido, sob pena de enriquecimento ilícito do exequente e violação ao princípio da legalidade (CF/88, art. 37, caput).

5. DO DIREITO

5.1. DOS REQUISITOS DA CDA E SUA NULIDADE

A Certidão de Dívida Ativa, para ser considerada título executivo extrajudicial, deve conter todos os requisitos previstos no CTN, art. 202, e na Lei 6.830/1980, art. 2º, §5º, tais como: nome do devedor, origem, natureza e fundamento legal do crédito, valor originário, termo inicial e forma de cálculo dos juros e demais encargos, data de inscrição e número do processo administrativo ou auto de infração. A ausência de qualquer desses elementos compromete a validade do título e enseja a extinção da execução fiscal (CPC/2015, art. 485, IV).

No caso em tela, a CDA não individualiza valores, não indica o fundamento legal específico, nem o termo inicial dos encargos, tampouco faz menção ao processo administrativo, afrontando a legalidade e a segurança jurídica.

5.2. DA NECESSIDADE DE REGULAR PROCESSO ADMINISTRATIVO E NOTIFICAÇÃO

O princípio do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV) impõe à Administração o dever de oportunizar ao contribuinte a defesa prévia em processo administrativo, antes da constituição definitiva do crédito tributário. A ausência de notificação e de contraditório administrativo macula o lançamento e impede a exigibilidade do crédito, conforme reiterada jurisprudência.

5.3. DA SUSPENSÃO DA EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

O depósito judicial integral do valor executado, realizado pelo embargante, suspende a exigibilidade do crédito tributário, nos termos do CTN, art. 151, II, impedindo o prosseguimento da execução enquanto não houver decisão definitiva nos embargos.

5.4. DA EXCESSIVIDADE DOS ENCARGOS MORATÓRIOS

A atualização monetária e os juros incidentes sobre o débito fiscal devem observar a EC 113/2021, art. 3º, que impõe a aplicação exclusiva da Taxa SELIC a partir de 09/12/2021. A cobrança cumulativa de outros índices ou de juros superiores configura excesso de execução e afronta ao princípio da lega"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de embargos à execução fiscal opostos por A. J. dos S. em face do Município de São Paulo, objetivando a extinção da execução fiscal fundada em suposto crédito tributário referente ao ISS do exercício de 2019, no valor de R$ 10.000,00, acrescido de multa, juros e correção monetária.

O embargante alega, em síntese, a nulidade da Certidão de Dívida Ativa (CDA) por ausência de requisitos legais, a inexistência de regular processo administrativo com notificação prévia, bem como excesso de execução pela aplicação de índices de atualização monetária e juros em desconformidade com a EC 113/2021, art. 3º. Pleiteia, assim, a extinção da execução, a nulidade da CDA ou, subsidiariamente, a adequação dos valores cobrados.

Requer, ainda, o reconhecimento da suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão do depósito judicial integral, nos termos do CTN, art. 151, II.

É o relatório. Decido.

II. Fundamentação

1. Da Fundamentação Constitucional e Legal

Nos termos do CF/88, art. 93, IX, “todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”. Assim, cumpre ao magistrado examinar, à luz dos fatos e do direito, a controvérsia posta.

A matéria dos autos diz respeito à validade formal e material da CDA, à observância do contraditório e da ampla defesa, à adequação da atualização monetária e dos juros, bem como à suspensão da exigibilidade do crédito tributário.

2. Da Nulidade da Certidão de Dívida Ativa (CDA)

A CDA, para ser título executivo extrajudicial, deve atender aos requisitos previstos no CTN, art. 202, e na Lei 6.830/1980, art. 2º, §5º, quais sejam: identificação do devedor, origem e natureza do crédito, fundamento legal, valor originário, termo inicial e forma de cálculo dos encargos, data de inscrição e número do processo administrativo ou auto de infração.

Conforme verificado nos autos, a CDA apresentada não discrimina individualmente os valores, não indica o fundamento legal específico, tampouco faz menção ao processo administrativo ou ao termo inicial dos encargos moratórios. Tais omissões configuram vício formal que compromete a validade do título executivo, impedindo o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa pelo executado, em violação ao CF/88, art. 5º, LV.

A jurisprudência deste Tribunal de Justiça é firme ao reconhecer a necessidade de extinção do feito quando ausentes os requisitos legais da CDA, consoante precedentes colacionados aos autos e entendimento do CPC/2015, art. 485, IV.

3. Da Ausência de Regular Processo Administrativo e Notificação

O princípio do devido processo legal, consagrado no CF/88, art. 5º, LIV e LV, exige da Administração a instauração de processo administrativo regular e a notificação do contribuinte para oportunizar defesa antes da constituição definitiva do crédito tributário.

Nos autos, não há comprovação de notificação prévia do embargante acerca do lançamento do ISS, nem de abertura de processo administrativo, o que afronta flagrantemente os princípios constitucionais mencionados.

4. Do Excesso de Execução – Atualização Monetária e Juros

Com o advento da Emenda Constitucional 113/2021, art. 3º, a Taxa SELIC passou a ser o índice legal para atualização de débitos fazendários. A aplicação de outros índices ou de juros superiores configura excesso de execução e afronta ao princípio da legalidade (CF/88, art. 37, caput).

Verifica-se que a Municipalidade, de fato, aplicou índices superiores à SELIC na apuração dos encargos, em desacordo com a orientação constitucional e jurisprudencial.

5. Da Suspensão da Exigibilidade pelo Depósito Judicial Integral

O embargante comprovou o depósito judicial integral do valor executado. Nos termos do CTN, art. 151, II, tal providência suspende a exigibilidade do crédito tributário, impedindo o prosseguimento da execução enquanto não houver decisão definitiva nos embargos.

6. Da Jurisprudência Aplicável

Os precedentes citados confirmam a necessidade de observância dos requisitos legais da CDA, a exigência de processo administrativo prévio, a aplicação exclusiva da Taxa SELIC após a EC 113/2021 e a suspensão da exigibilidade pelo depósito judicial integral.

III. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTES os embargos à execução fiscal opostos por A. J. dos S., para:

  • Reconhecer a nulidade da CDA por ausência dos requisitos legais, com fundamento no CPC/2015, art. 485, IV;
  • Extinguir a execução fiscal em razão da nulidade do título executivo;
  • Subsidiariamente, caso superada a questão da nulidade, declarar a inexigibilidade dos encargos moratórios aplicados em desacordo com a Emenda Constitucional 113/2021, art. 3º, limitando a atualização monetária e os juros à Taxa SELIC a partir de 09/12/2021;
  • Reconhecer a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão do depósito judicial integral (CTN, art. 151, II);
  • Condenar o Município de São Paulo ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, na forma do CPC/2015, art. 85.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV. Fundamentação Final

Ressalto que a decisão ora prolatada atende ao dever de fundamentação imposto pelo CF/88, art. 93, IX, com exame dos fatos e do direito aplicável, em observância aos princípios do contraditório, ampla defesa, legalidade e devido processo legal.

São Paulo, 10 de junho de 2025.

Magistrado
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.