Modelo de Defesa prévia em processo criminal por homicídio culposo na direção de veículo automotor, com pedido de absolvição por culpa concorrente da vítima e dosimetria da pena mínima, incluindo substituição por restri...

Publicado em: 24/06/2025 Direito Penal Processo Penal
Defesa prévia apresentada pelo réu acusado de homicídio culposo no trânsito, fundamentada na culpa concorrente da vítima, com pedidos subsidiários de fixação da pena no mínimo legal, substituição por restritivas de direitos, suspensão proporcional da habilitação e produção de provas, visando garantir ampla defesa e contraditório conforme princípios constitucionais e jurisprudência atual.
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DEFESA PRÉVIA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ____________ – Tribunal de Justiça do Estado.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Réu: A. J. dos S., brasileiro, casado, comerciante, portador do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000 SSP/XX, residente e domiciliado à Rua das Flores, nº 100, Bairro Central, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].
Advogado: M. F. de S. L., inscrita na OAB/XX sob o nº 00000, com escritório profissional à Rua dos Advogados, nº 200, Bairro Centro, Cidade/UF, CEP 00000-000, endereço eletrônico: [email protected].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Ministério Público ofereceu denúncia em face de A. J. dos S. pela suposta prática do crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor (Lei 9.503/97, art. 302), em razão de acidente de trânsito ocorrido em data de ___/___/____, nesta cidade.

Conforme narrado na exordial acusatória, o acusado conduzia sua camioneta, subindo uma avenida de duas pistas, quando, ao realizar uma conversão à esquerda, atravessou a via e colidiu com uma motocicleta que trafegava na pista oposta, em sentido descendente e em alta velocidade (superior a 80 km/h). O condutor da motocicleta, vítima do acidente, sofreu graves lesões e veio a óbito após receber atendimento médico hospitalar.

Ressalte-se que A. J. dos S. permaneceu no local do acidente até a chegada do socorro, demonstrando colaboração e ausência de intenção de se evadir, não acompanhando a vítima ao hospital apenas por receio de represálias, pois familiares da vítima proferiram ameaças contra sua integridade.

A denúncia imputa ao réu conduta imprudente, mas não considera, de forma adequada, a contribuição da vítima para o evento, especialmente pelo fato de trafegar em velocidade excessiva, fator determinante para a ocorrência e gravidade do acidente.

4. PRELIMINARES

Inépcia da Denúncia – Inocorrência
Não há que se falar em inépcia da denúncia, pois a exordial acusatória descreve os fatos de forma suficiente, permitindo o exercício da ampla defesa, conforme entendimento consolidado do TJSP (Apelação Criminal 1517401-98.2021.8.26.0228).

Ausência de Nulidade Processual
Não se vislumbra qualquer cerceamento de defesa ou nulidade processual, uma vez que todos os atos essenciais foram regularmente praticados, e não houve indeferimento injustificado de provas essenciais, conforme entendimento do TJSP (Apelação Criminal 1500772-28.2019.8.26.0484).

5. DO DIREITO

5.1. TIPICIDADE E CULPA

O réu responde pelo crime de homicídio culposo na direção de veículo automotor, previsto na Lei 9.503/97, art. 302. O tipo penal exige a comprovação de conduta imprudente, negligente ou imperita, bem como o nexo causal entre a conduta e o resultado morte.

No caso em tela, embora o acusado tenha realizado manobra imprudente ao atravessar a avenida, é imprescindível considerar a concorrência de culpa da vítima, que trafegava em velocidade excessiva, superior a 80 km/h, contribuindo de forma decisiva para a ocorrência do acidente.

O Código Penal, art. 13, §1º, dispõe que a superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado. Ainda que não se afaste totalmente o nexo causal, a culpa concorrente deve ser considerada para fins de dosimetria da pena, conforme entendimento do TJSP e TJRJ.

5.2. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS

O réu faz jus à ampla defesa e ao contraditório, garantias fundamentais previstas na CF/88, art. 5º, LV. Ademais, o princípio da individualização da pena (CF/88, art. 5º, XLVI) impõe que as circunstâncias do caso concreto sejam devidamente valoradas, inclusive a colaboração do acusado e a conduta da vítima.

5.3. DOSIMETRIA DA PENA

Caso mantida a condenação, a pena deve ser fixada no mínimo legal, em razão da ausência de circunstâncias judiciais desfavoráveis (CP, art. 59). A suspensão da habilitação para dirigir veículo automotor deve observar o princípio da proporcionalidade, conforme jurisprudência do TJSP e TJRJ, partindo do mínimo legal, salvo circunstâncias excepcionais (Lei 9.503/97, art. 293).

Ademais, preenchidos os requisitos do CP, art. 44, é cabível a substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos, como prestação de serviços à comunidade e prestação pecuniária, em atenção à natureza culposa do delito e à primariedade do réu.

5.4. PERDÃO JUDICIAL

O CP, art. 121, §5º, prevê o perdão judicial quando as consequências do crime atingirem o agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. No caso, embora o réu tenha sofrido com o evento, não há nos autos prova cabal de que tal situação justifique o perdão judicial, conforme entendimento do TJSP.

5.5. SUSPENSÃO DA HABILITAÇÃO

A suspensão do direito de dirigir deve se"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de análise dos autos em que A. J. dos S. foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas sanções do art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro ( Lei 9.503/97), pela suposta prática de homicídio culposo na direção de veículo automotor.

Consta que, em data de ___/___/____, ao realizar conversão à esquerda em avenida de duas pistas, o réu colidiu com motocicleta conduzida pela vítima, que trafegava em sentido oposto e em velocidade superior a 80 km/h, resultando no falecimento desta após atendimento médico.

Segundo a peça defensiva, além da ausência de dolo ou culpa exclusiva, houve culpa concorrente da vítima, que trafegava em velocidade excessiva. Ressaltou-se, ainda, a colaboração do réu no local dos fatos, e a primariedade.

Fundamentação

Preliminares

Inicialmente, afasto as preliminares de inépcia da denúncia e de nulidade processual. Conforme o entendimento consolidado do TJSP (Apelação Criminal Acórdão/TJSP), a exordial acusatória descreve de forma clara e suficiente os fatos imputados, possibilitando ao réu o pleno exercício da ampla defesa (CPP, art. 41). Todos os atos essenciais foram regularmente praticados, não se verificando cerceamento de defesa.

Mérito

Tipicidade e Culpa

A materialidade e autoria restaram demonstradas pelo conjunto probatório dos autos. A conduta do réu se amolda ao tipo descrito no art. 302 do CTB, uma vez que realizou manobra imprudente ao realizar conversão à esquerda, atravessando a pista oposta.

Contudo, a análise hermenêutica do caso impõe o reconhecimento da culpa concorrente da vítima, que trafegava em velocidade significativamente superior à permitida para a via, fator determinante para a ocorrência e gravidade do acidente. A exegese do art. 13, §1º, do Código Penal, e a jurisprudência dos tribunais superiores, permitem considerar a concorrência de culpas para atenuar a responsabilidade penal e influenciar a dosimetria da pena.

Princípios Constitucionais

Ressalto o respeito aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), bem como da individualização da pena (CF/88, art. 5º, XLVI), assegurando-se que todas as circunstâncias do caso concreto sejam valoradas, inclusive a colaboração do acusado e a conduta da vítima.

O presente voto encontra-se devidamente fundamentado, em observância ao preceito do art. 93, IX, da Constituição Federal.

Dosimetria da Pena e Sanções

Não havendo circunstâncias judiciais desfavoráveis (CP, art. 59), a pena-base deve ser fixada no mínimo legal. A suspensão do direito de dirigir também deve observar o princípio da proporcionalidade e ser fixada no patamar mínimo, conforme destacado pela jurisprudência (Apelação Criminal Acórdão/TJSP).

Atendidos os requisitos do art. 44 do Código Penal, a pena privativa de liberdade poderá ser substituída por restritivas de direitos, diante da natureza culposa do delito e da primariedade do réu.

Perdão Judicial

Não restou comprovado nos autos que as consequências do crime atingiram o réu de maneira tão grave que tornem desnecessária a imposição da sanção penal, não se mostrando cabível o perdão judicial (CP, art. 121, §5º).

Jurisprudências Aplicadas

  • O reconhecimento do comportamento da vítima na fixação da fração de aumento pela consequência do delito (TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP).
  • Inexistência de inépcia da denúncia quando preenchidos os requisitos do art. 41 do CPP (TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP).
  • Possibilidade de substituição da pena privativa de liberdade por restritivas de direitos em crimes culposos, nos termos do art. 44 do CP (TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ).
  • Suspensão do direito de dirigir proporcional à gravidade da conduta (TJSP, Apelação Criminal Acórdão/TJSP).

Dispositivo

Diante do exposto, julgo parcialmente procedente o pedido, nos termos do art. 386, inciso III, do Código de Processo Penal, para:

  1. Condenar o réu A. J. dos S. pela prática do crime previsto no art. 302 do CTB, considerando a culpa concorrente da vítima para fins de dosimetria da pena;
  2. Fixar a pena privativa de liberdade no mínimo legal, com substituição por duas penas restritivas de direitos, conforme art. 44 do Código Penal;
  3. Determinar a suspensão do direito de dirigir pelo prazo mínimo legal, observando-se o princípio da proporcionalidade;
  4. Indefiro o pedido de perdão judicial, por ausência de provas cabais quanto à sua aplicabilidade;
  5. Defiro a produção de todas as provas admitidas em direito, caso haja interposição de recurso pelas partes.

Em caso de interposição de recurso, dele conheço, por preenchidos os requisitos de admissibilidade, mas nego provimento ao apelo defensivo quanto ao pedido de absolvição, por restar comprovada a responsabilidade penal, ainda que mitigada pela conduta da vítima.

Conclusão

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Cidade/UF, ___ de ___________ de 2024.

Juiz de Direito


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