Modelo de Ação de Revisão Contratual com Pedido de Tutela Antecipada para Limitação de Descontos em Empréstimos Consignados de Consumidora Aposentada Superendividada contra Banco X S.A., com Base na Lei 14.181/2021 e CDC

Publicado em: 13/07/2025 Processo CivilConsumidor
Petição inicial ajuizada por consumidora aposentada contra Banco X S.A. e outras instituições financeiras, requerendo a revisão dos contratos de empréstimo consignado, a repactuação das dívidas e a concessão de tutela antecipada para limitar os descontos mensais a 30% da renda líquida, visando garantir o mínimo existencial, com fundamento no Código Civil, Código de Defesa do Consumidor, Lei 14.181/2021 (superendividamento) e Constituição Federal. Inclui pedido de justiça gratuita, produção de provas e tramitação prioritária.
← deslize para o lado para ver mais opções

PETIÇÃO INICIAL COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF]
(Competência do Tribunal de Justiça do Estado – TJ/[UF])

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. F. de S. L., brasileira, solteira, aposentada, portadora do CPF nº 000.000.000-00, RG nº 0.000.000 SSP/[UF], profissão: professora aposentada, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade]/[UF], por seu advogado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL C/C REPACUTAÇÃO DE DÍVIDAS E PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA
em face de BANCO X S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 00.000.000/0001-00, com sede na Avenida Principal, nº 1000, Bairro Centro, CEP 00000-000, [Cidade]/[UF], endereço eletrônico: [email protected], e demais instituições financeiras a serem identificadas no curso do feito, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

A autora, A. F. de S. L., é aposentada e, ao longo dos últimos anos, celebrou diversos contratos de empréstimo consignado com o réu e outras instituições financeiras, com descontos realizados diretamente em seu benefício previdenciário.

Em razão de sucessivas renovações e contratações, a soma dos descontos mensais passou a comprometer parcela substancial de sua renda, ultrapassando o limite do razoável e tornando inviável a manutenção de suas despesas básicas, como alimentação, saúde e moradia.

A autora tentou, por diversas vezes, renegociar administrativamente suas dívidas, sem sucesso, sendo surpreendida com a continuidade dos descontos em patamar que compromete seu mínimo existencial, colocando em risco sua dignidade e subsistência.

Diante desse cenário de superendividamento, a autora busca a revisão judicial dos contratos, a limitação dos descontos mensais e a repactuação das dívidas, nos termos da legislação vigente, especialmente a Lei 14.181/2021 (Lei do Superendividamento).

Ressalta-se que a manutenção dos descontos em percentual elevado inviabiliza a subsistência da autora, que se encontra em situação de hipervulnerabilidade, sendo imprescindível a intervenção judicial para assegurar a efetividade de seus direitos fundamentais.

Assim, faz-se necessário o ajuizamento da presente demanda, com pedido de tutela antecipada para limitação imediata dos descontos, até a repactuação das dívidas, a fim de preservar a dignidade, saúde e sobrevivência da autora.

Resumo argumentativo: Os fatos narrados demonstram a situação de superendividamento da autora, a tentativa frustrada de solução administrativa e a necessidade de intervenção judicial para resguardar direitos essenciais, conectando-se diretamente aos fundamentos jurídicos e pedidos a seguir.

4. DO DIREITO

4.1. DA POSSIBILIDADE DE REVISÃO JUDICIAL DOS CONTRATOS

O CCB/2002, art. 421-A, estabelece que a revisão judicial dos contratos é admitida em situações de onerosidade excessiva, abusividade ou desequilíbrio contratual. No caso em tela, a manutenção dos descontos em patamar elevado caracteriza evidente desequilíbrio, tornando a obrigação excessivamente onerosa para a autora.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC), especialmente após a inclusão dos arts. 104-A, 104-B e 104-C pela Lei 14.181/2021, autoriza a repactuação judicial das dívidas do consumidor superendividado, com vistas à preservação do mínimo existencial e à promoção da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

4.2. DA TUTELA DE URGÊNCIA

O CPC/2015, art. 300, dispõe que a tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo, desde que reversível o provimento pretendido.

No presente caso, a probabilidade do direito está evidenciada pela situação de superendividamento e pela necessidade de preservação do mínimo existencial. O perigo de dano é manifesto, pois a continuidade dos descontos compromete a subsistência da autora, podendo causar danos irreparáveis à sua saúde e dignidade.

A reversibilidade da medida está presente, pois eventuais valores devidos poderão ser compensados ou pagos ao final do processo, caso a demanda principal seja julgada improcedente.

4.3. DOS PRINCÍPIOS JURÍDICOS APLICÁVEIS

O princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da função social do contrato (CCB/2002, art. 421), da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) e da proteção ao consumidor hipervulnerável (CDC, art. 4º, I e III) fundamentam a necessidade de intervenção judicial para reequilibrar a relação contratual e proteger o consumidor superendividado.

A Lei 14.181/2021, ao disciplinar o superendividamento, visa assegurar a efetividade desses princípios, promovendo a repactuação das dívidas e a limitação dos descontos para garantir a subsistência do consumidor.

Fechamento argumentativo: Os dispositivos legais e princípios invocados demonstram a legitimidade e necessidade da revisão contratual e da concessão da tutela antecipada, em consonância com a jurisprudência e a legislação vigente.

5. JURISPRUDÊNCIAS

TJMG – 15ª Câmara Cível – Agravo de Instrumento-Cv 1.0000.24.406789-8/001 – Rel. Des. Maurílio Gabriel – J. em 07/02/2025 – DJ 12/02/2025
“A tutela provisória de urgência exige a demonstração cumulativa da probabilidade do direito e do perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, observando-se a reversibilidade dos efeitos da decisão, conforme CPC/2015, art. 300. A limitação dos descontos bancários em folha a 30% dos rendimentos líquidos do consumidor vulnerável "'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de Ação de Revisão Contratual c/c Repactuação de Dívidas e Pedido de Tutela Antecipada promovida por A. F. de S. L. em face de Banco X S.A. e demais instituições financeiras, na qual a parte autora alega situação de superendividamento decorrente de contratos de empréstimo consignado, com descontos que excedem percentual razoável de sua renda, comprometendo seu mínimo existencial. Pleiteia, liminarmente, a limitação dos descontos mensais a 30% de sua renda líquida, repactuação das dívidas e abstenção de inscrição em cadastros restritivos.

II. Fundamentação

1. Da Admissibilidade

Os pressupostos processuais e condições da ação estão presentes, sendo regular o procedimento adotado e adequada a via eleita para a tutela jurisdicional pretendida. Conheço do pedido, nos termos do que dispõe o CPC/2015, art. 319.

2. Dos Fatos e do Direito

Da análise dos autos, verifica-se que a autora é aposentada, encontra-se em situação de superendividamento, e a soma dos descontos mensais relativos a empréstimos consignados inviabiliza sua subsistência, comprometendo renda necessária à manutenção de despesas básicas, como alimentação, saúde e moradia.

A Constituição Federal consagra, como fundamento, a dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), princípio que irradia efeitos sobre todas as relações jurídicas, notadamente nas relações de consumo, exigindo a preservação do mínimo existencial.

A legislação consumerista, especialmente após a Lei 14.181/2021, prevê mecanismos para a repactuação de dívidas e proteção do consumidor superendividado (CDC, arts. 104-A a 104-C). O CCB/2002, art. 421-A autoriza a revisão contratual em caso de onerosidade excessiva, abusividade ou desequilíbrio, como ocorre na hipótese dos autos.

A manutenção dos descontos em patamar elevado, sem observância do limite razoável, caracteriza violação aos princípios da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da função social do contrato (CCB/2002, art. 421), e à proteção do consumidor hipervulnerável (CDC, art. 4º, I e III).

3. Da Tutela de Urgência

Para a concessão da tutela de urgência, imperioso o preenchimento dos requisitos previstos no CPC/2015, art. 300: a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.

No caso presente, restou demonstrada a probabilidade do direito da autora, dado seu enquadramento como consumidora superendividada e a necessidade de preservação do mínimo existencial. O perigo de dano é evidente, pois o prosseguimento dos descontos pode comprometer a manutenção de condições básicas de vida, ensejando danos irreparáveis à saúde e dignidade.

A reversibilidade da medida também se faz presente, pois eventual diferença poderá ser ajustada ao final, caso a demanda seja julgada improcedente.

A jurisprudência dos tribunais pátrios, em especial do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e de São Paulo, pacificou entendimento pela possibilidade de limitação dos descontos em folha de pagamento ao percentual máximo de 30% dos rendimentos líquidos do consumidor superendividado, como forma de resguardar o mínimo existencial e garantir a efetividade do processo (vide, por exemplo, TJMG – 15ª Câmara Cível – Agravo de Instrumento-Cv 1.0000.24.406789-8/001 – Rel. Des. Maurílio Gabriel – J. em 07/02/2025).

4. Dos Fundamentos Constitucionais e Legais

O dever de fundamentação das decisões judiciais é imposto pelo CF/88, art. 93, IX, que exige o enfrentamento de todos os fundamentos relevantes ao deslinde da controvérsia.

No caso, a limitação dos descontos encontra respaldo nos princípios constitucionais (dignidade da pessoa humana, CF/88, art. 1º, III), na legislação infraconstitucional (CCB/2002, art. 421-A, CDC, arts. 104-A a 104-C), bem como na legislação processual (CPC/2015, art. 300).

O pedido de designação de audiência de conciliação/mediação para tentativa de repactuação das dívidas está em consonância com o CPC/2015, art. 319, VII e com o procedimento previsto na Lei 14.181/2021.

III. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para:
a) CONCEDER A TUTELA ANTECIPADA, determinando que a soma dos descontos mensais incidentes sobre os proventos da autora seja imediatamente limitada ao patamar máximo de 30% de sua renda líquida, até ulterior decisão judicial, com a suspensão de eventuais cobranças superiores a esse percentual, bem como abstenção de inscrição de seu nome em cadastros de restrição ao crédito, em razão das dívidas objeto desta demanda;
b) RECONHECER a onerosidade excessiva e o desequilíbrio contratual nos contratos firmados;
c) DETERMINAR a repactuação judicial das dívidas da autora, a ser oportunamente apurada, nos termos do CDC, arts. 104-A a 104-C;
d) DECLARAR a inexigibilidade de cobranças superiores ao percentual fixado, com restituição de eventuais valores descontados a maior, se apurado em liquidação de sentença;
e) CONFIRMAR a abstenção de inscrição do nome da autora em cadastros restritivos de crédito em relação às dívidas objeto desta demanda.

Condeno os réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do CPC/2015, art. 85.

Defiro, se requeridos e comprovados, os benefícios da justiça gratuita, nos termos do CPC/2015, art. 98.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV. Conclusão

É como voto.

[Cidade], [data].
Juiz de Direito


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.