Princípio da Vedação às Obrigações Perpétuas em Contratos de Direitos Autorais: Limitação Temporal, Revisão Contratual e Proteção Constitucional dos Autores
Publicado em: 05/08/2025 CivelConstitucionalTESE DOUTRINÁRIA EXTRAÍDA DO ACÓRDÃO:
O PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO ÀS OBRIGAÇÕES PERPÉTUAS SE APLICA AOS CONTRATOS DE DIREITOS AUTORAIS, IMPEDINDO A VINCULAÇÃO ETERNA DOS AUTORES A CESSÕES OU LICENÇAS SEM PRAZO DETERMINADO OU QUE NÃO PREVEJAM REVISÃO À LUZ DAS MUDANÇAS TECNOLÓGICAS E SOCIAIS.
COMENTÁRIO EXPLICATIVO
O Supremo Tribunal Federal, acompanhando a evolução social e econômica, reconhece que a liberdade contratual encontra limites, notadamente na vedação a obrigações perpétuas, mesmo em contratos de cessão de direitos autorais. A perpetuidade de obrigações é incompatível com a dignidade do autor-trabalhador e com a função social do contrato, especialmente quando refletida em contratos de adesão celebrados em contextos de assimetria de poder e informação. Assim, cabe ao Judiciário assegurar a possibilidade de revisão, resilição ou extinção desses vínculos, evitando a perpetuação de situações desfavoráveis e desproporcionais aos titulares do direito.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
- CF/88, art. 5º, XX: Liberdade de contratar e vedação à vinculação perpétua;
- CF/88, art. 1º, III e IV: Dignidade da pessoa humana e valores sociais do trabalho;
- CF/88, art. 170: Princípios da ordem econômica e função social do contrato.
FUNDAMENTO LEGAL
- Código Civil Brasileiro (CCB/2002), art. 421: Função social do contrato;
- Lei 9.610/1998, art. 49, V: Exigência de determinação do prazo na cessão de direitos autorais;
- Lei 5.988/1973, art. 3º (revogada): Limitação à cessão genérica e indeterminada.
SÚMULAS APLICÁVEIS
- Não há súmulas específicas do STF ou STJ diretamente aplicáveis à vedação de obrigações perpétuas em direito autoral, mas a orientação é extraída dos princípios gerais de direito civil e da própria jurisprudência constitucional.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O reconhecimento da vedação às obrigações perpétuas em contratos de direitos autorais tem impacto relevante para a proteção do autor, prevenindo abusos históricos e promovendo o equilíbrio contratual, em consonância com a função social do contrato e a própria evolução do mercado cultural. A decisão estimula práticas contratuais mais transparentes, previsíveis e justas, servindo de parâmetro para futuras controvérsias e contribui para o desenvolvimento sustentável do setor criativo.
ANÁLISE CRÍTICA
A aplicação do princípio da vedação às obrigações perpétuas em contratos de direitos autorais evidencia o compromisso do Supremo Tribunal Federal com a dignidade do trabalhador intelectual e com a necessária adaptação das relações jurídicas às transformações sociais e tecnológicas. A limitação temporal dos contratos e a possibilidade de sua revisão ou extinção são essenciais para garantir a justa remuneração e a autonomia do autor, bem como para evitar práticas abusivas e perpetuação de desequilíbrios históricos na indústria cultural. A decisão é acertada e alinhada com a moderna doutrina jurídica, promovendo segurança e justiça no âmbito das relações autorais.
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