Modelo de Petição Inicial de Ação de Indenização por Danos Morais contra Centauro S.A. por Falha na Entrega de Produto e Inadimplemento Contratual com Fundamentação no CDC e Código Civil

Publicado em: 16/05/2025 Processo CivilConsumidor
Petição inicial proposta por consumidor contra Centauro S.A. requerendo indenização por danos morais e restituição de valores pagos devido à não entrega de produto adquirido, fundamentada na responsabilidade objetiva do fornecedor conforme CDC, no inadimplemento contratual e na teoria do desvio produtivo, com pedidos de citação, produção de provas e designação de audiência de conciliação.

PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito do Juizado Especial Cível do Foro de Vitória/ES,

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, analista de sistemas, portador do CPF nº 123.456.789-00, RG nº 1.234.567 SSP/ES, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado na Rua das Palmeiras, nº 100, Bairro Jardim Camburi, Vitória/ES, CEP 29090-000,
Requerente,

em face de

Centauro S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 12.345.678/0001-99, com sede na Avenida Central, nº 500, Bairro Enseada do Suá, Vitória/ES, CEP 00000-000, endereço eletrônico [email protected],
Requerida,

vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

No dia 02 de abril do corrente ano, o Requerente dirigiu-se à loja física da Requerida – Centauro, situada no Shopping Vitória, ocasião em que adquiriu um par de tênis, recebendo-o imediatamente. Na mesma oportunidade, realizou a compra de uma bermuda pelo site da Requerida, com a promessa de entrega do produto em até 10 (dez) dias no endereço residencial do Requerente.

Após o decurso do prazo prometido, a Requerida enviou e-mail solicitando o telefone do Requerente, sem, contudo, efetuar a entrega da bermuda adquirida. Passados vários dias além do prazo estipulado, o produto não foi entregue, tampouco houve qualquer devolução dos valores pagos ou justificativa plausível para o inadimplemento.

O Requerente, na tentativa de resolver a situação de forma amigável, buscou contato com a Requerida por diversos canais, sem sucesso. Tal conduta caracteriza flagrante descaso e desrespeito ao consumidor, que, além de não receber o produto adquirido, teve seu tempo e expectativa frustrados, sendo compelido a recorrer ao Judiciário para ver resguardados seus direitos.

Ressalte-se que a conduta da Requerida ultrapassa o mero inadimplemento contratual, atingindo direitos da personalidade do Requerente, que foi submetido a constrangimento, frustração e perda de tempo útil, em manifesta violação aos princípios da dignidade da pessoa humana e da boa-fé objetiva.

Diante do exposto, resta evidente a necessidade de reparação pelos danos morais sofridos pelo Requerente.

4. DO DIREITO

4.1. DA RELAÇÃO DE CONSUMO E RESPONSABILIDADE OBJETIVA

A relação estabelecida entre as partes é nitidamente de consumo, nos termos do CDC, art. 2º e CDC, art. 3º, sendo o Requerente consumidor e a Requerida fornecedora de produtos e serviços.

O CDC, art. 14, estabelece a responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação de serviços, independentemente de culpa. Assim, basta a demonstração do dano e do nexo causal, ambos presentes no caso em tela.

4.2. DO INADIMPLEMENTO CONTRATUAL E DA OBRIGAÇÃO DE ENTREGA

A Requerida comprometeu-se a entregar o produto adquirido pelo Requerente no prazo de 10 dias, não o fazendo até a presente data, em flagrante descumprimento contratual. O CDC, art. 35, III, assegura ao consumidor o direito de exigir o cumprimento forçado da obrigação, aceitar outro produto equivalente ou rescindir o contrato com restituição da quantia paga.

O CCB/2002, art. 313, reforça que o credor não é obrigado a aceitar prestação diversa da contratada, sendo direito do Requerente receber o produto adquirido ou ser ressarcido.

4.3. DO DANO MORAL E DA TEORIA DO DESVIO PRODUTIVO

A conduta da Requerida não se limita a mero aborrecimento, pois impôs ao Requerente a necessidade de despender tempo e esforço para solucionar um problema criado exclusivamente pela fornecedora, caracterizando o chamado desvio produtivo do consumidor, reconhecido pela jurisprudência pátria como ensejador de dano moral.

O dano moral, neste contexto, decorre da frustração da legítima expectativa do consumidor, da sensação de impotência e da violação à sua dignidade, princípios estes consagrados na CF/88, art. 1º, III. O CDC, art. 6º, VI, garante ao consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.

A responsabilidade da Requerida é objetiva, não havendo excludente de responsabilidade no presente caso, pois não há prova de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, conforme CPC/2015, art. 373, II.

O quantum indenizatório deve ser fixado com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, de modo a reparar o dano sofrido sem ensejar enriquecimento ilícito, conforme orientação do STJ.

Por todo o exposto, resta configurado o dever de indenizar.

5. JURISPRUDÊNCIAS

“A falha na prestação de serviço que leva o consumidor a perder tempo para resolver problemas causados pelo fornecedor constitui dano moral indenizável. O valor da indenização deve ser proporcional aos transtornos sofridos, sem ensejar enriquecimento ilícito à autora. Valor indenizatório majorado para o importe de R$ 3.000,00.”
(TJSP, 34ª Câmara de Direito Privado, Apelação Cível 1019981-18.2024.8.26.0564, Rel. Des. L. G. Costa Wagner, J. em 19/02/20"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de ação de indenização por danos morais proposta por A. J. dos S. em face de Centauro S.A., alegando que adquiriu, em 02 de abril do corrente ano, um par de tênis em loja física e, simultaneamente, uma bermuda pelo site da Requerida, com previsão de entrega em até 10 dias. O produto adquirido via internet não foi entregue, tampouco houve devolução do valor pago ou justificativa plausível. O Requerente buscou, sem êxito, resolver a situação de forma extrajudicial, sendo compelido a recorrer ao Judiciário.

Sustenta que a conduta da Requerida extrapola o mero inadimplemento contratual, ensejando danos morais pela frustração das legítimas expectativas e pela perda de tempo útil, requerendo indenização não inferior a R$ 3.000,00, bem como restituição do valor pago pela bermuda.

A Requerida foi devidamente citada, mas não apresentou defesa comprovando fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.

II. Fundamentação

II.1. Da Hermenêutica Constitucional e Legal

O julgamento do presente feito demanda a análise dos fatos sob a luz dos princípios constitucionais e das normas infraconstitucionais aplicáveis, em especial o dever de fundamentação das decisões judiciais, conforme a CF/88, art. 93, IX:

\"Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade...\"

Assim, a decisão deve ser clara quanto às razões de fato e de direito que a embasam, garantindo o contraditório e a ampla defesa.

II.2. Da Relação de Consumo e Responsabilidade Objetiva

O caso versa sobre relação de consumo, conforme o CDC, art. 2º e CDC, art. 3º, sendo o Requerente consumidor e a Requerida fornecedora. Nos termos do CDC, art. 14, a responsabilidade do fornecedor é objetiva, bastando a comprovação do dano e do nexo causal. Restou incontroverso o não recebimento do produto adquirido e o descaso na solução do litígio.

II.3. Do Inadimplemento Contratual

Ficou demonstrado o inadimplemento contratual da Requerida, que não entregou o produto adquirido no prazo pactuado, nem devolveu o valor pago, violando o CDC, art. 35, III, do CDC e o CCB/2002, art. 313. O consumidor tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação ou a restituição dos valores pagos.

II.4. Do Dano Moral e da Teoria do Desvio Produtivo

A conduta da Requerida não se limita a mero aborrecimento cotidiano. O Requerente foi compelido a despender tempo e esforço excessivos para solucionar problema gerado exclusivamente pela fornecedora, configurando o chamado desvio produtivo do consumidor. A jurisprudência consolidou o entendimento de que tal situação enseja reparação por dano moral, pois atinge a dignidade do consumidor (CF/88, art. 1º, III) e viola o direito à efetiva reparação de danos (CDC, art. 6º, VI).

“A falha na prestação de serviço que leva o consumidor a perder tempo para resolver problemas causados pelo fornecedor constitui dano moral indenizável. O valor da indenização deve ser proporcional aos transtornos sofridos, sem ensejar enriquecimento ilícito à autora.” (TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP)

Ademais, não há nos autos elementos que afastem a responsabilidade da Requerida (CPC/2015, art. 373, II).

II.5. Do Quantum Indenizatório

O valor da indenização por dano moral deve observar os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, considerando-se a extensão do dano, a capacidade econômica das partes e a finalidade pedagógica da condenação, evitando-se o enriquecimento ilícito (Súmula 326/STJ).

A jurisprudência indica valores entre R$ 1.000,00 e R$ 3.000,00 para casos análogos, a depender das circunstâncias do caso concreto.

III. Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido formulado por A. J. dos S. em face de Centauro S.A., para:

  • Condenar a Requerida ao pagamento de indenização por danos morais ao Requerente, que fixo em R$ 3.000,00 (três mil reais), corrigidos monetariamente a partir desta data e acrescidos de juros legais a contar do evento danoso;
  • Condenar a Requerida a restituir ao Requerente o valor pago pela bermuda não entregue, devidamente corrigido e acrescido de juros legais desde o desembolso;
  • Condenar a Requerida ao pagamento das custas processuais e, se houver, honorários advocatícios, estes fixados em 10% do valor da condenação, nos termos da Lei 9.099/1995, art. 55.

Julgo extinto o processo, com resolução de mérito, nos termos do CPC/2015, art. 487, inciso I.

IV. Conclusão

Publique-se. Registre-se. Intimem-se as partes.

Vitória/ES, ____ de _____________ de 2025.

_______________________________________
Magistrado(a)

V. Observações Finais

Este voto está devidamente fundamentado, em estrita observância a CF/88, art. 93, IX, bem como aos princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, do devido processo legal, ampla defesa e contraditório, respeitando a coerência entre os fatos apurados e o direito aplicável.


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