Modelo de Defesa prévia criminal em ação de lesão corporal no contexto de violência doméstica, com pedido de absolvição por legítima defesa e desclassificação subsidiária, fundamentada no CP, Lei Maria da Penha e princ...

Publicado em: 06/05/2025 Advogado Direito Penal Processo Penal
Modelo de defesa prévia para processo criminal por lesão corporal no âmbito de violência doméstica, apresentando argumentação baseada na legítima defesa (CP, art. 25), ausência de provas suficientes para condenação (CPP, art. 155), e pedido subsidiário de desclassificação ou redução de pena, com fundamentação jurídica detalhada e jurisprudência aplicada. Destaca-se a aplicação da Lei Maria da Penha, princípios constitucionais do contraditório, ampla defesa e in dubio pro reo, além da solicitação de produção de provas e benefícios processuais.

DEFESA PRÉVIA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal do Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de [cidade/UF].

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Réu: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliado à [endereço completo], endereço eletrônico: [e-mail].
Vítima: M. F. de S. L., brasileira, solteira, profissão [informar], portadora do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliada à [endereço completo], endereço eletrônico: [e-mail].
Processo nº: [informar]
Valor da causa: R$ [informar]

3. SÍNTESE DA DENÚNCIA

O Ministério Público ofereceu denúncia em face de A. J. dos S., imputando-lhe a prática de lesão corporal no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher, tipificada no CP, art. 129, § 9º, com incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha). Segundo a exordial acusatória, o réu teria agredido fisicamente a vítima, M. F. de S. L., causando-lhe lesões corporais leves, conforme laudo do Instituto Médico Legal. A denúncia descreve que as agressões teriam ocorrido no contexto de desentendimento doméstico, sendo o réu apontado como autor das lesões.

4. DOS FATOS

Em que pese a narrativa acusatória, a realidade dos fatos diverge substancialmente do quanto descrito na denúncia. No dia dos fatos, houve uma discussão acalorada entre o réu e a vítima, ambos exaltados, culminando em agressões mútuas. A vítima, M. F. de S. L., iniciou as agressões físicas, desferindo tapas e arranhões no réu, que, diante da injusta agressão, buscou apenas se defender, tentando conter a ofensiva da vítima.

O laudo do Instituto Médico Legal, documento imparcial e técnico, atestou a existência de lesões em ambas as partes, demonstrando que não houve unilateralidade nas agressões. O réu, inclusive, apresentou escoriações e hematomas compatíveis com a versão de legítima defesa, enquanto a vítima também apresentava lesões leves.

Ressalte-se que não houve qualquer intenção do réu em causar dano à integridade física da vítima, mas sim uma reação imediata e proporcional à agressão injusta que sofria, com o único intuito de cessar a conduta agressiva da ofendida.

A dinâmica dos fatos, portanto, evidencia a ausência de dolo específico e a configuração da excludente de ilicitude prevista no CP, art. 25 (legítima defesa), razão pela qual a imputação penal não pode prosperar.

5. DO DIREITO

5.1. DA LEGÍTIMA DEFESA

A legítima defesa é excludente de ilicitude prevista no CP, art. 25, que assim dispõe: "Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem." No presente caso, restou evidenciado que o réu apenas reagiu para repelir agressão injusta perpetrada pela vítima, não havendo excesso ou desproporcionalidade na conduta.

O laudo pericial demonstra que ambos estavam lesionados, corroborando a versão defensiva de que houve agressões recíprocas. Ademais, a ausência de intenção de lesionar e o contexto de defesa pessoal afastam a tipicidade penal da conduta.

5.2. DA AUSÊNCIA DE PROVAS SUFICIENTES PARA A CONDENAÇÃO

O conjunto probatório coligido aos autos não é suficiente para sustentar a condenação do réu. Conforme entendimento consolidado, a palavra da vítima, embora relevante nos crimes de violência doméstica, deve ser analisada em conjunto com outros elementos de prova (CPP, art. 155). No caso em tela, o próprio laudo pericial indica agressões mútuas, não havendo certeza quanto à autoria exclusiva das lesões atribuídas ao réu.

O princípio do in dubio pro reo, de assento constitucional (CF/88, art. 5º, LVII), impõe que, diante da dúvida razoável sobre a dinâmica dos fatos e a existência de legítima defesa, a absolvição é medida que se impõe.

5.3. DA DESCLASSIFICAÇÃO OU ABSOLVIÇÃO

Subsidiariamente, caso não reconhecida a legítima defesa, requer-se a desclassificação para lesão corporal culposa (CP, art. 129, § 6º), haja vista a ausência de dolo na conduta do réu, ou ainda a aplicação da causa de diminuição de pena prevista no CP, art. 129, § 4º, em razão de eventual domínio de violenta emoção após injusta provocação da vítima.

5.4. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LIV e LV) devem ser observados em t"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Relator

Trata-se de ação penal em que se imputa a A. J. dos S. a prática de lesão corporal no âmbito de violência doméstica e familiar contra a mulher, tipificada no CP, art. 129, § 9º, com incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em razão de supostas agressões físicas perpetradas contra a vítima, M. F. de S. L., conforme exposto na denúncia.

I. Síntese dos Fatos

Segundo a denúncia, o acusado teria agredido fisicamente a vítima no contexto de desentendimento doméstico, causando-lhe lesões corporais leves, atestadas por laudo do Instituto Médico Legal.

Em defesa, sustenta-se que houve agressões mútuas, iniciadas pela própria vítima, sendo a reação do réu caracterizada como legítima defesa, pois este buscou apenas repelir injusta agressão, agindo de forma imediata e proporcional.

O laudo pericial aponta para a existência de lesões em ambas as partes, corroborando a tese de reciprocidade nas agressões.

II. Do Direito Aplicável

II.1. Legítima Defesa (CP, art. 25)

Dispõe o CP, art. 25 que \"Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.\"

No caso concreto, a prova dos autos, notadamente o laudo pericial, indica agressões recíprocas, sendo possível depreender que o réu agiu para repelir injusta agressão, não havendo indícios de excesso ou desproporcionalidade.

II.2. Princípio do In Dubio Pro Reo (CF/88, art. 5º, LVII)

A CF/88, art. 5º, LVII, consagra o princípio da presunção de inocência, impondo que \"ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória\". Assim, havendo dúvida razoável quanto à autoria e à existência de excludente de ilicitude, impõe-se a absolvição do réu.

II.3. Prova e Devido Processo Legal (CPP, art. 155; CF/88, art. 5º, LIV e LV)

O CPP, art. 155 estabelece que o juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova judicializada, não podendo fundamentar sua decisão apenas nos elementos colhidos na fase inquisitorial.

Ademais, a condenação exige certeza quanto à materialidade e autoria, bem como ausência de excludentes de ilicitude. No presente caso, o conjunto probatório não permite atribuir ao réu a exclusiva autoria das lesões, tampouco se afastar a hipótese de legítima defesa.

III. Jurisprudência

Os tribunais pátrios têm reconhecido a absolvição em situações análogas, nas quais restou comprovada a inexistência de autoria exclusiva ou a configuração de legítima defesa. Destaco:

  • TJSP - Apelação Criminal Acórdão/TJSP: \"A defesa requereu a absolvição, por configuração da legítima defesa - Devido - [...] Excludente da legítima defesa configurada - Recurso provido.\"
  • TJRJ - Apelação Acórdão/TJRJ: \"[...] E a dúvida impõe a absolvição.\"
  • TJRJ - Apelação Acórdão/TJRJ: \"[...] Assim, por não haver nos autos elementos que confiram a certeza necessária acerca do crime de lesão corporal no âmbito doméstico imputado ao acusado, a absolvição é medida imperativa, devendo ser aplicado, in casu, o princípio in dubio pro reo.\"

IV. Fundamentação Constitucional (CF/88, art. 93, IX)

Atendendo ao disposto na CF/88, art. 93, IX,  fundamento o presente voto com base nas provas colhidas, observância do contraditório, ampla defesa e dos princípios do devido processo legal, presunção de inocência e fundamentação obrigatória das decisões judiciais.

V. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão punitiva estatal e ABSOLVO o réu A. J. dos S., com fundamento no CPP, art. 386, VI, por restar comprovada a legítima defesa, ou, subsidiariamente, pela ausência de provas suficientes para a condenação (in dubio pro reo).

Deixo de conhecer eventuais recursos que não atendam aos pressupostos de admissibilidade.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

VI. Conclusão

É como voto.

 

[Cidade], [data].

_______________________________________
Magistrado(a) Relator(a)


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