Modelo de Contestação à ação de reintegração de posse cumulada com perdas e danos envolvendo promessa de compra e venda de imóvel, destacando ilegitimidade passiva, ausência de esbulho e partilha de direitos possessórios...
Publicado em: 23/07/2025 CivelProcesso CivilCONTESTAÇÃO À AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE E PERDAS E DANOS
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF],
2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES
Réu: A. J. dos S., brasileiro, divorciado, empresário, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, residente e domiciliado à Rua [endereço completo], CEP XXXXX-XXX, [Cidade/UF], endereço eletrônico: [email do réu].
Autoras: [Nomes das vendedoras, abreviados conforme padrão], brasileiras, estado civil, profissão, portadoras dos CPFs nº XXX.XXX.XXX-XX e XXX.XXX.XXX-XX, residentes e domiciliadas à Rua [endereço completo], CEP XXXXX-XXX, [Cidade/UF], endereço eletrônico: [email das autoras].
3. SÍNTESE DOS FATOS
As autoras ajuizaram a presente ação de reintegração de posse cumulada com perdas e danos em face do réu, alegando inadimplemento contratual referente à aquisição de imóvel objeto de promessa de compra e venda. O contrato foi celebrado na vigência do casamento do réu, tendo sido quitado aproximadamente 74% do valor total do imóvel.
Após o divórcio, o réu, em acordo homologado judicialmente, destinou o referido imóvel às filhas do casal, conforme declaração expressa nos autos da ação de divórcio. As autoras, por sua vez, buscam a retomada do imóvel e a condenação do réu ao pagamento de perdas e danos, sob o argumento de inadimplemento e ausência de transferência da propriedade.
Ressalte-se que o ingresso na posse do imóvel se deu de imediato após a assinatura do contrato, sendo exercida de forma contínua e pacífica pelo réu e sua família, fato reconhecido inclusive pelas autoras.
O presente feito, portanto, versa sobre a natureza dos direitos possessórios e obrigacionais decorrentes do contrato firmado, a comunicabilidade do bem adquirido na constância do casamento e a possibilidade de partilha dos direitos e ações, independentemente do registro imobiliário.
4. PRELIMINARES
4.1. Ilegitimidade Passiva das Filhas do Réu
Caso as filhas do casal tenham sido incluídas no polo passivo, impugna-se sua legitimidade, pois não participaram do contrato de promessa de compra e venda, tampouco figuram como possuidoras diretas do imóvel, sendo mera destinação de direitos em acordo de divórcio, sem transferência formal da posse ou propriedade.
4.2. Ausência de Interesse de Agir quanto à Reintegração de Posse
Não há esbulho ou turbação praticada pelo réu, que ingressou e permaneceu na posse do imóvel com a anuência das autoras, mediante contrato. A discussão é eminentemente obrigacional, não possessória, devendo ser afastado o pedido de reintegração.
5. DO DIREITO
5.1. DA COMUNICABILIDADE DOS DIREITOS E AÇÕES DECORRENTES DA PROMESSA DE COMPRA E VENDA
O contrato de promessa de compra e venda firmado pelo réu na constância do casamento, com ingresso imediato na posse do imóvel, confere a ambos os cônjuges direitos e ações partilháveis, independentemente do registro da propriedade (CCB/2002, art. 1.658; CCB/2002, art. 1.725; CCB/2002, art. 1.661).
Conforme entendimento consolidado, “a inexistência do registro da transferência da propriedade não obsta a partilha dos direitos e ações decorrentes do contrato de promessa de compra e venda celebrado no curso do casamento, especialmente quando se trata de título que franqueou ao casal promitente comprador o ingresso imediato na posse do imóvel” (TJMG, Apelação Cível 1.0000.21.033972-7/002).
Assim, a posse exercida pelo réu e sua família possui expressão econômica e deve ser reconhecida como direito partilhável, não podendo ser ignorada na análise do caso concreto.
5.2. DA POSSE E DA EXPRESSÃO ECONÔMICA DO DIREITO
A posse do imóvel, ainda que não formalizada por registro, integra o patrimônio comum dos ex-cônjuges, sendo objeto de partilha e dotada de valor econômico (TJMG, Apelação Cível 1.0000.19.168413-3/003; TJMG, Apelação Cível 1.0000.24.281702-1/001).
O ingresso e a permanência na posse do imóvel decorreram do contrato celebrado e do pagamento substancial de 74% do valor ajustado, o que afasta qualquer alegação de esbulho ou precariedade.
O princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) e da função social do contrato (CCB/2002, art. 421) impõem o respeito à situação fática consolidada, especialmente diante da destinação do imóvel às filhas do casal em acordo homologado judicialmente.
5.3. DA IMPOSSIBILIDADE DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE
A ação de reintegração de posse pressupõe a prática de esbulho, o que não se verifica no caso em tela. O réu ingressou e permaneceu na posse do imóvel de forma legítima, mediante contrato e com anuência das autoras.
A jurisprudência é firme no sentido de que, enquanto não resolvida a partilha dos direitos possessórios e obrigacionais, não se configura esbulho apto a ensejar a reintegração (TJSP, Agravo de Instrumento 2179772-49.2024.8."'>...
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