Modelo de Ação declaratória de nulidade de cláusula convencional abusiva em convenção condominial contra Condomínio Barra Garden Shopping e incorporadores por abuso de direito e enriquecimento ilícito

Publicado em: 13/05/2025 CivelProcesso Civil Direito Imobiliário
Modelo de petição inicial para ação declaratória de nulidade de cláusula convencional que estabelece critério de rateio de despesas condominiais em benefício dos incorporadores do Barra Garden Shopping, com pedido de tutela de urgência, restituição de valores pagos a maior e condenação dos réus, fundamentada em abuso de direito, enriquecimento sem causa e princípios de isonomia previstos no Código Civil e Constituição Federal.
← deslize para o lado para ver mais opções

AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONVENCIONAL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, empresário, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, portador do RG nº XX.XXX.XXX-X, com endereço eletrônico [email protected], domiciliado à Rua X, nº Y, apto. 45, Bairro Jardim Botânico, Rio de Janeiro/RJ, CEP 00000-000, proprietário da loja nº X do Barra Garden Shopping, por seu advogado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, propor a presente AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE CLÁUSULA CONVENCIONAL em face de:

CONDOMÍNIO DO BARRA GARDEN SHOPPING, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com endereço eletrônico [email protected], com sede na Avenida X, nº Y, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, CEP 00000-000;

BANCO BRADESCO S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com endereço eletrônico [email protected], com sede na Cidade de Deus, s/nº, Vila Yara, Osasco/SP, CEP 00000-000;

A. C. LOBATO, brasileiro, casado, empresário, inscrito no CPF sob o nº XXX.XXX.XXX-XX, com endereço eletrônico [email protected], domiciliado à Rua X, nº Y, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro/RJ, CEP 00000-000;

e demais incorporadores que subscreveram a convenção condominial, todos qualificados nos autos, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Barra Garden Shopping foi incorporado por um grupo de empresas e pessoas físicas, destacando-se entre os incorporadores o Banco Bradesco S.A., A. C. Lobato e outros. Na qualidade de incorporadores, estes subscreveram a Convenção Condominial do empreendimento, estabelecendo regras para o rateio das despesas condominiais entre os condôminos.

Ocorre que, ao redigir a convenção, os incorporadores, legislando em causa própria, instituíram cláusula que beneficia diretamente suas próprias lojas, atribuindo-lhes uma taxa condominial inferior àquela imposta a outras lojas de área significativamente menor. Como exemplo, lojas com área de 800 m², pertencentes aos incorporadores, pagam menos taxa condominial do que a loja de propriedade do autor, que possui apenas 45 m².

Tal disparidade revela flagrante abuso de direito e afronta aos princípios da isonomia e da boa-fé objetiva, além de configurar enriquecimento sem causa dos incorporadores em detrimento dos demais condôminos. Ressalta-se que a convenção foi aprovada sem a participação efetiva dos adquirentes das demais lojas, que somente vieram a tomar conhecimento da desproporcionalidade após a imissão na posse de suas unidades.

Diante da inequívoca desproporção e da ausência de razoabilidade no critério de rateio das despesas condominiais, busca-se a declaração de nulidade da cláusula convencional que estabelece tal benefício em favor dos incorporadores, para que seja restabelecida a justiça e a equidade na relação condominial.

Resumo: Os fatos demonstram que a cláusula impugnada foi redigida em benefício dos próprios incorporadores, em prejuízo dos demais condôminos, violando princípios fundamentais do direito condominial e do ordenamento jurídico brasileiro.

4. DO DIREITO

4.1. DA ILEGALIDADE DA CLÁUSULA CONVENCIONAL

A Convenção Condominial é o instrumento normativo que disciplina a convivência e as obrigações dos condôminos, devendo observar os limites impostos pela legislação e pelos princípios constitucionais. Nos termos do CCB/2002, art. 1.336, I, é dever do condômino “contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção”.

Contudo, a faculdade de estipular critério diverso para o rateio das despesas não autoriza a instituição de cláusulas abusivas ou que resultem em enriquecimento ilícito de alguns em detrimento de outros, sob pena de violação ao CCB/2002, art. 187 e CCB/2002, art. 884, que vedam o abuso de direito e o enriquecimento sem causa.

A jurisprudência é pacífica ao reconhecer a nulidade de cláusulas convencionais que favoreçam incorporadores ou determinados condôminos de forma injustificada, especialmente quando redigidas em contexto de manifesta desproporcionalidade e ausência de participação dos demais interessados (REsp 1816039/MG/STJ).

4.2. DO ABUSO DE DIREITO E ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA

O abuso de direito ocorre quando o titular de um direito excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes (CCB/2002, art. 187). No caso em tela, os incorporadores, ao estabelecerem critério de rateio que lhes favorece, agiram em desconformidade com a função social da propriedade e com o princípio da igualdade (CF/88, art. 5º, caput).

A manutenção de cláusula que impõe ônus desproporcional a determinados condôminos, enquanto outros, detentores de áreas maiores, são beneficiados, configura enriquecimento sem causa vedado pelo CCB/2002, art. 884.

4.3. DA NECESSIDADE DE INTERVENÇÃO JUDICIAL

Embora a convenção condominial goze de autonomia privada, o Poder Judiciário pode e deve intervir quando houver violação de direitos fundamentais ou desrespeito à ordem pública, especialmente em situações de flagrante injustiça ou abuso, como ocorre no presente caso (CPC/2015, art. 319, III e IV).

O princípio da razoabilidade e da proporcionalidade deve nortear a interpretação e aplicação das normas convencionai"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Trata-se de Ação Declaratória de Nulidade de Cláusula Convencional proposta por A. J. dos S. em face do Condomínio do Barra Garden Shopping, Banco Bradesco S.A., A. C. Lobato e demais incorporadores, na qual se busca a declaração de nulidade de cláusula da convenção condominial que instituiu critério de rateio das despesas em benefício dos próprios incorporadores, em prejuízo dos demais condôminos.

1. Do Conhecimento

Presentes os pressupostos processuais e condições da ação, conheço do pedido, bem como do recurso interposto, uma vez que preenchidos os requisitos do CPC/2015, art. 1.013 e da CF/88, art. 93, IX, que impõe a fundamentação das decisões judiciais.

2. Dos Fatos

Conforme relatado nos autos, os incorporadores, ao redigirem a convenção condominial, instituíram cláusula que lhes atribui taxa condominial inferior à de outras lojas de área menor, beneficiando-se de modo desproporcional. Tal situação configura evidente abuso de direito e afronta aos princípios da isonomia e da boa-fé objetiva. Ressalta-se que os adquirentes das demais lojas não participaram da aprovação da convenção, sendo surpreendidos posteriormente com a desproporcionalidade no critério de rateio das despesas.

3. Do Direito

A convenção condominial, ainda que goze de autonomia privada, não pode instituir cláusulas que violem princípios constitucionais e legais, como a isonomia (CF/88, art. 5º, caput), a boa-fé objetiva e a vedação ao enriquecimento sem causa (CCB/2002, art. 187 e CCB/2002, art. 884).

O CCB/2002, art. 1.336, I, dispõe que cabe ao condômino contribuir para as despesas do condomínio na proporção de suas frações ideais, salvo disposição em contrário na convenção. Todavia, tal faculdade não legitima a estipulação de cláusulas abusivas, que importem em vantagem injustificada aos incorporadores, configurando enriquecimento ilícito e abuso de direito.

A jurisprudência é pacífica no sentido de que cláusulas convencionais redigidas em benefício próprio pelos incorporadores, sem participação efetiva dos demais condôminos e em contexto de flagrante desproporção, são nulas, conforme decidido pelo Superior Tribunal de Justiça no REsp Acórdão/STJ.

4. Da Jurisprudência

Destaco trecho do REsp Acórdão/STJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva: “A convenção outorgada pela construtora/incorporadora não pode estabelecer benefício de caráter subjetivo a seu favor com a finalidade de reduzir ou isentar do pagamento da taxa condominial.”

Ademais, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro e o Tribunal de Justiça de São Paulo, em diversas decisões, têm reconhecido a nulidade de cláusulas convencionais que atribuam ônus desproporcional a condôminos em situações semelhantes, especialmente quando caracterizado abuso de direito e enriquecimento sem causa.

5. Da Intervenção Judicial e dos Princípios Constitucionais

A intervenção judicial se impõe nos casos em que restar comprovada a afronta a direitos fundamentais, à ordem pública e aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. A CF/88, art. 93, IX, impõe ao magistrado o dever de fundamentar suas decisões, especialmente quando envolvem direitos constitucionais como a isonomia e a função social da propriedade.

6. Da Procedência

Diante do exposto, entendo que a cláusula convencional que estabelece critério de rateio das despesas condominiais em benefício dos incorporadores, em detrimento dos demais condôminos, é nula de pleno direito, por afronta aos princípios da isonomia, da boa-fé objetiva, bem como por configurar abuso de direito e enriquecimento sem causa. A manutenção da referida cláusula perpetuaria situação de flagrante injustiça e desigualdade, em desacordo com o ordenamento jurídico pátrio.

7. Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  • Declarar a nulidade da cláusula convencional que estabelece critério de rateio das despesas condominiais em benefício dos incorporadores, determinando que o rateio se dê de forma proporcional à fração ideal de cada unidade, nos termos do CCB/2002, art. 1.336, I;
  • Condenar os réus à restituição dos valores pagos a maior pelo autor nos últimos 3 (três) anos, devidamente corrigidos e acrescidos de juros legais;
  • Condenar os réus ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados nos termos do CPC/2015, art. 85;
  • Designar audiência de conciliação/mediação, caso não haja manifestação expressa das partes em sentido contrário.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Rio de Janeiro, ___ de ___________ de 2025.

Juiz de Direito

Referências Fundamentais

Observações

Caso os réus desejem apresentar recurso, deverão fazê-lo nos prazos legais, estando presentes todos os requisitos de admissibilidade recursal.


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.