Modelo de Ação de nulidade de escritura pública de doação por coação, ameaça e violência exercidas pelo filho contra pai idoso, com pedido de tutela de urgência para indisponibilidade do imóvel e restituição do bem

Publicado em: 04/06/2025 CivelProcesso Civil Familia
Modelo de petição inicial para ação de nulidade de escritura pública de doação, na qual o autor, pai idoso, alega ter sido coagido pelo filho mediante ameaças, insultos e pressão física e psicológica, viciando a manifestação de vontade e tornando nulo o negócio jurídico. O documento fundamenta-se no Código Civil (arts. 151, 171, 538, 548 e 549), na Constituição Federal (dignidade da pessoa humana) e no Estatuto do Idoso, requerendo tutela de urgência para indisponibilidade do imóvel, citação do réu, produção de provas e eventual intervenção do Ministério Público. Contém jurisprudência do STJ que reforça a nulidade da doação inoficiosa e por vício de vontade.
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AÇÃO DE NULIDADE DE ESCRITURA PÚBLICA DE DOAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF],
(Observando-se a competência do Tribunal de Justiça do Estado, conforme o caso concreto)

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, estado civil [informar], profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], endereço eletrônico [informar], residente e domiciliado à [endereço completo], por seu advogado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente
AÇÃO DE NULIDADE DE ESCRITURA PÚBLICA DE DOAÇÃO
em face de M. F. dos S., brasileiro, estado civil [informar], profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], endereço eletrônico [informar], residente e domiciliado à [endereço completo].

3. DOS FATOS

O Autor, A. J. dos S., é pai do Réu, M. F. dos S.. Em data de [informar], foi lavrada escritura pública de doação pelo Autor, transferindo ao Réu o imóvel localizado à [endereço do imóvel], conforme registro de imóveis nº [informar].

Ocorre que tal doação não decorreu de livre e espontânea vontade do Autor. O Réu, valendo-se de sua condição de filho, praticou reiterados atos de insultos, ameaças de morte, pressão psicológica e física contra o Autor, visando constrangê-lo a efetuar a doação do bem.

Tal conduta do Réu, além de abalar profundamente o estado emocional do Autor, comprometeu sua capacidade de autodeterminação, tornando a manifestação de vontade viciada e eivada de coação, nos termos do CCB/2002, art. 151.

Ressalte-se que o Autor, pessoa idosa e vulnerável, passou a temer pela própria integridade física e psicológica, sendo compelido a realizar a doação para evitar represálias e agressões por parte do Réu.

Diante desse cenário, resta evidente que a escritura pública de doação foi celebrada sob grave ameaça e coação moral e física, circunstâncias que autorizam a declaração de nulidade do ato, conforme será demonstrado a seguir.

Resumo: O Autor, pai do Réu, foi coagido por este, mediante ameaças e violência, a doar-lhe imóvel, não havendo manifestação livre de vontade, o que vicia o negócio jurídico e enseja sua nulidade.

4. DO DIREITO

4.1. DA NULIDADE DA DOAÇÃO POR VÍCIO DE VONTADE

O Código Civil de 2002 dispõe, em seu art. 151, que "configura coação a ameaça exercida sobre o contratante, ou pessoa de sua família, para obter declaração de vontade". Nos termos do CCB/2002, art. 171, II, o negócio jurídico é anulável por vício resultante de coação.

No caso em tela, restou demonstrado que o Autor foi submetido a pressão psicológica e física, ameaças e insultos por parte do Réu, seu próprio filho, o que caracteriza coação grave, suficiente para viciar a manifestação de vontade e tornar anulável o negócio jurídico celebrado.

O princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e o dever de proteção à pessoa idosa impõem o reconhecimento da nulidade de negócios jurídicos celebrados sob ameaça e violência, especialmente quando praticados no âmbito familiar.

Ademais, a doação é ato de liberalidade, exigindo manifestação de vontade livre e desimpedida (CCB/2002, art. 538). A ausência de liberdade na manifestação de vontade do doador, por coação, macula a essência do ato, tornando-o nulo.

4.2. DA IMPOSSIBILIDADE DE DOAÇÃO EM DESFAVOR DO DOADOR

O CCB/2002, art. 548, veda a doação de todos os bens sem reserva de parte, e o art. 549 proíbe a doação inoficiosa, ou seja, aquela que excede a parte disponível do patrimônio, em prejuízo dos herdeiros necessários.

Ainda que se alegue tratar-se de adiantamento de legítima, a doação não pode ser instrumento de injustiça ou de violação à legítima dos herdeiros, tampouco pode ser obtida por meio de violência, ameaça ou coação, sob pena de nulidade absoluta (CCB/2002, art. 166, IV).

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme no sentido de que a doação inoficiosa, ou realizada sob vício de vontade, é nula de pleno direito, não podendo ser convalidada (STJ, REsp 2.107.070 - SC).

4.3. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) rege as relações contratuais e impõe o dever de lealdade e confiança entre as partes. A conduta do Réu, ao coagir o Autor, viola frontalmente tal princípio.

O princípio da legalidade (CF/88, art. 5º, II) e o da autonomia da vontade exigem que os negócios jurídicos sejam celebrados livremente, sem vícios de consentimento."'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de Ação de Nulidade de Escritura Pública de Doação ajuizada por A. J. dos S. em face de M. F. dos S., na qual o Autor, pessoa idosa, alega ter sido coagido pelo Réu, seu filho, mediante ameaças, violência e pressão psicológica, a realizar doação de imóvel, cuja escritura foi lavrada em [data], referente ao imóvel situado à [endereço].

Sustenta o Autor que a manifestação de vontade foi viciada, em razão da coação moral e física, o que compromete a validade do negócio jurídico, requerendo a declaração de nulidade da referida escritura e a restituição do bem ao seu patrimônio.

O Réu foi regularmente citado e apresentou defesa, negando os fatos e defendendo a validade do negócio jurídico.

II. Fundamentação

1. Da Obrigatoriedade de Motivação das Decisões Judiciais (CF/88, art. 93, IX)

A Constituição Federal, em seu artigo 93, IX, dispõe que todas as decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Assim, passo à análise dos fatos e do direito.

2. Dos Fatos e Provas

Da análise dos autos, verifica-se que o Autor, idoso e vulnerável, apresentou documentação comprobatória (escritura pública de doação, laudos médicos e psicológicos, boletins de ocorrência), além de testemunhos que corroboram a existência de ameaças, insultos e coação por parte do Réu.

A prova testemunhal e documental revela que o Autor foi submetido a reiteradas pressões e temia por sua integridade física e psicológica, restando evidenciada a ausência de livre manifestação de vontade ao celebrar a doação.

3. Do Direito

O Código Civil de 2002, em seu artigo 151, considera coação a ameaça exercida para obtenção de declaração de vontade. O artigo 171, II, prevê que o negócio jurídico é anulável quando resultante de coação.

A doação, por sua natureza, exige ato de liberalidade, sendo imprescindível a livre manifestação de vontade do doador (CCB/2002, art. 538). Havendo vício de consentimento decorrente de coação, ameaça ou violência, a doação é nula de pleno direito (CCB/2002, art. 166, IV), conforme também dispõe o artigo 1º, III, da Constituição Federal (princípio da dignidade da pessoa humana) e o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003, art. 4º).

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é firme ao reconhecer a nulidade de doações realizadas sob vício de vontade (REsp Acórdão/STJ, REsp Acórdão/STJ).

4. Dos Princípios Constitucionais e Legais Aplicáveis

O caso concreto envolve a proteção da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e o dever estatal de proteger a pessoa idosa contra qualquer forma de violência, abuso ou coação (Estatuto do Idoso, art. 4º).

Ademais, o princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) e da legalidade (CF/88, art. 5º, II) impõem que os negócios jurídicos sejam pautados na confiança, lealdade e liberdade de vontade.

5. Da Nulidade da Escritura Pública de Doação

Comprovada a coação moral e física, resta incontroverso o vício de consentimento. O negócio jurídico, portanto, não pode subsistir, sendo nulo de pleno direito, devendo ser restituído o imóvel ao patrimônio do Autor.

III. Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial, com fundamento no artigo 151 e 171, II, do Código Civil, artigo 1º, III, e artigo 93, IX, da Constituição Federal, e artigo 4º do Estatuto do Idoso, para:

  • Declarar a nulidade da escritura pública de doação lavrada em [data], referente ao imóvel localizado à [endereço], restituindo-se o bem ao patrimônio do Autor;
  • Condenar o Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa, nos termos do artigo 85 do CPC/2015;
  • Determinar, se não houver recurso, o trânsito em julgado e a expedição de ofício ao Cartório de Registro de Imóveis para as devidas averbações;
  • Faculto às partes a produção de provas remanescentes, se necessário, especialmente testemunhal e pericial.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV. Recurso

Conheço do recurso interposto, caso apresentado, pois presentes seus pressupostos de admissibilidade. No mérito, nego-lhe provimento, mantendo a sentença pelos próprios fundamentos.

V. Conclusão

Assim voto.

[Local], [data].

_______________________________________
[Nome do Magistrado(a)]
Juiz(a) de Direito


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