Modelo de Recurso Inominado de S. D. R. contra sentença de indenização por acidente de trânsito em Campo Grande/MS, alegando ausência de provas da culpa e requerendo reforma da decisão conforme Lei 9.099/1995

Publicado em: 27/05/2025 CivelProcesso CivilConsumidor Trabalhista
Recurso Inominado interposto por S. D. R. contra sentença de Juizado Especial Cível que a condenou ao pagamento de indenização por acidente de trânsito, fundamentado na ausência de provas robustas da culpa exclusiva, violação do contraditório e ampla defesa, e pedido de reforma da decisão para improcedência ou reconhecimento de culpa concorrente, com base no Código Civil, Código de Trânsito Brasileiro e princípios constitucionais.

RECURSO INOMINADO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimos Senhores Doutores Juízes de Direito da Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis da Comarca de Campo Grande/MS.

2. TEMPESTIVIDADE E PREPARO

A Recorrente, S. D. R., já qualificada nos autos do processo nº 0000000-00.2020.8.12.0001, que move em seu desfavor D. B. R., por intermédio de sua advogada infra-assinada, vem, respeitosamente, interpor o presente RECURSO INOMINADO contra a r. sentença proferida pelo Juízo do Juizado Especial Cível de Campo Grande/MS, nos termos da Lei 9.099/1995, art. 41 e seguintes, por ser tempestivo, uma vez que a publicação da sentença ocorreu em data de ___/___/____, sendo o presente recurso protocolado dentro do prazo legal de 10 (dez) dias (Lei 9.099/1995, art. 42).

A Recorrente foi beneficiária da justiça gratuita, conforme decisão nos autos, estando dispensada do preparo recursal, nos termos da Lei 9.099/1995, art. 54, parágrafo único e CPC/2015, art. 98, § 1º.

3. SÍNTESE DOS FATOS

Trata-se de ação de indenização por danos materiais e morais ajuizada por D. B. R. em face de S. D. R., em razão de acidente de trânsito ocorrido em 21/12/2020, em Campo Grande/MS. O autor, condutor de uma motocicleta, alegou que a Recorrente, ao dirigir um veículo Ford/Fiesta, teria realizado conversão à esquerda, invadido a contramão e colidido com sua motocicleta.

A Recorrente, em sua defesa, sustentou que o autor trafegava em alta velocidade, realizou ultrapassagem imprudente e foi o verdadeiro responsável pelo acidente.

Durante a instrução, as partes apresentaram versões opostas, sem que houvesse testemunhas presenciais ou provas técnicas conclusivas acerca da dinâmica do acidente. O MM. Juízo a quo, ao final, julgou procedente o pedido, imputando à Recorrente a responsabilidade pelo sinistro, com fundamento na suposta invasão de contramão e conversão irregular, condenando-a ao pagamento de indenização.

Inconformada, a Recorrente interpõe o presente recurso, requerendo a reforma da sentença por ausência de provas robustas acerca de sua culpa e pela não demonstração inequívoca do nexo causal entre sua conduta e os danos alegados.

4. DOS FUNDAMENTOS DO RECURSO

A r. sentença recorrida merece reforma, pois não restou comprovada, nos autos, a culpa exclusiva da Recorrente pelo acidente de trânsito. O conjunto probatório é insuficiente para afastar a versão apresentada pela Recorrente, que sempre sustentou que o autor trafegava em velocidade incompatível com a via, realizando ultrapassagem em local indevido.

O Código de Trânsito Brasileiro impõe a todos os condutores o dever de diligência e atenção (CTB, art. 28), sendo imprescindível a análise criteriosa da dinâmica do acidente para a correta atribuição de responsabilidade. No caso, não houve produção de prova técnica ou testemunhal capaz de elucidar de forma inequívoca a conduta de cada envolvido.

Ressalte-se que, conforme entendimento consolidado, a responsabilidade civil por acidente de trânsito exige a demonstração de culpa, dano e nexo causal (CCB/2002, art. 186 e CCB/2002, art. 927). A mera existência de versões contraditórias, desacompanhadas de elementos objetivos, não autoriza a condenação da Recorrente.

Ademais, o ônus da prova incumbe ao autor, nos termos do CPC/2015, art. 373, I, não tendo este se desincumbido de demonstrar, de forma cabal, que a Recorrente agiu com imprudência ou violou as regras de circulação.

Por fim, a sentença recorrida desconsiderou o princípio do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), ao julgar procedente a demanda sem a devida instrução probatória e sem elementos suficientes para a formação do convencimento judicial.

5. DO DIREITO

O direito à ampla defesa e ao contraditório é assegurado constitucionalmente (CF/88, art. 5º, LV), sendo imprescindível que a condenação por responsabilidade civil decorra de prova inequívoca da conduta culposa do agente.

O CCB/2002, art. 186, dispõe que "aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito". O CCB/2002, art. 927, prevê que "aquele que causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo".

O ônus da prova, por sua vez, é do autor quanto ao fato constitutivo de seu direito (CPC/2015, art. 373, I), não podendo ser invertido em prejuízo da parte ré sem elementos objetivos que demonstrem sua culpa.

O CTB, art. 28, impõe aos condutores o dever de dirigir com atenção e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. O CTB, a"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

I. Relatório

Trata-se de Recurso Inominado interposto por S. D. R. em face de sentença proferida pelo Juízo do Juizado Especial Cível de Campo Grande/MS, na qual foi julgada procedente a ação indenizatória movida por D. B. R., em razão de acidente de trânsito ocorrido em 21/12/2020.
A sentença imputou à Recorrente a responsabilidade exclusiva pelo sinistro, condenando-a ao pagamento de indenização por danos materiais e morais.
Inconformada, a Recorrente insurge-se alegando ausência de provas robustas quanto à sua culpa e inexistência de nexo causal inequívoco entre sua conduta e os danos alegados, pleiteando a improcedência do pedido inicial.

II. Fundamentação

a) Do Devido Processo Legal e Fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

A CF/88, art. 93, IX, impõe ao magistrado o dever de fundamentar suas decisões, o que ora se busca cumprir, garantindo assim a transparência, previsibilidade e respeito ao contraditório e à ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV).

b) Da Dinâmica dos Fatos e Prova dos Autos

O cerne da controvérsia reside na identificação da responsabilidade pelo acidente de trânsito. As partes apresentaram versões conflitantes: o autor atribui à Recorrente a invasão de contramão e conversão irregular, enquanto a Recorrente sustenta que o autor trafegava em velocidade incompatível e realizou ultrapassagem imprudente.
Conforme se verifica dos autos, não foram produzidas provas testemunhais ou técnicas capazes de elucidar, de forma inequívoca, a dinâmica do acidente. Os elementos documentais, como o boletim de ocorrência, ostentam presunção relativa de veracidade, a qual pode ser elidida por outros elementos, o que não se verifica neste caso.
Destaco que, em situações análogas, a jurisprudência reconhece ser imprescindível a produção de provas para a correta atribuição de responsabilidade (TJMG, Apelação Cível 1.0000.24.336114-4/001).

c) Do Ônus da Prova e Responsabilidade Civil

O CPC/2015, art. 373, I atribui ao autor o ônus da prova quanto ao fato constitutivo de seu direito. Na seara da responsabilidade civil (CCB/2002, art. 186 e CCB/2002, art. 927), exige-se a demonstração de conduta culposa, dano e nexo causal. 
Diante da ausência de elementos objetivos e robustos que permitam aferir a culpa exclusiva da Recorrente, entende-se que não foi cumprido, pelo autor, o ônus de provar, de forma cabal, a conduta ilícita da parte recorrente.
Nas palavras do TJSP, 1ª Turma Recursal Cível, Recurso Inominado Cível Acórdão/TJSP, “o ônus da prova é do autor e ele não trouxe aos autos provas que demonstrem, com segurança, a culpa do réu pelo acidente.”

d) Da Aplicação do Princípio In Dubio Pro Reo

Na ausência de prova inequívoca acerca da culpa da Recorrente, deve prevalecer o princípio do in dubio pro reo, que, por analogia, orienta que, diante da dúvida quanto à responsabilidade, não se pode impor a condenação por mero juízo de probabilidade, sob pena de violação dos princípios constitucionais da legalidade, contraditório e ampla defesa.

e) Da Justiça Gratuita e Demais Pleitos

Mantenho a concessão dos benefícios da justiça gratuita, diante de decisão já proferida nos autos e ausência de impugnação eficaz.

III. Dispositivo

Ante o exposto, CONHEÇO do recurso, por preencher os requisitos de admissibilidade, e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO para reformar a sentença recorrida, julgando improcedente o pedido inicial, por ausência de provas inequívocas da culpa da Recorrente S. D. R. pelo acidente de trânsito.
Condeno o Recorrido ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor atualizado da causa, ressalvada a gratuidade deferida.
Publique-se. Intimem-se.

IV. Conclusão

É como voto.

Campo Grande/MS, ___ de ____________ de 2024.

_______________________________________
Juiz Relator

Referências e Fundamentação


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