Modelo de Petição Inicial de Ação de Reparação de Danos Materiais e Morais por Furto de Bens em Estacionamento de Supermercado com Fundamentação no CDC e Responsabilidade Objetiva

Publicado em: 12/11/2024 Civel
Modelo de petição inicial para ajuizamento de ação de reparação de danos materiais e morais em face de supermercado, decorrente de furto de bens do interior de veículo estacionado em estacionamento disponibilizado gratuitamente ao consumidor. O documento detalha a relação de consumo, a responsabilidade objetiva do fornecedor segundo o Código de Defesa do Consumidor (CDC, art. 14), a aplicação da Súmula 130/STJ e do Código Civil (arts. 927, 402, 186), o dever de guarda do estabelecimento e a falha na prestação do serviço. Contém jurisprudência atualizada, pedido de inversão do ônus da prova, especificação de provas, valor da causa e requerimentos processuais pertinentes.

PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS (RESPONSABILIDADE CIVIL)

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de [Cidade/UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, analista de sistemas, portador do CPF nº 123.456.789-00, RG nº 12.345.678-9, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua das Palmeiras, nº 100, Bairro Centro, CEP 12345-678, [Cidade/UF], por seu advogado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS (RESPONSABILIDADE CIVIL) em face de Mercado Bom Preço Ltda., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 12.345.678/0001-99, com sede na Avenida das Flores, nº 500, Bairro Jardim, CEP 12345-000, [Cidade/UF], endereço eletrônico: [email protected], pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

O Autor, no dia 10 de maio de 2024, dirigiu-se ao estabelecimento do Réu, Mercado Bom Preço Ltda., para realizar compras de uso pessoal e familiar. Ao chegar ao local, estacionou seu veículo, marca Toyota, modelo Corolla, placas ABC-1234, no estacionamento disponibilizado gratuitamente pelo Réu aos seus clientes.

Após aproximadamente 40 minutos no interior do supermercado, ao retornar ao estacionamento, o Autor constatou que seu veículo havia sido arrombado. Foram subtraídos do interior do automóvel um notebook marca Apple, modelo MacBook Pro, um relógio marca Seiko, além de outros pertences pessoais, totalizando prejuízo material relevante.

Imediatamente, o Autor comunicou o ocorrido à gerência do estabelecimento, solicitando acesso às imagens das câmeras de segurança e providências quanto ao ressarcimento dos bens furtados. Contudo, o Réu permaneceu silente, não apresentou qualquer esclarecimento, tampouco colaborou com a apuração dos fatos ou ofereceu qualquer suporte ao consumidor lesado.

O Autor lavrou boletim de ocorrência (anexo), manteve contato com o Réu por meio de correspondência eletrônica e presencial, sem obter resposta efetiva. Ressalta-se que o estacionamento, embora gratuito, é oferecido como atrativo aos clientes, integrando o serviço prestado pelo Réu e gerando legítima expectativa de segurança e vigilância.

Diante da inércia do Réu e do prejuízo experimentado, não restou alternativa ao Autor senão buscar a tutela jurisdicional para ver reparados os danos materiais sofridos.

4. DO DIREITO

4.1. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTABELECIMENTO

A relação entre as partes é nitidamente de consumo, nos termos do CDC, art. 2º e art. 3º, pois o Autor é destinatário final dos serviços e produtos ofertados pelo Réu, fornecedor de bens e serviços. O estacionamento, ainda que gratuito, integra o serviço prestado pelo Réu, atraindo a incidência do CDC, art. 14, que prevê a responsabilidade objetiva do fornecedor por danos causados ao consumidor decorrentes de falha na prestação do serviço.

O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento, por meio da Súmula 130/STJ, de que “a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”. Tal orientação abrange não apenas o veículo, mas também os bens deixados em seu interior, conforme reconhecido pela jurisprudência majoritária.

O CCB/2002, art. 927, reforça a obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

4.2. DO DEVER DE GUARDA E DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO

Ao disponibilizar estacionamento aos clientes, o Réu assume o dever de guarda e vigilância, criando legítima expectativa de segurança. A ausência de medidas eficazes de proteção, bem como a omissão na apuração dos fatos e no atendimento ao consumidor, configura falha na prestação do serviço (CDC, art. 14), ensejando o dever de indenizar.

Ressalte-se que eventuais placas informando a ausência de responsabilidade do estabelecimento não possuem eficácia jurídica, não podendo afastar a responsabilidade objetiva do fornecedor, conforme reiteradamente decidido pelos tribunais pátrios.

4.3. DOS DANOS MATERIAIS

O Autor faz jus ao ressarcimento integral dos bens subtraídos, nos termos do CCB/2002, art. 402, que prevê a indenização por perdas e danos, abrangendo o que efetivamente perdeu e o que razoavelmente deixou de lucrar. O prejuízo material encontra-se devidamente comprovado por notas fiscais e documentos anexos, sendo devida a indenização correspondente ao valor de mercado dos bens à época do furto.

4.4. DOS DANOS MORAIS

A jurisprudência reconhece que a subtração de bens do interior de veículo em estacionamento de supermercado pode, a depender das circunstâncias, ultrapassar o mero aborrecimento, gerando angústia, aflição e sentimento de impotência, o que autoriza a reparação por danos morais (CF/88, art. 5º, X). O dano moral, nesses casos, decorre da violação do dever de segurança e da frustração legítima do consumidor.

O quantum indenizatório deve ser fixado segundo critérios de razoabilidade, proporcionalidade e caráter pedagógico, evitando-se o enriquecimento sem causa, mas garantindo efetiva compensação ao lesado.

4.5. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

São aplicáveis ao caso os princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), vulnerabilidade do consumido"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de Ação de Reparação de Danos ajuizada por A. J. dos S. em face de Mercado Bom Preço Ltda., na qual o Autor pleiteia indenização por danos materiais e morais em razão do furto de bens subtraídos do interior de seu veículo, enquanto este se encontrava estacionado em estacionamento oferecido gratuitamente pelo Réu a seus clientes. Alega o Autor que, após realizar compras no estabelecimento, constatou o arrombamento de seu automóvel e a subtração de notebook, relógio e outros pertences pessoais. Alega ainda a omissão do Réu tanto na prestação de informações quanto na adoção de medidas de segurança.

Fundamentação

1. Da Responsabilidade Civil e a Relação de Consumo

Preliminarmente, observa-se que a relação entre as partes é de consumo, nos termos dos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor (CDC), uma vez que o Autor é destinatário final dos serviços e produtos ofertados pelo Réu, fornecedor de bens e serviços. O estacionamento, ainda que gratuito, integra o serviço oferecido pelo Réu, sendo elemento de comodidade e atratividade ao consumidor.

O artigo 14 do CDC prevê a responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação de serviços, independentemente de culpa. No mesmo sentido, a Súmula 130 do STJ dispõe que “a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento”. Tal entendimento abrange não apenas o veículo, mas também os pertences deixados em seu interior.

2. Do Dever de Guarda e Falha na Prestação do Serviço

Ao oferecer estacionamento, o Réu assume o dever de guarda e vigilância dos veículos e dos bens neles depositados, criando legítima expectativa de segurança ao consumidor. A omissão do Réu em adotar medidas eficazes de proteção, bem como a ausência de esclarecimentos ou suporte ao Autor após o evento, configura falha na prestação do serviço, conforme artigo 14 do CDC.

Ressalta-se que eventuais avisos afixados no local, informando a inexistência de responsabilidade do estabelecimento, não possuem eficácia jurídica para afastar a responsabilidade objetiva do fornecedor, conforme reiterada jurisprudência, inclusive do Superior Tribunal de Justiça.

3. Do Nexo Causal e Dos Danos Materiais

O nexo de causalidade entre a omissão do Réu e o prejuízo experimentado pelo Autor está evidenciado. O laudo policial, as notas fiscais dos bens subtraídos, bem como as correspondências trocadas, comprovam o dano material sofrido, sendo devida a indenização correspondente ao valor de mercado dos bens à época do furto, nos termos do artigo 402 do Código Civil.

4. Dos Danos Morais

A subtração de bens do interior de veículo em estacionamento de supermercado ultrapassa o mero aborrecimento cotidiano, ensejando angústia, aflição e sentimento de impotência, circunstâncias aptas a caracterizar o dano moral, nos termos do artigo 5º, X, da Constituição Federal. O valor da indenização deve observar os princípios da razoabilidade, proporcionalidade e função pedagógica da medida.

5. Dos Princípios Constitucionais e Legais Aplicáveis

O caso em tela envolve a aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422), da vulnerabilidade do consumidor, bem como da proteção da confiança legítima. Todos reforçam o dever de indenizar por parte do Réu diante da falha na prestação do serviço.

6. Da Jurisprudência

O entendimento ora adotado encontra respaldo em precedentes do Tribunal de Justiça de São Paulo e do Superior Tribunal de Justiça, conforme exemplificado pelas decisões citadas nos autos (TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP; Acórdão/TJSP; Acórdão/TJSP; entre outras).

7. Da Fundamentação Constitucional da Decisão

Fundamenta-se o presente voto, em especial, no artigo 93, IX, da Constituição Federal, que exige a devida motivação das decisões judiciais, bem como nos princípios da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III) e da efetividade da tutela jurisdicional (art. 5º, XXXV).

Dispositivo

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para:

  1. Condenar o Réu, Mercado Bom Preço Ltda., ao pagamento de indenização por danos materiais ao Autor, no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), ou outro valor que venha a ser apurado em liquidação de sentença, correspondente aos bens subtraídos, devidamente corrigido desde a data do evento danoso e acrescido de juros de mora a contar da citação.
  2. Condenar o Réu ao pagamento de indenização por danos morais ao Autor, que fixo em R$ 8.000,00 (oito mil reais), corrigido monetariamente e acrescido de juros de mora desde a data da sentença.
  3. Inverter o ônus da prova em favor do Autor, nos termos do art. 6º, VIII, do CDC.
  4. Condenar o Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, na forma do art. 85 do CPC/2015.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Conclusão

Assim decido, em estrita observância ao artigo 93, IX, da Constituição Federal, bem como à legislação infraconstitucional, garantindo a efetividade da tutela jurisdicional e a proteção dos direitos do consumidor.

[Cidade/UF], [data].

[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito


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