Modelo de Memoriais finais de defesa criminal em processo de violência doméstica com pedido de absolvição por ausência de provas robustas e aplicação do princípio in dubio pro reo, fundamentado no CPP e CF/88

Publicado em: 07/05/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de memoriais finais para defesa criminal em ação penal por lesão corporal e ameaça no contexto da Lei Maria da Penha, com argumentos de insuficiência probatória, legítima defesa, e pedidos subsidiários de desclassificação, isenção de custas e justiça gratuita, baseado em dispositivos do Código Penal, Código de Processo Penal e Constituição Federal, incluindo jurisprudência recente do TJERJ.
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MEMORIAIS FINAIS – DEFESA
Processo n.º [inserir número]

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da [__] Vara Criminal da Comarca de [__], Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. J. dos S., brasileiro, solteiro, motorista, portador do CPF n.º [__], RG n.º [__], residente e domiciliado à Rua [__], Bairro [__], CEP [__], Cidade [__], Estado [__], endereço eletrônico: [__], por seu advogado infra-assinado, nos autos da ação penal que lhe move o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, vem, respeitosamente, apresentar seus MEMORIAIS FINAIS, nos termos do CPP, art. 403, § 3º, pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. SÍNTESE DOS FATOS

O acusado, A. J. dos S., foi denunciado pelo Ministério Público como incurso nas sanções do CP, art. 129, § 9º (lesão corporal) e CP, art. 147 (ameaça), ambos no contexto da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em razão de suposta agressão física e ameaça perpetradas contra sua ex-companheira, M. F. de S. L., em data de [__], no interior da residência comum do casal.

Segundo a denúncia, o acusado teria desferido golpes contra a vítima, causando-lhe lesões corporais, e proferido ameaças de morte. No curso da instrução, foram ouvidas a vítima, testemunhas e o próprio acusado, sendo juntados aos autos laudo de exame de corpo de delito e demais documentos pertinentes.

A defesa, desde o início, sustentou a negativa de autoria, alegando ausência de provas robustas e suficientes para a condenação, bem como a existência de dúvidas relevantes quanto à dinâmica dos fatos, à materialidade e à autoria delitiva.

4. PRELIMINARES

4.1. DA AUSÊNCIA DE PROVAS ROBUSTAS E DA NECESSIDADE DE ABSOLVIÇÃO

Preliminarmente, destaca-se que a instrução criminal não logrou demonstrar, de forma inequívoca, a autoria e a materialidade dos delitos imputados ao acusado. Conforme dispõe o CPP, art. 386, VII, deve o réu ser absolvido quando não houver prova suficiente para a condenação.

Ressalta-se, ainda, que a palavra da vítima, embora relevante, não pode, isoladamente, fundamentar um decreto condenatório, especialmente quando desacompanhada de outros elementos de convicção, em respeito ao CPP, art. 155 e ao princípio do in dubio pro reo (CF/88, art. 5º, LVII).

5. DO MÉRITO

5.1. DA LESÃO CORPORAL (CP, art. 129, § 9º)

Não restou comprovada, de forma cabal, a prática de lesão corporal pelo acusado. O laudo de exame de corpo de delito apresentado nos autos é inconclusivo quanto à dinâmica dos fatos, sendo compatível tanto com a versão da vítima quanto com a narrativa defensiva de que apenas conteve a ofendida durante um desentendimento, sem o animus de lesionar.

Ademais, a existência de lesões recíprocas, conforme laudo pericial, indica a possibilidade de agressões mútuas, não se podendo atribuir, com segurança, a autoria exclusiva ao acusado. Ressalte-se que, em situações de conflito, a análise deve ser criteriosa, evitando-se condenações baseadas em meras presunções.

5.2. DA AMEAÇA (CP, art. 147)

No tocante ao crime de ameaça, não há nos autos prova suficiente de que o acusado tenha efetivamente proferido palavras ou gestos capazes de incutir temor na vítima. A suposta ameaça não foi presenciada por terceiros e tampouco foi confirmada por elementos objetivos, limitando-se ao relato da vítima, que, inclusive, apresentou versões divergentes em diferentes momentos processuais.

O contexto probatório, portanto, não permite a formação de juízo de certeza quanto à existência do dolo específico exigido para a configuração do delito de ameaça, impondo-se, por conseguinte, a absolvição do acusado.

6. DO DIREITO

6.1. DO PRINCÍPIO DO IN DUBIO PRO REO

O princípio do in dubio pro reo, consagrado na CF/88, art. 5º, LVII, determina que, em caso de dúvida razoável acerca da autoria ou materialidade do delito, deve o réu ser absolvido. Tal princípio é corolário do Estado Democrático de Direito e da presunção de inocência.

6.2. DA VALORAÇÃO DA PROVA NOS CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Embora a palavra da vítima tenha especial relevância nos crimes praticados no âmbito doméstico e familiar, a jurisprudência do STJ e do TJERJ é firme no sentido de que tal depoimento deve ser corroborado por outros elementos de prova, sob pena de afronta ao CPP, art. 155.

6.3. DA NECESSIDADE DE PROVA ROBUSTA PARA CONDENAÇÃO

O CPP, art. 386, VII...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação penal movida pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro em face de A. J. dos S., acusado da prática dos crimes previstos no CP, art. 129, § 9º (lesão corporal) e CP, art. 147 (ameaça), ambos do Código Penal, no contexto da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em razão de suposta agressão física e ameaça contra sua ex-companheira, M. F. de S. L..

A denúncia atribui ao acusado a prática de agressões físicas, com laudo de exame de corpo de delito juntado aos autos, e proferimento de ameaças de morte. Durante a instrução, foram ouvidas vítima, acusado e testemunhas, sendo produzidas provas documentais.

A defesa apresentou memoriais finais, pugnando pela absolvição, sob o argumento de ausência de provas suficientes para a condenação e invocando o princípio do in dubio pro reo.

Fundamentação

1. Da Obrigatoriedade da Fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

Inicialmente, cumpre destacar que a presente decisão é proferida em estrita observância a CF/88, art. 93, IX, que exige a fundamentação de todas as decisões judiciais.

2. Da Análise da Prova

O conjunto probatório produzido nos autos é composto pelo depoimento da vítima, laudo de exame de corpo de delito, interrogatório do acusado e oitiva de testemunhas.

Quanto ao delito de lesão corporal (CP, art. 129, § 9º), o laudo pericial apresentado é inconclusivo quanto à dinâmica dos fatos, sendo compatível tanto com a narrativa da vítima quanto com a versão defensiva, que alega ter o acusado apenas contido a ofendida, sem animus de lesionar. Ressalta-se, ainda, que o laudo aponta existência de lesões recíprocas, não se podendo afirmar com segurança a autoria exclusiva por parte do acusado.

Em relação ao crime de ameaça (CP, art. 147), não há nos autos prova objetiva e suficiente do alegado. O suposto fato não foi presenciado por terceiros e tampouco corroborado por outros elementos, limitando-se ao relato da vítima, que apresentou versões divergentes durante a instrução.

A jurisprudência majoritária, inclusive neste Tribunal, reconhece a relevância da palavra da vítima nos crimes de violência doméstica e familiar, porém, exige-se que tal depoimento seja corroborado por outros elementos de prova (CPP, art. 155 e precedentes citados nos memoriais finais).

Ademais, o CPP, art. 386, VII, determina a absolvição do acusado quando não houver prova suficiente para a condenação.

3. Do Princípio do In Dubio Pro Reo

O princípio do in dubio pro reo, previsto na CF/88, art. 5º, LVII, estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Assim, havendo dúvida razoável acerca da autoria ou materialidade do delito, impõe-se a absolvição do réu.

No caso concreto, verifica-se ausência de provas seguras e inequívocas aptas a embasar um decreto condenatório, em especial diante das contradições apresentadas, da inexistência de testemunhas presenciais e do laudo pericial inconclusivo.

4. Da Impossibilidade de Condenação por Presunção

Conforme consolidado pela doutrina e jurisprudência, a condenação criminal exige certeza quanto à autoria e à materialidade, sendo vedada a condenação baseada apenas em presunções ou conjecturas (CF/88, art. 5º, LIV).

5. Da Legítima Defesa

O acusado, em seu interrogatório, afirmou ter agido para se defender e conter a vítima, não havendo animus lesivo. O CP, art. 25, prevê a exclusão de ilicitude quando o agente age em legítima defesa, hipótese não descartada pelas provas dos autos.

Dispositivo

Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTE a pretensão punitiva estatal e ABSOLVO o acusado A. J. dos S. das imputações previstas no CP, art. 129, § 9º e CP, art. 147, com fundamento no CPP, art. 386, VII, (não haver prova suficiente para a condenação).

Comuniquem-se e expeçam-se as providências necessárias. Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos com as cautelas de praxe.

Recurso

Publique-se. Registre-se. Intimem-se as partes.
Transitada em julgado esta decisão, dê-se baixa na distribuição.

Fundamentação Constitucional

Esta decisão encontra-se fundamentada, em estrita observância a CF/88, art. 93, IX, garantindo-se o devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV), o contraditório e a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), e a presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII).

Local, Data e Assinatura

[Cidade], [data].
Dr(a). [Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito


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