Modelo de Impugnação à execução contra pedido de devolução de valores do benefício assistencial LOAS pelo INSS, defendendo inexigibilidade da restituição por boa-fé, caráter alimentar e ausência de título executivo

Publicado em: 04/05/2025 Processo CivilConsumidor
Modelo de impugnação à execução em fase de cumprimento de sentença, apresentado pelo executado contra pedido do INSS para devolução de parcelas de benefício assistencial LOAS recebidas sob tutela antecipada revogada, fundamentado na boa-fé, irrepetibilidade dos valores alimentares, ausência de título executivo judicial e princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana, proteção social e segurança jurídica. Inclui jurisprudência atualizada e pedidos de indeferimento da restituição e de observância do limite de 30% conforme o Tema 692/STJ.

IMPUGNAÇÃO À EXECUÇÃO / MANIFESTAÇÃO SOBRE PEDIDO DE DEVOLUÇÃO DE VALORES
(DEFESA EM FASE DE CUMPRIMENTO DE SENTENÇA)

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da ___ Vara Federal da Subseção Judiciária de [Cidade/UF]

2. IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES E DO PROCESSO

Processo nº: [número do processo]
Exequente: Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, autarquia federal, inscrita no CNPJ sob nº [informar], com endereço eletrônico [informar], com sede na [endereço completo].
Executado: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], profissão [informar], residente e domiciliado na [endereço completo], endereço eletrônico [informar].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O executado ajuizou, em 2017, ação de concessão de benefício assistencial ao deficiente (LOAS), processo em que, embora não tenha requerido expressamente a antecipação de tutela na petição inicial, foi-lhe concedida medida cautelar de ofício pelo juízo de primeiro grau, determinando a implantação imediata do benefício.

Em razão do IRDE nº 12, o feito permaneceu suspenso até 2024. Após o julgamento do incidente, o INSS interpôs recurso, tendo o Tribunal Regional Federal reformado a sentença e revogado a tutela antecipada anteriormente concedida.

Diante disso, o INSS peticionou nos autos requerendo a devolução de todas as parcelas recebidas pelo executado no período de 2017 a 2024, sob o argumento de que a revogação da tutela enseja a restituição dos valores pagos.

O executado, ora impugnante, apresenta a presente impugnação à execução/manifestação, visando demonstrar a inexigibilidade da devolução dos valores recebidos de boa-fé, em razão do caráter alimentar do benefício e da ausência de má-fé, bem como a necessidade de observância dos princípios constitucionais e processuais aplicáveis.

4. DO DIREITO

4.1. DA BOA-FÉ E DO CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO

O benefício assistencial ao deficiente (LOAS) possui natureza eminentemente alimentar, destinando-se à subsistência do beneficiário em situação de vulnerabilidade social. A jurisprudência pátria, com fundamento nos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e da proteção social (CF/88, art. 203, V), reconhece que valores de natureza alimentar, recebidos de boa-fé, não são passíveis de devolução.

No presente caso, o executado recebeu os valores por força de decisão judicial, proferida de ofício pelo juízo, não havendo qualquer indício de má-fé ou fraude. A boa-fé do beneficiário é presumida, sobretudo diante da ausência de conduta dolosa ou omissiva que pudesse ensejar enriquecimento ilícito.

4.2. DA IRREPETIBILIDADE DOS VALORES RECEBIDOS DE BOA-FÉ

O princípio da irrepetibilidade dos valores alimentares, consagrado na jurisprudência do STF, impede a restituição de quantias recebidas de boa-fé, especialmente quando decorrentes de decisão judicial posteriormente revogada. Tal entendimento visa resguardar a confiança legítima do jurisdicionado e evitar prejuízo social irreparável.

Ressalte-se que a tutela antecipada foi concedida de ofício, sem requerimento expresso do autor, e mantida por longo período, circunstância que reforça a confiança legítima do beneficiário na regularidade do recebimento.

4.3. DA AUSÊNCIA DE TÍTULO EXECUTIVO JUDICIAL PARA A RESTITUIÇÃO

O pedido de devolução dos valores, formulado pelo INSS nos próprios autos, carece de título executivo judicial que imponha tal obrigação ao executado. Conforme o CPC/2015, art. 515, I, somente são títulos executivos judiciais as decisões transitadas em julgado que reconheçam a existência de obrigação de pagar quantia certa. No caso, a sentença foi reformada, mas não há comando judicial específico determinando a restituição dos valores.

Ademais, a jurisprudência reconhece que, na ausência de benefício ativo, a cobrança de valores supostamente indevidos deve ser promovida mediante inscrição em dívida ativa e posterior execução fiscal, nos termos da Lei 8.213/1991, art. 115, II.

4.4. DA IMPOSSIBILIDADE DE DEVOLUÇÃO NOS PRÓPRIOS AUTOS

Ainda que se admitisse a possibilidade de restituição, esta não poderia ser realizada nos próprios autos, mas sim por meio de procedimento administrativo e inscrição em dívida ativa, conforme entendimento consolidado do Superior Tribunal de Justiça e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

4.5. DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA IMPOSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO RETROATIVA DO TEMA 692/STJ

A tutela antecipada foi concedida antes da fixação do entendimento do Tema 692/STJ, não sendo possível a aplicação retroativa da tese, sob pena de afronta à segurança jurídica e à proteção da confiança legítima do j"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

I. Relatório

Trata-se de impugnação apresentada por A. J. dos S. em face do pedido do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS para devolução dos valores recebidos a título de benefício assistencial ao deficiente (LOAS), pagos por força de tutela antecipada de ofício posteriormente revogada pelo Tribunal Regional Federal. O INSS fundamenta seu pedido na suposta necessidade de restituição dos valores, ao passo que o executado sustenta a irrepetibilidade das quantias recebidas de boa-fé, em razão do caráter alimentar do benefício e da ausência de má-fé.

II. Fundamentação

1. Da Boa-fé e do Caráter Alimentar do Benefício

O benefício assistencial ao deficiente (LOAS) possui natureza eminentemente alimentar, sendo destinado à subsistência de pessoas em situação de vulnerabilidade social, conforme previsto na CF/88, art. 203, V. A jurisprudência pátria, em consonância com o princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), tem reiterado que valores de natureza alimentar recebidos de boa-fé não são passíveis de devolução.

No caso examinado, restou demonstrado que o executado recebeu os valores em cumprimento a decisão judicial proferida de ofício pelo juízo de primeiro grau, não havendo qualquer indício de má-fé, fraude ou enriquecimento ilícito.

2. Da Irrepetibilidade dos Valores Recebidos de Boa-fé

O Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça consolidaram entendimento no sentido de que a reforma de decisão judicial que antecipou os efeitos da tutela não implica, automaticamente, a devolução dos valores recebidos de boa-fé, especialmente quando de caráter alimentar (ARE 734242/STF; Tema 692/STJ). Tal orientação visa resguardar a confiança legítima do jurisdicionado e evitar o comprometimento da subsistência do beneficiário.

3. Da Ausência de Título Executivo Judicial

A pretensão do INSS de obter a devolução das quantias nos próprios autos carece de título executivo judicial específico, nos termos do CPC/2015, art. 515, I. A mera revogação da tutela antecipada não gera, por si só, obrigação judicialmente exigível de restituição dos valores, especialmente na ausência de sentença transitada em julgado nesse sentido.

4. Da Impossibilidade de Devolução nos Próprios Autos e do Procedimento Adequado

Ainda que se admitisse a possibilidade de devolução, esta deveria ser realizada mediante prévia constituição do crédito via inscrição em dívida ativa e posterior execução fiscal, conforme dispõe a Lei 8.213/1991, art. 115, II e entendimento pacificado no âmbito do STJ e do Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

5. Da Segurança Jurídica e da Não Aplicação Retroativa do Tema 692/STJ

A tutela antecipada foi concedida antes da fixação do Tema 692/STJ, não se admitindo a aplicação retroativa do entendimento, sob pena de violação ao princípio da segurança jurídica (CF/88, art. 5º, XXXVI) e à proteção da confiança legítima do jurisdicionado.

6. Dos Princípios Constitucionais

O pedido de devolução do INSS afronta, ainda, os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da proteção social (CF/88, art. 203, V), da boa-fé objetiva e da segurança jurídica, motivo pelo qual merece ser indeferido.

7. Da Jurisprudência

Os precedentes colacionados nos autos corroboram a conclusão ora adotada, notadamente o entendimento (Tema 692/STJ), do STF (ARE 734242/STF) e dos Tribunais Regionais Federais, que reconhecem a irrepetibilidade dos valores recebidos de boa-fé e a necessidade de observância do devido processo legal para eventual restituição.

III. Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, JULGO PROCEDENTE a impugnação apresentada por A. J. dos S. para INDEFERIR O PEDIDO DE DEVOLUÇÃO DOS VALORES recebidos a título de benefício assistencial ao deficiente (LOAS), por força de tutela antecipada posteriormente revogada, reconhecendo-se a irrepetibilidade das quantias recebidas de boa-fé, em razão do caráter alimentar do benefício, da ausência de má-fé e da inexistência de título executivo judicial que imponha tal obrigação.

Determino, ainda, que eventual pretensão de cobrança por parte do INSS seja manejada em procedimento próprio, mediante inscrição em dívida ativa e execução fiscal, nos termos da legislação vigente.

Condeno o INSS ao pagamento de honorários advocatícios, nos termos do CPC/2015, art. 85, caso reste configurada resistência à presente impugnação.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV. Fundamentação Constitucional e Legal

V. Certidão

Dou meu voto.

[Local], [Data].
Juiz(a) Federal


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Modelo de Petição Inicial de Ação Judicial para Concessão de Benefício Assistencial ao Portador de Deficiência (BPC/LOAS) contra o INSS, com Fundamentação Constitucional e Legal, Demonstração de Hipossuficiência e Requisição de Provas Periciais

Modelo de Petição Inicial de Ação Judicial para Concessão de Benefício Assistencial ao Portador de Deficiência (BPC/LOAS) contra o INSS, com Fundamentação Constitucional e Legal, Demonstração de Hipossuficiência e Requisição de Provas Periciais

Publicado em: 22/11/2024 Processo CivilConsumidor

Modelo completo de petição inicial destinada à propositura de Ação de Concessão de Benefício Assistencial ao Portador de Deficiência (BPC/LOAS) em face do INSS, voltado a pessoas portadoras de deficiência física, mental, intelectual ou sensorial que se encontram em situação de vulnerabilidade social e tiveram o pedido administrativo indeferido. O documento detalha a qualificação das partes, exposição dos fatos, fundamentação constitucional (art. 203, V, CF/88) e legal ( Lei 8.742/1993 - LOAS), conceitos de deficiência e miserabilidade, princípios jurídicos aplicáveis, jurisprudência relevante do STJ e TJSP, além de pedidos específicos como gratuidade da justiça, produção de provas pericial médica e social, pagamento retroativo e honorários advocatícios. Indicado para advogados atuantes em Direito Previdenciário e assistencial.

Acessar

Modelo de Pedido Judicial de Concessão de Benefício Assistencial BPC/LOAS para Pessoa com Deficiência em Situação de Vulnerabilidade Social com Fundamentação Constitucional e Jurisprudencial em Face do INSS

Modelo de Pedido Judicial de Concessão de Benefício Assistencial BPC/LOAS para Pessoa com Deficiência em Situação de Vulnerabilidade Social com Fundamentação Constitucional e Jurisprudencial em Face do INSS

Publicado em: 11/11/2024 Processo CivilConsumidor

Modelo de petição inicial destinada ao Juizado Especial Federal Previdenciário, na qual o requerente, pessoa de baixa renda e portadora de deficiência, pleiteia judicialmente a concessão do benefício assistencial de prestação continuada (BPC/LOAS) após indeferimento administrativo pelo INSS, que alegou ausência de incapacidade absoluta. O documento detalha a situação fática de vulnerabilidade, fundamenta o direito ao benefício com base na Constituição Federal, na Lei 8.742/1993 e em precedentes do STJ, rechaçando a exigência de incapacidade total. Inclui pedidos de justiça gratuita, perícia médica e condenação do INSS ao pagamento das parcelas vencidas e honorários, além de apresentar rol de provas e valor da causa.

Acessar

Modelo de Petição Inicial de Concessão de Benefício Assistencial (LOAS) para Pessoa com Deficiência Mental Grave contra o INSS, com Fundamentação Constitucional e Jurisprudencial

Modelo de Petição Inicial de Concessão de Benefício Assistencial (LOAS) para Pessoa com Deficiência Mental Grave contra o INSS, com Fundamentação Constitucional e Jurisprudencial

Publicado em: 31/10/2024 Processo CivilConsumidor

Modelo de petição inicial destinada ao Juizado Especial Federal, na qual se pleiteia a concessão judicial do benefício assistencial de prestação continuada (LOAS), previsto na Lei 8.742/1993, em favor de pessoa com deficiência mental grave, internada em centro de recuperação e em situação de hipossuficiência econômica. O documento detalha a qualificação das partes, relata o indeferimento administrativo do pedido pelo INSS, fundamenta o direito ao benefício tanto sob aspectos legais ( Lei 8.742/93, CF/88, Lei 13.146/15) quanto jurisprudenciais, e esclarece a desnecessidade de incapacidade absoluta para a concessão do benefício. Inclui pedidos de justiça gratuita, perícia médica e social, pagamento retroativo das parcelas, intimação do Ministério Público Federal e produção de provas diversas.

Acessar

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.