Modelo de Impugnação à contestação em ação de exoneração de alimentos contra filho maior de idade com alegação de autismo leve e necessidade de manutenção da pensão, fundamentada em jurisprudência e direito civil

Publicado em: 04/07/2025 Processo Civil Familia
Documento de impugnação à contestação em ação de exoneração de alimentos proposta por pai contra filho maior de idade, com discussão sobre a continuidade da obrigação alimentar diante da maioridade, capacidade laboral do alimentando portador de autismo nível I e depressão, e fundamentação jurídica baseada no Código Civil, Súmulas do STJ e jurisprudência dominante. O autor requer a exoneração da pensão alimentícia ou fixação de termo final, além da produção de provas para aferição da real incapacidade laborativa do réu.
← deslize para o lado para ver mais opções

IMPUGNAÇÃO À CONTESTAÇÃO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 1ª Vara de Família da Comarca de Londrina – Estado do Paraná

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

W. de C. B., brasileiro, divorciado, advogado, inscrito na OAB/PR sob o nº XXX, CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua X, nº Y, Bairro Z, Londrina/PR, CEP XXXXX-XXX, autor da presente ação, já qualificado nos autos do processo nº 0028795-79.2025.8.16.0014, em trâmite perante este juízo.

A. L. de M. B., brasileiro, solteiro, estudante, CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua Y, nº Z, Bairro W, Londrina/PR, CEP XXXXX-XXX, réu, também já devidamente qualificado nos autos.

3. SÍNTESE DOS FATOS

O autor propôs ação de exoneração de alimentos em face de seu filho, A. L. de M. B., alegando que este atingiu a maioridade civil (22 anos), é tecnólogo, assistente de medicina veterinária e atualmente cursa o 3º semestre de curso superior, o que, segundo o autor, demonstraria sua capacidade de prover o próprio sustento. Aduziu ainda dificuldades financeiras e pleiteou a concessão da assistência judiciária gratuita.

Em contestação, o réu esclareceu que, embora maior de idade, permanece em fase de formação acadêmica, sendo portador de autismo nível I e depressão, condições que dificultam sua plena inserção no mercado de trabalho. Informou que realiza estágio na empresa de sua mãe, sem vínculo empregatício formal, e que depende do auxílio financeiro do genitor para custear suas despesas básicas, inclusive de saúde. Juntou atestado de matrícula e declaração psicológica, reforçando a necessidade da manutenção da obrigação alimentar.

O presente ato visa impugnar os argumentos apresentados na contestação, demonstrando a ausência de necessidade do réu e a viabilidade da exoneração da obrigação alimentar.

4. DA TEMPESTIVIDADE

A presente impugnação é tempestiva, pois apresentada dentro do prazo legal de 15 (quinze) dias úteis, conforme previsto no CPC/2015, art. 350, contado da intimação da contestação, não havendo qualquer causa suspensiva ou interruptiva do prazo processual.

Ressalta-se que a regularidade temporal do presente ato processual garante a ampla defesa e o contraditório, princípios basilares do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LV).

5. DOS ARGUMENTOS DA CONTESTAÇÃO

O réu sustenta, em síntese, que:

  • a) Apesar da maioridade civil, permanece em situação de dependência financeira, pois está em fase de formação acadêmica (cursando faculdade);
  • b) É portador de autismo nível I e depressão, o que dificultaria sua plena autonomia e inserção no mercado de trabalho;
  • c) O estágio realizado na empresa da mãe não caracteriza vínculo empregatício nem garante renda suficiente para o próprio sustento;
  • d) Necessita do auxílio financeiro do pai para custear despesas básicas, inclusive relacionadas à saúde mental;
  • e) O dever alimentar decorre do vínculo de parentesco e deve ser compartilhado por ambos os genitores, não se extinguindo automaticamente com a maioridade.

6. DA IMPUGNAÇÃO AOS ARGUMENTOS DO RÉU

Primeiramente, cumpre destacar que a maioridade civil, por si só, não extingue a obrigação alimentar, mas transfere ao alimentando o ônus de comprovar a real necessidade da continuidade do pensionamento, conforme entendimento consolidado na Súmula 358/STJ e no CCB/2002, art. 1.694, §1º.

No caso concreto, o réu, embora alegue ser portador de autismo nível I e depressão, não trouxe aos autos prova robusta de incapacidade laborativa ou de impedimento relevante para o exercício de atividade remunerada. O diagnóstico de autismo nível I, por definição, refere-se à forma leve do espectro, caracterizada por relativa autonomia e capacidade de adaptação social e profissional, não sendo suficiente, por si só, para justificar a perpetuação da dependência financeira.

Ademais, o réu já concluiu formação técnica, atua como assistente de medicina veterinária e está regularmente matriculado em curso superior, tendo inclusive realizado estágio, o que demonstra aptidão e inserção progressiva no mercado de trabalho. Ressalte-se que o estágio, ainda que não configure vínculo empregatício, representa experiência profissional e fonte de renda, ainda que parcial.

A jurisprudência é clara ao exigir a demonstração de efetiva necessidade para a manutenção dos alimentos após a maioridade, não bastando a mera alegação de matrícula em curso superior ou de diagnóstico de transtorno leve da esfera psíquica (TJMG, Apelação Cível 1.0000.25.109268-0/001; STJ, REsp. 1.198.105/RJ/STJ).

Por fim, não há nos autos comprovação de que o réu esteja impossibilitado de prover o próprio sustento ou que a renda advinda do estágio e de sua formação seja insuficiente para sua manutenção, especialmente considerando a possibilidade de auxílio materno, já que trabalha com a mãe.

7. DO DIREITO

A obrigação alimentar decorre, inicialmente, do poder familiar (CCB/2002, art. 1.634 e art. 1.635, III), mas, com a maioridade, passa a ter fundamento exclusivamente na relação de parentesco e na demonstração da necessidade do alimentando (CCB/2002, arts. 1.694 e 1.696). A maioridade civil (18 anos) extingue a presunção de dependência, cabendo ao interessado comprovar a necessidade de manutenção da pensão (Súmula 358/STJ).

O direito à assistência alimentar está vinculado ao trinômio necessidade-possibilidade-proporcionalidade (CCB/2002, art. 1.694, §1º). No caso, o réu não demonstrou incapacidade laborativa, tampouco comprovou que a renda advinda do estágio e de sua formação técnica seja insuficiente para sua subsistência. A mera matrícula em curso superior, sem prova"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de ação de exoneração de alimentos proposta por W. de C. B. em face de seu filho, A. L. de M. B., na qual o autor alega que o réu atingiu a maioridade civil (22 anos), possui formação técnica como tecnólogo e assistente de medicina veterinária, cursa o terceiro semestre de curso superior e, portanto, teria condições de prover o próprio sustento. O autor também aduz dificuldades financeiras e requer a concessão da justiça gratuita.

Em contestação, o réu afirma que, embora maior de idade, permanece em formação acadêmica e é portador de autismo nível I e depressão, o que dificultaria sua total inserção no mercado de trabalho, motivo pelo qual necessitaria da continuidade da pensão alimentícia. Declara, ainda, que realiza estágio na empresa de sua mãe, sem vínculo formal, e depende do auxílio financeiro do autor para custeio de suas despesas básicas e de saúde.

A impugnação apresentada pelo autor sustenta a ausência de prova robusta da necessidade do réu e defende a possibilidade de exoneração da obrigação alimentar.

II. Fundamentação

1. Do conhecimento do recurso

Inicialmente, verifico que a impugnação foi apresentada tempestivamente, observando o prazo legal previsto no CPC/2015, art. 350, não havendo qualquer óbice ao seu conhecimento.

2. Dos princípios constitucionais e garantias processuais

Ressalte-se que o julgamento fundamentado é imposição constitucional, obrigando o magistrado a apresentar as razões de decidir de forma clara e explícita (CF/88, art. 93, IX). O contraditório e a ampla defesa estão igualmente assegurados (CF/88, art. 5º, LV).

3. Da obrigação alimentar após a maioridade

A obrigação alimentar, após a maioridade civil, deixa de decorrer do poder familiar (CCB/2002, art. 1.634) e passa a fundamentar-se exclusivamente na relação de parentesco e na efetiva necessidade do alimentando (CCB/2002, arts. 1.694 e 1.696). A súmula 358 do Superior Tribunal de Justiça disciplina que “o cancelamento da pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade está condicionado à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos próprios autos”.

A maioridade civil (CF/88, art. 5º, I) extingue a presunção legal de dependência, cabendo ao alimentando comprovar a real necessidade da manutenção dos alimentos (CCB/2002, art. 1.694, §1º).

4. Da análise do caso concreto

No presente caso, o réu encontra-se com 22 anos de idade, já possui formação técnica e atua como assistente de medicina veterinária, além de estar matriculado em curso superior e realizar estágio na empresa da mãe. Embora haja alegação de autismo nível I e depressão, não há nos autos comprovação robusta de incapacidade laborativa ou de impedimento substancial à obtenção de renda própria.

O autismo nível I, conforme reconhecido pela literatura médica e nas decisões judiciais recentes, caracteriza-se por menor grau de comprometimento funcional, sendo compatível com autonomia e inserção no mercado de trabalho, salvo provas em sentido contrário, as quais não restaram demonstradas nos autos.

A jurisprudência é clara ao exigir prova da necessidade para manutenção da obrigação alimentar após a maioridade civil. A mera matrícula em curso superior ou o diagnóstico de transtorno leve da esfera psíquica não são suficientes, por si sós, para justificar a continuidade da pensão (TJMG, Apelação Cível 1.0000.25.109268-0/001).

Ressalte-se, ainda, a possibilidade de auxílio materno, uma vez que o réu realiza estágio com a própria genitora, o que também sinaliza para uma rede de apoio familiar e capacidade de autossustento.

O princípio da solidariedade familiar (CF/88, art. 229) não pode ser interpretado como eterno mantenedor da obrigação alimentar, sendo necessário estimular a autonomia do alimentando e evitar a perpetuação injustificada da dependência financeira.

O autor comprovou, ainda, dificuldades financeiras pessoais, o que reforça a aplicação dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade na análise do binômio necessidade-possibilidade (CCB/2002, art. 1.694, §1º).

5. Dos precedentes jurisprudenciais

Destaco, por oportuno, os seguintes precedentes:

  • TJMG, Apelação Cível 1.0000.25.109268-0/001: "A obrigação alimentar em favor de filho maior de idade exige prova da necessidade de continuidade da prestação, não bastando a mera alegação de diagnóstico sugestivo de transtorno leve da esfera psíquica. A ausência de incapacidade laboral comprovada e de vínculo acadêmico ativo autoriza a exoneração da obrigação alimentar anteriormente fixada."
  • TJMG, Apelação Cível 1.0000.25.046215-7/001: "A conclusão do ensino superior indica a aptidão do alimentando para o trabalho e, salvo prova concreta de incapacidade ou necessidade excepcional, autoriza a exoneração da obrigação alimentar."
  • TJSP, Apelação Cível Acórdão/TJSP: "Maioridade civil do Alimentado não tem o condão, de per si, de afastar a obrigação alimentar. Elementos de prova que evidenciam busca de formação acadêmica e necessidade de auxílio do genitor justificam a manutenção da pensão."

No entanto, no presente caso, não há elementos que demonstrem a real necessidade do réu, tampouco incapacidade laboral, razão pela qual os precedentes que condicionam a manutenção da obrigação à prova da necessidade devem prevalecer.

III. Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido de exoneração da obrigação alimentar formulado por W. de C. B. em face de A. L. de M. B., extinguindo-se a obrigação alimentar outrora fixada.

Condeno o réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, salvo se beneficiário da gratuidade de justiça, nos termos do CPC/2015, art. 98.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Sentença fundamentada nos termos do CF/88, art. 93, IX.

IV. Conclusão

Londrina/PR, ____ de ____________ de 2025.

Juiz de Direito


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.