Modelo de Contrarrazões ao recurso ordinário em ação trabalhista contra FK Gestão Empresarial Ltda. e Estado do Amazonas, defendendo validade do pedido de demissão e afastando responsabilidade subsidiária do ente público c...

Publicado em: 15/05/2025 Trabalhista Processo do Trabalho
Modelo de contrarrazões ao recurso ordinário em processo trabalhista originado na 19ª Vara do Trabalho de Manaus/AM, no qual a parte recorrente pleiteia nulidade do pedido de demissão por suposta coação e responsabilização subsidiária do Estado do Amazonas. O documento sustenta a manutenção da sentença que reconheceu a validade do pedido de demissão e afastou a responsabilidade subsidiária do ente público, fundamentando-se no CPC/2015, CLT, CCB/2002, e jurisprudência do TST e STF sobre ônus da prova, revelia, vício de consentimento e culpa in vigilando. Requer o não provimento do recurso e eventual condenação em honorários advocatícios.

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ORDINÁRIO

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região – Amazonas e Roraima.

Processo nº: [inserir número do processo]
Origem: 19ª Vara do Trabalho de Manaus/AM

2. PRELIMINARMENTE

Não há preliminares a serem arguidas neste momento, uma vez que o recurso ordinário interposto pela parte recorrente preenche os requisitos de admissibilidade, não havendo vícios formais ou nulidades a serem reconhecidas de ofício.

3. DOS FATOS

Trata-se de ação trabalhista ajuizada por M. R. B. em face de FK Gestão Empresarial Ltda. e do Estado do Amazonas (Secretaria Estadual de Saúde – SES), na qual a autora pleiteou, dentre outros pedidos, a declaração de nulidade do pedido de demissão, alegando ter sido coagida a formalizá-lo, bem como a responsabilização subsidiária do ente público tomador dos serviços.

A sentença proferida pela 19ª Vara do Trabalho de Manaus/AM julgou parcialmente procedentes os pedidos da autora, mas não reconheceu a nulidade do pedido de demissão e afastou a responsabilidade subsidiária do Estado do Amazonas. Inconformada, a autora interpôs recurso ordinário, sustentando, em síntese, que a revelia e confissão da primeira reclamada (FK Gestão Empresarial Ltda.) implicaria o reconhecimento da veracidade dos fatos narrados na inicial, inclusive quanto à coação para o pedido de demissão, e que o ente público deveria ser responsabilizado subsidiariamente pelos créditos trabalhistas inadimplidos.

A recorrente, beneficiária da justiça gratuita, também pleiteia a reforma da sentença para que sejam observados os princípios protetivos do Direito do Trabalho, especialmente diante da hipossuficiência da trabalhadora e do caráter alimentar das verbas pleiteadas.

4. DO DIREITO

4.1. DA REVELIA E CONFISSÃO DA PRIMEIRA RECLAMADA

A revelia e confissão ficta da primeira reclamada, FK Gestão Empresarial Ltda., não implica, por si só, o reconhecimento automático de todos os fatos alegados pela autora, especialmente quando envolverem terceiros, como o ente público tomador dos serviços. Conforme o CPC/2015, art. 345, a confissão ficta limita-se aos fatos próprios da parte revel, não produzindo efeitos em relação aos demais litisconsortes.

Ademais, a presunção de veracidade decorrente da revelia é relativa, podendo ser elidida por prova em sentido contrário ou quando os fatos alegados forem inverossímeis ou estiverem em confronto com o conjunto probatório dos autos (CLT, art. 844).

4.2. DA NULIDADE DO PEDIDO DE DEMISSÃO

O pedido de demissão, para ser considerado nulo, exige prova inequívoca de vício de consentimento, nos termos do CCB/2002, art. 145. No caso em tela, não há nos autos elementos concretos que demonstrem a coação alegada pela autora, sendo insuficiente a mera presunção decorrente da revelia da empregadora direta. O ônus da prova do vício de consentimento é da parte que o alega (CPC/2015, art. 373, I).

Ressalte-se que a jurisprudência consolidada do Tribunal Superior do Trabalho exige a demonstração cabal da coação ou fraude para a anulação do pedido de demissão, não bastando alegações genéricas ou presunções (TST, RR 1021-62.2019.5.11.0018).

4.3. DA RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA DO ENTE PÚBLICO

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 760.931/STF (Tema 246/STF da Repercussão Geral) e a ADC 16/DF/STF, fixou o entendimento de que o inadimplemento das obrigações trabalhistas pela empresa contratada não transfere automaticamente ao ente público tomador de serviços a responsabilidade pelo pagamento dos créditos trabalhistas, seja em caráter solidário ou subsidiário (Lei 8.666/1993, art. 71, § 1º).

Para que haja a responsabilização do ente público, é imprescindível a comprovação de culpa in vigilando, ou seja, a demonstração de que a Administração Pública foi omissa na fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas pela empresa contratada. O ônus da prova, conforme a jurisprudência majoritária do TST, tem sido atribuído ao ente público, em razão de sua melhor aptidão para demonstrar a efetiva fiscalização (TST, Ag-AIRR 237-02.2020.5.11.0002).

No entanto, o STF tem reiterado que a mera ausência de prova da fiscalização não autoriza, por si só, a responsabilização do Poder Público, sendo necessária a demonstração concreta da conduta culposa (TST, Ag-RRAg 921-28.2019.5.11.0012).

No caso em apreço, não há nos autos elementos que evidenciem a omissão do Estado do Amazonas na fiscalização do contrato, não sendo possível atribuir-lhe responsabilidade subsidiária por presunção ou inversão do ônus probatório.

4.4. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), o princípio da proteção ao trabalhador e o princípio da legalidade (CF/88, art. 37, caput) orientam a atuação do Judiciário Trabalhista, mas não autorizam a mitigação das regras de distribuição do ônus da prova e dos requisitos legais para a responsabilização do ente público.

O respeito ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV) e ao contraditório (CF/88, art. 5º, LV) impõe que toda condenação esteja devidamente fundamentada em provas concretas, "'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

I. Relatório

Trata-se de recurso ordinário interposto por M. R. B. contra sentença proferida pela 19ª Vara do Trabalho de Manaus/AM, que julgou parcialmente procedentes os pedidos formulados em face de FK Gestão Empresarial Ltda. e do Estado do Amazonas (Secretaria Estadual de Saúde – SES), não reconhecendo a nulidade do pedido de demissão e afastando a responsabilidade subsidiária do ente público. A recorrente sustenta, em síntese, que a revelia e confissão ficta da primeira reclamada implicaria o reconhecimento da coação no pedido de demissão e defende a responsabilização subsidiária do Estado pelos créditos inadimplidos, invocando, ainda, os princípios protetivos do Direito do Trabalho.

II. Fundamentação

1. Da Revelia e Confissão da Primeira Reclamada

Inicialmente, cumpre consignar que, conforme o CPC/2015, art. 345, a confissão ficta decorrente da revelia limita-se aos fatos próprios da parte revel, não vinculando terceiros, como o ente público. Ademais, a presunção de veracidade dos fatos é relativa e pode ser afastada por prova em contrário ou se os fatos alegados mostrarem-se inverossímeis ou em confronto com o conjunto probatório dos autos, nos termos da CLT, art. 844.

2. Da Nulidade do Pedido de Demissão

Para a anulação do pedido de demissão, faz-se necessária a demonstração inequívoca de vício de consentimento, conforme dispõe o CCB/2002, art. 145. No caso em apreço, não há elementos concretos que atestem a coação alegada pela autora, não bastando a mera presunção decorrente da revelia da empregadora direta. O ônus da prova quanto ao vício de consentimento incumbia à parte autora (CPC/2015, art. 373, I), ônus do qual não se desincumbiu. O entendimento do Tribunal Superior do Trabalho igualmente exige prova cabal da coação ou fraude para a nulidade do pedido de demissão (RR 1021-62.2019.5.11.0018).

3. Da Responsabilidade Subsidiária do Ente Público

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o RE 760.931/STF (Tema 246/STF da Repercussão Geral) e a ADC Acórdão/STF, fixou que o inadimplemento das obrigações trabalhistas pela empresa contratada não transfere automaticamente ao ente público tomador de serviços a responsabilidade pelo pagamento dos créditos trabalhistas. Para que haja responsabilização, é necessária a demonstração de culpa in vigilando, isto é, omissão na fiscalização do contrato, sendo o ônus da prova atribuído ao ente público, segundo entendimento jurisprudencial do TST (Ag-AIRR 237-02.2020.5.11.0002).

Entretanto, o STF é firme ao afirmar que a ausência de prova da fiscalização não enseja, por si só, a responsabilização do poder público, exigindo-se demonstração concreta de conduta culposa (Ag-RRAg 921-28.2019.5.11.0012). No caso vertente, inexiste nos autos prova inequívoca da omissão do Estado do Amazonas na fiscalização do contrato. Não há elementos que demonstrem culpa in vigilando, inviabilizando a responsabilização subsidiária pretendida.

4. Dos Princípios Constitucionais Aplicáveis

Ressalte-se que a atuação do Judiciário Trabalhista deve observar os princípios constitucionais da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da proteção ao trabalhador e da legalidade (CF/88, art. 37, caput). Entretanto, tais princípios não autorizam a mitigação das regras de distribuição do ônus da prova ou dos requisitos legais para responsabilização do ente público.

O devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV) e o contraditório (CF/88, art. 5º, LV) exigem que a condenação esteja lastreada em provas concretas, sob pena de violação à segurança jurídica.

5. Da Fundamentação (CF/88, art. 93, IX)

Em observância a CF/88, art. 93, IX, fundamento o presente voto de modo claro e preciso, analisando todos os argumentos relevantes submetidos à apreciação judicial, para que as partes compreendam as razões da decisão.

III. Dispositivo

Pelo exposto, nego provimento ao recurso ordinário interposto por M. R. B. e mantenho, na íntegra, a sentença de origem, pelos próprios fundamentos, especialmente quanto:

  • à validade do pedido de demissão, ausente prova de vício de consentimento;
  • à inexistência de responsabilidade subsidiária do Estado do Amazonas, pela ausência de comprovação de culpa in vigilando;
  • à observância das regras de distribuição do ônus da prova, em consonância com o entendimento consolidado do STF e TST.

Fica mantida a concessão dos benefícios da justiça gratuita à recorrente, razão pela qual não há condenação em honorários advocatícios sucumbenciais.

É como voto.

IV. Conclusão

Ante o exposto, conheço do recurso ordinário, por preenchidos os requisitos de admissibilidade, mas nego-lhe provimento, mantendo-se a sentença recorrida por seus próprios fundamentos.

Publique-se. Intimem-se.


Manaus/AM, [data a ser inserida].
Desembargador Relator: [Nome do Magistrado]


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