Modelo de Alegações finais da defesa em processo criminal por tráfico de drogas e associação criminosa, requerendo nulidade das provas, absolvição por erro de tipo e insuficiência probatória, ou pena mínima em regime abe...

Publicado em: 30/04/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de alegações finais da defesa em ação penal contra acusado de tráfico de drogas e associação criminosa, fundamentando pedido de nulidade absoluta das provas por declarações falsas, absolvição por erro de tipo e insuficiência probatória, com referência à jurisprudência do STF, STJ e TJERJ, e requerimento subsidiário de aplicação da pena mínima e regime inicial aberto.

ALEGAÇÕES FINAIS DA DEFESA (MEMORIAIS)

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ___ do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Processo nº: ____________
Réu: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, entregador, portador do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº XX.XXX.XXX-X, residente e domiciliado à Rua X, nº Y, Bairro Z, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected].
Advogado: B. C. de S. L., inscrito na OAB/UF sob o nº XXXXX, com escritório profissional à Rua Y, nº Z, Bairro X, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected].

3. SÍNTESE DOS FATOS

O acusado A. J. dos S. foi denunciado como incurso nas sanções da Lei 11.343/2006, art. 33 e Lei 11.343/2006, art. 35, sob a alegação de ter sido flagrado transportando substância entorpecente (maconha e cocaína) em quantidade e circunstâncias que, segundo a acusação, caracterizariam tráfico de drogas e associação criminosa. A prisão ocorreu após abordagem policial, motivada por suposta atitude suspeita e fuga do acusado, culminando na apreensão dos entorpecentes e posterior lavratura do auto de prisão em flagrante. Durante o inquérito policial, foram colhidas declarações dos policiais e do acusado, sendo este último acusado de ter permanecido em silêncio ou, em alguns momentos, de ter feito declarações informais que, posteriormente, foram contestadas quanto à sua veracidade e licitude. No decorrer da instrução, a defesa sustentou a ausência de provas robustas, a ocorrência de erro de tipo e a existência de vícios insanáveis no procedimento investigatório, notadamente quanto à licitude das provas e à veracidade das declarações colhidas em sede policial.

4. PRELIMINARES (NULIDADE ABSOLUTA POR DECLARAÇÕES FALSAS NO INQUÉRITO POLICIAL)

Inicialmente, cumpre arguir nulidade absoluta de todo o inquérito policial e dos atos subsequentes, em razão da existência de declarações falsas e contraditórias prestadas pelos agentes policiais, bem como da ausência de comprovação inequívoca do direito ao silêncio e da voluntariedade das manifestações do acusado.
O princípio do devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV) e o direito à não autoincriminação (CF/88, art. 5º, LXIII) impõem que toda e qualquer declaração colhida em sede policial seja revestida de legalidade, voluntariedade e autenticidade. A jurisprudência do STJ e do TJERJ é firme no sentido de que a confissão informal ou declarações obtidas sem a devida advertência do direito ao silêncio não possuem valor probatório, podendo ensejar a nulidade do procedimento (AgRg no HC 722.434/GO/STJ; TJRJ, Apelação 0010400-62.2015.8.19.0028).
Ademais, a existência de contradições relevantes entre os depoimentos dos policiais e do acusado, especialmente quanto à dinâmica da abordagem e à suposta confissão, compromete a higidez do conjunto probatório, atraindo a incidência da teoria dos frutos da árvore envenenada (HC 598.051/SP/STJ; TJRJ, Apelação 0808882-95.2023.8.19.0004).
Diante disso, requer-se o reconhecimento da nulidade absoluta das provas produzidas no inquérito policial, com a consequente absolvição do acusado, nos termos do CPP, art. 386, II e VII.

5. DO MÉRITO

5.1. DA ABSOLVIÇÃO POR ERRO DE TIPO

O réu, em sua conduta, não agiu com dolo específico exigido para a configuração dos crimes de tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33) e associação criminosa (Lei 11.343/2006, art. 35). Restou demonstrado nos autos que o acusado não tinha consciência da ilicitude do fato, tampouco intenção de comercializar ou associar-se para o tráfico, tratando-se de hipótese de erro de tipo essencial (CP, art. 20).
A ausência de elementos objetivos e subjetivos que evidenciem a vontade livre e consciente de praticar o tráfico ou integrar organização criminosa impõe o reconhecimento do erro de tipo, afastando-se a tipicidade penal. O princípio da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) e o in dubio pro reo devem prevalecer, sobretudo diante da fragilidade probatória e da inexistência de provas inequívocas da intenção criminosa.
Assim, requer-se a absolvição do acusado, nos termos do CPP, art. 386, III.

5.2. DA INSUFICIÊNCIA PROBATÓRIA

A análise do conjunto probatório revela insuficiência de provas quanto à autoria e materialidade dos delitos imputados. A jurisprudência consolidada do STJ e do TJERJ estabelece que a condenação criminal exige prova robusta e inequívoca, não se admitindo presunções ou ilações baseadas exclusivamente em depoimentos policiais contraditórios ou não corroborados por outros elementos (TJRJ, Apelação 0805943-07.2022.8.19.0028; AgRg no HC 724.006/SP/STJ).
No caso em tela, não há testemunhas independentes, tampouco perícia conclusiva que comprove a destinação mercantil da droga apreendida. A suposta confissão do acusado, além de questionável quanto à sua voluntariedade, não foi ratificada em juízo, sendo inadmissível sua utilização como fundamento condenatório (TJRJ, Apelação 0010400-62.2015.8.19.0028).
Ademais, a ausência de provas da estabilidade e permanência do vínculo associativo afasta a configuração do crime de associação para o tráfico (Lei 11.343/2006, art. 35), conforme entendimento reiterado do TJERJ (TJRJ, Apelação 0805943-07.2022.8.19.0028).
Diante da dúvida razoável quanto à autoria e à materialidade, impõe-se a absolvição do acusado, nos termos do CPP, art. 386, VII.

5.3. SUBSIDIARIA"'>...


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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de ação penal em que A. J. dos S. foi denunciado como incurso na Lei 11.343/2006, art. 33 e Lei 11.343/2006, art. 35, por suposto tráfico de drogas e associação criminosa. A defesa, em alegações finais, argui nulidade absoluta das provas colhidas na fase inquisitorial, por suposta violação de direitos fundamentais, e pugna pela absolvição do acusado por erro de tipo ou insuficiência probatória, ou, subsidiariamente, pela condenação mínima e fixação de regime inicial aberto.

Voto

I. Da Fundamentação – Hermenêutica dos Fatos e do Direito

Inicialmente, cumpre destacar que a CF/88, art. 93, IX, exige que todas as decisões judiciais sejam devidamente fundamentadas, sob pena de nulidade.

No caso em exame, a defesa sustenta, em preliminar, a nulidade das provas produzidas na fase policial, argumentando que as declarações colhidas dos agentes públicos são contraditórias e que não houve advertência quanto ao direito ao silêncio e à não autoincriminação, conforme garantido pela CF/88, art. 5º, LXIII e pela jurisprudência dominante. Aponta, ainda, a teoria dos frutos da árvore envenenada, alegando que toda a persecução penal restou contaminada desde o início.

No mérito, a defesa sustenta inexistência de dolo específico, erro de tipo essencial (CP, art. 20), ausência de provas suficientes da destinação mercantil da droga e de estabilidade e permanência do vínculo associativo, invocando a aplicação do princípio do in dubio pro reo (CF/88, art. 5º, LVII), bem como o disposto no CPP, art. 386, III e VII.

Destaco que a condenação criminal exige prova robusta e harmônica quanto à autoria e à materialidade delitivas, sendo vedada a utilização de provas obtidas por meios ilícitos (CF/88, art. 5º, LVI; CPP, art. 155). A jurisprudência do STJ e do TJERJ é pacífica nesse sentido, conforme precedentes colacionados nos memoriais.

A análise dos autos revela que a abordagem policial não foi acompanhada de testemunhas imparciais, não houve perícia conclusiva quanto à destinação mercantil da droga, e a suposta confissão informal do réu, além de questionável, não foi ratificada em juízo. Ademais, há relevantes contradições nos depoimentos policiais, o que compromete a higidez do conjunto probatório.

Ressalto, ainda, que as garantias fundamentais do devido processo legal, ampla defesa, contraditório e presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LIV, LV e LVII) devem ser respeitadas, e, inexistindo prova segura da autoria e materialidade, impõe-se a absolvição do réu.

II. Da Preliminar de Nulidade Absoluta

De acordo com a jurisprudência do STJ e do TJERJ (HC Acórdão/STJ, Apelação Acórdão/TJRJ), a ausência de fundadas suspeitas, a violação de garantias constitucionais e a existência de contradições relevantes entre depoimentos policiais e o acusado podem, sim, macular de nulidade absoluta a persecução penal, invalidando as provas e tornando impossível a formação de juízo condenatório.

No caso concreto, reputo que as irregularidades apontadas pela defesa – ausência de advertência do direito ao silêncio, declarações contraditórias e ausência de testemunhas independentes – comprometem, de modo insanável, a lisura do procedimento e a licitude das provas obtidas na fase inquisitorial.

Aplicável, portanto, a teoria dos frutos da árvore envenenada, restando inválidas as provas colhidas e, por derivação, as demais provas delas dependentes.

III. Do Mérito – Insuficiência Probatória

Ainda que superada a preliminar, o exame do mérito revela que não há provas suficientes para a condenação. A ausência de testemunhas imparciais, de perícias conclusivas e de confissão válida impede o reconhecimento seguro da autoria e materialidade dos delitos descritos na Lei 11.343/2006, art. 33 e Lei 11.343/2006, art. 35.

A jurisprudência exige que a condenação criminal se funde em prova inequívoca, não se admitindo presunção ou mera ilação (TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ).

Diante da dúvida razoável, incide o princípio do in dubio pro reo, devendo o réu ser absolvido.

IV. Da Absolvição por Erro de Tipo

Não restou demonstrada, nos autos, a intenção livre e consciente do réu de praticar o tráfico ou associar-se para tal finalidade, hipótese que autoriza o reconhecimento do erro de tipo essencial (CP, art. 20), o que igualmente conduz à absolvição.

V. Dos Recursos e Conclusão

Considerando que não há recurso pendente de admissibilidade a ser conhecido nesta fase, passo à conclusão.

Dispositivo

Diante do exposto, com fulcro na CF/88, art. 93, IX, JULGO PROCEDENTE o pedido defensivo para:

  1. ACOLHER a preliminar de nulidade absoluta das provas colhidas na fase inquisitorial, reconhecendo a ilicitude das provas e declarando a nulidade dos atos subsequentes;
  2. ABSOLVER A. J. dos S., com fundamento no CPP, art. 386, II e VII;
  3. Prejudicadas as demais teses defensivas e pedidos subsidiários.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Referências Fundamentais

Rio de Janeiro, ____ de ___________ de 2024

Juiz de Direito
Matrícula ________


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