Modelo de Ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais e materiais contra BV Financeira por fraude em boleto e falha na segurança de dados pessoais

Publicado em: 30/05/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Petição inicial para responsabilização objetiva da instituição financeira BV Financeira por fraude no pagamento de boleto, requerendo ressarcimento do valor pago indevidamente, indenização por danos morais e obrigação de implementar medidas de segurança contra fraudes, com base no CDC, Súmula 479/STJ, LGPD e legislação correlata.
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PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível do Tribunal de Justiça do Estado de [UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

A. F. da S. L., brasileira, solteira, comerciária, portadora do CPF nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX-X, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliada na Rua das Flores, nº 100, Bairro Centro, CEP 00000-000, Cidade/UF,
por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS

em face de BV FINANCEIRA E FINANCIAMENTOS S/A, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº XX.XXX.XXX/0001-XX, com sede na Avenida Paulista, nº 1000, Bairro Bela Vista, CEP 00000-000, Cidade/UF, endereço eletrônico: [email protected], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

A Autora firmou, em outubro de 2023, contrato de financiamento de veículo junto à BV Financeira, assumindo a obrigação de quitar o débito em 48 parcelas mensais. Ocorre que, por motivos alheios à sua vontade, houve atraso no pagamento da parcela com vencimento em 08/12/2023.

No intuito de regularizar a situação, a Autora recebeu, via aplicativo WhatsApp, mensagem de cobrança proveniente de pessoa que se identificou como atendente do Banco BV, fornecendo todos os dados do contrato, inclusive número do financiamento, valor da parcela e demais informações pessoais. Em seguida, foi enviado boleto bancário com o logotipo do banco, valor idêntico ao devido e demais elementos que conferiam aparência de autenticidade.

Confiando na veracidade da cobrança e na regularidade do canal de comunicação, a Autora efetuou o pagamento do boleto. Contudo, três dias depois, foi surpreendida com nova cobrança do Banco BV, informando que a parcela permanecia em aberto.

Após contato com a instituição financeira, restou constatado que a Autora fora vítima do denominado “golpe do boleto”, tendo o valor pago sido direcionado a terceiro fraudador. A Autora imediatamente registrou boletim de ocorrência e buscou solução administrativa junto à BV Financeira, sem êxito, sendo informada de que nada poderia ser feito. Diante da necessidade de manter o contrato em dia, a Autora quitou novamente a parcela, suportando prejuízo financeiro e abalo emocional.

Ressalte-se que a fraude somente foi possível em razão do acesso do fraudador a dados sigilosos do contrato e da Autora, bem como da ausência de mecanismos eficazes de segurança e comunicação por parte da instituição financeira.

Assim, busca a Autora a tutela jurisdicional para ver reconhecida a responsabilidade da Ré, com o consequente ressarcimento do valor pago indevidamente, além da reparação pelos danos morais sofridos.

4. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer a Vossa Excelência:

  1. A citação da Ré para, querendo, apresentar defesa, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria de fato;
  2. A condenação da Ré ao ressarcimento do valor pago indevidamente pela Autora, referente à parcela quitada por meio de boleto fraudado, devidamente corrigido desde o desembolso e acrescido de juros legais a contar da citação;
  3. A condenação da Ré ao pagamento de indenização por danos morais, em valor a ser arbitrado por Vossa Excelência, considerando a gravidade do abalo sofrido e o caráter punitivo-pedagógico da medida;
  4. A obrigação de fazer, consistente na adoção de medidas eficazes de segurança e comunicação, a fim de prevenir novas fraudes e proteger os dados pessoais da Autora;
  5. A inversão do ônus da prova, nos termos do CDC, art. 6º, VIII, diante da hipossuficiência da Autora e da verossimilhança das alegações;
  6. A condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;
  7. A produção de todas as provas admitidas em direito, especialmente documental, testemunhal e pericial, se necessário;
  8. A designação de audiência de conciliação/mediação, nos termos do CPC/2015, art. 319, VII.

5. DO DIREITO

5.1. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA DAS INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS

Nos termos do CDC, art. 14, as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação de serviços, independentemente da existência de culpa. A responsabilidade decorre do risco da atividade, sendo irrelevante a participação direta ou indireta do fornecedor na fraude, bastando a demonstração do nexo causal entre o serviço prestado e o dano experimentado.

A jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmula 479/STJ, estabelece que “as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.

No caso em tela, restou demonstrado que o fraudador teve acesso a informações sigilosas do contrato da Autora, o que evidencia falha na prestação do serviço e ausência de mecanismos eficazes de segurança por parte da Ré.

5.2. DA FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO E VIOLAÇÃO DE DADOS

A disponibilização de informações contratuais a terceiros, sem o consentimento da Autora, caracteriza violação do dever de segurança e confidencialidade, afrontando o disposto na Lei Complementar 105/2001, art. 1º, que assegura o sigilo bancário, e na Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/2018).

A ausência de canais seguros de comunicação e a inércia da instituição financeira diante do relato da fraude agravam a responsabilidade da Ré, que não adotou providências par"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

Relatório

Trata-se de ação de obrigação de fazer cumulada com indenização por danos morais e materiais ajuizada por A. F. da S. L. em face de BV Financeira e Financiamentos S/A. Narra a autora que, após atraso no pagamento de parcela de financiamento, recebeu cobrança via WhatsApp, efetuou o pagamento de boleto aparentemente legítimo, mas posteriormente constatou tratar-se de fraude (“golpe do boleto”), tendo arcado com o prejuízo financeiro e sofrido abalo emocional. Pleiteia o ressarcimento do valor pago indevidamente, indenização por danos morais, obrigação de adoção de medidas de segurança e inversão do ônus da prova.

Fundamentação

I. Da Fundamentação Constitucional e Legal

Inicialmente, destaco que, conforme a CF/88, art. 93, IX, \"todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade\". Assim, passo a fundamentar o presente voto.

A relação entre as partes é de consumo, aplicando-se o CDC, art. 14, que prevê a responsabilidade objetiva das instituições financeiras por defeitos na prestação de seus serviços, independentemente de culpa. A jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, por meio da Súmula 479/STJ, estabelece que “as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias”.

No caso concreto, restou evidenciado que a fraude somente foi possível porque o fraudador teve acesso a dados sigilosos do contrato e informações pessoais da autora, o que configura falha na prestação do serviço e ausência de mecanismos eficazes de segurança por parte da instituição financeira ré. A Lei Geral de Proteção de Dados ( Lei 13.709/2018) e a Lei Complementar 105/2001 impõem o dever de sigilo e proteção de dados bancários, o que não foi devidamente observado pela ré.

II. Da Responsabilidade Civil e dos Danos Materiais

O dano material ficou comprovado pelo pagamento em duplicidade da parcela do financiamento. A autora efetuou o pagamento do boleto fraudado, não tendo obtido solução administrativa junto à instituição financeira, sendo obrigada a quitar novamente a parcela junto à ré. Assim, é devida a restituição do valor desembolsado indevidamente, acrescido de correção monetária e juros legais, conforme entendimento pacífico dos tribunais.

III. Dos Danos Morais

O abalo emocional sofrido pela autora, que além do prejuízo financeiro suportou angústia, frustração e perda de tempo útil para solucionar o problema, caracteriza dano moral indenizável, nos termos do CCB/2002, art. 186 e da jurisprudência consolidada. A indenização por dano moral possui caráter punitivo-pedagógico, buscando desestimular condutas negligentes por parte das instituições financeiras.

IV. Da Obrigação de Fazer

Considerando a falha na segurança e comunicação, impõe-se determinar à ré que adote medidas eficazes para proteger os dados da autora e evitar novas fraudes, em respeito aos deveres legais e contratuais de segurança e sigilo.

V. Da Inversão do Ônus da Prova

A hipossuficiência técnica da autora e a verossimilhança das alegações autorizam a inversão do ônus da prova, nos termos do CDC, art. 6º, VIII, cabendo à ré demonstrar a inexistência de falha na prestação do serviço.

VI. Da Jurisprudência Aplicável

Os tribunais pátrios têm entendido que, em casos análogos, as instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos materiais e morais decorrentes de fraudes como a do “golpe do boleto”, conforme se observa dos julgados destacados na petição inicial, especialmente as decisões do TJSP, TJRJ e Súmula 479/STJ.

VII. Dos Requisitos para o Julgamento

Verifico que presentes os requisitos para o julgamento do mérito, sendo possível proferir decisão de mérito, nos termos do CPC/2015, art. 487, I.

Dispositivo

Ante o exposto, com fundamento na CF/88, art. 93, IX, e demais dispositivos legais citados, JULGO PROCEDENTE o pedido para:

  • Condenar a ré ao ressarcimento do valor pago indevidamente pela autora, referente à parcela quitada por meio de boleto fraudado, devidamente corrigido desde o desembolso e acrescido de juros legais a contar da citação;
  • Condenar a ré ao pagamento de indenização por danos morais, que arbitro em valor razoável, a ser fixado na fase de liquidação, considerando a gravidade do abalo sofrido e o caráter punitivo-pedagógico da medida;
  • Determinar à ré a adoção de medidas eficazes de segurança e comunicação, a fim de prevenir novas fraudes e proteger os dados pessoais da autora;
  • Determinar a inversão do ônus da prova em favor da autora;
  • Condenar a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do CPC/2015, art. 85, § 2º.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Conclusão

É como voto.

 

[Cidade], [data].
[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito


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