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Análise Jurídica de Decisão do STJ sobre Contratos de Cessão de Direitos Autorais, Exploração de Obras por Streaming e Multa Processual

Postado por legjur.com em 12/02/2025
Este documento apresenta um comentário jurídico detalhado sobre uma decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) envolvendo temas relevantes no âmbito da propriedade intelectual. A análise aborda a caracterização de contratos de cessão de direitos autorais, a aplicação da irretroatividade da Lei 9.610/98 aos contratos anteriores à sua vigência, os desafios jurídicos relacionados à exploração de obras musicais em plataformas de streaming e o afastamento de multa processual por ausência de caráter protelatório. Também são discutidos fundamentos constitucionais, como o princípio da ampla defesa e a boa-fé processual, além de reflexões sobre a necessidade de regulamentações mais robustas no contexto digital.

Doc. LEGJUR 241.1230.5784.2367

STJ Direito autoral. Recurso especial. Propriedade intelectual. Rescisão contratual, inexistência de direitos autorais patrimoniais e indenização. Negativa de prestação jurisdicional. Não ocorrência. Cerceamento de defesa. Não caracterização. Contratos de cessão de direitos autorais patrimoniais. Configuração. Utilização das obras musicais em formato digital. Streaming. Possibilidade. Irretroatividade. Multa do CPC/2015, art. 1.026, § 2º. Afastamento. Lei 9.610/1998, art. 49, V. Lei 9.610/1998, art. 29, VII, VIII, i, IX e X.

1 - Ação ajuizada em 11/4/2019. Recurso especial interposto em 14/2/2022. Autos conclusos ao Gabinete em 21/8/2023. ... ()


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Análise Jurídica de Decisão do STJ sobre Contratos de Cessão de Direitos Autorais, Exploração de Obras por Streaming e Multa Processual

Comentário/Nota

COMENTÁRIO JURÍDICO SOBRE DECISÃO DO STJ

INTRODUÇÃO

A decisão em análise aborda questões relevantes no âmbito da propriedade intelectual, em especial no que tange aos contratos de cessão de direitos autorais, a exploração de obras musicais por streaming e a aplicação de multa processual. Trata-se de um Recurso Especial julgado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, de forma unânime, decidiu pela parcial procedência do recurso, afastando a multa processual inicialmente aplicada.

ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

1. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL E CERCEAMENTO DE DEFESA

O tribunal rejeitou a alegação de negativa de prestação jurisdicional, entendendo que todas as questões relevantes foram devidamente analisadas com base nos elementos constantes dos autos. Essa conclusão é juridicamente adequada, pois reforça os princípios da celeridade e economia processual previstos no CPC/2015, art. 4º, ao afirmar que não havia necessidade de produção de novas provas. Ainda assim, é importante ponderar que a ausência de produção probatória pode, em determinados casos, comprometer a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), o que não parece ter sido demonstrado neste caso específico.

2. NATUREZA DOS CONTRATOS DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS

A caracterização dos contratos como de cessão de direitos autorais, com transferência total e definitiva dos direitos patrimoniais, foi fundamentada na vontade expressa das partes. Essa interpretação está em harmonia com o CCB/2002, art. 104, que exige a manifestação livre e inequívoca das partes para a validade dos negócios jurídicos. Contudo, a decisão merece atenção crítica no que tange à análise da proporcionalidade entre a cessão irrestrita dos direitos e a remuneração recebida, especialmente em contratos firmados antes da popularização de plataformas de streaming, o que pode gerar desequilíbrios econômicos futuros.

3. STREAMING E IRRETROATIVIDADE DA LEI

A decisão de que a Lei 9.610/98 não se aplica retroativamente a contratos celebrados antes de sua vigência é juridicamente acertada, uma vez que respeita o princípio da irretroatividade das leis (CF/88, art. 5º, XXXVI). No entanto, a aplicação desse entendimento às plataformas de streaming deve levar em consideração o impacto econômico significativo dessa forma de exploração digital, que não era prevista à época da celebração dos contratos. A decisão, embora tecnicamente correta, deixa em aberto a necessidade de instrumentos mais claros para a regulação de direitos autorais em novas tecnologias.

4. MULTA PROCESSUAL

O afastamento da multa prevista no CPC/2015, art. 1.026, §2º, decorreu da ausência de comprovação do caráter protelatório dos embargos de declaração. Essa conclusão é coerente com o princípio da boa-fé processual (CPC/2015, art. 5º). A aplicação indiscriminada de multas pode desencorajar a utilização de instrumentos legítimos de defesa, como os embargos, o que poderia comprometer o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV). Assim, o afastamento da multa representa um equilíbrio entre a eficiência processual e o respeito às garantias processuais das partes.

CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS

A decisão reforça a segurança jurídica ao delimitar os efeitos dos contratos de cessão de direitos autorais e reconhecer a irretroatividade da Lei 9.610/98. No entanto, a ausência de uma análise mais aprofundada sobre a exploração de obras por streaming aponta para a necessidade de um marco regulatório mais robusto, que contemple as peculiaridades do ambiente digital. Além disso, o afastamento da multa processual reforça a importância de decisões fundamentadas e proporcionais, evitando interpretações que possam desestimular a utilização de instrumentos processuais legítimos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, a decisão do STJ apresenta argumentos juridicamente sólidos e alinhados com os princípios constitucionais e processuais aplicáveis. Contudo, ao tratar da exploração de obras musicais por streaming com base em contratos antigos, evidencia-se a necessidade de discussões legislativas para atender às novas demandas tecnológicas. No plano processual, o afastamento da multa processual preserva os direitos das partes e reafirma o compromisso com o devido processo legal. Os reflexos dessa decisão, especialmente no que se refere à propriedade intelectual no ambiente digital, certamente contribuirão para o aprimoramento do ordenamento jurídico brasileiro.


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