Jurisprudência em Destaque
Análise Jurídica de Decisão do STJ sobre Contratos de Cessão de Direitos Autorais, Exploração de Obras por Streaming e Multa Processual
Doc. LEGJUR 241.1230.5784.2367
1 - Ação ajuizada em 11/4/2019. Recurso especial interposto em 14/2/2022. Autos conclusos ao Gabinete em 21/8/2023. ... ()

Comentário/Nota
COMENTÁRIO JURÍDICO SOBRE DECISÃO DO STJ
INTRODUÇÃO
A decisão em análise aborda questões relevantes no âmbito da propriedade intelectual, em especial no que tange aos contratos de cessão de direitos autorais, a exploração de obras musicais por streaming e a aplicação de multa processual. Trata-se de um Recurso Especial julgado pela Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, de forma unânime, decidiu pela parcial procedência do recurso, afastando a multa processual inicialmente aplicada.
ANÁLISE DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
1. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL E CERCEAMENTO DE DEFESA
O tribunal rejeitou a alegação de negativa de prestação jurisdicional, entendendo que todas as questões relevantes foram devidamente analisadas com base nos elementos constantes dos autos. Essa conclusão é juridicamente adequada, pois reforça os princípios da celeridade e economia processual previstos no CPC/2015, art. 4º, ao afirmar que não havia necessidade de produção de novas provas. Ainda assim, é importante ponderar que a ausência de produção probatória pode, em determinados casos, comprometer a ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV), o que não parece ter sido demonstrado neste caso específico.
2. NATUREZA DOS CONTRATOS DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS
A caracterização dos contratos como de cessão de direitos autorais, com transferência total e definitiva dos direitos patrimoniais, foi fundamentada na vontade expressa das partes. Essa interpretação está em harmonia com o CCB/2002, art. 104, que exige a manifestação livre e inequívoca das partes para a validade dos negócios jurídicos. Contudo, a decisão merece atenção crítica no que tange à análise da proporcionalidade entre a cessão irrestrita dos direitos e a remuneração recebida, especialmente em contratos firmados antes da popularização de plataformas de streaming, o que pode gerar desequilíbrios econômicos futuros.
3. STREAMING E IRRETROATIVIDADE DA LEI
A decisão de que a Lei 9.610/98 não se aplica retroativamente a contratos celebrados antes de sua vigência é juridicamente acertada, uma vez que respeita o princípio da irretroatividade das leis (CF/88, art. 5º, XXXVI). No entanto, a aplicação desse entendimento às plataformas de streaming deve levar em consideração o impacto econômico significativo dessa forma de exploração digital, que não era prevista à época da celebração dos contratos. A decisão, embora tecnicamente correta, deixa em aberto a necessidade de instrumentos mais claros para a regulação de direitos autorais em novas tecnologias.
4. MULTA PROCESSUAL
O afastamento da multa prevista no CPC/2015, art. 1.026, §2º, decorreu da ausência de comprovação do caráter protelatório dos embargos de declaração. Essa conclusão é coerente com o princípio da boa-fé processual (CPC/2015, art. 5º). A aplicação indiscriminada de multas pode desencorajar a utilização de instrumentos legítimos de defesa, como os embargos, o que poderia comprometer o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa (CF/88, art. 5º, LV). Assim, o afastamento da multa representa um equilíbrio entre a eficiência processual e o respeito às garantias processuais das partes.
CONSEQUÊNCIAS PRÁTICAS E JURÍDICAS
A decisão reforça a segurança jurídica ao delimitar os efeitos dos contratos de cessão de direitos autorais e reconhecer a irretroatividade da Lei 9.610/98. No entanto, a ausência de uma análise mais aprofundada sobre a exploração de obras por streaming aponta para a necessidade de um marco regulatório mais robusto, que contemple as peculiaridades do ambiente digital. Além disso, o afastamento da multa processual reforça a importância de decisões fundamentadas e proporcionais, evitando interpretações que possam desestimular a utilização de instrumentos processuais legítimos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em síntese, a decisão do STJ apresenta argumentos juridicamente sólidos e alinhados com os princípios constitucionais e processuais aplicáveis. Contudo, ao tratar da exploração de obras musicais por streaming com base em contratos antigos, evidencia-se a necessidade de discussões legislativas para atender às novas demandas tecnológicas. No plano processual, o afastamento da multa processual preserva os direitos das partes e reafirma o compromisso com o devido processo legal. Os reflexos dessa decisão, especialmente no que se refere à propriedade intelectual no ambiente digital, certamente contribuirão para o aprimoramento do ordenamento jurídico brasileiro.
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