Requerimento para Autorização Ambiental e Responsabilidade Civil por Exploração e Desmatamento em Imóvel Privado com Fundamentação na Independência das Esferas Administrativa e Cível
Publicado em: 28/06/2024TESE DOUTRINÁRIA EXTRAÍDA DO ACÓRDÃO:
A exploração e o desmatamento de florestas em imóvel de domínio privado dependem de prévia autorização da autoridade ambiental competente, com a adoção de medidas preventivas e compensatórias, não bastando a mera observância do limite percentual previsto em lei. Além disso, a aplicação de sanção administrativa não exclui a responsabilidade civil do infrator por danos ambientais, sendo as instâncias administrativa e cível independentes entre si.
COMENTÁRIO EXPLICATIVO
A tese reafirma que, mesmo quando a legislação florestal admite a supressão de vegetação sob determinados parâmetros (como o limite mínimo de reserva legal), tal faculdade está condicionada à prévia autorização da autoridade ambiental, que deverá avaliar aspectos técnicos e ambientais do imóvel, considerando restrições como áreas de preservação permanente e manejo sustentável. O acórdão refuta a ideia de que a observância do percentual legal de cobertura arbórea, por si só, legitima o desmatamento, destacando o papel fiscalizador e autorizativo do Estado. Ressalta, ainda, a clara desvinculação entre a esfera administrativa (sanção de multa) e a esfera cível (obrigação de reparar o dano), em consonância com o regime da responsabilidade objetiva ambiental.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
- CF/88, art. 225: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações."
- CF/88, art. 186, II: Função social da propriedade rural, atendida quando “a utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente” é observada.
- CF/88, art. 5º, XXIII: A propriedade atenderá a sua função social.
FUNDAMENTO LEGAL
- Lei 4.771/1965 (Código Florestal, revogada), art. 16, alínea "a": Exigia autorização da autoridade competente para desmate, mesmo respeitado o limite de 20% de reserva legal.
- Lei 4.771/1965, art. 19: Impõe manejo sustentável e reposição florestal para exploração de madeira.
- Lei 6.938/1981, art. 14, §1º: Responsabilidade objetiva do poluidor, que deve reparar integralmente o dano ambiental, independentemente da aplicação de sanção administrativa.
SÚMULAS APLICÁVEIS
- Súmula 106/STJ: "Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência."
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relevância da tese reside em consolidar a atuação do Poder Público no controle do uso de recursos naturais, repudiando visões patrimonialistas que priorizam o direito absoluto de propriedade em detrimento do interesse coletivo e do meio ambiente. A decisão fortalece a independência entre os regimes sancionatórios administrativo e cível, impedindo que o pagamento de multa administrativa afaste a obrigação de recomposição e indenização civil ambiental. Os reflexos futuros são a maior segurança jurídica para a atuação repressiva e preventiva do Ministério Público e dos órgãos ambientais, além de servir de paradigma para processos envolvendo ilícitos ambientais em áreas privadas, especialmente em contextos de desmatamento e uso sustentável da terra.
ANÁLISE CRÍTICA E OBJETIVA
A argumentação do acórdão é robusta ao interpretar o "critério da autoridade competente" como elemento central na autorização do desmate, afastando a tese de que a mera observância do limite de 20% de reserva legal tornaria lícita a supressão da vegetação. A decisão também é precisa ao afirmar a responsabilidade objetiva do poluidor, prevista em Lei 6.938/1981, art. 14, §1º, alinhando-se à jurisprudência consolidada do STJ e STF sobre a independência das esferas administrativa e cível no direito ambiental. Sob o ponto de vista processual, o acórdão observa a regularidade formal e rejeita preliminares de decadência com base na Súmula 106/STJ, reforçando o acesso à jurisdição em ações rescisórias ambientais. Em termos práticos, a decisão impede que infratores ambientais se valham do pagamento de multas para evitar a recomposição do dano, promovendo a efetividade do princípio da reparação integral e da prevenção ambiental. Por fim, sinaliza para o jurisdicionado e para o Poder Público que a tutela do meio ambiente é um imperativo constitucional e infraconstitucional, prevalecendo sobre interesses meramente individuais de exploração econômica da propriedade rural.
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