Legitimidade do cessionário de contrato de participação financeira para ajuizamento de ação de complementação de ações com base em direito expresso ou tácito à subscrição de ações

Documento aborda a legitimidade do cessionário de contrato de participação financeira para propor ação de complementação de ações, condicionada à existência de direito expresso ou tácito à subscrição, conforme entendimento das instâncias ordinárias. Trata-se da análise jurídica sobre a titularidade e condições para exercício do direito à subscrição de ações em contratos de cessão.


TESE DOUTRINÁRIA EXTRAÍDA DO ACÓRDÃO:

O cessionário de contrato de participação financeira tem legitimidade para ajuizar ação de complementação de ações somente na hipótese em que o instrumento de cessão lhe conferir, expressa ou tacitamente, o direito à subscrição de ações, conforme apurado nas instâncias ordinárias.

COMENTÁRIO EXPLICATIVO

O Superior Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que a legitimidade ativa do cessionário para propor ação de complementação de ações exige que o direito à subscrição de ações tenha sido transferido no instrumento de cessão, seja de forma expressa ou tácita. A análise quanto à existência dessa cessão compete às instâncias ordinárias, uma vez que envolve a interpretação do conteúdo contratual e dos elementos fáticos relativos à relação jurídica estabelecida.

FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL

CF/88, art. 5º, XXXV (princípio da inafastabilidade da jurisdição).

FUNDAMENTO LEGAL

CCB/2002, art. 286 (cessão de crédito); CPC/2015, art. 17 (legitimidade para o processo).

SÚMULAS APLICÁVEIS

Súmula 284/STF (necessidade de indicação do dispositivo legal para conhecimento do recurso especial).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A relevância da tese reside na delimitação objetiva da legitimidade ativa do cessionário, evitando litígios indevidos e promovendo segurança jurídica nas relações contratuais envolvendo contratos de participação financeira. A decisão impacta diretamente o mercado de cessão de direitos, ressaltando a necessidade de clareza e precisão nos instrumentos de cessão, com possíveis reflexos sobre a regularidade dos contratos e dos processos judiciais correlatos.

ANÁLISE CRÍTICA

O fundamento jurídico da tese encontra amparo direto no princípio da legalidade e na necessidade de proteção da segurança jurídica. A argumentação do STJ ressalta a importância de distinguir, no âmbito da cessão, os direitos efetivamente transferidos, para evitar ampliações indevidas da legitimidade processual. Do ponto de vista prático, a decisão reforça a necessidade de adequada redação contratual e análise minuciosa pelos tribunais de origem, prevenindo demandas infundadas e garantindo a efetividade da prestação jurisdicional.