Fundamentação concreta e individualizada para valoração negativa da personalidade e conduta social do réu na dosimetria da pena com base em comportamento agressivo e histórico de violência familiar
Publicado em: 18/07/2024 Direito Penal Processo PenalTESE DOUTRINÁRIA EXTRAÍDA DO ACÓRDÃO:
A valoração negativa da personalidade e da conduta social do réu na primeira fase da dosimetria da pena exige fundamentação concreta e individualizada, baseada em elementos que extrapolam os limites do tipo penal, sem incorrer em bis in idem, sendo legítima a exasperação da pena-base quando demonstrados comportamentos agressivos, controladores e histórico de violência no âmbito familiar e social.
COMENTÁRIO EXPLICATIVO
A decisão evidencia a necessidade de fundamentação idônea e concreta para negativação dos vetores personalidade e conduta social do réu na dosimetria da pena (CP, art. 59). O acórdão rechaça alegação de bis in idem ao reconhecer que a análise conjunta desses vetores não implica necessariamente duplicidade valorativa, desde que haja elementos autônomos e circunstanciados para cada um. Comportamentos reiterados de agressividade, controle nas relações familiares e histórico de violência, inclusive com múltiplas vítimas e mesmo contra familiares, legitimam a valoração negativa, desde que lastreados em elementos dos autos e não meramente em antecedentes penais ou boletins de ocorrência isolados.
FUNDAMENTO CONSTITUCIONAL
- CF/88, art. 5º, XLVI: Princípio da individualização da pena.
- CF/88, art. 93, IX: Exigência de fundamentação das decisões judiciais.
FUNDAMENTO LEGAL
- CP, art. 59: Circunstâncias judiciais – personalidade e conduta social.
- CPP, art. 381, III: Obrigação de fundamentação da sentença penal.
SÚMULAS APLICÁVEIS
- Súmula 444/STJ: “É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso para agravar a pena-base.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A relevância da tese reside na necessidade de fundamentação concreta para a exasperação da pena-base, evitando decisões arbitrárias e respeitando o devido processo legal e o princípio da individualização da pena. O entendimento reforça o compromisso com decisões penais fundamentadas e individualizadas, admitindo a valoração negativa da personalidade e conduta social quando efetivamente demonstrada nos autos, sem violar a vedação ao bis in idem. Reflexos futuros podem incluir maior rigor na análise de tais vetores, exigindo dos magistrados motivação precisa e concreta, sob pena de nulidade das decisões. Há impacto direto na atuação da defesa, que deverá atentar para a origem, qualidade e natureza dos elementos utilizados para negativação, e nos recursos ao STJ, que tem reafirmado a necessidade de critérios objetivos na dosimetria.
ANÁLISE CRÍTICA
A argumentação do acórdão está alinhada à jurisprudência do STJ e prioriza a segurança jurídica e o respeito às garantias fundamentais do réu. Ao distinguir a natureza dos elementos que justificam as circunstâncias judiciais, a decisão evita a sobreposição valorativa e o bis in idem, promovendo a razoabilidade e proporcionalidade na fixação da pena. Do ponto de vista prático, a tese orienta juízes a proferirem decisões mais robustas e detalhadas, delimitando as fronteiras para a valoração negativa e prevenindo arbitrariedades. Por outro lado, a exigência de elementos concretos pode restringir exasperações genéricas, promovendo maior controle recursal sobre as decisões de primeira instância.
Outras doutrinas semelhantes

Fundamentação necessária e vedação do bis in idem na valoração negativa das circunstâncias judiciais da personalidade e conduta social na dosimetria da pena
Publicado em: 18/07/2024 Direito Penal Processo PenalEste documento aborda a exigência de fundamentação idônea e baseada em elementos concretos para a valoração negativa das circunstâncias judiciais da personalidade e da conduta social na dosimetria da pena, destacando que tal valoração não pode se confundir com antecedentes criminais, reincidência ou configurar bis in idem. Trata-se de orientação jurídica sobre critérios para aplicação da pena no âmbito penal.
Acessar
Valoração negativa fundamentada das circunstâncias judiciais sobre personalidade e conduta social para exasperação da pena-base sem configurar bis in idem
Publicado em: 18/07/2024 Direito Penal Processo PenalEste documento trata da validade da valoração negativa das circunstâncias judiciais relacionadas à personalidade e conduta social do agente para fins de aumento da pena-base, desde que fundamentada em elementos concretos dos autos, evitando a configuração de bis in idem por meio de individualização e fundamentação autônoma para cada aspecto avaliado.
Acessar
Uniformização da Jurisprudência no STJ sobre a Valoração da Premeditação na Culpabilidade para Dosimetria Penal e a Não Suspensão Obrigatória de Processos Relacionados ao Tema
Publicado em: 29/06/2025 Direito Penal Processo PenalEste documento aborda a tese jurídica extraída do acórdão 250.4011.0860.2338 do Superior Tribunal de Justiça, que reconhece a possibilidade de afetação de recurso especial pelo rito dos recursos repetitivos para uniformizar a jurisprudência sobre a valoração da premeditação como circunstância negativa da culpabilidade no art. 59 do Código Penal. Destaca-se que a premeditação pode justificar a majoração da pena quando fundamentada em elementos concretos, evitando duplicidade de valoração, e que a suspensão dos processos pendentes não é obrigatória quando há jurisprudência consolidada e previsão de julgamento célere. Fundamenta-se nos princípios constitucionais da individualização da pena e duração razoável do processo, com base no CPC/2015 e no RISTJ, visando garantir segurança jurídica, celeridade processual e respeito aos direitos fundamentais do acusado.
Acessar