Modelo de Recurso Especial contra acórdão do TJMG que negou restituição em dobro e indenização por danos morais em pagamento duplicado de fatura de cartão de crédito, com fundamento no CDC e jurisprudência do STJ

Publicado em: 25/06/2025 CivelProcesso CivilConsumidor
Modelo de Recurso Especial dirigido ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) visando a reforma de acórdão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que condenou apenas à devolução simples de valor pago em duplicidade em fatura de cartão de crédito, negando indenização por danos morais. O recurso fundamenta-se no Código de Defesa do Consumidor, especialmente no art. 42, parágrafo único, e na jurisprudência consolidada do STJ que reconhece a repetição em dobro do indébito e o dano moral presumido em caso de falha na prestação de serviços bancários. Requer o provimento para a condenação do banco réu à restituição em dobro, indenização por danos morais e pagamento de custas e honorários advocatícios.
← deslize para o lado para ver mais opções

RECURSO ESPECIAL

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
(para posterior remessa ao Superior Tribunal de Justiça – STJ)

2. TEMPESTIVIDADE E PREPARO

O presente Recurso Especial é tempestivo, pois interposto dentro do prazo legal previsto no CPC/2015, art. 1.003, §5º, considerando a publicação do acórdão recorrido em __/__/____ e o início da contagem do prazo recursal em __/__/____. O preparo recursal foi devidamente realizado, conforme guia de recolhimento anexa, nos termos do CPC/2015, art. 1.007.

3. SÍNTESE DOS FATOS

O Autor, A. J. dos S., qualificado nos autos, é titular de cartão de crédito administrado pelo Banco Réu. Em determinado mês, efetuou o pagamento da fatura do cartão de crédito em duplicidade, por equívoco, fato comprovado documentalmente. Apesar de reiterados contatos e solicitações, o Banco Réu não procedeu à devolução do valor pago em excesso, tampouco realizou o abatimento nas faturas subsequentes.

Diante da inércia da instituição financeira, o Autor ajuizou ação requerendo a restituição do valor pago em duplicidade, bem como indenização por danos morais, em virtude dos transtornos e do desvio produtivo ocasionados pela conduta do Banco Réu.

A sentença de 1ª instância julgou parcialmente procedentes os pedidos, condenando o Banco Réu à devolução simples do valor pago em duplicidade, mas julgou improcedente o pedido de indenização por danos morais. O Autor interpôs apelação, a qual foi desprovida pelo Tribunal de Justiça, sob o fundamento de que o caso configuraria mero aborrecimento, não ensejando dano moral.

O presente Recurso Especial visa à reforma do acórdão recorrido, para que seja reconhecido o direito à restituição em dobro do valor pago indevidamente e à indenização por danos morais.

4. DO CABIMENTO DO RECURSO ESPECIAL

O presente recurso é cabível, nos termos do CPC/2015, art. 105, III, "a" e "c", pois o acórdão recorrido contrariou dispositivos da legislação federal, notadamente o CDC, art. 42, parágrafo único, ao afastar a restituição em dobro do indébito, bem como os arts. 6º, VI e 14 do CDC ao negar a existência de dano moral, mesmo diante de flagrante falha na prestação do serviço bancário.

Além disso, o acórdão divergiu da jurisprudência dominante do Superior Tribunal de Justiça, especialmente do entendimento firmado no EREsp. 1.413.542/RS/STJ e EAREsp. 676.608/RS/STJ, que dispensam a comprovação de má-fé para a repetição em dobro após 30/03/2021 e reconhecem o dano moral em hipóteses de desvio produtivo do consumidor.

Assim, presentes os requisitos de admissibilidade do Recurso Especial.

5. DO DIREITO

5.1. DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO EM DOBRO

O CDC, art. 42, parágrafo único, dispõe que o consumidor cobrado em quantia indevida tem direito à repetição do indébito por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, salvo hipótese de engano justificável. O Superior Tribunal de Justiça consolidou entendimento, por ocasião do EREsp. 1.413.542/RS/STJ, de que, para os descontos indevidos ocorridos após 30/03/2021, basta a violação à boa-fé objetiva, sendo desnecessária a prova de má-fé do fornecedor.

No caso em tela, restou incontroverso que o Autor efetuou o pagamento em duplicidade e que o Banco Réu não devolveu o valor, tampouco apresentou justificativa plausível para a retenção. Tal conduta viola o dever de boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) e caracteriza enriquecimento sem causa (CCB/2002, art. 884), impondo a restituição em dobro do valor indevidamente retido.

5.2. DOS DANOS MORAIS

A recusa injustificada do Banco Réu em restituir valor pago em duplicidade, obrigando o Autor a buscar a via judicial para reaver quantia de sua titularidade, ultrapassa o mero aborrecimento cotidiano, configurando ofensa à dignidade do consumidor e desvio produtivo, conforme reconhecido pelo STJ e pela doutrina major"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto

Trata-se de Recurso Especial interposto por A. J. dos S. em face de acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, que manteve a sentença de parcial procedência, limitando-se à restituição simples do valor pago em duplicidade e afastando o pedido de indenização por danos morais, sob o fundamento de que os fatos narrados caracterizam mero aborrecimento.

1. Admissibilidade

Inicialmente, cumpre analisar os pressupostos de admissibilidade do Recurso Especial. O recurso foi interposto tempestivamente, conforme o art. 1.003, §5º, do CPC/2015, estando devidamente preparado (art. 1.007 do CPC/2015). O cabimento decorre do disposto no art. 105, III, \"a\" e \"c\", da Constituição Federal, ante a alegada violação a dispositivos de legislação federal e divergência jurisprudencial.

Preenchidos os requisitos, conheço do recurso.

2. Dos Fatos

O autor comprovou que efetuou o pagamento em duplicidade de fatura de cartão de crédito, sem que o Banco Réu procedesse à devolução ou ao abatimento do valor pago em excesso, mesmo após reiteradas solicitações. A ação foi proposta para restituição do indébito e indenização por danos morais.

A sentença de primeiro grau condenou o Banco Réu à restituição simples do valor, afastando danos morais. Em sede recursal, o Tribunal manteve o entendimento de que não houve dano moral.

3. Fundamentação

3.1. Da Restituição em Dobro

O art. 42, parágrafo único, do Código de Defesa do Consumidor, prevê expressamente o direito do consumidor à repetição em dobro do valor pago indevidamente, salvo engano justificável. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (EREsp Acórdão/STJ e EAREsp Acórdão/STJ) consolidou o entendimento de que, para descontos e retenções indevidas ocorridas após 30/03/2021, basta a violação à boa-fé objetiva, não sendo mais exigida a comprovação de má-fé do fornecedor.

No caso concreto, ficou evidente que o Banco Réu reteve indevidamente valor pertencente ao autor, sem apresentar justificativa plausível, afrontando o dever de boa-fé objetiva (art. 422 do CC/2002) e configurando enriquecimento sem causa (art. 884 do CC/2002).

Assim, impõe-se a condenação do Banco Réu à restituição em dobro do valor pago em duplicidade, nos termos do CDC, art. 42, parágrafo único.

3.2. Dos Danos Morais

A conduta do Banco Réu ultrapassou o mero aborrecimento. O autor, consumidor, foi obrigado a ingressar em juízo para reaver quantia de sua titularidade, o que caracteriza ofensa à sua dignidade e desvio produtivo, conforme reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça (EAREsp Acórdão/STJ; Apelação Cível TJSP Acórdão/TJSP).

O art. 6º, VI, do CDC assegura ao consumidor a reparação de danos morais. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que o dano moral é presumido em hipóteses de cobrança ou retenção indevida de valores, bastando a demonstração do ilícito.

Portanto, presente a violação a direito da personalidade do consumidor (CF/88, art. 5º, X), é cabível a condenação do Banco Réu à indenização por danos morais, cujo valor deverá ser arbitrado com base nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade.

3.3. Dos Princípios Constitucionais e Fundamentos Legais

O caso deve ser analisado à luz dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), da vulnerabilidade do consumidor (CDC, art. 4º, I), da boa-fé objetiva (CC/2002, art. 422) e da função social do contrato (CC/2002, art. 421). A proteção do consumidor é direito fundamental (CF/88, art. 5º, XXXII).

Ademais, a fundamentação do presente voto atende ao disposto no art. 93, IX, da Constituição Federal de 1988, que exige a devida motivação das decisões judiciais.

4. Dispositivo

Diante do exposto, voto pelo conhecimento e provimento do Recurso Especial, para reformar o acórdão recorrido e:

  • Condenar o Banco Réu à restituição em dobro do valor pago em duplicidade, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC;
  • Condenar o Banco Réu ao pagamento de indenização por danos morais, em valor a ser arbitrado em liquidação de sentença, observando-se os critérios de razoabilidade e proporcionalidade;
  • Condenar o Banco Réu ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, nos termos do art. 85 do CPC/2015.

5. Conclusão

É como voto.

 

Belo Horizonte, ____ de ___________ de 2025.

___________________________________
Desembargador Relator


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.