Modelo de Pedido de reconhecimento de nulidade de provas obtidas por invasão domiciliar ilegal em processo criminal por tráfico de drogas, com fundamento na inviolabilidade do domicílio e teoria dos frutos da árvore envenenada

Publicado em: 03/08/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de petição criminal para requerer a nulidade das provas obtidas mediante ingresso em domicílio sem mandado judicial e sem fundadas razões, com base na Constituição Federal e no Código de Processo Penal, visando a absolvição do acusado por insuficiência de provas lícitas. Inclui fundamentação jurídica, jurisprudência e pedidos de desentranhamento das provas ilícitas, absolvição, intimação do Ministério Público e produção de provas lícitas.
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PEDIDO DE RECONHECIMENTO DE NULIDADE DE PROVA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Criminal da Comarca de ___ do Tribunal de Justiça do Estado de ___.

Requerente: A. J. dos S., brasileiro, solteiro, auxiliar de serviços gerais, inscrito no CPF sob o nº 000.000.000-00, portador do RG nº 0.000.000 SSP/XX, endereço eletrônico: [email protected], residente e domiciliado na Rua das Flores, nº 123, Bairro Jardim, Cidade/UF, CEP 00000-000.

Requerido: Ministério Público do Estado de ___, endereço eletrônico: [email protected], com sede na Rua da Justiça, nº 456, Centro, Cidade/UF, CEP 00000-000.

2. DOS FATOS

O Requerente, A. J. dos S., foi alvo de procedimento investigatório que culminou em apreensão de entorpecentes em sua residência, realizada por agentes policiais sem a devida expedição de mandado judicial e sem a existência de situação de flagrante delito devidamente justificada. Conforme consta nos autos, os policiais alegaram que adentraram o domicílio do Requerente baseando-se em meros indícios, como o suposto odor de substância entorpecente e ruídos provenientes do interior da residência.

Após a entrada forçada, foram apreendidos entorpecentes e outros objetos, que serviram de base para a denúncia e posterior condenação do Requerente pelo crime previsto na Lei 11.343/06, art. 33, caput. Ressalta-se que a autorização para ingresso foi obtida apenas após a invasão, não havendo consentimento prévio e livre do morador.

Diante desse contexto, a defesa suscita a nulidade das provas obtidas em decorrência da violação da garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio, pois não restaram demonstradas fundadas razões para a medida extrema, tampouco foi observada a devida formalidade legal.

Assim, a narrativa dos fatos evidencia que a atuação policial extrapolou os limites constitucionais e legais, contaminando todas as provas subsequentes, em flagrante afronta aos direitos fundamentais do Requerente.

3. DO DIREITO

3.1. DA INVIOLABILIDADE DO DOMICÍLIO

A inviolabilidade do domicílio é direito fundamental consagrado pela CF/88, art. 5º, XI, segundo o qual "a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial".

A proteção constitucional tem por escopo resguardar a esfera privada do cidadão contra ingerências arbitrárias do Estado, sendo a exceção à regra de inviolabilidade restrita às hipóteses expressamente previstas. A entrada forçada em domicílio, sem mandado judicial, somente se legitima diante de fundadas razões que indiquem, de forma objetiva e contemporânea, a ocorrência de flagrante delito, conforme entendimento consolidado pelo STF no Tema 280 (RE 603.616/RO/STF).

3.2. DA ILICITUDE DAS PROVAS E DA TEORIA DOS FRUTOS DA ÁRVORE ENVENENADA

O CPP, art. 157, dispõe que "são inadmissíveis as provas obtidas por meios ilícitos", e seu §1º estende a nulidade às provas derivadas da ilicitude originária, consagrando a teoria dos frutos da árvore envenenada. A CF/88, art. 5º, LVI, reforça esse entendimento ao vedar o uso de provas ilícitas no processo.

No caso em tela, a ausência de mandado judicial e de fundadas razões para o ingresso domiciliar torna ilícita a prova da apreensão de entorpecentes, bem como todas as demais provas dela derivadas, devendo ser desentranhadas dos autos e desconsideradas para qualquer efeito.

A jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que a mera suspeita ou denúncia anônima não autoriza a violação do domicílio, exigindo-se elementos objetivos e concretos que demonstrem a urgência e a necessidade da medida, sob pena de nulidade das provas colhidas (STJ, AgRg no HC 729.503/GO).

3.3. DA NECESSIDADE DE ABSOLVIÇÃO POR INSUFICIÊNCIA DE PROVAS LÍCITAS

Excluídas as provas ilícitas, resta evidente a insuficiência de elementos pr"'>...

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Informações complementares

Simulação de Voto

Relatório

Trata-se de pedido formulado por A. J. dos S., objetivando o reconhecimento da nulidade das provas obtidas em decorrência de ingresso policial em seu domicílio sem mandado judicial e sem caracterização de situação de flagrante delito devidamente justificada.

Conforme narrado nos autos, agentes policiais realizaram entrada forçada na residência do Requerente, tendo como fundamento meros indícios, como suposto odor de entorpecentes e ruídos, resultando na apreensão de substâncias ilícitas e posterior denúncia e condenação pelo crime previsto na Lei 11.343/06, art. 33, caput.

A defesa sustenta a tese de ilicitude das provas, sob alegação de violação à garantia constitucional da inviolabilidade do domicílio, bem como a insuficiência de elementos probatórios lícitos para embasar a condenação, requerendo o desentranhamento das provas ilícitas e a absolvição do acusado.

Fundamentação

1. Da Invocação Constitucional e Legal

O exame do presente caso exige a ponderação entre a atuação estatal no combate ao crime e a proteção dos direitos fundamentais, notadamente a garantia da inviolabilidade do domicílio, prevista no CF/88, art. 5º, XI:
“A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.”

Ressalta-se que a admissibilidade da prova está condicionada à sua obtenção por meios lícitos, consoante o disposto no CPP, art. 157, e vedação constante na CF/88, art. 5º, LVI.

O ingresso em domicílio sem mandado judicial, à míngua de fundadas razões objetivas apontando flagrante delito, constitui afronta à garantia constitucional e importa nulidade das provas obtidas, bem como daquelas delas decorrentes, em conformidade com a teoria dos frutos da árvore envenenada (CPP, art. 157, §1º).

Ademais, a CF/88, art. 93, IX, impõe ao magistrado o dever de fundamentar suas decisões, permitindo o controle jurisdicional e a transparência dos atos judiciais.

2. Da Jurisprudência e Entendimento dos Tribunais Superiores

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE Acórdão/STF (Tema 280), consolidou entendimento segundo o qual a entrada forçada em domicílio, sem mandado judicial, somente é legítima diante de fundadas razões, devidamente justificadas, que indiquem, de forma objetiva, a ocorrência de flagrante delito.

O Superior Tribunal de Justiça, em precedentes recentes, reafirma que a mera suspeita, denúncia anônima ou indícios subjetivos não autorizam, por si sós, a violação do domicílio (cf. STJ, AgRg no HC Acórdão/STJ; AgRg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 2.761.441 - DF; EDcl no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL 2.456.931 - MG).

No presente caso, verifica-se que a entrada dos policiais na residência do Requerente não foi precedida de mandado judicial, tampouco restou demonstrada a existência de flagrante delito por meio de elementos objetivos e concretos. Os indícios invocados (odor e ruídos) não se mostram suficientes para justificar a medida extrema, conforme precedentes do STJ e do STF.

3. Da Ilícitude das Provas e suas Consequências

A obtenção de provas em afronta à norma constitucional e legal acarreta sua inadmissibilidade, devendo ser desentranhadas dos autos, nos termos do CPP, art. 157, §1º, e CF/88, art. 5º, LVI. Todas as provas derivadas da ilicitude originária igualmente devem ser tidas por nulas.

Excluídas as provas ilícitas, resta evidente a insuficiência de elementos probatórios válidos para sustentar a condenação do Requerente, impondo-se sua absolvição, com fulcro no CPP, art. 386, VII, em respeito ao princípio da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) e ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV).

Dispositivo

Diante do exposto, conheço do pedido e JULGO PROCEDENTE para:

  1. Reconhecer a nulidade das provas obtidas em decorrência do ingresso policial no domicílio do Requerente sem mandado judicial e sem fundadas razões, nos termos do CF/88, art. 5º, XI e LVI, e CPP, art. 157;
  2. Determinar o desentranhamento das referidas provas dos autos, bem como de todas aquelas delas derivadas;
  3. Absolver o Requerente, com fundamento no CPP, art. 386, VII, por insuficiência de provas lícitas para a condenação;
  4. Determinar a expedição de ofício ao Ministério Público para ciência e demais providências.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

Sentença fundamentada em observância ao CF/88, art. 93, IX.

Conclusão

Assim voto.

Cidade/UF, ___ de ___________ de 2025.

___________________________________________
Magistrado


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