Modelo de Pedido de liberdade provisória em caso de violência doméstica contra a mulher, com fundamentação na Lei Maria da Penha e no Código de Processo Penal, solicitando medidas protetivas alternativas à prisão

Publicado em: 29/07/2025 Direito Penal Processo Penal
Modelo de petição inicial para pedido de liberdade provisória em procedimento criminal por lesão corporal no âmbito doméstico, fundamentado na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) e no Código de Processo Penal, destacando a ausência dos requisitos para prisão preventiva, a primariedade do acusado, residência fixa, e a adequação das medidas protetivas como alternativa à custódia cautelar. Inclui análise jurídica, jurisprudência e pedidos ao juízo competente.
← deslize para o lado para ver mais opções

PEDIDO DE LIBERDADE PROVISÓRIA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher da Comarca de [CIDADE/UF]

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

Requerente: A. J. dos S., brasileiro, casado, profissão [informar], portador do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliado à [endereço completo], endereço eletrônico [informar].
Requerida: Justiça Pública.
Vítima: M. F. de S. L., brasileira, casada, profissão [informar], portadora do CPF nº [informar], RG nº [informar], residente e domiciliada à [endereço completo], endereço eletrônico [informar].

Valor da causa: R$ 1.000,00 (mil reais), para efeitos meramente fiscais.

3. DOS FATOS

O requerente, A. J. dos S., encontra-se atualmente preso em flagrante, acusado de ter agredido fisicamente sua esposa, M. F. de S. L., no âmbito doméstico, fato ocorrido em [data], na residência do casal, situada à [endereço].

Após a comunicação do fato, a autoridade policial efetuou a prisão do requerente, que permanece custodiado, sendo-lhe imputada a prática do crime previsto no CP, art. 129, § 9º, em razão da incidência da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha).

Ressalta-se que o requerente é primário, possui residência fixa, ocupação lícita e não há notícia de descumprimento de medidas protetivas anteriormente impostas, tampouco de condenação anterior.

A prisão, no entanto, mostra-se desnecessária, pois não há elementos concretos que indiquem risco à ordem pública, à instrução criminal ou à aplicação da lei penal, sendo plenamente cabível a concessão da liberdade provisória, eventualmente condicionada ao cumprimento de medidas protetivas.

Diante desse contexto, busca-se a concessão da liberdade provisória, com ou sem fiança, nos termos da legislação vigente.

4. DO DIREITO

4.1. DA POSSIBILIDADE DE LIBERDADE PROVISÓRIA NA LEI MARIA DA PENHA

A Constituição Federal assegura, como garantia fundamental, o direito à liberdade, sendo a prisão cautelar medida de exceção, devendo ser devidamente fundamentada e restrita aos casos em que se demonstre sua real necessidade (CF/88, art. 5º, LXI e LXV).

O Código de Processo Penal, em seu art. 310, determina que, ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz deverá relaxar a prisão ilegal, converter em preventiva ou conceder liberdade provisória, com ou sem fiança. Ademais, o CPP, art. 313, condiciona a decretação da prisão preventiva à presença de requisitos específicos, tais como garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal (CPP, art. 312).

No caso em tela, o crime imputado ao requerente (lesão corporal no âmbito doméstico) é punido com detenção, e não há qualquer elemento nos autos que demonstre a necessidade da custódia cautelar. O requerente é primário, possui residência fixa e não apresenta risco à ordem pública ou à vítima, especialmente se submetido a medidas protetivas.

A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) visa proteger a mulher contra a violência doméstica e familiar, conferindo ao magistrado a possibilidade de fixar medidas protetivas de urgência (Lei 11.340/2006, art. 22). Entretanto, referida legislação não veda a concessão de liberdade provisória, desde que ausentes os requisitos da prisão preventiva.

Ressalte-se que o STF e o STJ já se manifestaram no sentido de que a prisão preventiva, em casos de violência doméstica, deve ser devidamente fundamentada, não podendo ser automática, sob pena de afronta ao princípio da presunção de inocência e ao devido processo legal (CF/88, art. 5º, LIV e LVII).

4.2. DA ADEQUAÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS COMO ALTERNATIVA À PRISÃO

A imposição de medidas protetivas, previstas na Lei 11.340/2006, art. 22, mostra-se suficiente para resguardar a integridade física e psíquica da vítima, sem necessidade de manutenção da prisão cautelar. Tais medidas possuem natureza cautelar penal, podendo ser aplicadas de forma autônoma e independente da existência de processo criminal em curso, conforme entendimento consolidado pelo STJ.

O princípio da proporcionalidade recomenda que a restrição à liberdade seja a última"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I. RELATÓRIO

Trata-se de pedido de liberdade provisória formulado por A. J. dos S., preso em flagrante sob a acusação de ter, em tese, praticado o crime previsto no CP, art. 129, § 9º, (lesão corporal no âmbito doméstico) contra sua esposa, M. F. de S. L., conforme narra a exordial.
O requerente alega ser primário, possuir residência fixa, ocupação lícita e não possuir antecedentes criminais, bem como inexistirem indícios de descumprimento de medidas protetivas anteriores. Sustenta a desnecessidade da prisão cautelar e pleiteia o deferimento da liberdade provisória, com ou sem fiança, podendo ser condicionada à aplicação de medidas protetivas previstas na Lei 11.340/2006, art. 22.

II. FUNDAMENTAÇÃO

1. Da análise dos requisitos da prisão cautelar

Nos termos do CPP, art. 313, a decretação da prisão preventiva exige a presença dos requisitos previstos no CPP, art. 312, quais sejam: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal. No caso concreto, não há nos autos qualquer elemento que demonstre perigo real à ordem pública, risco à vítima ou à instrução criminal, tampouco indícios de que o acusado pretenda furtar-se à aplicação da lei penal.

Ademais, a Constituição Federal, ao garantir o direito à liberdade como princípio fundamental (CF/88, art. 5º, LXI e LXV), impõe que a prisão cautelar seja medida de exceção, devendo ser devidamente fundamentada e restrita aos casos em que se demonstre sua real necessidade, sob pena de violação dos princípios do devido processo legal e da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LIV e LVII).

Ressalte-se que o crime imputado ao requerente é punido com detenção, sendo o acusado primário, de bons antecedentes, residência fixa e ocupação lícita. Não há notícia de descumprimento de medidas protetivas anteriores, tampouco de condenação anterior.

Conforme reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a prisão preventiva não pode ser automática em casos de violência doméstica, devendo ser devidamente motivada e reservada a situações em que efetivamente se revele necessária à proteção da vítima ou à ordem pública:

“Tratando-se de crimes punidos com detenção, não sendo o paciente vadio e inexistindo dúvida sobre sua identidade, condenação anterior ou descumprimento de medidas protetivas, mostram-se ausentes os requisitos que autorizam a custódia cautelar, nos termos do CPP, art. 313. Ordem concedida para, cassando o acórdão atacado, restabelecer a decisão que deferiu ao paciente a liberdade provisória, condicionada à observância das medidas protetivas fixadas pelo magistrado.” (HC Acórdão/STJ, 6ª Turma, Rel. Minª Maria Thereza de Assis Moura, DJ 10/05/2010)

2. Da possibilidade de concessão de liberdade provisória em crimes da Lei Maria da Penha

A Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) objetiva a proteção da vítima de violência doméstica, conferindo ao magistrado a possibilidade de fixação de medidas protetivas de urgência (Lei 11.340/2006, art. 22). Contudo, não há vedação legal à concessão de liberdade provisória, desde que ausentes os pressupostos da prisão preventiva, conforme entendimento consolidado nos tribunais superiores.

Ademais, a vedação à aplicação dos institutos despenalizadores da Lei 9.099/1995 (Lei 11.340/2006, art. 41) não alcança o direito à liberdade provisória, que permanece assegurado ao acusado (Rec. em HC Acórdão/STJ, 5ª Turma, Rel. Min. Gurgel de Faria, DJ 03/03/2015).

3. Da adequação das medidas protetivas como alternativa à prisão

A imposição de medidas protetivas, conforme previsto na Lei 11.340/2006, art. 22, mostra-se suficiente, no presente caso, para resguardar a integridade física e psíquica da vítima, sem necessidade de manutenção da prisão cautelar. O princípio da proporcionalidade recomenda a restrição à liberdade apenas quando imprescindível, devendo-se privilegiar medidas menos gravosas sempre que possível.

Destaco que as medidas protetivas possuem natureza cautelar autônoma, podendo ser aplicadas independentemente da existência de processo criminal em curso (Rec. Esp. Acórdão/STJ, 4ª Turma, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJ 07/04/2014).

4. Da aplicação dos princípios constitucionais

O princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e o princípio da presunção de inocência (CF/88, art. 5º, LVII) impõem que a prisão cautelar seja sempre medida excepcional, cabendo ao Estado demonstrar, de forma concreta e objetiva, sua imprescindibilidade.

No presente caso, não há elementos concretos que justifiquem a manutenção da custódia, sendo suficiente a fixação de medidas protetivas para assegurar o regular andamento do feito e a proteção da vítima.

5. Da fundamentação do voto e do dever constitucional

Atendendo ao princípio da motivação das decisões judiciais (CF/88, art. 93, IX), cumpre ao magistrado expor, de forma clara e fundamentada, os elementos de fato e de direito que embasam a presente decisão. Considerando a ausência dos requisitos autorizadores da prisão preventiva e a suficiência das medidas protetivas, resta devidamente motivado o deferimento do pedido.

III. DISPOSITIVO

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido de liberdade provisória, para:

  1. Conceder ao acusado A. J. dos S. o direito de responder ao processo em liberdade;
  2. Condicionar a liberdade ao cumprimento das medidas protetivas previstas na Lei 11.340/2006, art. 22, especialmente a proibição de aproximação e contato com a vítima, devendo o acusado manter distância mínima de [fixar distância], bem como não frequentar os mesmos ambientes que esta;
  3. Advertir o acusado de que o descumprimento das medidas ora impostas poderá ensejar a decretação de nova prisão cautelar, nos termos da legislação vigente;
  4. Oficiar ao Ministério Público para ciência e manifestação, se assim entender;
  5. Determinar a expedição de alvará de soltura, se por outro motivo não estiver o acusado preso.

Publique-se. Registre-se. Intime-se.

[Cidade], [data].

[Nome do Magistrado]
Juiz(a) de Direito


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.