Modelo de Manifestação com Comprovação de Pagamento e Pedido de Restituição da Taxa de Religação de Água: Abusividade da Cobrança, Defesa do Consumidor e Fundamentação Jurídica

Publicado em: 20/11/2024 Consumidor
Modelo de manifestação apresentada nos autos de processo cível, na qual a parte autora comprova o pagamento da taxa de religação de água, contesta a legalidade e legitimidade da cobrança exigida pela concessionária após corte indevido do fornecimento, e postula a devolução dos valores pagos, inclusive em dobro, com fundamento na legislação consumerista (CDC) e princípios constitucionais. O documento aborda a essencialidade do serviço, a proteção do consumidor, o devido processo legal, além de citar jurisprudência relevante e detalhar os pedidos de restituição, refaturamento e condenação da empresa concessionária ao pagamento de custas e honorários.
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MANIFESTAÇÃO – COMPROVAÇÃO DE PAGAMENTO DA TAXA DE RELIGAÇÃO DE ÁGUA

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 12ª Vara Cível da Comarca de Aracaju/SE.

2. IDENTIFICAÇÃO DO PROCESSO E DAS PARTES

Processo nº: 202411202066
Requerente: J. S. das D.
Requerida: Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO
Endereço eletrônico da Requerente: [email protected]
Endereço eletrônico da Requerida: [email protected]

3. SÍNTESE DOS FATOS

A Requerente, J. S. das D., teve o fornecimento de água em sua residência abruptamente interrompido pela Requerida, sob alegação de inadimplência. O corte foi realizado de forma truculenta e sem observância dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, privando a Autora e sua família de serviço essencial à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III). Para que o serviço fosse restabelecido, a Autora foi constrangida a efetuar o pagamento da taxa de religação no valor de R$ 545,72 (quinhentos e quarenta e cinco reais e setenta e dois centavos), valor este parcelado nas faturas subsequentes de consumo de água. Ressalta-se que a água somente foi religada após a efetivação do referido pagamento, conforme documentação ora anexada.

A conduta da concessionária, além de abusiva, afronta os direitos básicos do consumidor e o devido processo legal, pois condicionou a religação do serviço essencial ao pagamento de taxa cuja legitimidade é objeto de controvérsia judicial, conforme reiterada jurisprudência.

4. DA COMPROVAÇÃO DO PAGAMENTO DA TAXA DE RELIGAÇÃO

Em atenção à determinação judicial e para elucidar os fatos, a Requerente junta aos autos os comprovantes de pagamento da taxa de religação, bem como as faturas de água em que constam discriminados os valores referentes à referida taxa. Tais documentos demonstram de forma inequívoca que a religação do serviço de água somente foi efetivada após a quitação da taxa imposta pela Requerida.

Importante destacar que a exigência do pagamento prévio da taxa de religação, como condição para o restabelecimento do serviço, configura prática abusiva, especialmente quando não há comprovação de regularidade na cobrança ou de previsão contratual e legal clara, em afronta ao CDC, art. 39, V, e à Lei 8.987/1995, art. 6º, §3º, II.

Assim, resta comprovado que a Autora foi compelida ao pagamento para reaver o acesso ao serviço essencial, o que reforça a necessidade de análise da legalidade da cobrança e eventual repetição do indébito.

5. DO DIREITO

5.1. DA ESSENCIALIDADE DO SERVIÇO E DA PROTEÇÃO DO CONSUMIDOR

O fornecimento de água é serviço público essencial, indispensável à saúde, higiene e dignidade da pessoa humana, protegido constitucionalmente (CF/88, art. 6º e art. 1º, III). O Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) assegura ao consumidor a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos (CDC, art. 6º, VI).

A suspensão do serviço, sem a devida observância dos requisitos legais, configura falha na prestação do serviço e afronta o princípio da continuidade, previsto na Lei 8.987/1995, art. 6º, §3º, II, e na Lei 11.445/2007, art. 40, §3º, que exigem prévio aviso e possibilidade de regularização do débito antes do corte.

5.2. DA ILEGALIDADE DA COBRANÇA DA TAXA DE RELIGAÇÃO

A cobrança de taxa de religação, como condição para o restabelecimento do serviço, deve observar os princípios da legalidade, razoabilidade e proporcionalidade. A jurisprudência tem entendido que tal cobrança é ilegítima quando não há comprovação da efetiva prestação do serviço ou quando se trata de serviço essencial, cuja interrupção foi irregular ou abusiva.

Ademais, a exigência de pagamento imediato da taxa, como condição para a religação, pode configurar enriquecimento ilícito da concessionária e prática abusiva, vedada pelo CDC, art. 39, V. O ônus da prova acerca da regularidade da cobrança e da prestação do serviço é da concessionária, conforme CPC/2015, art. 373, II.

No caso em tela, a Autora foi obrigada a efetuar o pagamento da taxa de religação para ter restabelecido o serviço essencial, o que afronta o direito básico do consumidor e pode ensejar a repetição do indébito, nos termos do CDC, art. 42, parágrafo único.

5.3. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

São aplicáveis ao caso os princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), continuidade do servi�"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

Simulação de Voto

Voto do Magistrado

1. Relatório

Trata-se de Ação proposta por J. S. das D. em face da Companhia de Saneamento de Sergipe – DESO, objetivando o reconhecimento da ilegitimidade da cobrança da taxa de religação de água, bem como a restituição em dobro dos valores pagos e refaturamento das contas de água, entre outros pedidos.

Narra a parte autora que teve o fornecimento de água interrompido, sendo compelida ao pagamento de taxa de religação para restabelecimento do serviço, o que teria ocorrido de forma abusiva e em afronta aos princípios constitucionais e consumeristas.

A parte autora comprovou, mediante documentos, o pagamento da referida taxa e pugna pela devolução em dobro dos valores e reconhecimento da ilegalidade da cobrança.

2. Fundamentação

2.1. Dos fatos e do direito

A controvérsia reside na legalidade da cobrança da taxa de religação de água como condição para o restabelecimento do serviço essencial, cuja interrupção se deu sob alegação de inadimplência da autora.

O fornecimento de água constitui serviço público essencial, protegido pela Constituição Federal (CF/88, art. 6º e art. 1º, III), e pela legislação infraconstitucional, notadamente o Código de Defesa do Consumidor ( Lei 8.078/1990) e a Lei 8.987/1995 (art. 6º, §3º, II), que estabelecem a continuidade do serviço e impõem limites à suspensão do fornecimento.

A autora comprovou nos autos o pagamento da taxa de religação (doc. XX), sendo incontroversa a exigência deste valor pela concessionária para restabelecimento do serviço.

O CDC, art. 39, V, veda práticas abusivas que condicionem o fornecimento de serviço essencial ao pagamento de valores não previstos de forma clara e regular. Ademais, a jurisprudência tem reconhecido que a cobrança de taxa de religação, quando não comprovada a regularidade da suspensão ou a efetiva prestação do serviço, é ilegítima (TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ; Acórdão/TJRJ).

Destaco, ainda, que o ônus da prova acerca da regularidade da cobrança incumbe à concessionária (CPC/2015, art. 373, II), o que não restou evidenciado nos autos.

A conduta da requerida viola os princípios da dignidade da pessoa humana, continuidade do serviço público, boa-fé objetiva e proibição do enriquecimento sem causa, na forma dos arts. 1º, III, da CF/88; 422 do Código Civil e do art. 6º, III e VI, do CDC.

Não se ignora a existência de decisões reconhecendo a legalidade da cobrança da taxa de religação em hipóteses específicas, como a ligação nova (TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ) ou culpa exclusiva do consumidor (TJRJ, Apelação Acórdão/TJRJ). Contudo, no presente caso, não restou comprovada a regularidade da suspensão, tampouco a legalidade da exigência do pagamento imediato da taxa.

2.2. Da fundamentação constitucional

A presente decisão encontra-se devidamente fundamentada, em estrita observância ao art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige a motivação dos pronunciamentos judiciais.

3. Dispositivo

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial para:

  • Reconhecer a ilegitimidade da cobrança da taxa de religação imposta à parte autora;
  • Determinar à requerida a restituição em dobro dos valores pagos pela autora a título de taxa de religação, com atualização monetária e juros legais, nos termos do art. 42, parágrafo único, do CDC;
  • Determinar o refaturamento das contas de água da autora, com exclusão da taxa de religação, se ainda houver valores pendentes;
  • Condenar a requerida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, que fixo em 10% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

4. Recurso

Conheço do recurso interposto pela parte autora, uma vez presentes os pressupostos de admissibilidade, e dou-lhe provimento nos termos acima expostos.

Caso haja recurso da parte requerida, intime-se para contrarrazões, observando-se o duplo grau de jurisdição.

5. Conclusão

Assim decido, com fundamento na Constituição Federal, especialmente no art. 93, IX, e na legislação infraconstitucional aplicável, em especial o Código de Defesa do Consumidor, a Lei 8.987/1995 e o Código de Processo Civil.

Aracaju/SE, 10 de junho de 2024.

Juiz de Direito


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