Modelo de Contrarrazões de Apelação em Ação Indenizatória por Suposto Erro Médico contra Santa Casa de Tupã, com fundamento em perícia que afasta responsabilidade civil por má formação congênita da criança
Publicado em: 06/06/2025 CivelProcesso CivilConsumidorCONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
1. ENDEREÇAMENTO
Excelentíssimo Senhor Desembargador Presidente do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.
2. PRELIMINARMENTE
Não há questões preliminares a serem suscitadas, pois o recurso interposto pelas Apelantes preenche os requisitos de admissibilidade previstos no CPC/2015, art. 1.010, e não se verifica qualquer vício capaz de obstar o conhecimento do apelo. Ressalta-se, ainda, que não há afronta ao princípio da dialeticidade, uma vez que o recurso ataca os fundamentos da sentença, conforme entendimento consolidado do TJSP (Apelação Cível 1019816-43.2017.8.26.0005).
3. SÍNTESE DO PROCESSO
Trata-se de ação de indenização por suposto erro médico ajuizada por R. V. Z. e sua filha menor M. F. V. G. G. em face da Santa Casa de Misericórdia de Tupã, alegando falha grave na prestação do serviço de saúde durante o parto. As autoras sustentam que, apesar da gestação ser de risco e haver recomendação de acompanhamento médico, o parto foi realizado por enfermeira obstetra, sem a presença de médico, o que teria ocasionado complicações à criança, exigindo sua transferência para outro município devido à ausência de UTI neonatal. Pleiteiam indenização por danos morais, defendendo a responsabilidade objetiva da instituição hospitalar, por ser prestadora de serviço público conveniada ao SUS, e invocam princípios constitucionais e infraconstitucionais.
A sentença de primeiro grau julgou improcedente o pedido, reconhecendo que não houve falha na prestação do serviço médico, tampouco nexo causal entre a conduta dos profissionais e o quadro apresentado pela criança, que foi diagnosticada com atresia de esôfago, má formação congênita comprovada por perícia.
4. DOS FATOS
As Apelantes alegam que a ausência de médico obstetra durante o parto, realizado por enfermeira obstetra e monitorado por médico plantonista, teria causado complicações à recém-nascida, culminando em sua transferência para unidade hospitalar com UTI neonatal. Contudo, a perícia médica foi categórica ao afirmar que a criança é portadora de atresia de esôfago, anomalia congênita que independe da conduta dos profissionais de saúde envolvidos no parto.
Importante destacar que a atresia de esôfago consiste na formação incompleta do esôfago, frequentemente associada à fístula traqueoesofágica, sendo a atresia gastrintestinal mais comum, com incidência estimada em 1 para 3.500 nascidos vivos. Em até 50% dos casos, há outras malformações congênitas associadas, como as síndromes VACTERL e CCADGO. O diagnóstico pode ser suspeitado no pré-natal ou após o parto, e o tratamento é eminentemente cirúrgico (MSD Manuals).
No caso em tela, não há qualquer elemento que comprove omissão, negligência, imprudência ou imperícia dos profissionais de saúde. Todos os protocolos foram seguidos, a paciente foi prontamente recepcionada, submetida aos exames necessários e o parto ocorreu no momento mais adequado, sob monitoramento do médico plantonista. A complicação apresentada pela criança decorre de má formação congênita, não sendo possível atribuir responsabilidade à equipe médica ou à instituição hospitalar.
5. DO DIREITO
5.1. Da Responsabilidade Civil e do Nexo de Causalidade
A responsabilidade civil dos prestadores de serviços de saúde, ainda que objetiva nos termos do CDC, exige a demonstração do nexo causal entre a conduta do agente e o dano sofrido pelo paciente (CCB/2002, art. 927; CDC, art. 14). No caso de suposto erro médico, a jurisprudência consolidada exige a comprovação de conduta culposa (negligência, imprudência ou imperícia) e do nexo causal, o que não se verifica nos autos.
A perícia médica foi conclusiva ao atestar que a atresia de esôfago é uma má formação congênita, cuja etiologia não guarda relação com o parto ou com a conduta dos profissionais de saúde, afastando o nexo causal necessário para a configuração da responsabilidade civil. O entendimento do TJSP é pacífico no sentido de que, ausente a comprovação de falha na prestação do serviço ou do nexo causal, não há "'>...
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