Modelo de Alegações Finais em Ação de Cessação de Descontos Indevidos em Benefício Previdenciário de Idoso, com Pedido de Indenização por Danos Morais e Restituição de Valores contra Instituição Financeira

Publicado em: 16/11/2024 CivelConsumidor
Modelo de alegações finais em processo judicial movido por idoso beneficiário do INSS contra banco, visando a cessação de descontos não autorizados referentes a empréstimos consignados em seu benefício previdenciário. O documento aborda a inexistência de contratação, a responsabilidade objetiva da instituição financeira à luz do Código de Defesa do Consumidor, a hipervulnerabilidade do consumidor idoso, e pleiteia a declaração de inexistência de relação jurídica, restituição dos valores descontados (simples ou em dobro) e indenização por danos morais. Inclui fundamentos constitucionais, legais e jurisprudenciais, além de pedidos de prioridade processual e produção de provas.

ALEGAÇÕES FINAIS

1. DOS FATOS

O Requerente, R. R. S., pessoa idosa de 63 anos de idade, é beneficiário da previdência social, sendo este seu único meio de renda e subsistência. Conforme demonstrado nos autos, o Requerente foi surpreendido com descontos mensais em seu benefício previdenciário, conforme histórico de créditos e extratos do INSS anexados, sem jamais ter aderido ou autorizado a contratação de tais operações financeiras.

Os valores descontados são direcionados à instituição financeira Requerida, BANCO PAN S.A., incidindo sobre o benefício NB: 200.544.229-6. Foram identificados dois contratos ativos: o primeiro, de n° 77964565-7, com desconto mensal de R$ 66,00 desde 25/10/2023, totalizando R$ 528,00; o segundo, de n° 6233999962786030524, com desconto mensal de R$ 43,47 desde 01/05/2024.

Ressalte-se que, ao analisar o histórico de créditos do Requerente, verifica-se que empréstimos aparecem como encerrados, porém os descontos persistem, reduzindo significativamente sua única fonte de subsistência e impossibilitando-lhe uma vida digna, em flagrante afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III).

O Requerente jamais autorizou ou solicitou tais empréstimos, não tendo firmado qualquer contrato com a instituição financeira Requerida. Destaca-se, ainda, que tentou solucionar a questão administrativamente, sem êxito, razão pela qual buscou a tutela jurisdicional para cessar os descontos indevidos e obter a restituição dos valores descontados.

Tais fatos evidenciam a vulnerabilidade do consumidor idoso perante práticas bancárias abusivas e a necessidade de proteção judicial para resguardar seus direitos fundamentais.

2. DA PRELIMINAR

A Requerida, em sua contestação, suscitou preliminar de ausência de interesse de agir, sob o argumento de que o Requerente não teria buscado solução administrativa prévia antes de ajuizar a presente demanda.

Tal alegação não merece prosperar. O ordenamento jurídico pátrio não exige a exaustão da via administrativa como condição para o acesso ao Poder Judiciário, conforme preceitua a CF/88, art. 5º, XXXV, que garante a inafastabilidade da jurisdição. Ademais, o Requerente comprovou que buscou contato com o banco para resolver a situação, inclusive tentando devolver valores creditados indevidamente, sem obter resposta ou solução eficaz.

Portanto, resta configurado o interesse de agir, pois há efetiva lesão ou ameaça a direito, sendo legítima a busca pela tutela jurisdicional.

Diante disso, requer-se a rejeição da preliminar suscitada pela Requerida.

3. DO DIREITO

O caso em tela versa sobre relação de consumo, sendo aplicável o Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990), especialmente em razão da hipossuficiência do Requerente e da vulnerabilidade do idoso frente às instituições financeiras (CDC, art. 6º, VIII). A responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva, respondendo pelos danos causados ao consumidor, independentemente de culpa, nos termos do CDC, art. 14.

A Requerida não logrou êxito em comprovar a regularidade da contratação dos empréstimos consignados questionados, tampouco apresentou documentos que demonstrem a anuência expressa do Requerente, como assinatura física, digital ou biométrica, ou qualquer outro elemento que comprove a manifestação de vontade do autor, conforme exigido pela Resolução INSS/PRES 28/2008, art. 3º, II e III.

Ressalte-se que, em situações análogas, a jurisprudência tem reconhecido que a ausência de prova da contratação regular impõe a declaração de inexistência da relação jurídica e a restituição dos valores descontados, podendo haver, inclusive, indenização por danos morais, diante da violação à dignidade do consumidor idoso e da falha na prestação do serviço.

Ademais, a conduta da instituição financeira afronta o princípio da boa-fé objetiva (CCB/2002, art. 422) e o direito fundamental à dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), pois subtrai do idoso parcela significativa de seu benefício previdenciário, comprometendo sua subsistência.

No tocante à repetição do indébito, a restituição em dobro é cabível quando demonstrada a má-fé do fornecedor (CDC, art. 42, parágrafo único), hipótese que pode ser reconhecida quando há cobrança indevida sem justificativa plausível ou ausência de boa-fé objetiva.

Por fim, a indenização por danos morais é devida diante do abalo sofrido pelo Requerente, que teve sua única fonte de renda reduzida por descontos indevidos, situação que ultrapassa o mero aborrecimento e compromete sua dignidade e qualidade de vida.

Assim, demonstrada a inexistência de contratação válida, a falha na prestação do serviço e o dano moral, impõe-se a procedência dos pedidos iniciais.

4. JURISPRUDÊNCIAS

TJRJ – 12ª Câmara de Direito Privado – Apelação 0812045-81.2022.8.19.0210 – Rel. Des. Cleber Ghelfenstein – J. em 05/12/2024 – DJ 09/12/2024:
“Na espécie, a despeito da alegação de regularidade na contratação dos empréstimos impugnados, o banco ré"'>...

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Legislação e Jurisprudência sobre o tema
Informações complementares

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VOTO

Trata-se de ação proposta por R. R. S. em face de BANCO PAN S.A., visando à declaração de inexistência de relação jurídica referente a contratos de empréstimo consignado supostamente não autorizados, a cessação dos descontos em benefício previdenciário, a restituição dos valores descontados e indenização por danos morais.

I. RELATÓRIO

O autor, pessoa idosa e hipossuficiente, afirma que jamais autorizou ou contratou operações de crédito com a requerida, sendo surpreendido com descontos mensais em seu benefício previdenciário (NB: 200.544.229-6), valores estes direcionados ao banco requerido. Destaca, ainda, a ineficácia de tentativas administrativas para solução do conflito, o que motivou a busca pela via judicial.

A instituição financeira suscita preliminar de ausência de interesse de agir, sob o argumento de ausência de prévia tentativa de solução administrativa.

II. DA PRELIMINAR

Rejeito a preliminar de ausência de interesse de agir. Conforme o art. 5º, XXXV, da Constituição Federal, "a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito", não havendo obrigatoriedade de exaurimento da via administrativa para acesso à jurisdição. Ademais, restou comprovada a tentativa de resolução extrajudicial do conflito.

III. FUNDAMENTAÇÃO

1. Dos Fatos e da Vulnerabilidade

Restou incontroverso nos autos que o autor é beneficiário do INSS, cuja aposentadoria constitui sua única fonte de renda, estando submetido à condição de vulnerabilidade agravada por sua condição de idoso.

2. Da Relação de Consumo e Ônus Probatório

Configurada relação de consumo ( Lei 8.078/1990), aplica-se o Código de Defesa do Consumidor, sobretudo no tocante à inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII). Cabia à instituição financeira comprovar a regularidade da contratação, apresentando documentos que evidenciem a anuência expressa do autor, nos termos da Resolução INSS/PRES 28/2008, art. 3º, II e III, o que não se verificou nestes autos.

3. Da Responsabilidade Objetiva do Fornecedor

O art. 14 do CDC prevê a responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos causados ao consumidor, independentemente de culpa. Diante da ausência de comprovação da contratação, impõe-se a declaração de inexistência da relação jurídica e a devolução dos valores indevidamente descontados.

4. Dos Danos Morais

A conduta da requerida violou o princípio da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e a boa-fé objetiva (CC, art. 422), privando o autor de parte essencial de sua renda, agravando sua condição social e pessoal. Tais circunstâncias caracterizam dano moral, por ultrapassarem o mero dissabor cotidiano.

5. Da Restituição do Indébito

A restituição em dobro do indébito encontra respaldo no art. 42, parágrafo único, do CDC, caso evidenciada má-fé. Considerando a ausência de justificativa plausível para os descontos e a não comprovação da regularidade da contratação, entende-se configurada a má-fé da requerida.

6. Jurisprudência

A jurisprudência é pacífica quanto à responsabilidade da instituição financeira diante da ausência de prova de contratação, determinando a restituição dos valores e o pagamento de danos morais (cf. Apelação Acórdão/TJRJ, TJRJ; Apelação Cível Acórdão/TJSP, TJSP).

IV. DISPOSITIVO

Ante o exposto, com fundamento no art. 93, IX, da Constituição Federal, que exige fundamentação em todas as decisões judiciais, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial para:

  1. Declarar a inexistência de relação jurídica entre o autor e a requerida referente aos contratos consignados n° 77964565-7 e n° 6233999962786030524, determinando a imediata cessação dos descontos no benefício previdenciário NB: 200.544.229-6;
  2. Condenar a requerida à restituição em dobro dos valores descontados indevidamente, acrescidos de correção monetária e juros legais, nos termos do CDC, art. 42, parágrafo único;
  3. Condenar a requerida ao pagamento de indenização por danos morais, que arbitro em R$ 10.000,00 (dez mil reais), valor compatível com a gravidade do dano e as condições do autor;
  4. Condenar a requerida ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 15% sobre o valor da condenação, nos termos do art. 85, §2º, do CPC.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

V. CONCLUSÃO

É como voto.

Local e data.

Magistrado
Juiz de Direito


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