Modelo de Ação de Ressarcimento de Danos Materiais contra BB Administradora de Cartões por Falha na Prestação de Serviço e Fraudes em Cartões de Crédito com Fundamentação no CDC e Responsabilidade Objetiva

Publicado em: 13/05/2025 Processo CivilConsumidor
Petição inicial de ação de ressarcimento de danos materiais proposta por consumidor contra BB Administradora de Cartões de Crédito S.A., em razão de fraude decorrente de cartão clonado e falha na segurança da instituição financeira, fundamentada na responsabilidade objetiva prevista no Código de Defesa do Consumidor (CDC, art. 14), jurisprudência do STJ e princípios da boa-fé objetiva e vulnerabilidade do consumidor. O autor requer o ressarcimento integral de R$ 116.300,00, correção monetária, juros legais, inversão do ônus da prova e condenação em custas e honorários.
← deslize para o lado para ver mais opções

PETIÇÃO INICIAL DE AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DANOS MATERIAIS

1. ENDEREÇAMENTO

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ___ Vara Cível da Comarca de Curitiba/PR

2. QUALIFICAÇÃO DAS PARTES

M. A. G. da S., brasileiro, casado, engenheiro civil, portador do CPF nº 123.456.789-00, RG nº 12.345.678-9, endereço eletrônico [email protected], residente e domiciliado na Rua das Palmeiras, nº 100, Bairro Centro, Curitiba/PR, CEP 80000-000, por seu advogado infra-assinado (instrumento de mandato anexo), vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO DE RESSARCIMENTO DE DANOS MATERIAIS em face de BB Administradora de Cartões de Crédito S.A., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº 12.345.678/0001-99, com sede na Rua dos Bancários, nº 200, Bairro Centro, Curitiba/PR, CEP 80000-001, endereço eletrônico [email protected], pelos fatos e fundamentos a seguir expostos.

3. DOS FATOS

No dia 02/06/2022, por volta das 10h58, o Autor, M. A. G. da S., recebeu uma ligação telefônica de um suposto funcionário do Banco do Brasil, informando que seu cartão de crédito teria sido clonado e que estavam sendo realizadas compras indevidas em seu nome. O interlocutor, valendo-se de informações aparentemente legítimas, orientou o Autor a entregar seus cartões a um motoboy, que compareceu à sua residência e recolheu dois cartões bancários.

Após a entrega dos cartões, foram realizadas compras fraudulentas nos valores de R$ 79.000,00 e R$ 37.300,00, totalizando R$ 116.300,00, conforme extratos anexos. Ao perceber o golpe, o Autor imediatamente bloqueou os cartões junto à instituição financeira e registrou boletim de ocorrência por estelionato perante a Polícia Civil do Paraná (B.O. 2022/569402).

O Autor, de boa-fé, buscou solucionar a situação junto à BB Administradora de Cartões de Crédito S.A., requerendo o estorno dos valores e a apuração dos fatos, mas não obteve resposta satisfatória, permanecendo o prejuízo financeiro decorrente das transações não reconhecidas.

Ressalta-se que as compras realizadas destoam completamente do padrão de consumo do Autor, sendo efetuadas em curto espaço de tempo, circunstância que deveria ter acionado os mecanismos de segurança e bloqueio da instituição financeira, o que não ocorreu.

Diante da inércia da Ré e da ausência de solução extrajudicial, não restou alternativa ao Autor senão buscar a tutela jurisdicional para ver ressarcido o prejuízo material sofrido.

Resumo dos fatos: (i) contato fraudulento em nome do banco; (ii) entrega dos cartões a terceiro mediante engodo; (iii) realização de compras fraudulentas; (iv) comunicação e bloqueio imediato; (v) ausência de estorno e providências pela Ré.

4. DO DIREITO

4.1. DA RELAÇÃO DE CONSUMO E DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

A relação mantida entre o Autor e a Ré é de consumo, nos termos do CDC, art. 2º e CDC, art. 3º, sendo o Autor destinatário final dos serviços bancários e a Ré fornecedora destes. Aplica-se, portanto, o regime de responsabilidade objetiva previsto no CDC, art. 14, segundo o qual o fornecedor responde, independentemente de culpa, pelos danos causados ao consumidor por defeitos relativos à prestação dos serviços.

A falha na prestação do serviço bancário resta evidenciada pela autorização de transações atípicas, em valores elevados e em sequência, sem a devida checagem ou bloqueio, mesmo após a comunicação da fraude. É dever da instituição financeira adotar mecanismos eficazes de segurança para proteger seus clientes de fraudes, especialmente aquelas que fogem do padrão de consumo, conforme entendimento consolidado pela Súmula 479/STJ.

4.2. DO FORTUITO INTERNO E DA IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DE RESPONSABILIDADE

A fraude perpetrada por terceiro, no caso concreto, caracteriza-se como fortuito interno, inerente à atividade bancária, não afastando a responsabilidade da Ré. O risco do negócio é do fornecedor, que deve suportar os prejuízos decorrentes de falhas em seus sistemas de segurança (CDC, art. 14).

A instituição financeira somente se eximiria da responsabilidade se comprovasse culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro, nos termos do CDC, art. 14, § 3º, II, o que não ocorreu. O Autor foi induzido a erro mediante sofisticado golpe, não havendo qualquer conduta dolosa ou culposa que justifique a transferência do prejuízo ao consumidor.

4.3. DO DEVER DE INDENIZAR E DA RESTITUIÇÃO DOS VALORES

Restando comprovado o dano material, consistente no prejuízo financeiro de R$ 116.300,00, impõe-se o dever de ressarcimento pela Ré, nos termos do CCB/2002, art. 927, parágrafo único, que prevê a obrigação de reparar o dano decorrente de atividade de risco.

O Autor não pode ser responsabilizado por falha sistêmica da Ré, devendo ser restituído integralmente dos valores subtraídos mediante fraude, acrescidos de correção monetária e juros legais.

4.4. DOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS

O caso em análise envolve a aplicação dos princípios da dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III), boa-fé objetiva e vulnerabilidade do consumidor. O sistema protetivo do consumidor visa assegurar a confiança e a segurança nas relações bancárias, impondo ao fornecedor o dever de zelar pela integridade dos serviços prestados.

O princípio da boa-fé objetiva impõe à Ré o dever de agir diligentemente para evitar prejuízos ao consumidor, especialmente diante de situações atípicas e comunicadas tempestivamente.

Em síntese, a responsabilidade da Ré decorre da falha n"'>...

Para ter acesso a íntegra dessa peça processual Adquira um dos planos de acesso do site, ou caso você já esteja cadastrado ou já adquiriu seu plano clique em entrar no topo da pagina:


Copyright LEGJUR
Todos os modelos de documentos do site Legjur são de uso exclusivo do assinante. É expressamente proibida a reprodução, distribuição ou comercialização destes modelos sem a autorização prévia e por escrito da Legjur.
Informações complementares

Simulação de Voto

I - RELATÓRIO

Cuida-se de Ação de Ressarcimento de Danos Materiais proposta por M. A. G. da S. em face de BB Administradora de Cartões de Crédito S.A., na qual a parte autora alega ter sido vítima de fraude envolvendo a entrega de cartões bancários a terceiro, mediante engodo, resultando em transações financeiras não reconhecidas, no montante total de R$ 116.300,00.

Alega o autor que, após comunicação imediata à ré e tentativa de solução extrajudicial, restou frustrada a restituição dos valores indevidamente debitados, razão pela qual busca, em juízo, o ressarcimento integral do prejuízo material.

A parte ré, devidamente citada, apresentou defesa, sustentando, em síntese, ausência de falha na prestação dos serviços e existência de culpa exclusiva do consumidor.

É o relatório. Passo ao voto.

II - FUNDAMENTAÇÃO

1. Da Admissibilidade

Presentes os pressupostos processuais e as condições da ação, conheço do pedido.

2. Dos Fatos e da Prova

Restou comprovado nos autos que o autor, em 02/06/2022, foi vítima de sofisticado golpe, ocasião em que, induzido por terceiro, entregou seus cartões bancários, com posterior realização de compras não reconhecidas no total de R$ 116.300,00.

A comunicação da fraude à instituição financeira foi tempestiva, bem como demonstrada a tentativa de resolução administrativa do litígio, sem sucesso.

A controvérsia reside na responsabilidade da instituição financeira pelos prejuízos sofridos pelo consumidor em decorrência de fraude perpetrada por terceiro.

3. Do Direito e da Responsabilidade Civil

Nos termos do CDC, art. 14, a responsabilidade do fornecedor de serviços é objetiva, respondendo independentemente de culpa pelos danos causados ao consumidor em razão de defeitos relativos à prestação de serviços.

No caso em exame, restou evidente a falha na prestação do serviço, na medida em que a ré não logrou adotar mecanismos eficazes de segurança para impedir transações atípicas e em valores elevados, em claro descompasso com o perfil de consumo do autor, conforme destacado em precedentes da Súmula 479/STJ.

A fraude bancária perpetrada por terceiro, no contexto das operações eletrônicas, constitui fortuito interno, inerente ao risco da atividade desenvolvida pela instituição financeira, não se configurando hipótese de exclusão de responsabilidade (CDC, art. 14, § 3º).

Ressalto ainda que não se vislumbra culpa exclusiva do consumidor, pois o autor foi induzido a erro mediante artifício fraudulento sofisticado, inexistindo conduta dolosa ou culposa suficiente para afastar a responsabilidade da ré.

A legislação civil (CCB/2002, art. 927, parágrafo único) também impõe o dever de reparação ao agente que exerce atividade de risco, como é o caso das instituições financeiras.

Deve-se prestigiar, ademais, os princípios da boa-fé objetiva, dignidade da pessoa humana (CF/88, art. 1º, III) e vulnerabilidade do consumidor, norteadores das relações de consumo e aplicáveis ao presente caso.

Diversa não é a orientação da jurisprudência, conforme se depreende das ementas transcritas nos autos, especialmente do Tribunal de Justiça de São Paulo e do STJ, que reiteradamente reconhecem o dever das instituições financeiras de ressarcir prejuízos decorrentes de fraudes bancárias, quando evidenciada falha na prestação dos serviços.

4. Dos Fundamentos Constitucionais e Legais

Cumpre destacar que o presente voto observa a exigência de fundamentação das decisões judiciais, conforme determina a CF/88, art. 93, IX, que impõe ao julgador o dever de justificar, de modo claro e suficiente, as razões do convencimento.

No caso, a procedência do pedido funda-se em interpretação sistemática do CDC, art. 14, CCB/2002, art. 927, bem como dos princípios constitucionais de proteção ao consumidor, dignidade da pessoa humana e boa-fé objetiva.

5. Da Quantificação e Consequências

O dano material suportado pelo autor está devidamente comprovado e corresponde ao valor de R$ 116.300,00, devendo incidir correção monetária desde a data dos eventos e juros legais a partir da citação (CCB/2002, art. 398).

Diante da verossimilhança das alegações e da hipossuficiência do consumidor, é de rigor a inversão do ônus da prova, nos termos do CDC, art. 6º, VIII.

III - DISPOSITIVO

Ante o exposto, JULGO PROCEDENTE O PEDIDO para:

  • Condenar a ré BB Administradora de Cartões de Crédito S.A. a restituir ao autor o valor de R$ 116.300,00 (cento e dezesseis mil e trezentos reais), acrescido de correção monetária desde a data dos eventos danosos e juros legais a partir da citação;
  • Determinar a inversão do ônus da prova em favor do autor;
  • Condenar a ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, fixados em 10% (dez por cento) sobre o valor da condenação, nos termos do CPC/2015, art. 85.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

IV - CONCLUSÃO

Assim, reconheço o direito do autor ao ressarcimento integral dos valores subtraídos mediante fraude, em conformidade com os fundamentos legais e constitucionais acima expostos, em observância ao dever de fundamentação previsto na CF/88, art. 93, IX.

Curitiba/PR, ___ de ____________ de 2024.

_______________________________________
Magistrado
Vara Cível da Comarca de Curitiba/PR


solicite seu modelo personalizado

Solicite Seu Modelo de Peça Processual Personalizado!

Sabemos que cada processo é único e merece um modelo de peça processual que reflita suas especificidades. Por isso, oferecemos a criação de modelos de peças processuais personalizados, partindo de um modelo básico adaptável às suas exigências. Com nosso serviço, você tem a segurança de que sua documentação jurídica será profissional e ajustada ao seu caso concreto. Para solicitar seu modelo personalizado, basta clicar no link abaixo e nos contar sobre as particularidades do seu caso. Estamos comprometidos em fornecer a você uma peça processual que seja a base sólida para o seu sucesso jurídico. Solicite aqui

Outras peças semelhantes

Você está prestes a dar um passo crucial para aperfeiçoar a sua prática jurídica! Bem-vindo ao LegJur, seu recurso confiável para o universo do Direito.

Ao adquirir a assinatura do nosso site, você obtém acesso a um repositório completo de modelos de petição. Preparados por especialistas jurídicos com vasta experiência na área, nossos modelos abrangem uma ampla gama de situações legais, permitindo que você tenha uma base sólida para elaborar suas próprias petições, economizando tempo e garantindo a excelência técnica.

Mas a LegJur oferece muito mais do que isso! Com a sua assinatura, você também terá acesso a uma biblioteca abrangente de eBooks jurídicos, conteúdo atualizado de legislação, jurisprudência cuidadosamente selecionada, artigos jurídicos de alto nível e provas anteriores do Exame da Ordem. É tudo o que você precisa para se manter atualizado e preparado na sua carreira jurídica.

Na LegJur, temos o objetivo de fornecer as ferramentas essenciais para estudantes e profissionais do Direito. Quer você esteja se preparando para um processo, estudando para um concurso ou apenas buscando expandir seu conhecimento jurídico, a LegJur é a sua parceira confiável.

Investir na assinatura LegJur é investir na sua carreira, no seu futuro e no seu sucesso. Junte-se a nós e veja por que a LegJur é uma ferramenta indispensável no mundo jurídico.

Clique agora para fazer a sua assinatura e revolucione a maneira como você lida com o Direito. LegJur: seu parceiro para uma carreira jurídica brilhante.

Assine já e tenha acesso imediato a todo o conteúdo
Veja aqui o que o legjur pode lhe oferecer

Assinatura Mensal

Assine o LegJur e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos! Cancele a qualquer hora.

R$ 29,90

À vista

1 mês

Acesse o LegJur por 1 mês e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 39,90

Parcele em até 3x sem juros

3 meses

Equilave a R$ 39,96 por mês

Acesse o LegJur por 3 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 119,90

Parcele em até 6x sem juros

6 meses

Equilave a R$ 32,48 por mês

Acesse o LegJur por 6 meses e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 194,90

Parcele em até 6x sem juros

12 meses + 2 meses de Brinde

Equilave a R$ 24,90 por mês

Acesse o LegJur por 1 ano e desfrute de acesso ilimitado a um vasto acervo de informações e recursos jurídicos!

R$ 349,90

Parcele em até 10x sem juros

A cópia de conteúdo desta área está desabilitada, para copiar o conteúdo você deve ser assinante do site.